Clique no link a seguir e assista ao evento de lançamento da pré-candidatura de Alessandra Vieira (UB) a vice-governadora do Estado na chapa de Miguel Coelho (UB): https://instagram.com/miguelcoelhope/live/18167855707216095?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Clique no link a seguir e assista ao evento de lançamento da pré-candidatura de Alessandra Vieira (UB) a vice-governadora do Estado na chapa de Miguel Coelho (UB): https://instagram.com/miguelcoelhope/live/18167855707216095?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Sob risco de cassação por faltas, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chamou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de “boneca” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O presidente deu cinco dias para Eduardo explicar as faltas a partir desta quarta-feira (10).
Para o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Motta pautará a cassação por supostas ameaças de Moraes. “Não sei por quê, não sei qual a sanha que as pessoas têm em serem bonequinhas de Alexandre de Moraes. Você vai pagar o ‘preço Moraes’. Quando for às ruas, vai ter gente te cobrando”, apontou. As informações são do jornal O TEMPO.
Leia maisApesar do tom de ameaça, Eduardo se esquivou logo em seguida. “(Vai ter gente te cobrando) Não porque eu mandei, ou gente da militância partidária, ou qualquer coisa do tipo bolsonarista. É porque as pessoas se revoltam com injustiça. É lamentável que eu venha a perder o mandato que me foi conferido por mais de 700 mil pessoas”, contestou.
Eduardo alegou que só tem faltas suficientes para ser cassado porque estaria sendo perseguido. “Eu só tenho o número de faltas suficientes para a cassação do meu mandato, porque o senhor, Hugo Motta, não reconhece o estado de perseguição que eu sofro. (…) Poderia escolher entre a desonra e a guerra. Você, Hugo Motta, escolheu a desonra e ainda terá a guerra”, ressaltou.
O deputado federal é réu na Primeira Turma do STF por coagir a Justiça desde que está em autoexílio nos Estados Unidos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) atribui a Eduardo as sanções do governo Donald Trump a ministros e à economia do Brasil, articuladas para tentar obstruir o julgamento do pai por golpe de Estado.
Ao anunciar nessa terça (9/12) que a cassação de Eduardo seria pautada na próxima semana, Motta afirmou que o filho de Bolsonaro já tinha o número suficiente de faltas para ser cassado. “Como todos sabem, ele está no exterior por decisão dele”, destacou o presidente. As faltas provocam cassação quando superam 33% das sessões de votação ao longo do ano.
As ausências são justificáveis apenas caso o deputado federal esteja de licença ou em missão autorizada. Cabe ao presidente da Câmara dos Deputados declarar a perda de mandato de um parlamentar que tenha extrapolado o mínimo de faltas e, neste caso, a elegibilidade é mantida apesar da cassação.
Há três meses, o PL tentou fazer uma manobra para evitar a cassação de Eduardo por faltas lhe alçando a líder da minoria no lugar da deputada federal Carol de Toni (PL-SC), já que líderes são imunes às ausências. Pressionado, Motta barrou a indicação uma semana depois, uma vez que, segundo ele, é impossível o “exercício do mandato estando ausente do território nacional”.
No mês seguinte, por 11 votos a sete, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou uma representação do PT contra Eduardo por quebra de decoro parlamentar. O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), acusava o deputado federal de articular as represálias do governo Trump para desestabilizar as instituições da República.
Leia menos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na tarde desta quarta-feira (10) com os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), em meio ao avanço do PL da Dosimetria no Congresso.
O encontro, realizado na noite desta quarta (10) na Residência Oficial da Granja do Torto, ocorre horas após a Câmara dos Deputados aprovar o projeto que reduz as penas dos envolvidos na trama golpista e nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, medida que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações são da CNN.
Leia maisO texto, aprovado de madrugada, passou com 291 votos a favor e 148 contra e agora segue para análise do Senado Federal
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), encaminhou a proposta para a CCJ da Casa e definiu como relator o senador Esperidião Amin (PP-SC), que afirmou à CNN Brasil que pretende ver a proposta aprovada no Senado ainda neste ano.
A reunião entre Lula e os senadores aliados também deve girar em torno de outros temas sensíveis ao Planalto, conforme apurou a CNN. Além da dosimetria, o presidente vai conversar sobre a indicação do AGU (Advogado Geral da União), Jorge Messias, ao STF. O encontro chama atenção por Lula chamar os senadores à granja no mesmo dia em que ele realiza uma festa de confraternização com funcionários do Planalto e do Alvorada.
Leia menos
Por Luiz Barbosa – PE Em Tempo
A medicina, profissão associada à cura, ao acolhimento e ao alívio da dor humana, tornou-se, em Pernambuco, cenário de uma tragédia silenciosa que vem chocando o País. No mês de novembro, nove médicos – sete homens e duas mulheres – morreram em circunstâncias que apontam para possíveis suicídios. As idades são tão discrepantes quanto o impacto dessas mortes: vão de um jovem de apenas 26 anos a um médico veterano de 91, cuja vida profissional ultrapassava gerações. Todos, porém, tinham algo em comum: carregavam fardos invisíveis, enfrentados em silêncio.
A estatística, inédita e alarmante, mobilizou a classe médica, despertou a atenção da sociedade e impôs um debate urgente sobre a saúde mental dos profissionais de saúde em Pernambuco. Entre os casos, ao menos quatro teriam ocorrido em dois dias específicos – 16 e 30 de novembro –, como se os sinais de esgotamento emocional tivessem encontrado, nesses dias, uma espécie de ponto de ruptura.
Leia maisGrande parte das vítimas tinha vínculo com o Real Hospital Português, um dos mais tradicionais e respeitados centros médicos do Nordeste. Diante da repercussão e do choque coletivo, a instituição convocou uma palestra de emergência para médicos e profissionais de saúde, marcada para quarta-feira, dia 10, às 19h30, no Restaurante Le Petit Bistrô, localizado no bairro da Jaqueira, Zona Norte do Recife. O tema, tão necessário quanto doloroso, será conduzido pelo psiquiatra Aldo Castelo Branco e carrega o peso da urgência: “O suicídio no transtorno depressivo: um problema de saúde pública”.
A iniciativa do hospital evidencia a percepção tardia, mas indispensável, de que a angústia que permeia corredores cirúrgicos, UTIs e consultórios precisa deixar de ser ignorada. Por décadas, o exercício da medicina foi romantizado como missão, vocação, sacerdócio. Entretanto, por trás da imagem heroica, existe um custo emocional enorme – alimentado por jornadas extenuantes, responsabilidade sobre vidas, falta de descanso, pressão institucional, exigência de resultados imediatos e, não raro, escassez de reconhecimento humano.
O Cremepe (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco), surpreendentemente discreto, limitou-se a publicar notas de pesar nas redes sociais, mencionando apenas as datas de nascimento e morte dos profissionais. Nada foi dito publicamente sobre causas, contextos, alertas ou ações concretas que possam prevenir novas tragédias. O silêncio institucional, nesse momento, soa quase cúmplice, principalmente diante de uma categoria tão vulnerável e historicamente negligenciada em sua subjetividade.
Especialistas em saúde mental alertam há anos que médicos são um dos grupos profissionais com maior índice de transtorno depressivo e suicídio. Dados internacionais indicam que o suicídio entre médicos chega a ser proporcionalmente até três vezes maior que a média populacional. No Brasil, números oficiais são escassos, mas sinais se acumulam: burnout, dependência química, crises conjugais, isolamento social e desistência precoce da carreira tornaram-se comuns.
A questão, porém, raramente é tratada com a seriedade necessária. O médico, socialmente, não pode fraquejar. É treinado para suportar, não para pedir ajuda. O doente é sempre o outro. Ele é o porto seguro, o infalível, o que sabe, o que resolve. Mas quem cuida de quem cuida? Quem estende a mão para o profissional que guarda diagnósticos mortais, enfrenta angústias alheias e convive com a dor como rotina?
O caso pernambucano expõe uma ferida aberta e profunda. Nove vidas interrompidas em trinta dias equivalem a quase um suicídio a cada três dias. É impossível tratar como coincidência. É impossível ignorar como fatalidade. Trata-se, claramente, de um sintoma coletivo – e de um colapso emocional que ultrapassa individualidades.
No Real Hospital Português, colegas relatam nos bastidores que alguns médicos estavam sob extremo estresse profissional, outros se queixavam de sobrecarga, e alguns já apresentavam sinais de depressão severa. O tema, no entanto, permanecia sufocado em confidências, jamais reconhecido institucionalmente. A cultura médica, baseada em hierarquia rígida, disciplina e autocontrole, pouco tolera vulnerabilidades. O medo de manchar reputações é maior do que o instinto de autopreservação.
A palestra convocada pelo hospital pode representar um marco histórico ou pode terminar como mais um ato paliativo, se não resultar em ações práticas. Profissionais falam em criar protocolos de acompanhamento psicológico permanente, espaços de acolhimento, programas de prevenção ao suicídio e revisão das escalas de trabalho. O risco, contudo, é que tudo morra na retórica – como tantas outras discussões de saúde pública no Brasil.
A sociedade, por sua vez, também precisa revisar seus mitos e expectativas. O médico não é imune ao sofrimento. Não é super-humano. Não pode trabalhar 12, 24 ou 36 horas seguidas, atender centenas de pacientes por mês, lidar com emergências diárias e ainda dar conta da própria vida emocional sem apoio adequado. A romantização da exaustão esconde cadáveres.
Se nada for feito, dezembro poderá registrar mais vítimas. E janeiro. E fevereiro. A estatística pode se tornar epidemia. O luto da classe médica não pode ser mais um ciclo que se repete em silêncio. As nove mortes representam mais que números: carregam histórias, famílias dilaceradas, sonhos interrompidos e um aviso que já não pode ser ignorado.
A tragédia que atinge os médicos pernambucanos não é apenas uma crise profissional. É um alerta social. E, como todo alerta ignorado, pode custar ainda mais vidas.
Leia menos
Os atendimentos na CIRETRAN de Caruaru, a maior circunscrição do Detran no interior do estado, foram paralisados nesta segunda-feira (8) por falta de condições estruturais. Servidores relatam que a situação é reivindicada há meses, sem solução por parte do órgão, e que o ambiente não oferece condições adequadas para o trabalho nem para o atendimento ao público.
De acordo com os relatos, a maior parte das cadeiras da área de espera e de atendimento está quebrada, instável ou afundada, obrigando usuários a permanecerem sentados em posições inadequadas por longos períodos. O problema tem causado dor e desconforto, sobretudo entre idosos, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida. Servidores também apontam impactos diretos na saúde, com afastamentos motivados por problemas físicos decorrentes das condições de trabalho.
“Isso torna o ambiente insalubre e incompatível com o padrão de atendimento esperado de um órgão público. É urgente que sejam adotadas providências para reparar, substituir e padronizar os assentos, garantindo dignidade e segurança a todos que dependem do serviço”, declararam os servidores em nota.
O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, esteve nesta semana na sede da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), em Madrid, onde foi recebido pela diretora-geral Mariana Migliari. Durante o encontro, o gestor apresentou demandas do município e discutiu possibilidades de cooperação nas áreas de educação, cultura, esportes e inovação. “Conversamos sobre temas estratégicos e, em breve, teremos convênios e muita novidade para Caruaru”, afirmou Rodrigo.
A reunião aproxima Caruaru de programas internacionais da OEI voltados à formação de professores, primeira infância, inclusão, interculturalidade e transformação digital. No Brasil, a organização atua em parceria com o Ministério da Educação e outras instituições, apoiando ações como cursos de formação continuada, projetos de educação bilíngue, iniciativas de modernização tecnológica e o programa “Cruzando Fronteiras”.
A Associação de Empresários do Brasil (AEBR) realiza nesta quinta-feira (11), às 18h, sua confraternização anual no restaurante Solar do Douro, localizado no Pina, Zona Sul do Recife. De acordo com a organização, o evento receberá cerca de 200 empresários para um jantar completo com apresentação das bandas Agravo de Instrumento e Carta de Baralho.
O encontro marca um ciclo de ações da entidade, que ao longo do ano atuou na defesa dos empregadores, participou de campanhas estruturantes como a da Escola de Sargentos do Exército e do Arco Metropolitano, negociou linhas de crédito com Caixa e Banco do Brasil, promoveu palestras com Sudene e TCU e manteve articulação permanente com ACP, Fecomércio e demais instituições em temas como incentivos fiscais, apoio a lojistas da Rua da Imperatriz e redução de alíquota para atacadistas.
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) concedeu, na tarde desta quarta-feira (10), o título de Doutor Honoris Causa ao cantor, compositor e escritor Maciel Melo. A cerimônia, realizada no hall do teatro do Complexo de Convenções da instituição, marcou o reconhecimento ao artista pernambucano por sua contribuição à música e à cultura nordestina. A sessão foi conduzida pelo reitor Alfredo Macedo Gomes e pelo vice-reitor Moacyr Cunha de Araújo Filho.
Natural de Iguaraci, no Sertão do Pajeú, Maciel Melo construiu uma trajetória marcada pela difusão das tradições sertanejas, reunindo mais de duas dezenas de álbuns e composições que se tornaram marcos da música regional, como “Caboclo Sonhador”, consagrada nacionalmente na voz de Flávio José. Sua carreira inclui ainda participação em projetos culturais, produção literária, atuação em televisão e cinema, além do reconhecimento internacional conquistado ao alcançar o segundo lugar na categoria Traditional Folk do Grammy, em 1991.
De acordo com apuração feita pela jornalista Andréia Sadi e divulgada no programa o Estúdioi, da Globo News, nesta quarta-feira (10), o “acordão” para o projeto de lei que reduz as penas dos condenados por atos golpistas, e que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inclui o Senado Federal.
“A variável aqui é o Supremo, e setores do Supremo não estão fazendo resistência, porque o Congresso não ia brigar com essa turma também. E o acordo inclui o Senado”, disse Sadi. Confira:
Por Mariana Teles*
A Paraíba tem, hoje, tudo para transformar a caprinocultura e os queijos artesanais em motor de desenvolvimento: tradição, conhecimento acumulado, uma planta produtiva em ebulição no Cariri e um recurso estratégico para o semiárido, a palma forrageira. Mas nada disso basta quando a engrenagem estatal se converte em obstáculo, por meio de um emaranhado de normas que pouco dialoga com a realidade da caatinga. Quando a regulação perde o equilíbrio, o desenvolvimento fica pelo caminho.
Nos últimos anos, a cadeia do leite de cabra e dos queijos artesanais passou a viver cercada por leis, decretos, portarias e instruções normativas. Esse movimento contrasta com a vida real do setor: feiras, simpósios, cooperativas, produtores investindo em qualidade e identidade territorial. Em tese, a regulamentação deveria significar maior segurança sanitária, valor agregado e novos mercados. Na prática, porém, o entusiasmo regulatório vem se transformando em um labirinto que o pequeno e o médio produtor raramente conseguem atravessar.
Leia maisA contradição ganha rosto quando fiscalizações suspendem a venda de insumos essenciais, como a palma forrageira, justamente em propriedades reconhecidas pela excelência técnica e pela contribuição ao semiárido, caso da histórica Fazenda Carnaúba, em Taperoá. Em nome de uma regulação “correta”, bloqueia-se a base material que sustenta rebanhos, laticínios, empregos e a permanência de famílias no campo. Sem palma, não há rebanho; sem rebanho, não há leite; sem leite, não há queijo – nem renda, nem futuro no sertão.
Há décadas, economistas e juristas repetem que instituições não são neutras: podem impulsionar ou travar o desenvolvimento. Em linguagem simples, as regras do jogo podem abrir caminhos ou fechar porteiras. Na teoria da regulação, fala-se em “modo de regulação” para descrever o conjunto de leis, rotinas burocráticas e formas de intervenção do Estado que dão estabilidade – ou instabilidade – à economia. Quando esse modo conversa com a realidade produtiva, convida ao investimento. Quando ignora o chão onde pisa, produz incerteza, desorganiza cadeias e desanima quem insiste em produzir.
No semiárido paraibano, a sensação é justamente essa: vivemos sob um sistema regulatório que não conhece o território, que não sabe o que é ver um rebanho inteiro depender de um roçado de palma. As normas tratam uma queijaria familiar como se fosse uma grande planta industrial; fiscalizam a venda de palma como se fosse luxo, e não a base da segurança alimentar dos animais. Quando faltar pasto para o gado e comida na mesa, qual regulação vai nos salvar da fome?
Sobre a palma se ergue um patrimônio de pesquisa, programas públicos de distribuição de mudas, experiências de manejo adaptadas ao bioma. Fazendas como a Carnaúba se tornaram referência justamente por provar que o semiárido pode ser espaço de alta produtividade quando se combinam tecnologia, manejo e respeito à caatinga. É por isso que soa tão absurdo ver a venda de palma suspensa por ação fiscal em uma propriedade com esse perfil. Não se trata de defender “vale-tudo” sanitário, mas de perguntar: qual o critério? Qual a leitura real de risco? Que impacto econômico e social é considerado antes de interromper o fornecimento de um insumo essencial para toda uma cadeia?
A discussão sobre regulação costuma ser travada em linguagem fria, cheia de termos técnicos. Mas por trás de cada exigência desproporcional há um custo humano que não aparece na planilha. É a produtora que desiste de registrar sua queijaria porque a reforma custa mais que a casa onde mora. É o jovem que abandona o campo porque acha mais fácil enfrentar a precariedade urbana do que a maratona dos carimbos. É o agricultor que vê a palma brotar verde e, ao mesmo tempo, vê a lei cair seca sobre sua cabeça.
O Direito, quando se afasta da realidade, vira língua estrangeira. A Constituição fala em reduzir desigualdades regionais, proteger a cultura, apoiar a agricultura familiar. Mas, na ponta, parte da regulação aplicada ao semiárido faz o contrário: aprofunda desigualdades, desvaloriza saberes tradicionais e encarece a sobrevivência de quem insiste em produzir em condições adversas. Em vez de Estado parceiro, um Estado ameaça. Em vez de fiscalização pedagógica, inspeção punitiva. Em vez de caminho para a cidadania produtiva, uma fila de exigências que o pequeno raramente completa.
Não é sobre ter mais ou menos lei. É sobre ter lei a serviço de um projeto. Em alimentos, a regulação é indispensável. A questão é: a quem ela serve? Há duas maneiras de regular: contra o território ou a favor dele.
Regular contra o território é copiar modelos pensados para outras realidades, aplicar parâmetros industriais à agroindústria familiar, tratar o produtor como suspeito permanente, empilhar exigências sem oferecer caminhos de transição. É transformar a lei em cerca alta que separa quem tem estrutura de quem só tem coragem e trabalho.
Regular a favor do território é olhar o mapa do sertão, não apenas o mapa eleitoral. É reconhecer que a mesma norma que protege o consumidor pode, se mal desenhada, condenar o rebanho à escassez. É entender que a regulação precisa deixar de se levar pelos currais de voto para conhecer os currais que alimentam o povo.
Se quisermos inverter essa lógica, alguns passos são urgentes. Rever normas à luz do risco, e não do formalismo: concentrar o esforço regulatório onde o perigo sanitário é real e aliviar a carga burocrática onde o impacto é menor. Harmonizar entendimentos entre Ministério, órgãos estaduais e serviços municipais, para que o produtor não seja refém da interpretação solitária de um fiscal. Tratar selos e certificações como portas de entrada, não como muros de exclusão: com prazos de transição, assistência técnica e crédito para adequação.
No fim, a regulação é uma escolha sobre que país queremos ser. No semiárido paraibano, essa escolha passa pelos currais: de palma, de cabras e de sonhos que resistem ao sol forte e à chuva pouca. Quando a lei se afasta desse chão, perde o sentido. Pode produzir relatórios perfeitos, mas deixará um rastro de fazendas vazias, queijarias fechadas e currículos impressos para tentar a sorte longe dali.
Se queremos um Nordeste que se desenvolva com seus próprios recursos, respeitando sua identidade e sua inteligência produtiva, precisamos recolocar a lei no lugar certo: não como muro, mas como ponte; não como ameaça, mas como instrumento de vida. Entre os currais de voto e os currais de palma, já passou da hora de escolher de que lado a regulação vai ficar. Se continuar servindo mais à lógica dos palanques do que à lógica da roça, seguiremos produzindo, com selo de qualidade e tudo, o nosso velho conhecido produto: o subdesenvolvimento.
*Poetisa e advogada especialista em Direito Administrativo pelo IDP e em Gestão e Governança Pública pela PUC-RS. Mestranda em Direito e Desenvolvimento Sustentável pelo Unipê
Leia menos
A votação do projeto que altera a dosimetria de penas, aprovada na madrugada desta terça-feira (10) na Câmara dos Deputados, foi destravada após um acordão articulado em torno da possível retirada da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência da República. No domingo (7), o senador declarou publicamente que sua candidatura tinha “um preço” e poderia ser retirada mediante contrapartida, sinalizando disposição para negociar. Na noite seguinte (8), Flávio recebeu parlamentares em um jantar em sua residência, encontro que antecedeu a reabertura das discussões sobre o texto.
Segundo bastidor revelado por Júlia Duailibi no Jornal da Globo, a dosimetria, que estava parada e não era prioridade nem mesmo para aliados de Jair Bolsonaro, cujo foco seguia sendo a anistia ampla, voltou à pauta como alternativa apresentada por Flávio nas negociações. O movimento reordenou posições dentro do Centrão, interessado em viabilizar o nome de Tarcísio de Freitas para 2026. Assista:
O uso indevido de uma música composta por Beyoncé no trailer do filme inédito “Dark horse” — que pretende contar a trajetória do ex-presidente Jair Bolsonaro — levou a equipe da artista americana a acionar a Justiça nesta semana. A informação foi revelada pelo brasileiro Anderson Nick, um dos integrantes da Beygood, organização filantrópica mantida pela artista e que destaca iniciativas inovadoras ao redor do mundo, com atuação, inclusive, no Brasil.
“Obviamente a música foi utilizada sem autorização e as providências legais já estão sendo tomadas para que (o trailer) seja retirado o mais rápido possível”, afirmou ele, por meio dos Stories no Instagram. A obra em questão é “Survivor”, canção composta por Beyoncé em parceria com Anthony Dent e Mathew Knowles — e que foi hit mundial nos anos 2000 na voz do antigo grupo Destiny’s Child, com Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams. As informações são do jornal O GLOBO.
Leia maisA letra — cujo título se traduz por “sobrevivente” — serve de trilha sonora para o primeiro teaser do filme com produção e roteiro do deputado federal Mario Frias (PL-SP). O longa-metragem, com estreia prevista para 2026, foi filmado em inglês e conduzido sob sigilo. A narrativa em tom heroico, que busca retratar Jair Bolsonaro como um mártir político, é estrelada pelo ator americano Jim Caviezel, conhecido por “A Paixão de Cristo” (2004) e “O Conde de Monte Cristo” (2002).
Ele passou cerca de três meses no Brasil gravando suas cenas antes de retornar ao exterior. A direção é de Cyrus Nowrasteh. O elenco aposta em nomes internacionais como Lynn Collins (“John Carter – Entre dois mundos”, de 2021), Camille Gauty (“Duster”, de 2025) e Esai Morales (“Missão: impossível – O acerto final”, de 2025), além dos brasileiros Charles Paraventi, Marcus Ornellas, Sérgio Barreto w Felipe Folgosi, que interpreta um policial federal.
As primeiras imagens exibem momentos marcantes da carreira política de Bolsonaro — da atuação como deputado ao casamento com Michelle Bolsonaro, passando pela facada durante a campanha presidencial de 2018. Um ator interpretando o autor do atentado, Adélio Bispo, também aparece nas filmagens. O próprio Frias surge em cena interpretando um dos médicos responsáveis pela cirurgia do então candidato.
Flávio e Carlos Bolsonaro acompanharam algumas gravações, feitas majoritariamente em São Paulo. A produção, rodada entre Brasil e Estados Unidos, segue agora para a fase de pós-produção no exterior. “Dark Horse” pretende alcançar o público internacional ao reconstituir a trajetória política de Bolsonaro, atualmente condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e preso preventivamente desde 22 de novembro.
Leia menos
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (10/12), a representação pela cassação do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Mais cedo, o colegiado rejeitou o parecer do relator Diego Garcia (Republicanos-PR), favorável à manutenção do mandato da parlamentar bolsonarista, que foi condenada pelo STF e está presa na Itália. Foram 32 votos a favor e 2 contrários.
Em agosto, Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e oito meses de prisão e à perda de mandato. A decisão se baseou na participação da parlamentar na inserção de documentos falsos na plataforma do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), realizada pelo hacker Walter Delgatti, que teria agido a mando da deputada – o que ela nega. As informações são do Metrópoles.
Leia maisO novo relator, Cláudio Cajado (PP-BA), alegou que a maioria, que rejeitou o relatório favorável a Zambelli, “não vislumbrou perseguição política na condenação definitiva” e, considerando que a deputada está presa, há “impossibilidade fática do exercício do mandato parlamentar”.
“A Câmara dos Deputados encontra-se diante de uma situação insuperável. A condenação criminal da deputada Carla Zambelli é definitiva. A pena é de regime fechado. A parlamentar já está detida pelas autoridades italianas, por determinação do STF, o que a impede absolutamente de exercer seu mandato”, diz o relatório aprovado.
A decisão final sobre a perda de mandato, porém, será do plenário da Câmara. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), pautou o processo para a sessão desta quarta. Também será analisada a cassação de Glauber Braga (PSol-RJ).
Zambelli acompanhou a sessão de forma remota. Seu filho e advogado também acompanharam a votação. Durante a sessão, ela pediu que os deputados votem contra a cassação, “em nome da verdadeira independência dos Poderes”. Ela aguarda a decisão do governo italiano sobre a sua extradição.
Manobra
Nesta quarta, Garcia apresentou um novo parecer, no qual rebate o parecer dos governistas e mantém a decisão a favor de Zambelli. A jornalistas o parlamentar repetiu que a deputada bolsonaristas foi condenada sem provas, criticou o relator do caso no Supremo, Alexandre de Moraes, e disse que a sua decisão se dá pela defesa do mandato parlamentar.
Antes da sessão desta quarta, o União Brasil mudou parte dos integrantes na CCJ. A movimentação foi vista como uma manobra para formar maioria e abrir caminho para cassar Carla Zambelli na comissão. Integrantes do PL criticaram a movimentação.
O União orientou contra o relatório e garantiu mais quatro votos para derrubar o relatório de Garcia.
Na comissão, o advogado de defesa de Zambelli, Fábio Pagnozzi, disse que parlamentares votaram “com interesse próprio” e, sem citar nomes, disse que a “troca de membros de um determinado partido me parece sombria”.
O PL também reagiu à derrota. Alguns parlamentares deixaram a comissão após o revés e disseram, aos gritos, “nos vemos no plenário”, em referência à votação que deverá decidir o futuro do mandato de Carla Zambelli.
A movimentação do União Brasil é vista como um aceno a Hugo Motta para que o processo de cassação seja levado ao Plenário. Interlocutores avaliam que o acúmulo de deputados com pendências judiciais e que estão fora do país tem se tornado um problema e fonte de desgastes para o presidente da Câmara.
Leia menos