Por Rudolfo Lago*
O PSD fez um estudo, ainda no domingo (27), do resultado das eleições no segundo turno, no qual analisava a sua própria vitória e o desempenho dos demais atores políticos. Em janeiro, o PSD passará a administrar 887 municípios. Entre os municípios com mais de 200 mil habitantes, pulou de quatro para 15, ficando, no caso, abaixo do PL, que governará 16. Capitais, serão cinco, o mesmo número do MDB. O partido presidido por Gilberto Kassab olha para seu próprio desempenho projetando o que pode fazer no futuro. Especialmente já verificando que outras legendas poderão ser seus parceiros. No estudo, ao qual o Correio Político teve acesso, o PSD delimita o que seria agora o centro político, diferenciando-o da direita e da esquerda.
No centro, o PSD posiciona principalmente a si mesmo, o MDB e o União Brasil. À direita, coloca PP, PL e Republicanos. À esquerda, o PT, o PSB e o PDT. Por vários aspectos, mostra como foi bom seu próprio desempenho, e como foi melhor o desempenho do centro.
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O PSD elegeu o maior número de prefeitos e foi também o que teve mais votos considerando-se os eleitos. Os 887 prefeitos do PSD receberam 10,7 milhões de votos. Em segundo, ficou o MDB, com 10 milhões. O PL foi o partido que ganhou mais votos no total, 15,5 milhões.
Quando se juntam todos aqueles que o PSD posiciona ao centro, a vantagem é inequívoca. O centro elegeu 2,3 mil prefeitos – 42%, quase a metade de todos. Somou 27,6 milhões de votos dados àqueles que foram eleitos (44%). E 39,4 milhões (35%) de votos no total geral. Estará no comando da administração da vida de 96,3 milhões de pessoas, o que corresponde a 46% da população geral do país, de novo quase a metade. Entre os que são eleitores, são 71,8 milhões, 47% do eleitorado geral do país. Se os partidos que o PSD posiciona ao centro caminharem juntos, terão grande capacidade de definição do quadro político daqui por diante.
Direita
A direita foi a segunda força em termos de desempenho. Elegeu, conforme o estudo do PSD, 1694 prefeitos, 31% do total. Recebeu 32,5 milhões de votos (29%). Governará 59,9 milhões de pessoas (29%). Mas a direita saiu fragmentada do pleito, com apostas díspares.
Na segunda-feira (28), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tentava juntar os cacos, reparando danos das estratégias do ex-presidente Jair Bolsonaro, que mais trabalhou para minar adversários. Começou a declarar que tem pautas comuns com o centro.
Esquerda
No estudo do PSD, pior se saiu a esquerda. Elegeu 711 prefeitos (13%). Recebeu 20,9 milhões de votos (19%). Administrará a vida de 22,5 milhões de pessoas (11%). Ou seja, sozinha, a esquerda terá pouca margem de manobra. Terá que aumentar suas conversas com o centro.
Chances
Como diz o pragmático presidente do PSD, Lula é maior que a esquerda. Conversa com o centro, e inclusive o tem incluído no seu governo. Mas Valdemar mostrou sua disposição também de conversar. Tanto Lula quanto Valdemar têm extremidades aos seus lados.
*Jornalista do Correio da Manhã
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