Por Angelo Castelo Branco*
Uma década depois das premonições do padre dominicano francês Joseph Lebret vislumbrando as alternativas de desenvolvimento mais adequadas às vocações do litoral Sul de Pernambuco, os ambientes acadêmicos e políticos despertaram para discussão e busca de uma nova visão econômica que pudesse alavancar a industrialização no estado.
Lebret foi convidado para visitar Pernambuco no ano de 1954 e realizou seminários e debates que ensejaram autocríticas sobre a inevitável obsolescência do velho porto do Bairro do Recife. Tornar-se-ia inadequado em face da evolução tecnológica confirmada rapidamente pela indústria naval e oferecia risco de congestionamento aos corredores de tráfego nas ilhas do Recife e de Santo Antônio.
Leia maisSob as inspirações das doutrinas econômicas defendidas por Lebret, Suape entrou na agenda estratégica do estado e passou a ser visto como trecho geograficamente viável a um sistema portuário moderno. A percepção sobre a importância de Suape seria tecnicamente confirmada nas duas décadas seguintes pelos estudos do seu contorno litorâneo, profundidade adequada e região singularmente harmônica com a formação de núcleos populacionais menos vulneráveis aos riscos de saturação e congestionamentos.
A equação formatada nos seminários com o dominicano que marcou presença na elaboração de políticas urbanas em São Paulo, contribui no sentido de uma sonhada qualidade de vida coletiva e logo se incorporou às preocupações locais. Lebret era um estudioso de questões sociais e defensor da corrente de pensamento denominada “Economia e Humanismo”. Sua vinda a Pernambuco foi fruto de iniciativa de um grupo no qual se destacava a figura do engenheiro e professor Antônio Baltar que chegou ao Senado e foi exilado no Chile depois do episódio de 1964.
Clique aqui e confira a publicação completa no perfil do Facebook de Angelo.
*Jornalista, membro da Academia Pernambucana de Letras e sócio do Instituto Arqueológico Histórico Geográfico Pernambucano
Leia menos