O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou, nesta quinta-feira (28), o julgamento dos Recursos Extraordinários (REs) 1037396 e 1057258, com repercussão geral, que tratam da responsabilidade civil das plataformas da internet por conteúdos de terceiros e a possibilidade de remoção de conteúdos ofensivos sem determinação judicial.
A controvérsia é sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), que exige ordem judicial prévia e específica de exclusão de conteúdo para a responsabilização de provedores, websites e gestores de redes sociais por danos decorrentes de atos ilícitos praticados por terceiros.
Após a conclusão das sustentações orais das partes interessadas admitidas no processo, o ministro Dias Toffoli, relator do RE 1037396, iniciou a apresentação de seu voto. Segundo ele, o Marco Civil da Internet foi uma conquista democrática da sociedade. Mas, dez anos depois, é necessário atualizar o regime de responsabilidade dos provedores para se adequar ao modelo atual de internet, que privilegia o impulsionamento de conteúdos com inverdades, estímulo ao ódio e situações ilícitas. “Infelizmente, isso é o que dá mais impulsionamento e, em consequência, dinheiro”, afirmou.
A atualização, a seu ver, é necessária em razão das transformações sociais, culturais, econômicas e políticas provocadas pelas novas tecnologias de uso da internet, dos novos modelos de negócios desenvolvidos a partir delas e dos potenciais impactos negativos sobre as vidas das pessoas e dos estados democráticos. Para o ministro, a automação e a algoritmização dos ambientes digitais trazem riscos a direitos como o da liberdade de expressão, da igualdade e da dignidade da pessoa humana, ao princípio democrático, ao estado democrático de direito e à segurança e à ordem públicas.
Toffoli considera que o artigo 19 do Marco Civil da Internet dá imunidade às empresas, pois apenas se descumprirem ordem judicial de retirada de conteúdo é que poderão ser responsabilizadas civilmente. Segundo ele, esse formato é ineficaz, pois, com o estímulo a conteúdos de violência, ódio e falsidades, a demora na retirada pode causar graves prejuízos às pessoas afetadas.
O julgamento prosseguirá na próxima quarta-feira (4), com a conclusão do voto do ministro Toffoli. Em seguida, o ministro Luiz Fux, que é o relator, apresentará seu voto.
A contratação de uma empresa pelo Governo do Estado para fornecer serviços de desenvolvimento de software tem agitado os bastidores do Poder Executivo há pelo menos dois meses, principalmente os corredores da Secretaria de Administração (SAD) e da Agência Estadual de Tecnologia da Informação (ATI-PE), vinculada à SAD.
Ocorre que o contrato, com valor superior a R$ 30 milhões, foi firmado sem licitação, e há denúncias de servidores públicos concursados de que a empresa contratada passou a ser fornecedora do Estado meses após bancar viagens à Europa para membros das altas cúpulas da SAD e da ATI-PE, comissionados.
As viagens foram para a Estônia e ocorreram em maio de 2024 e maio de 2025. A empresa foi contratada sem exigência de competição em dezembro de 2024. A Estônia é um país localizado no norte da Europa, na região do Mar Báltico, com belezas naturais deslumbrantes e rica herança cultural.
Órgãos de controle
Nossa reportagem procurou os órgãos de controle para checar se havia investigações em andamento sobre o caso. Tanto o Tribunal de Contas do Estado (TCE) quanto o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) confirmaram que receberam as denúncias e que há procedimentos abertos.
O MPPE afirmou, por meio da assessoria de imprensa: “A notícia de fato está sob análise da 27ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital, seguindo o trâmite previsto na legislação e aguardando resposta dos órgãos oficiais, no prazo legal”. De acordo com informações extraoficiais levantadas por este blog, o promotor do caso é João Alves.
Já o TCE, que também se pronunciou via assessoria de imprensa, informou que o caso está no Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPC-PE).
“O Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPC-PE) informa ter recebido denúncia sobre a possível contratação, sem licitação, de empresa que fornece serviços de desenvolvimento de software pela Agência de Tecnologia da Informação de Pernambuco (ATI-PE) e pela Secretaria de Administração do Estado de Pernambuco (SAD-PE)”, declarou o órgão.
O TCE ainda completou: “O caso está sob análise da 5ª Procuradoria de Contas, que tem como titular o procurador Gustavo Massa. Conforme as regras da Resolução MPC-PE nº 04/2023, foi instaurada Notícia de Fato para iniciar a fase de apuração. Neste procedimento, serão analisados os apontamentos da denúncia e, se necessário, os envolvidos serão notificados para apresentarem os devidos esclarecimentos”.
Viagens à Europa
De acordo com as denúncias enviadas ao TCE e ao MPPE, às quais este blog teve acesso com exclusividade, em maio de 2024 uma comitiva com dois integrantes da SAD e um da ATI viajou para a Estônia. No grupo estava a secretária de Administração, Ana Maraíza de Sousa (foto abaixo).
No país, o trio de comissionados participou de uma conferência de governança digital.
A viagem teria sido bancada pela mesma empresa que, sete meses depois, foi contratada sem licitação pelo Governo do Estado para prestar serviços de desenvolvimento de software, sob o argumento de que somente ela teria os produtos e serviços que o Estado precisava.
Os servidores concursados pediram aos órgãos de controle para apurar se houve tráfico de influência. Segundo as denúncias, a contratação não poderia ter se dado sem exigência de licitação, uma vez que os serviços contratados são comuns no mercado e deveriam ser objeto de ampla competitividade em pregão eletrônico.
Mas, sob a suposta influência das altas cúpulas da SAD e da ATI, a dispensa de licitação teria sido viabilizada. Os funcionários também relatam que a empresa tem equipe limitada na execução dos serviços e que, por isso, não entregou os produtos de forma adequada.
Além disso, o Governo do Estado, sob a gestão da governadora Raquel Lyra (PSD), abandonou uma plataforma de serviços digitais já adquirida e paga, sem justificativa, a fim de contratar a nova empresa.
Mais viagens
Em maio de 2025, a empresa, que agora é oficialmente fornecedora do Estado, novamente repetiu o custeio de viagens à Europa, dessa vez para uma nova cúpula formada por outros dois integrantes do alto comando da SAD, comissionados, e um diretor técnico da ATI, este último concursado da própria ATI.
Perseguição e assédio moral
Este blog tomou conhecimento de que a empresa estaria tentando ser ressarcida desses valores investidos nas viagens por meio de recursos do contrato com o Estado, de forma ilegal. Ocorre que servidores concursados que se opuseram a essa medida relataram sofrer perseguição e assédio moral.
Nossas fontes disseram que os pagamentos não atendem aos requisitos contratuais, porque o contrato tem por finalidade a execução de serviços técnicos de desenvolvimento e de consultoria em software, e não suposta capacitação ou imersão de servidores estaduais.
Além disso, afirmam os concursados, presentes ou viagens internacionais oferecidos por fornecedores não podem ser recebidos por servidores públicos do governo.
Sindicância na ATI
No dia 6 de outubro deste ano, o diretor-presidente da ATI-PE, Fred Vasconcelos, assinou a portaria nº 26/2025, determinando a abertura de uma sindicância com o objetivo de apurar a tentativa de uso indevido de um contrato para custeio de viagem internacional e retaliação funcional.
Reunião secreta
Ainda chegou a este blog a informação de que todo esse assunto foi objeto de uma reunião fechada e, à noite, de forma presencial, em 16 de setembro deste ano, na SAD, com membros da Secretaria de Administração, da empresa contratada e da ATI. O objetivo do encontro, comandado por Ana Maraíza, teria sido abafar as denúncias, a fim de que não chegassem ao conhecimento da governadora Raquel Lyra (PSD) e do Palácio do Campo das Princesas.
O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de Pernambuco (IBEF-PE) realiza, nesta sexta-feira (24), o Congresso Nacional de Executivos de Finanças (CONEF 2025), no Mirante do Paço, no Recife Antigo, das 9h às 18h. O evento reunirá nomes de destaque da economia e da gestão pública, como Eduardo Giannetti, Joaquim Levy, João Campos e Priscila Krause, além de lideranças empresariais e executivos do setor financeiro.
A programação contará com palestras e painéis sobre economia, transformação digital, inteligência artificial e as finanças do futuro. O CONEF 2025 é uma oportunidade de atualização e networking para profissionais e empresas interessados em debater os rumos da economia brasileira. As inscrições podem ser feitas pelo site serdigital.com.br/conefpe.
O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, reafirmou que será candidato ao Senado Federal nas eleições de 2026 e que não disputará a reeleição para a Câmara dos Deputados. A declaração foi feita na última terça-feira (21), durante um encontro com o grupo Prerrogativas, em que o ministro foi homenageado pelos serviços prestados ao país.
Questionado sobre o futuro político, Silvio Costa Filho confirmou a decisão e disse estar confiante no novo projeto. “Em 2026, vamos disputar o Senado Federal. Não vamos mais disputar a reeleição para a Câmara Federal. Estou animado e quero agradecer publicamente todas as manifestações de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, lideranças do movimento popular, do setor produtivo e ao presidente Lula pela confiança que venho recebendo para disputar o Senado”, afirmou.
O Grupo JCPM anunciou mudanças na sua estrutura organizacional no ano em que completa 90 anos de fundação. As decisões estratégicas passam a ser concentradas na holding JCPMPar – Participações e Empreendimentos S.A., que passa a contar com um Conselho de Administração formado por seis integrantes. O grupo reúne empresas nas áreas de shopping centers, construção, incorporação imobiliária, comunicação, por meio do Sistema Jornal do Commercio, e iniciativas sociais, como o Instituto JCPM e a Fundação Pedro Paes Mendonça.
O Conselho será presidido por João Carlos Paes Mendonça e contará com João Carlos Paes Mendonça Tavares de Melo, Marcelo Tavares de Melo Filho, Renato Paes Mendonça Tavares de Melo, Jaime Queiroz Filho, que assume como vice-presidente, e Marcelo Silva, como conselheiro independente. A nova configuração tem como objetivo aprimorar a governança e consolidar um modelo de gestão mais integrado entre as empresas do grupo, que atua em Pernambuco, Bahia, Ceará e Sergipe, com 11 shoppings e cerca de 3,2 mil lojistas.
Como parte da reestruturação, a área de shopping centers passa a operar sob uma diretoria exclusiva, a JCPM Shopping Centers, que terá Sérgio Moraes Vieira Filho como CEO. Pernambucano, Sérgio iniciou sua trajetória na Coca-Cola Solar e exerceu cargos de liderança internacional na The Coca-Cola Company, atuando na Nigéria, Rússia e, mais recentemente, na África do Sul. Formado em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco, com especialização em Finanças pela Harvard Business School, o executivo retorna ao Estado para comandar a operação que consolida o grupo como líder no setor de shopping centers no Nordeste e quarta maior do Brasil.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) lançou, ontem (21), três projetos e realizou a entrega de alimentos em Parnamirim, no Sertão de Pernambuco. A ação contou com a presença do diretor de Abastecimento, Arnoldo de Campos, e do superintendente regional da Conab em Pernambuco, Elizaldo Sá. Os projetos beneficiarão o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município, com a entrega de produtos provenientes de assentamentos da reforma agrária, comunidades quilombolas e indígenas. Ao todo, foram doadas 500 cestas de hortifrutigranjeiros, com cerca de 25 quilos cada, totalizando 14 toneladas de alimentos destinados a famílias cadastradas no CadÚnico e beneficiárias do Bolsa Família.
Durante o evento, os gestores da Conab também se reuniram com representantes de oito entidades que irão executar novos projetos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na região, incluindo associações indígenas, assentamentos e cooperativas. O encontro teve como objetivo alinhar orientações técnicas e operacionais sobre a execução local das ações. Nesta quinta-feira (23), a equipe da Conab seguirá com visitas a outros municípios pernambucanos (Orocó, Cabrobó, Carnaubeira da Penha, Mirandiba e Custódia) para acompanhar e orientar as atividades do programa.
A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados discutiu, ontem (21), o Projeto de Lei nº 1125/2025, de autoria do deputado federal Fernando Monteiro (Republicanos), que propõe conceder a Lagoa Grande, no Sertão do São Francisco, o título de “Capital Nordestina da Uva e do Vinho”. O município já possui o reconhecimento estadual de “Capital da Uva e do Vinho de Pernambuco”, concedido pela Assembleia Legislativa por iniciativa do deputado Jarbas Filho (MDB).
Durante a audiência, Fernando Monteiro destacou que a proposta valoriza o papel econômico e cultural de Lagoa Grande no setor da vitivinicultura. A prefeita Catharina Garziera, presente na reunião, defendeu a aprovação do projeto e lembrou que o município é o único do mundo com até 2,5 safras de uva por ano, responsável pela produção anual de cerca de 35 milhões de litros de vinhos, sucos e espumantes. Após tramitar nas comissões temáticas, o texto seguirá para votação no Plenário da Câmara.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou nesta terça-feira (21) que acredita na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 e que, se o petista pedir, ele desistirá da candidatura ao Senado para continuar no governo.
“Estou muito animado para disputar o Senado, mas, se Lula pedir pra ficar, eu fico, para ajudar a fazer andar o país. O meu projeto é o do presidente Lula em Pernambuco e no Brasil. Estou pronto para qualquer missão que a gente venha construir em 2026. Nosso desejo é o Senado, mas tomarei essa decisão junto ao presidente. Se ele quiser que eu fique no governo, eu fico, para continuar trabalhando a favor do Brasil”, disse o ministro. As informações são da Folha de S. Paulo.
O ministro é do partido Republicanos, o mesmo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cotado para disputar a Presidência no ano que vem.
Caso concorra a cadeira no Congresso Nacional, Silvio deve deixar o cargo de ministro em abril de 2026.
Em evento organizado pelo grupo Prerrogativas, o ministro também voltou a declarar que sempre votou em Lula.
O encontro reuniu o deputado federal Emídio de Souza (PT-SP), empresários, advogados e o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.
Em setembro, Costa Filho afirmou que não vê Tarcísio como candidato à Presidência no ano que vem.
“[Tarcísio] me diz que as principais obras dele demoram em torno de quatro, cinco, seis anos”, disse sobre o governador de São Paulo, com quem afirma ter boa relação. “Ele precisa se consolidar como governador para que possa disputar a presidência da República no futuro.”
O Prerrogativas tem promovido encontros entre ministros da gestão petista e a sociedade civil para falar sobre as ações do governo.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, é autor de uma rara proeza. Ele conseguiu se enrolar pelos dois lados da polarização política brasileira. Quando era aliado do PT de Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal do mensalão.
Teve uma pena de quase oito anos, ficou 11 meses detido, quando lhe foi concedida prisão domiciliar. No caso do julgamento da tentativa de golpe, Valdemar acabou conseguindo se safar inicialmente: o procurador-geral da República, Paulo Gonet, não o colocou entre os denunciados.
Essa situação deverá mudar, no entanto. E Valdemar já sabe disso e começou a se mexer, em busca de assessoramento para enfrentar a situação que poderá lhe chegar.
Reabertura Relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes sugeriu que se reabra a investigação sobre a participação de Valdemar. O presidente contratou o Instituto Voto Livre (IVL) para produzir o relatório técnico que embasou a ação que ele moveu contestando as eleições.
Contratante No julgamento feito na terça-feira (21), os ministros da Primeira Turma, com exceção de Luiz Fux, condenaram o presidente do IVL, Carlos Rocha, como um dos integrantes do núcleo de desorganização. Condenaram o contratado e não condenaram o contratante?
Para Moraes, situação do PL precisa ser revisitada
Como o Correio Político já destacara em maio, quando se iniciou o julgamento da tentativa de golpe no STF, o fato de Valdemar ter ficado de fora já chamava a atenção. E foi, inclusive, destacado pelo advogado de Carlos Rocha na ação, Melillo Dinis. Na sua defesa desde então, Melillo destacou que o relatório técnico feito pelo IVL nunca afirmou que havia possibilidade de fraudar as urnas eletrônicas. Havia uma cláusula de confidencialidade no contrato que impedia o IVL de falar sobre ele. Quem afirmou que havia essa possibilidade de fraude foi Valdemar, e não Rocha. E foi Valdemar quem acionou o TSE contra as eleições.
Ausência Rocha não foi absolvido, mas a ausência de Valdemar foi sentida. E mencionada por Moraes. A sorte do presidente do PL é que isso lhe dará tempo. Se a sugestão de Moraes for aceita, a investigação sobre Valdemar será reaberta. Ou seja, começa outra vez da estaca zero.
Indiciado Mas Valdemar já comentou com pessoas próximas que sabe que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Antes de ser livrado por Gonet, ele fora indiciado pela Polícia Federal. Avalia que agora, reaberto o caso, o destino final provavelmente será outro.
Assessoria Assim, ele já começou a usar interlocutores para sondar possíveis novos assessoramentos para enfrentar a situação e gerir a crise que, pelo posicionamento de Moraes, ficou para ele iminente. A inclusão precisa ser votada, mas provavelmente irá acontecer.
Maioria Já ficou mais do que claro que Moraes tem maioria entre os integrantes da Primeira Turma, que o seguem quase integralmente. Fux, tão pouco à vontade, até pediu agora para mudar para a Segunda Turma. Enfim, nova proeza de Valdemar, ele está de volta à cena.
Ciro Gomes tinha 32 anos quando disputou pela última vez um cargo majoritário no Ceará, estado onde tem suas raízes políticas. Elegeu-se governador em 1990 pelo PSDB, cargo que depois o catapultaria para sua primeira vitrine nacional: o Ministério da Fazenda do então presidente Itamar Franco.
Agora, aos 67, Ciro volta a assinar a ficha do PSDB, tenta retomar o protagonismo político em seu estado e chacoalha o xadrez eleitoral do Ceará. O retorno ao ninho tucano será oficializado nesta quarta-feira (22) em um ato político em Fortaleza. As informações são da Folha de S. Paulo.
Separam estes dois Ciros um intervalo de 35 anos. Neste período, ele passou por quatro partidos –PPS, PSB, Pros e PDT– e disputou quatro eleições presidenciais, sendo derrotado em 1998, 2002, 2018 e 2022. Mesmo sem sucesso nas urnas, se consolidou com um líder político com presença nacional.
Após ser derrotado em 2022, quando teve seu pior desempenho nas quatro eleições presidenciais e saiu das urnas com 3% dos votos, Ciro anunciou que não disputaria mais eleições. Mas tudo caminha para que ele não cumpra a promessa que fez a si e aos eleitores.
A tendência, apontam aliados, é que ele seja o adversário do governador Elmano de Freitas (PT) na eleição do próximo ano para tentar interromper um ciclo de governos petistas iniciado em 2015 com a eleição de Camilo Santana, hoje ministro da Educação do governo Lula (PT).
Desta forma, faz um movimento buscando reconstruir o seu capital político a partir da sua base eleitoral. Para se reposicionar no jogo político, tenta amarrar uma unidade entre os partidos da oposição, incluindo até mesmo o PL de Jair Bolsonaro.
O movimento vinha sendo maturado desde o ano passado, quando seus principais aliados apoiaram o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL) no segundo turno em Fortaleza. A aproximação foi intensificada em maio deste ano, com o ex-ministro se reunindo com deputados de oposição ao governador.
Na ocasião, Ciro sinalizou pela primeira vez que toparia uma possível candidatura ao governo e declarou apoio a uma provável candidatura ao Senado do deputado estadual e pastor Alcides Fernandes (PL), pai de André Fernandes.
“Existe um sentimento majoritário na oposição de que é preciso unir forças, apresentando um palanque único e forte contra o governador”, afirma o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, aliado próximo a Ciro que vai se filiar ao União Brasil.
Ao mesmo tempo em que passou a confraternizar com adversários do passado, Ciro ampliou as divergências políticas com antigos aliados como Camilo Santana e até mesmo com o próprio irmão, o senador Cid Gomes (PSB), com quem está rompido desde 2022.
Cid, que governou o Ceará entre 2007 e 2014, tem afirmado que uma possível candidatura de Ciro criará uma situação “absolutamente constrangedora”. O senador é aliado de Elmano de Freitas e deve apoiar a reeleição do governador.
Questionado sobre a filiação de Ciro ao PSDB, Cid afirmou em entrevista à imprensa que cada qual segue o caminho que quer: “Ninguém deve comentar a vida dos outros. A gente deve se esforçar para fazer o melhor pelo povo. Você nunca vai me ver falando mal de adversário, muito menos de meu irmão”.
Entre aliados de Ciro, uma possível candidatura ao governo é vista como um movimento capaz de mexer com o tabuleiro eleitoral do estado.
Nomes como o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil) e o deputado André Fernandes (PL) sinalizaram que não se opõem a uma aliança. O principal ponto de resistência é o senador Eduardo Girão (Novo), que se lançou pré-candidato a governador e lembra que Ciro não possui uma trajetória na direita.
Aliados do governador minimizam o impacto da entrada o ex-ministro na disputa estadual: “Gostaria muito de ver Ciro Gomes candidato da oposição no Ceará, com toda sua arrogância e incoerência”, afirmou Chagas Vieira, chefe da Casa Civil do governo, ao jornal O Povo.
Elmano trabalha para ampliar o seu arco de alianças e tenta trazer para o seu palanque a federação formada por PP, que já é seu aliado no estado, e União Brasil, que está dividido.
Outro partido que se reaproximou do governador é o PDT, do qual Ciro pediu desfiliação na semana passada. A legenda faz parte da base de Lula e retomou pontes com o PT no Ceará.
No PSDB, a filiação de Ciro Gomes é encarada como um movimento de caráter local, com foco na disputa do governo do Ceará. Há uma preocupação de evitar especulações de que Ciro pode ser candidato a presidente pela quinta vez.
A articulação para a volta de Ciro ao partido foi conduzida pelo ex-governador Tasso Jereissati, que foi seu padrinho político no início de carreira.
São nove e meia da manhã. Dia 21 de outubro de 2025. Uma manhã arcoverdense nublada e fria, que lembra o inverno sertanejo, em vez do calor que seria típico nessa época. Aqui, parado em frente ao Cemitério São Miguel, no bairro homônimo, na Avenida Monsenhor Pinto de Campos, em Arcoverde, aguardo a chegada do cortejo que conduz o féretro onde repousa o corpo do amigo Enaldo Cândido.
Enaldo foi um dos maiores baluartes da imprensa arcoverdense nos últimos 40 anos. Trata-se de uma perda irreparável para o jornalismo arcoverdense a sua passagem para outro plano de existência.
Quero, contudo, nos instantes que antecedem a derradeira despedida para os familiares e amigos, render um singelo preito à figura humana de Enaldo Cândido, por meio de um breve exercício de memória.
Conheci Enaldo nos bares do São Geraldo, bairro que ele tanto amava. Artífice da palavra e amante da boa política (a que se volta para ideias e ideais e almeja, acima de tudo, a promoção do interesse público), Enaldo, com sua presença marcante, fazia as cadeirinhas de plástico e as mesinhas quadradas do bar parecerem, a olhos mais imaginativos e românticos, assentos de uma pitoresca espécie de “Távola Redonda” sertaneja. Ali, vi gigantes do “bom combate”, como Edilson Xavier, o finado Sabará e meu saudoso pai, Giovanni Porto, se assentarem.
Vi outros políticos, como os ex-vereadores Ivanildo Matos e João Justino, além de diversos colaboradores do jornal, como seu genro Arnaldo Tenório e o advogado Manoel Modesto.
Neste momento, chegou o cortejo. E, em silêncio, observo. Agora, à saída do campo santo, impossível não recordar a mais marcante cena: sobre o caixão, ornado de coroas de flores, um exemplar do Jornal de Arcoverde. É significativo o gesto. Enaldo, pai de tantos filhos, também gerou esse filho que é o Jornal de Arcoverde, há 44 anos.
Enaldo sabia perguntar e sabia ouvir. Simples e autêntico, brincalhão e sensível, o filho de Dona Sebastiana, natural de Itaíba e que bebeu “das águas das cacimbas de Seu Jé” (imortalizadas na belíssima canção “Muirá-Ubi”, de Paulinho Leite), encantou-se por Arcoverde e aqui fincou raízes, era uma companhia agradável e um personagem interessante. Quando lhe perguntava se estava bem, respondia que sim e acrescentava: “e ainda fazendo menino”.
Enaldo tinha uma alma barroca. Apaixonado pela beleza feminina, tinha também um lado religioso marcante. E há poucos dias recebi dele, via WhatsApp, uma bela imagem de Santa Terezinha.
Enaldo era um promotor do diálogo respeitoso – algo que tanto faz falta ao nosso país nos dias que correm –, congregando opiniões e correntes de pensamento, as mais variadas, em seu jornal. Foi também um defensor incansável de nossa terra e de nossa gente. Célebres as matérias que fazia enaltecendo a gente simples e batalhadora de nossa cidade – homens e mulheres das mais variadas profissões e atividades –, sempre com lugar de destaque no seu jornal.
Como disse uma de suas filhas, emocionada, à beira do túmulo, o “Gato do Telhado”, como era chamado, estará doravante mais acima, nos céus.
Que os espíritos de luz, entre os quais Santa Terezinha, lhe conduzam por esse caminho.
E que todos os que valorizam a memória de nossa cidade possam refletir sobre seu legado e sentir profunda gratidão a Enaldo Cândido, pela sua fecunda existência e pela sua obra imorredoura, que cumpre ser preservada.
O delegado Alexandre Luiz Rollo Alves é o mais novo cidadão de Pernambuco. O policial federal recebeu o título na noite desta terça-feira (21), na Assembleia Legislativa, concedido a partir de uma proposição do deputado Antônio Moraes aprovada pelos demais parlamentares. Em uma solenidade bastante concorrida – realizada no auditório Sérgio Guerra, na Alepe – Moraes lembrou as origens do delegado, nascido na cidade de Santos, em São Paulo, e o início da sua trajetória profissional como professor e advogado no Tribunal de Justiça daquele estado.
Em 2003, Alexandre Alves ingressou na Polícia Federal como escrivão e construiu sua carreira até chegar ao cargo de delegado, em 2009. “Sua trajetória foi marcada por dedicação, competência e um senso de dever que inspira a todos que têm o privilégio de trabalhar ao seu lado”, afirmou Antônio Moraes, lembrando que o trabalho de Alves como delegado federal teve início em Ji-Paraná, no estado de Rondônia, liderando ações de repercussão nacional, como a Operação Rio Pardo, que elucidou o assassinato do soldado da Força Nacional Luís Pedro de Souza Gomes, o primeiro a tombar em serviço, e cujo nome hoje estampa a medalha do mérito da corporação, por decisão da Presidência da República.
Alexandre Alves também coordenou a Operação Humaitá, que investigou homicídios cometidos em terras indígenas no Amazonas, realizando em seguida diversos outros trabalhos que terminaram por credenciá-lo a atuar na sede da Polícia Federal em Brasília, onde chefiou a Unidade de Repressão aos Crimes de Ódio e Pornografia Infantil na Internet em todo o território nacional.
A relação do delegado com Pernambuco teve início em 2014, quando foi designado para comandar as investigações do assassinato do promotor de justiça Thiago Faria Soares, cometido no estado. Em apenas três meses o caso foi elucidado e os culpados foram presos. Ele também investigou grupos de extermínio no Nordeste, crimes de corrupção, fraudes e desvios de verbas públicas, além de outras ações de organizações criminosas.
“Em 2016, nosso homenageado escolheu Pernambuco como sua casa e se tornou um defensor incansável da nossa gente. Ocupou cargos estratégicos na Superintendência Regional da Polícia Federal, liderando o Núcleo de Inteligência Policial e a Delegacia de Combate à Corrupção”, reiterou Antônio Moraes. Durante a pandemia, Alexandre Alves foi chamado novamente a Brasília para coordenar os trabalhos da Polícia Federal nas eleições de 2020, mas no ano seguinte retornou a Pernambuco para assumir a Delegacia Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado. Dois anos depois, foi nomeado Secretário Executivo de Defesa Social do Estado, e atualmente exerce o cargo de coordenador geral da Polícia Fazendária, em Brasília.
“Embora nascido em outro estado, não há dúvidas de que o doutor Alexandre é um profissional exemplar, que abraçou Pernambuco com coração e muito trabalho. Por toda essa trajetória de entrega, coragem e amor pela nossa terra, e como símbolo de respeito e gratidão, a Assembleia Legislativa decidiu reconhecê-lo, de fato e de direito, como um pernambucano de alma, ação e merecimento”, completou Moraes, após entregar o título de cidadania e uma estatueta de um caboclo de lança, símbolo do maracatu da Mata Norte, elaborada pelo artista plástico Mestre Sussula Andrade, de Tracunhaém.
Ao agradecer a homenagem, o delegado Alexandre Rollo Alves fez um retrospecto da carreira desde o seu ingresso na Polícia Federal, em 2003. Lembrou alguns casos importantes em que trabalhou e a trajetória que construiu ao longo dos anos até chegar a Brasília e, em seguida, ser designado para atuar em Pernambuco, onde casou e constituiu família. “Tudo aconteceu de forma natural, nunca fui atrás disso. Hoje eu me sinto mais em casa em Pernambuco que na minha terra natal. Para qualquer lugar que eu vá no mundo, sempre sinto saudades daqui”, afirmou, concluindo: “Pernambuco, com certeza, é o melhor lugar em linha reta do mundo. E a Nova Roma de bravos guerreiros ganha hoje mais um guerreiro, que sou eu”.
A sessão solene contou com a participação de vários representantes da Polícia Federal, Ministério Público, Receita Federal e Controladoria Geral da União, além de outras autoridades institucionais e convidados. A mesa dos trabalhos foi composta pelo superintendente regional da Polícia Federal, delegado Antônio de Pádua Cavalcanti; a secretária executiva de Defesa Social de Pernambuco, delegada Mariana Cavalcanti; o chefe da Polícia Civil do Estado, delegado Renato Rocha Leite; o coronel João Barros, representante do Comando da Polícia Militar de Pernambuco; e o presidente da Associação dos Empresários do Brasil, Fernando Mendonça.
Durante a homenagem, houve a apresentação do Coral Vozes de Pernambuco – composto por servidores da Assembleia Legislativa – e do cantor Ed Carlos, acompanhado do sanfoneiro Damião, que interpretaram músicas da cultura popular pernambucana.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na noite passada (21) reabrir a investigação contra o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, por suposta participação na tentativa de golpe de Estado de 2022.
A decisão foi tomada após o ministro Alexandre de Moraes defender, em seu voto, o retorno das apurações sobre o papel de Valdemar nos crimes de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A maioria da Primeira Turma concordou com Moraes. As informações são do g1.
Participação em organização criminosa armada: liderar organização de quatro ou mais pessoas, estruturalmente ordenada, com uso de armas e divisão de tarefas, para cometer crimes. Pena de 3 anos (mínima) a 8 anos (máxima) – pode chegar a 17 anos, com as agravantes de uso de arma de fogo e participação de agentes públicos;
Tentativa de abolição violenta do Estado de Direito: quando se tenta com “violência ou grave ameaça”, abolir o Estado Democrático, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. Pena de 4 anos (mínimo) a 8 anos (máximo).
Ligação com o núcleo de desinformação A decisão foi proferida durante o julgamento do núcleo 4 da chamada trama golpista, responsável por ações de desinformação e ataques ao sistema eleitoral.
O grupo é acusado de espalhar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e de tentar desacreditar o processo eleitoral de 2022. Todos os sete réus foram condenados.
A Polícia Federal (PF) já havia indiciado Valdemar Costa Neto, mas ele não chegou a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PF apontou que o presidente do PL financiou e incentivou questionamentos sem provas à integridade das urnas eletrônicas e teve papel central na propagação de dúvidas sobre o sistema.
Conexão com o Instituto Voto Legal Durante o voto, Moraes mencionou o nome de Valdemar ao analisar o caso de Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL) e réu no núcleo 4.
Segundo o ministro, Rocha produziu relatórios falsos sobre o funcionamento das urnas, que foram utilizados pelo PL para justificar o pedido de verificação extraordinária dos votos — ação que resultou em multa aplicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao partido.
Julgamento e próximos passos Moraes considerou parcialmente procedente a denúncia da PGR contra Rocha e defendeu sua condenação por dois crimes: organização criminosa e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Com a decisão desta terça, o Supremo determinou que a investigação sobre Valdemar seja retomada para apurar se ele cometeu os mesmos delitos.