Porque pai quer
Pai do deputado federal Mendonça Filho (União Brasil), ex-governador de Pernambuco e ex-ministro da Educação, o ex-deputado José Mendonça Bezerra, o Mendonção, que Deus chamou em 2011, aos 75 anos, era um homem sábio na política. Nunca perdeu uma eleição. De tão forte, era chamado de “A Baraúna do Agreste”.
Em 1994, abriu um paradigma na política pernambucana, reelegendo-se federal e elegendo o filho Mendonça também para a Câmara dos Deputados, façanha repetida nas eleições de 2022 pelo deputado Eduardo da Fonte (PP), que se reelegeu e elegeu seu filho Lula da Fonte (PP) para federal. Pernambuco tem se revelado um Estado rico na política de pai para filho. João Campos (PSB), prefeito do Recife, é o exemplo atual mais bem-sucedido.
Leia maisA governadora Raquel Lyra (PSDB), cujo pai João Lyra Neto também foi governador de Pernambuco e prefeito de Caruaru, e a vice-governadora Priscila Krause (Cidadania), filha do ex-governador Gustavo Krause, se inserem também perfeitamente nesse contexto. A Assembleia Legislativa está, igualmente, recheada de casos assim. E nas eleições municipais do último dia 6, a Câmara de Vereadores acabou sendo estuário deste fenômeno.
O político não nasce pronto, aprende a estar pronto. Político também não se inventa, já nasce vocacionado. Mas há, sim, políticos maquiados, produzidos em laboratórios, gerados no ventre do ego dos pais ou de naturezas circunstanciais. Mendonção não inventou Mendonça Filho. Certa vez me confessou que gostaria que ele tivesse se apaixonado por Medicina, porque todo pai sonha em ter um filho médico.
Mas o tempo se encarregou de levar o filho de Mendonção para a vida pública. Enquanto teve voz ativa, entretanto, exercendo plenamente o papel de pai conselheiro, o velho cacique soube, como ninguém, com os pés no chão e a sabedoria que Deus lhe deu, ser um professor irrepreensível, inclusive para evitar vexames para o filho não ser ridicularizado em público.
Ontem, almoçando com Mendonça Filho, na companhia de dois amigos de Brasília – Aristeu Plácido Júnior e José Carlos – no mesmo apartamento e na mesma mesa que pertenceram ao seu pai, na 302 Norte, ouvi dele uma pérola, talvez a melhor lição que o pai deixou para ele.
“Meu filho, quando alguém perguntar por que você entrou na política, nunca caia na besteira de responder assim: “Porque pai quer”. Já vi alguns desses próceres juvenis da política darem essa escorregada, menos Mendonça Filho. Para ele, a lição ficou para o resto da vida!
ROMBO EM SURUBIM? – Em entrevista ao Frente a Frente de ontem, o prefeito eleito de Surubim, Cléber Chaparral (UB), disse que teme receber uma tremenda herança maldita da prefeita Ana Célia (PSB), que encerra em dezembro seu segundo mandato. “O que chega aos meus ouvidos é que meus adversários vão me entregar a Prefeitura com um rombo estratosférico”, afirmou, adiantando que já enviou ofícios pedindo informações sobre a saúde financeira da Prefeitura, mas sem resposta.
Armando Bisneto federal – Nos corredores do Congresso, ontem, em Brasília, ouvi que o ex-senador Armando Monteiro (Podemos) pode lançar o filho Armando Bisneto, advogado no Distrito Federal, mas apaixonado pela vida pública, candidato a deputado federal nas eleições de 2026. Armando já admitiu que pode disputar o Senado, mas não tem projeto para deputado federal. Se não tem, o filho sonha 24 horas em atuar no Congresso.
Herói da Pátria – A Lei que incluiu o nome de Eduardo Campos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria foi sancionada, ontem, pelo presidente Lula em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença da família do ex-governador. “Quando sancionamos uma lei que transforma Eduardo em herói nacional, estamos dando uma contribuição para fazer com que aqueles que nasceram depois de nós possam conhecer outro tipo de político. Estamos enaltecendo as virtudes de um homem que nasceu no berço da política e morreu defendendo as pessoas menos favorecidas e pobres deste país”, disse Lula. O projeto original é de autoria do deputado Felipe Carreras (PSB), amigo da família.
Emoção nas falas – Renata Campos, viúva do ex-governador, e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), filho de Eduardo, também falaram. “É muito importante a Nação brasileira reconhecer pessoas que lutaram, fizeram história e desejo que isso sirva de referência para as gerações futuras”, disse Renata. “Eu tenho certeza de que o meu pai está muito feliz onde estiver, feliz em ver o senhor (presidente Lula) liderando o País, feliz em ver a nossa família unida, feliz em ver um time que acredita na política sentando-se junto na mesa, tendo responsabilidade com a democracia, generosidade com o povo brasileiro e o cuidado de representá-lo”, afirmou João.
A dinheirama do PT para Boulos – O PT investiu mais na campanha de Guilherme Boulos (Psol), candidato a prefeito de São Paulo, do que nas campanhas de quatro candidatos próprios que chegaram ao 2º turno em outras capitais. Já são R$ 44 milhões ao psolista desde o começo das disputas até a última segunda-feira. A mais recente doação, de R$ 15 milhões, foi feita na última quarta-feira, depois de Boulos aparecer em segundo lugar em mais uma rodada de pesquisas nas quais o prefeito Ricardo Nunes (MDB) lidera com folga, impondo uma frente de 20 pontos.
CURTAS
CEF MUDANÇA 1 – A Caixa Econômica Federal fará alterações nos financiamentos para imóveis de até R$ 1,5 milhão a partir de novembro e passará a exigir um valor de entrada maior dos compradores. Segundo a Caixa, nos empréstimos feitos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o banco passará a financiar a compra ou a construção individual de imóveis que tenham valor de avaliação ou de compra e venda limitado a R$ 1,5 milhão.
CEF MUDANÇA 2 – O cliente também não poderá ter outro financiamento habitacional ativo com a Caixa. Além disso, outra mudança acontecerá nas cotas de financiamento admitidas pelo banco. A partir de novembro, a Caixa só financiará até 70% do valor do imóvel pelo Sistema de Amortização Constante (SAC). No modelo atual, válido até o final deste mês, a cota admitida é de até 80% do valor do imóvel. Já pelo sistema Price, o banco passará a financiar até 50% do valor do imóvel. Nesse caso, a cota era de 70%.
HAJA CORAÇÃO! – André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) estão empatados na primeira pesquisa Real Time Big Data sobre o 2º turno da eleição para prefeito de Fortaleza. A pesquisa foi contratada pela Record e divulgada ontem. Ambos aparecem com 45% das intenções de voto. Já nos votos válidos, o empate se repete: 50% a 50%.
Perguntar não ofende: Por que Lula resolveu recuar em participar das campanhas de segundo turno de aliados do PT?
Leia menos