O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, disse, ontem, que 1.200 pessoas já foram presas nos protestos que eclodiram no país após sua contestada reeleição e que o regime está preparando prisões de segurança máxima para receber os manifestantes.
“São 1.200 capturados, e vamos prender mais mil” diz o líder no vídeo de um ato que foi publicado em suas redes sociais. “Vou colocar todos em Tocorón”, continuou, em referência a uma penitenciária de segurança máxima, diante dos aplausos de apoiadores.
Em outro evento, transmitido também nesta quinta pelo canal estatal VTV, o ditador afirmou que está preparando duas prisões de segurança máxima para os capturados.
“Todos os manifestantes vão para Tocorón e Tocuyito”, afirmou. Essas dois presídios estiveram sob controle de grupos criminosos por anos, até serem ocupadas pelas forças de segurança em 2023 —Tocorón, por exemplo, era centro operacional da Tren de Aragua, uma das gangues mais violentas do país.
Maduro afirmou ainda que os manifestantes “foram treinados nos Estados Unidos, no Texas, na Colômbia, no Peru e no Chile”. O ditador, que está sob forte pressão internacional, costuma afirmar que seus críticos representam interesses estrangeiros.
“Eles se filmavam [durante os protestos], porque é um golpe cibernético. É o primeiro golpe cibernético da história da humanidade”, continuou.
Seguindo o padrão que adotou nos últimos anos, Maduro se referiu aos manifestantes como terroristas e delinquentes. Ele afirmou ainda que os que saíram às ruas são membros de “quadrilhas de nova geração”, comparando-os às gangues no Haiti e às pandillas centro-americanas.
“Querem transformar a Venezuela em um novo Haiti”, afirmou o mandatário. “Tem muito caminho a percorrer, então que façam estradas”, acrescentou, em alusão à “reeducação” que será implementada nestes presídios.
Os protestos deixaram pelo menos 11 civis mortos, além de um militar. Liderados por María Corina Machado e seu candidato, Edmundo González Urrutia, os opositores denunciam uma “escalada cruel e repressiva do regime”.
Em meio às manifestações, estátuas de Hugo Chávez, antecessor de Maduro morto em 2013, foram derrubadas, assim como alguns dos enormes painéis com o rosto do ditador que cobrem as avenidas de todo o país.
A postagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) minimizando o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump, dos Estados Unidos, teve baixo engajamento – sendo que, a maior parte das reações foi negativa, 62,8%. Monitoramento realizado pela Ativaweb, ontem, nas principais redes sociais, Instagram, Facebook, X e Tik Tok, mostra que o conteúdo de engajamento caiu em relação à média anteriormente registrada em publicações do deputado.
Neste caso, a taxa de engajamento ficou em 0,49%. Índice inferior à média histórica do perfil, que oscilava entre 0,8% e 1,2%. Segundo o diretor da Ativaweb, Alek Maracajá, o conteúdo mostra queda progressiva no engajamento e redução da capacidade de viralização, sinalizando fadiga de discurso e desconexão com o público.
Isso mostra, segundo ele, que o deputado Eduardo Bolsonaro fala basicamente para seu público, não conseguindo nem mais gerar grandes ondas e sensibilizar o eleitorado moderado. “Eduardo Bolsonaro fala hoje apenas para os convertidos. Seu discurso já não mobiliza, apenas ecoa dentro de um corredor ideológico. Enquanto o mundo fala em diplomacia e reaproximação, ele insiste em transformar fatos políticos em guerra cultural”, afirmou Maracajá.
O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Flávio Dino, agendou o início do julgamento dos recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros seis réus do chamado núcleo crucial da trama golpista para o dia 7 de novembro. A sessão se estenderá até o dia 14 no plenário virtual. As informações são do portal Estadão.
Além de Dino, participarão do julgamento Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Luiz Fux, que deixou a Primeira Turma na semana passada, não deve votar. O prazo para recurso dos réus condenados terminou na segunda-feira, 27. Foram condenados oito réus desse núcleo em setembro. Apenas o tenente-coronel Mauro Cid não apresentou recurso, pois conseguiu manter os benefícios previstos no acordo de delação premiada.
Os recursos que serão julgados são embargos de declaração. Eles não têm potencial para reverter as condenações, mas podem resultar em ajustes pontuais às penas impostas aos réus. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. Após a análise dos recursos, os ministros decidirão se receberão outros recursos na sequência, ou se decretarão o trânsito em julgado logo. Apenas com os processos oficialmente encerrados é que pode ser determinado o início do cumprimento da pena e a definição se isso ocorrerá no sistema prisional ou em casa.
O governo de São Paulo transformou a Sabesp em manchete de pregão. Vendeu na B3 o que era, até pouco tempo atrás, um símbolo da capacidade pública de gerir o essencial. Prometeu eficiência, investimentos, expansão. E o que se vê agora? A Agência Reguladora do Estado (Arsesp) discutindo reduzir a pressão da água por até 16 horas diárias, às vésperas de um rodízio. É o retrato cru do discurso liberal quando confrontado com a física dos mananciais e a aritmética da escassez.
Quando a água passa a ser tratada como ativo financeiro, muda-se a lógica: o cidadão vira cliente, o direito vira produto, e o lucro vira bússola. A universalização, que é cara e demorada, deixa de ser prioridade. E a equação de mercado não se preocupa com quem vive no fim da linha ou na ponta seca da rede. A água, que sempre foi questão de soberania, vira aposta de portfólio.
Em Pernambuco, a governadora Raquel Lyra anuncia o mesmo caminho para a Compesa. A promessa é destinar aos municípios o produto da privatização, como se fosse uma partilha generosa. Mas o que se vende, na prática, é o controle sobre o bem mais vital de todos. A Compesa é falha, sim – envelhecida, às vezes ineficiente –, mas é nossa. É do Estado. Está sujeita à transparência pública, ao controle social, ao voto e à crítica. Privatizá-la é entregar o comando da torneira a quem responde não ao cidadão, mas ao acionista.
Há quem diga que o problema é o Estado – que basta vender para que a eficiência floresça. Mas o liberalismo de gabinete esquece que saneamento é serviço de rede, de longo prazo, sem retorno rápido, dependente de subsídio cruzado e de planejamento. Nenhuma empresa privada investe vinte anos para levar água ao Sertão sem expectativa de lucro. O Estado, sim. Porque esse é o papel do Estado: garantir o essencial aonde o mercado não chega.
Veja o exemplo da saúde pública em Pernambuco. Anda mal, padecendo de filas, desassistência e falta de médicos, muriçocas, teto caindo em UTI neonatal! Diante disso, Raquel Lyra proporia privatizar os hospitais públicos como solução? Evidente que não. Ou, ao menos, não fez até agora. O problema não está no caráter público do serviço, mas na má gestão, na ausência de políticas consistentes, de planejamento e de governança. Com a Compesa, é o mesmo: o que se precisa é reformar, não entregar.
O caso paulista é um aviso: o “bater descontrolado do martelo” na Bolsa pode parecer modernidade, mas ecoa vazio nas torneiras. Reduzir a pressão da água é reduzir a pressão sobre quem lucra com ela. E, quando o lucro se sobrepõe ao direito, a sede deixa de ser um problema social e passa a ser uma variável financeira.
Privatizar a água é o tipo de decisão que, feita uma vez, não se desfaz. É abrir mão de um dos últimos instrumentos de soberania pública sobre o que é, em essência, um bem comum. O que se espera do governo não é que venda o que é de todos, mas que administre com coragem o que herdou: um sistema falho, sim, mas público. Porque água é vida – e vida não cabe em balanço patrimonial.
As equipes que agora negociarão com o governo dos Estados Unidos, aqui sob o comando do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, não têm ilusões. As conversas, avaliam, não serão nada fáceis. Mas, pelo menos, essas conversas acontecerão, o que já é classificado como uma grande vitória.
Após a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump no domingo (26), qualquer dúvida sobre algo que o Correio da Manhã aqui já antecipara dissipou-se: o ex-presidente Jair Bolsonaro foi inicialmente colocado na mesa por Trump como pretexto. Trump, disse um integrante dessas equipes, é “um homem de negócios”. Sempre foi um empresário que arrisca e negocia alto.
É como na clássica história do “bode na sala”. Coloca-se ali um animal grande e malcheiroso. Quando se tira o animal, a sensação de alívio é imediata. Embora nada de concreto tenha avançado para o que havia antes. É caso. O tarifaço, por enquanto, continua.
No domingo, Lula entregou a Trump uma pauta com os pontos que o Brasil deseja negociar. Segundo os demais interlocutores, Trump leu o documento e pareceu mesmo dar atenção a ele. Mas Trump mesmo não entregou pauta alguma em troca.
A avaliação que os negociadores do governo fazem é de que, ao menos, o ambiente distensionou-se. Abrindo espaço para que Brasil e Estados Unidos voltem a ter relações bilaterais. Algo que parecia impensável há três meses quando Trump impôs a sobretaxação de 50% sobre os produtos brasileiros em carta que iniciava mencionando a situação de Bolsonaro. Agora, Bolsonaro estará fora da pauta dos negociadores de cada lado. Temas políticos, os dois presidentes deixaram claro, serão tratados somente por eles. Sobre o que especificamente girarão as negociações, as equipes ainda não têm clareza, a não ser de forma genérica
Trump não admite derrota. Qualquer que seja o resultado, para ele é ele sempre quem vence. Um ponto, porém, que impressionou quem assistiu à conversa foi como Trump tratou de buscar pontos de conexão com a história de Lula, não com a de Bolsonaro.
Embora quisesse evitar que as agruras do ex-presidente dominassem a reunião, foi Lula quem primeiro puxou o assunto. Disse que Bolsonaro teve julgamento que respeitou o devido processo legal e que, inclusive, encontrou-se um plano de assassinato do próprio Lula.
Segundo versão dos interlocutores brasileiros, Trump disse que achava Bolsonaro um “cara legal”. Mas também não se aprofundou muito na defesa do ex-presidente. Disse que tinha essa boa impressão, mas que, na verdade, não conhecia Bolsonaro muito bem.
E, aí, impressionou como buscou pontos de conexão com Lula. Quis saber detalhes sobre o tempo de prisão. Impressionou-se quando soube que foram mais de 500 dias. E disse considerar que ambos, ele e Lula, seriam “vítimas do sistema”. Por aí se iniciou a conversa.
O médico pernambucano e professor do curso de Medicina da Unicap Elimário Cardozo venceu, na noite de ontem, o Prêmio Jabuti na categoria Conto por sua obra “Dores em salvas”. A cerimônia de premiação aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em um evento que contou com a apresentação de Marisa Orth e Silvio Guindane.
O Prêmio Jabuti, um dos mais importantes reconhecimentos literários do Brasil, elegeu vencedores em 23 categorias, abrangendo eixos como Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação. Cada vencedor recebeu uma estatueta do Jabuti e um prêmio em dinheiro de R$ 5 mil. O processo de seleção envolveu mais de 60 jurados, que avaliaram as obras inscritas.
“Dores em salvas”, publicado pela Editora Patuá, destacou-se entre uma concorrida lista de finalistas, que incluía obras como “A bomba e outros contos de futebol”, de David Butter, e “Breve inventário de pequenas solidões”, de Tiago Feijó. A vitória do professor Cardozo não apenas celebra sua contribuição à literatura, mas também traz visibilidade à produção cultural da Unicap.
A cerimônia deste ano também prestou homenagem à jornalista Ana Maria Machado, reconhecendo seu papel na promoção da literatura brasileira. O evento ainda revelou o Livro do Ano, que foi concedido a “O ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim”, de Ruy Castro, celebrado pelo seu impacto literário.
Elimário Cardozo expressou sua gratidão pela honra recebida. “Escrever é uma forma de cuidar das dores humanas, e ‘Dores em salvas’ é uma tentativa de dar voz a essas experiências”, declarou o professor.
A conquista do Prêmio Jabuti é um marco significativo na carreira de Cardozo, que agora se junta a uma seleta lista de autores brasileiros reconhecidos por suas contribuições à literatura.
Após uma breve pausa, retomo, hoje, a jornada de lançamentos do meu livro ‘Os Leões do Norte’ pelo interior de Pernambuco. Desta vez, o destino é o Agreste Meridional. Em parceria com as prefeituras e lideranças locais, vou percorrer cinco municípios em três dias.
A agenda começa hoje, em Águas Belas, no Colégio Nicolau Siqueira, às 19h, com o apoio do prefeito Elton Martins (Republicanos). Amanhã, será a vez de Capoeiras, onde o lançamento ocorrerá na Câmara Municipal, também às 19h, com a presença do prefeito Nêgo do Mercado, do secretário Clécio Farias, vereadores e representantes do governo municipal.
Já na quinta-feira (30), o roteiro inclui três paradas: Angelim, às 10h, na Escola Miguel Calado Borba, com o prefeito Carlos Henrique (Caíque); Caetés, às 15h, no Colégio Monsenhor Callou, ao lado do prefeito Nivaldo Tirri e da secretária de Educação Giselda Correia; e, encerrando o dia, Garanhuns, às 19h, no auditório da AESGA, com o prefeito Sivaldo Albino, o secretário Ronaldo César e demais integrantes do governo municipal. A cidade de Brejão também deve integrar o circuito, com data a ser confirmada.
“Os Leões do Norte” é o resultado de uma ampla pesquisa jornalística e historiográfica que reúne 22 minibiografias de ex-governadores de Pernambuco, de 1930 a 2023, traçando um panorama da política estadual ao longo de quase um século. A obra resgata episódios pouco lembrados, reconstrói contextos e convida o leitor a refletir sobre a trajetória dos líderes que moldaram a história do Estado, de Agamenon Magalhães e Etelvino Lins a Miguel Arraes, Marco Maciel, Eduardo Campos e Paulo Câmara.
Antes de pegar a estrada rumo a Águas Belas, no Agreste, por onde começo hoje a agenda de palestras e lançamentos de ‘Os Leões do Norte’, pela editora Eu Escrevo, cumpri meus 8 km diários da corridinha de hoje no calçadão de Boa Viagem. Em Águas Belas, o evento está marcado às 19 horas no colégio Nicolau Siqueira, com apoio do prefeito Elton Martins (Republicanos).
A recente decisão do Supremo Tribunal Federal, permitindo que prefeitos, governadores e o presidente da República nomeiem parentes para cargos de natureza política – como secretários, ministros e assessores diretos –, representa um grave retrocesso ético e institucional. Embora a Corte tenha considerado que tais funções não se enquadram na proibição de nepotismo, o efeito prático é o enfraquecimento de um dos princípios mais básicos da administração pública, a impessoalidade.
A justificativa jurídica é conhecida. Cargos de natureza política pressupõem confiança pessoal e afinidade com o chefe do Executivo. No entanto, essa distinção técnica não apaga a percepção social de privilégio e favorecimento familiar. Ao autorizar a nomeação de parentes sob o manto da “confiança política”, o Supremo acaba por institucionalizar uma prática que a sociedade há muito condena, o uso do poder público para beneficiar laços de sangue.
O Brasil tem uma história marcada pelo patrimonialismo – a confusão entre o que pertence ao Estado e o que pertence à família do governante. A decisão do STF, ao abrir espaço para a repetição desse vício, sinaliza tolerância com um comportamento que mina a credibilidade da gestão pública e desestimula o mérito.
Imagine a cena. Uma reunião de governo em que o prefeito preside a mesa. À direita, a filha-secretária defende seu projeto com firmeza – “pai, é melhor fazer assim!”. À esquerda, a esposa-secretária discorda – “amor, acho que isso não vai dar certo!”. E, do outro lado, o filho, secretário de Saúde, retruca: “não, mãe, quem decide sou eu!”. A caricatura ilustra o risco de transformar o poder público em um verdadeiro “negócio de família”.
A aberração, que poderia ser apenas caricatural, torna-se plausível, em uma reunião de gabinete, o prefeito, cercado pela filha secretária, pela esposa assessora e pelo filho secretário de Saúde, toma decisões que afetam toda a população. Nesse ambiente, o debate técnico se dilui, e o interesse público se mistura à dinâmica familiar – o que jamais deveria ocorrer em um Estado republicano.
O país precisa avançar na consolidação de instituições que se sustentem pela transparência e pela competência, não pelo sobrenome de quem ocupa o cargo. Ao relativizar o nepotismo, o STF não apenas fragiliza a ética pública, mas também contribui para a desconfiança que corrói as relações entre governo e sociedade.
Mais do que lei, a administração pública exige moralidade. E é precisamente esse valor que a mais alta corte do país deveria proteger, não flexibilizar e instituir um retrocesso disfarçado de legalidade.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode dar início, na próxima quinta-feira, à análise da criação de um partido político do Movimento Brasil Livre (MBL). O processo foi incluído na pauta a pedido do relator, ministro André Mendonça. O grupo tem articulado a criação de uma sigla própria desde 2023. Ao longo dos anos, o MBL reuniu assinaturas para dar entrada no pedido de criação da legenda, que foi batizada de Missão.
O TSE validou quase 590 mil apoiamentos à formalização do partido – 42,9 mil assinaturas acima do mínimo necessário para dar seguimento ao processo. As lideranças do MBL deram entrada no registro da sigla em julho, pouco tempo depois de a Corte Eleitoral validar as assinaturas.
A criação efetiva da sigla dependerá da aprovação, pelo TSE, do estatuto e do registro do órgão de direção nacional. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já deu aval à formalização da sigla. Para poder participar das eleições de 2026, o partido precisa ser formalizado pelo TSE até seis meses antes do pleito.
Se for aprovado pelos ministros da Corte Eleitoral, o Missão será o 30º partido político do Brasil. A última sigla criada do zero no país foi o Unidade Popular, em 2019.
O estatuto e o programa partidários definem o Missão como um partido de “caráter liberal” e defensor de um Estado “enxuto e funcional”. A legenda também defende a realização de uma reforma administrativa.
O Missão, que planeja ter o número 14 nas urnas, trabalha para lançar candidaturas próprias no Executivo e no Legislativo. O partido também pretende ter um candidato próprio a presidente da República. Possível estreante nas eleições de 2026, a legenda do MBL terá direito a uma fatia do fundo eleitoral para financiamento de campanhas.
Em meio a tetos caídos, muriçocas e raquetes, saúde de Pernambuco agoniza
Não se passa uma semana sem que venha à tona uma notícia de descaso na saúde pública de Pernambuco. E envolvendo, diga-se de passagem, situações nada triviais. Na semana passada, por exemplo, o Governo Raquel Lyra passou vergonha nacional em meio à repercussão negativa de uma infestação de muriçocas no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Recife.
O caso levou a trocadilhos entre as raquetes elétricas usadas para matar os mosquitos e o apelido “Racreche”, que a governadora gosta de usar. O título acabou involuntariamente atualizado para “Raquete” em rodas políticas e redes sociais.
Ontem, outro caso negativo. Parte do teto da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Barão de Lucena desabou. O espaço fica na mesma unidade que, até semanas atrás, passava por reformas em sua UTI Pediátrica sob o pretexto de ampliar o local e desmobilizar a UTI Pediátrica do Hospital Correia Picanço, também no Recife.
Por sorte, ninguém se feriu, mas os pedaços de gesso quebrados sobre uma incubadora demonstram que as consequências poderiam ter sido mais graves. Um novo arranhão na credibilidade do governo, que se mostra impotente para enfrentar os desafios da saúde pública.
Ao longo da campanha eleitoral de 2022, um dos principais compromissos assumidos pela então candidata Raquel Lyra foi o de mobilizar os esforços do governo para consertar o teto do Hospital da Restauração (HR) e de outras unidades de saúde. Quase três anos depois de ter conquistado a oportunidade de tirar essas promessas do papel, tetos seguem desabando, como se comprovou no Barão de Lucena.
No HR, só metade do 7º andar foi reformada, enquanto outros oito pavimentos e meio continuam funcionando em meio ao descaso e à falta de previsões de obras. O abandono da saúde pública pela gestão da governadora Raquel Lyra também se revela no Hospital Otávio de Freitas, que já ficou no escuro várias vezes por problemas na rede elétrica.
No Ulysses Pernambucano, há alas interditadas por risco de desabamento. No Agamenon Magalhães, pasmem, a pintura da fachada foi comemorada como grande feito pelo governo, a despeito da precariedade dentro do prédio. E no Getúlio Vargas, que também enfrenta riscos estruturais, agoniza há anos e recentemente voltou a emitir um grito de socorro para todo o Brasil, agora na forma de zumbidos de muriçocas.
Saúde se faz escolhendo prioridades. Pagar uma consultoria de R$ 23 milhões para uma entidade privada apontar problemas que todo mundo já conhece nos hospitais públicos foi decisão da governadora. Também foi por discricionariedade dela que se gastou R$ 80 milhões com a desapropriação do Colégio Americano Batista e que o governo se prepara para pagar mais R$ 99 milhões em um terreno onde, num futuro incerto, pode ser erguido um novo HGV, embora o atual é que careça de reparos.
Em meio a raquetes elétricas, muriçocas e gesso quebrado, a saúde pública de Pernambuco parece longe de sair da UTI. Aliás, de UTIs que deveriam salvar vidas, mas onde é constante o risco de o teto cair por puro descaso.
DIREITA SILENCIA – Os governadores de direita que criticaram a postura do governo brasileiro em relação ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos optaram pelo silêncio após o encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, na Malásia, para a negociação de um acordo. Com seus estados afetados, eles criticaram o petista ao longo dos últimos meses, evitando direcionar a culpa ao mandatário americano, e afirmaram que o Brasil deveria priorizar as tratativas comerciais em vez de exaltar discursos voltados para a soberania nacional. Em julho passado, antes das sanções econômicas entrarem em vigor, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, afirmaram que o governo não estava interessado em negociar com Trump e tem errado em apostar em um discurso sobre defesa da autonomia brasileira.
João Pessoa (PB) faz sua estreia no Índice de Demanda Imobiliária (IDI) Brasil
Nordeste, a bola da vez – O Nordeste virou um boom imobiliário. Pela nova rodada do Índice de Demanda Imobiliária (IDI) Brasil, Recife, Fortaleza, Natal e Salvador se destacaram com saltos expressivos nos rankings de atratividade, enquanto João Pessoa fez sua estreia. O último trimestre também marcou avanço em Belém (PA), com destaque em todos os padrões analisados poucos meses antes da COP30. Agora com uma amostragem de 79 cidades brasileiras com maior atratividade em imóveis residenciais verticais, o estudo é uma iniciativa do Ecossistema Sienge, CV CRM e Grupo Prospecta, em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Candidato pra valer – Com o de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), convidado do meu podcast Direto de Brasília de hoje, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, adotou um novo tom nas conversas sobre as eleições de 2026. Caiado relatou a interlocutores que, nas duas últimas conversas que teve com o mineiro, ele deixou claro que vai concorrer ao Palácio do Planalto. Nos diálogos anteriores sobre o tema, Zema admitia a possibilidade de ocupar um posto de vice e fazer outras composições. Agora, porém, tem dito, de maneira taxativa, que vai concorrer à Presidência pelo Novo e que precisa retribuir ao partido todo o apoio que recebeu.
Cenário de empate – Por falar em 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) empata tecnicamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em um 2º turno, segundo levantamento da Paraná Pesquisas divulgado ontem. Em cenário com Bolsonaro, Lula aparece com 44,9% das intenções de voto, e o antigo chefe do Executivo, com 41,6%. Michelle tem o mesmo percentual de seu marido, 41,6%, contra 44,7% do petista. Na simulação com Tarcísio, Lula aparece com 44,9% e o governador paulista com 40,9%.
Os Ferreira fora – Na coluna de ontem, quando tratei das dificuldades da governadora Raquel Lyra (PSD) na montagem da sua chapa ao Senado não fiz referências ao grupo Ferreira, de Jaboatão, porque o que apurei é que os irmãos André Ferreira, deputado federal, e Anderson Ferreira, ex-prefeito de Jaboatão, ambos do PL, teriam feito as contas eleitorais e concluído que têm votos suficientes para se elegerem federais. Há outra versão: André iria para estadual, porque seu projeto seria ficar mais nas bases para disputar a Prefeitura de Jaboatão em 2028, na sucessão de Mano Medeiros (PL), reeleito em 2024.
CURTAS
ABERTURA – Na passagem pelo Agreste Meridional ao longo desta semana, para palestras e noites de autógrafos em torno do meu livro “Os Leões do Norte”, vou presenciar, pela primeira vez, a abertura do Natal Luz, na próxima sexta-feira, pelo prefeito Sivaldo Albino (PSB).
LANÇAMENTOS – A agenda de lançamentos pelo Agreste Meridional tem seu start, hoje, às 19 horas, por Águas Belas. Prossegue amanhã em Capoeiras e na quinta-feira em mais três cidades da região: Angelim, Caetés e Garanhuns. Há ainda a possibilidade de um evento promovido pela Codeam – Conselho de Desenvolvimento do Agreste Meridional.
OVELHA NEGRA – Do deputado estadual Gilmar Júnior, da bancada do PV, ontem na Rádio Folha: “Com o Partido Verde, tenho percebido também uma espécie de distanciamento. Até porque o Partido Verde assume uma posição muito de proximidade com a governadora e eu sou a ‘ovelha negra’ do partido. A minha posição de independência migra mais com diálogo, mais com a oposição do que com a situação”.
Perguntar não ofende: Quando e em qual percentual o presidente Trump vai reduzir o tarifaço imposto ao Brasil?
O Aeroporto Internacional do Recife receberá um investimento de R$ 640 milhões com o Plano de Desenvolvimento Imobiliário e o projeto do Terminal Intermodal anunciado nesta segunda-feira (27). A nova estrutura contará com intermodal no espaço onde havia o antigo terminal, hotel, empresariais e galpões no setor de logística. As obras iniciais estão previstas para o primeiro semestre de 2026.
O evento teve as presenças do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; prefeito do Recife, João Campos (PSB); e diretor-presidente da Aena Brasil; Santiago Yus. Todos sustentaram que o objetivo é transformar o aeroporto em um hub de logística e serviços, tornando o local mais atrativo para os passageiros e toda a população. As informações são do blog Dantas Barreto.
A meta é que cada fase tenha um prazo de dois anos para conclusão, com obras acontecendo de forma paralela. O intermodal será o primeiro projeto a sair do papel, em seguida começam as obras do terminal logístico e o complexo comercial.
“Esse lançamento representa um passo importante na consolidação do Aeroporto do Recife como um polo econômico e social. A Aena entende que os aeroportos devem ser espaços vivos, que impulsionam o desenvolvimento, conectam as pessoas e valorizam a cidade ao seu redor. Promover uma infraestrutura moderna, com um ambiente mais integrado e sustentável é fundamental para atingir esse propósito”, destacou Santiago Yus.
O ministro Silvio Costa Filho ressaltou que se trata de um projeto estratégico para Pernambuco, pois vai garantir a geração de 15 mil empregos diretos e indiretos, além de favorecer a ampliação do número de passageiros. Ele ainda destacou que o Aeroporto do Recife será transformado em um grande hub de cargas, ao lembrar da proximidade com o Complexo Portuário de Suape e da Ferrovia Transnordestina, quando o projeto se tornar realidade.
Na sua fala, o prefeito João Campos assegurou todo apoio para agilizar licenciamentos para que o Plano de Desenvolvimento Imobiliário do Aeroporto do Recife seja concluído o mais breve possível. Ele propôs a criação de um Grupo de Trabalho com a participação de secretarias municipais.
“Temos um potencial imenso, com a ampliação de atendimento aos turistas, da capacidade e potência muito grande de um centro logístico dentro de um modal, que é o aeroporto, e ao lado de avenidas importantes. E numa região que é o quarto conglomerado do Brasil, que tem um raio de influência que só perde para São Paulo, que é a Região Metropolitana do Recife”, salientou.
Nesta segunda-feira (27), durante reunião com a APM Terminals na sede do Grupo Maersk, em Copenhague, a governadora Raquel Lyra (PSD) antecipou a segunda fase do terminal de contêineres que a companhia está implementando no Complexo Industrial Portuário de Suape. Com R$ 2 bilhões em investimentos, o proto terá o primeiro terminal 100% eletrificado da América Latina.
“São R$ 2,2 bilhões que estão sendo investidos nessa primeira fase. E de olho no futuro, já está em planejamento a segunda fase. Foi solicitada uma nova área para a expansão do terminal em Suape e com certeza iremos garantir que os investimentos continuem acontecendo em Pernambuco”, afirmou Raquel Lyra.
Com a antecipação, a segunda fase das obras, que estava prevista para iniciar somente em 2034, deverá ser feita ainda em 2027. Na fase de obras, cerca de 2 mil empregos diretos e 4 mil indiretos estão sendo gerados. Além disso, para a operação do maquinário, a previsão é de 250 empregos diretos e mais de 2 mil indiretos.
A previsão de início das operações do terminal é para o segundo semestre de 2026. “Foi solicitada uma nova área em Suape para ampliar o terminal, o que significa mais investimentos e a geração de ainda mais empregos. Sem dúvida, será um grande ganho logístico para Pernambuco”, comentou o presidente do Porto de Suape, Armando Monteiro Bisneto.
“Nós acreditamos muito no nosso projeto no Porto de Suape e, na nossa visão, podemos expandir o ramal em um futuro curto. Poderemos fazer um terminal super tecnológico que vai ajudar bastante as empresas em Pernambuco”, afirmou o diretor-superintendente da APM Terminals, Daniel Rose.