PL abre mão de quatro capitais
O PL, do ex-presidente Bolsonaro, que já antecipou a guerra eleitoral de 2026 para as eleições municipais, tentando eleger o maior número possível de prefeitos, desistiu de candidaturas próprias em quatro capitais, evitando estar do lado oposto aos afilhados políticos dos governadores aliados. Com isso, a sigla apoiará candidatos a seis prefeituras de capitais dos 13 estados em que os mandatários endossaram Bolsonaro no segundo turno.
Os candidatos apoiados pelo ex-presidente estão nos estados onde governam Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Junior (PSD-PR), Cláudio Castro (PL-RJ), Gladson Cameli (PP-AC), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Riedel (PSDB-MS). Das seis capitais – São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Rio Branco, Florianópolis e Campo Grande –, Bolsonaro e o PL desistiram de lançar nomes próprios em quatro delas, mantendo apoio aos pré-candidatos apadrinhados pelos governadores.
Leia maisEm São Paulo, o nome do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) chegou a ser colocado na mesa pelo PL, mas a pré-candidatura não foi lançada e Bolsonaro fechou apoio com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Tarcísio – mesmo demonstrando que preferia o ex-ministro do Meio Ambiente de seu governo.
Em Campo Grande, capital do Mato Grosso, o deputado Marcos Pollon (PL), líder do movimento Proarmas, que tinha a intenção de se lançar candidato, foi protelado pelo partido, que agora apoia o nome do deputado federal Beto Pereira (PSDB) – que fez críticas a Bolsonaro durante a pandemia e apoiou a então candidata Simone Tebet nas eleições presidenciais de 2022.
Sites locais dizem que o deputado chegou a apagar as postagens enquanto buscava apoio do PL. A costura entre os dois partidos para apoiar o candidato do governador Riedel desagradou aos bolsonaristas. O PL já mudou de apoio na capital seis vezes antes de apoiar Pereira, a sétima mudança. Uma delas foi o apoio à prefeita Adriane Lopes (PP), que conta com o endosso da senadora Teresa Cristina (PP-MS), mas que não se concretizou.
Cenário indefinido – Em Curitiba, o cenário continua indefinido, mas é esperado que um nome do PL seja indicado para formar chapa como vice-prefeito. O candidato apoiado pelo governador Ratinho, atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), chegou a dizer em entrevistas que deseja o apoio do ex-presidente para sua campanha eleitoral. O que complica a aliança é um histórico de embates entre o atual prefeito Rafael Greca (PSD) e bolsonaristas.
Quadro de Floripa – Em Florianópolis, não houve resistência no acordo feito com o prefeito Topázio Neto (PSD), que tem o apoio do governador Jorginho Mello, do PL. O partido indicou a vereadora Maryanne Mattos (PL), líder do partido na Câmara Municipal, como vice da chapa. Outro cotado antes dele, o vereador Gabrielzinho Meurer (PL), faleceu em 1º de julho, vítima de pneumonia, antes de ter a articulação pelo seu nome concluída. Em janeiro, o deputado estadual Bruno Souza deixou o Novo e se filiou ao PL, com intenção de lançar a candidatura para prefeito, mas a negociação não vingou.
Norte e Centro Oeste – Já em outras três capitais, o cenário deve ser de candidatos filiados ao Partido Liberal em palanques opostos aos governadores que apoiaram Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais. Goiânia (GO), Manaus (AM) e Cuiabá (MT) já têm nomes do partido de Valdemar Costa Neto para a disputa de outubro, contra candidatos dos governadores que apoiaram Bolsonaro.
Os de Bolsonaro, os de Lula – Quatro pré-candidatos que recebem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo comando das capitais lideram as intenções de voto conforme levantamentos mais recentes dos principais institutos de pesquisa do País: Aracaju (SE), Belém (PA), Curitiba (PR) e Salvador (BA). Já os concorrentes que recebem o apoio de Lula lideram nas intenções de voto em Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Somadas, as cidades onde os postulantes apoiados pelo petista são favoritos possuem sete milhões de eleitores. As que os apadrinhados de Bolsonaro estão na frente, totalizam 4,9 milhões.
Bolsonarista lidera em Fortaleza – Em Fortaleza, Campo Grande e Belo Horizonte, os pré-candidatos do ex-presidente Bolsonaro estão à frente dos apoiados pelo petista, mas ambos não lideram as intenções de voto. Na capital cearense, o preferido é Capitão Wagner (União), na “Cidade Morena” é Rose Modesto (União Brasil) e em BH o líder é Mauro Tramonte (Republicanos). Em Vitória (ES), nem o pré-candidato apoiado por Lula, o deputado estadual João Coser (PT), nem o afilhado de Bolsonaro, o também deputado estadual Capitão Assunção (PL), lideram na pesquisa mais recente.
CURTAS
CONTEXTO – Por estar relacionada ao contexto local, o voto na eleição municipal é permeado por fatores que escapam à polarização entre Lula e Bolsonaro. Ainda assim, em cada capital estadual, a preferência do eleitorado é diferente e pode distinguir o potencial de votos dos pré-candidatos avalizados ou pelo petista ou pelo ex-presidente.
REDUTOS – No segundo turno da eleição presidencial de 2022, por exemplo, a capital mais bolsonarista do País foi Boa Vista (RR), onde 78% do eleitorado optou pela reeleição do então presidente. Por outro lado, a capital com o maior porcentual de votos a Lula naquela ocasião foi Salvador, onde 71% dos votos válidos foram direcionados ao petista.
ARACAJU – A vereadora e ex-defensora pública Emília Corrêa, pré-candidata apoiada por Bolsonaro, lidera a disputa pela Prefeitura de Aracaju (SE). O nome do PL aparece com 26% das intenções de voto, em uma liderança isolada para o pleito. Já a petista Candisse Carvalho (PT) tem apenas 1% das intenções de voto, de acordo com a pesquisa do Real Time Big Data, encomendada pela Record.
Perguntar não ofende: Quem terá mais influência nas eleições nas capitais: Lula ou Bolsonaro?
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