Coluna da sexta-feira

Série governadores: Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti

Capítulo 16

Duas vezes prefeito do Recife com altíssimas taxas de avaliação positiva, a primeira de 1983 a 1985, biônico, nomeado pelo então governador Roberto Magalhães, e a segunda, de 89 a 90, eleito no pleito de 1988, Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti chegou ao Governo de Pernambuco em 1991, depois de uma campanha memorável em 1990, derrotando Jarbas Vasconcelos (PMDB), a quem já havia imposto a primeira derrota em 88, vencendo Marcus Cunha (PMDB), candidato apoiado por Jarbas.

Jarbas e Joaquim proporcionam um duelo de gigantes, esquerda x direita, com ataques violentos, até no campo pessoal. Joaquim foi chamado de “Dedo duro” do regime militar, com pichações em muros e panfletagem. O troco veio numa medida extemporânea: panfletos nas ruas sobre uma suposta agressão de Jarbas ao pai. Na largada, Joaquim liderou todas as pesquisas, até se recusar a ir aos debates na TV.

Foi chamado de “fujão” no guia eleitoral de Jarbas e começou a despencar nas pesquisas. Num sábado, quando fazia campanha de rua em Garanhuns, Joaquim foi surpreendido com uma pesquisa do Datafolha, caindo oito pontos, com Jarbas se aproximando e ameaçando liderar. Imediatamente, suspendeu sua agenda, voltou para Recife e com o seu núcleo duro de campanha discutiu a ideia de desafiar Jarbas para um debate na TV.

E de forma inusitada: durante o horário da propaganda eleitoral, somando o tempo das duas coligações. Deu certo! Jarbas topou. O debate foi realizado nos estúdios da TV-Jornal, com 50 minutos de duração. Joaquim levou uma pasta com supostas denúncias que pesavam contra o adversário, não abriu em nenhum momento, mas amedrontou Jarbas, que acabou levando desvantagem no enfrentamento. Joaquim saiu com imagem de vitorioso, voltou a crescer nas pesquisas e ganhou a eleição no primeiro turno, mas com uma diferença inferior a 1%. Teve 1.238.326 votos (50,95%) contra 1.088.365 (44,78%) de Jarbas.

Na vitrine como um dos melhores prefeitos do Recife, Joaquim chegou à condição de candidato a governador pelo PFL com autonomia e estilo próprios, desprezando o grupo mais conservador da pefelândia, liderado por Ricardo Fiúza e Gilson Machado. O primeiro sinal disso se deu com a escolha do candidato a vice, que se traduziu numa surpresa e num choque para quem esperava alguém mais ligado a Marco Maciel: o empresário Roberto Fontes, de Caruaru, cujo irmão, Lourinaldo Fontes, o Maninho, era muito próximo a PC Farias, pivô do maior escândalo na era Collor, que o levou ao impeachment.

Deu uma guinada maior ainda à esquerda, trazendo para perto o cantor Alceu Valença, que havia sido seu colega na escola, e mais um grupo pensante do movimento que se rebelou contra o golpe de 64, todos atraídos pelo poder de sedução do economista Roberto Viana, principal mentor de Joaquim na campanha. Jarbas Vasconcelos, por sua vez, escolheu para vice o empresário Paulo Coelho, pai do ex-senador Fernando Bezerra, e para o Senado o ex-prefeito de Caruaru, José Queiroz.

Figura central do PMDB durante os anos 80, o então governador Miguel Arraes renunciou para disputar um mandato de deputado federal dias após filiar-se ao PSB, onde abrigou o seu grupo político, reduzindo ainda mais o alcance de seu antigo partido, já abalado pela morte de Marcos Freire, há três anos. Outro efeito colateral dessa mudança foi o distanciamento progressivo entre Miguel Arraes e Jarbas Vasconcelos.

Embora estivessem formalmente no mesmo palanque, cabendo a Jarbas reagrupar o PMDB em torno de si, Arraes fez corpo mole na campanha para se vingar da postura de Jarbas nas eleições de 82, pleito no qual já queria ser candidato a governador, para aproveitar a onda favorável da sua volta do exílio como mito. Jarbas, entretanto, se abraçou com a candidatura de Marcos Freire, que perdeu para Roberto Magalhães, este favorecido pelo casuísmo do voto vinculado.

Favorecido pelas questões internas que pesavam sobre seus adversários, o PFL aproveitou a divisão da esquerda e se recompôs. Vice de Joaquim, o advogado Gilberto Marques assumiu, automaticamente, a Prefeitura do Recife. Na mesma eleição, Marco Maciel se reelegeu senador da República e as maiores bancadas de deputados federais e deputados estaduais foram de filiados ao PFL.

Natural do Recife, Joaquim Francisco era advogado, formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Iniciou sua carreira política pela Arena em 1966, depois da experiência de oficial de gabinete do governador Nilo Coelho. Deixou o cargo a pedido do tio, Moura Cavalcanti, a quem foi assessora na presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Quando chegou ao Governo, Moura fez do sobrinho chefe da Comissão de Defesa Civil e secretário de Trabalho e Ação Social. Ao deixar os cargos, foi procurador da Junta Comercial de Pernambuco e diretor administrativo-financeiro da Companhia de Alumínio do Nordeste. Após o fim do bipartidarismo, ingressou no PDS. Na primeira eleição para governador, após o golpe militar, em 1982, Joaquim coordenou a campanha de Roberto Magalhães (PDS) ao principal cargo do Executivo pernambucano. Com o fim do mandato, disputou uma vaga de deputado federal em 1986, sendo eleito pelo PFL. Licenciado para assumir o Ministério do Interior no governo José Sarney, retornou à Câmara dos Deputados após curta gestão, que durou apenas cinco meses. Eleito prefeito do Recife em 1988, deixou o cargo em 1990 para disputar o Palácio do Campo das Princesas.

Intervenção no Bandepe, a maior crise na largada da gestão – Como prefeito do Recife, um dos marcos da gestão à frente do Recife foi o Viaduto Tancredo Neves, que liga as Zonas Sul e Oeste da cidade. Também foi na gestão de Joaquim que o Parque da Jaqueira, na Zona Norte, foi construído. Já sua gestão à frente do Governo do Estado foi marcada pela privatização do banco estadual, o Bandepe, a maior crise do seu Governo. Tão logo tomou posse, Joaquim teve que fechar 90 agências do banco e demitir mais de três mil funcionários. Tudo porque o então presidente Fernando Collor não atendeu a um pedido seu, de promover a intervenção no Bandepe ainda na gestão de Carlos Wilson, para não ter que sofrer esse desgaste. Mas Collor, amigo de Cali, como era chamado o ex-governador Carlos Wilson, não cumpriu com a promessa a Joaquim. Demitidos, os inconformados e revoltados servidores do banco não deixaram Joaquim em paz, chegando a vaiá-lo por diversas vezes em atos oficiais no Recife, Região Metropolitana e até no Interior.

Pânico gerado pelo cólera fez Joaquim tomar banho de mar em Boa Viagem – Nem mesmo os efeitos dramáticos da intervenção do Bandepe haviam sido superados, ainda em 1991, o primeiro da sua gestão, Joaquim Francisco se depara com outra tremenda crise: a pandemia do cólera, doença que afeta o intestino delgado e é causada pela bactéria Vibrio cholerae, que entra no organismo por meio do consumo de água e de alimentos que foram previamente contaminados pelo bacilo. Foi tão forte e assustadora que, no desespero, baseado num laudo da então secretária de Saúde, Ângela Valente, alertando que tomar banho de mar pegaria cólera, Joaquim interditou a praia de Boa Viagem, usando a cavalaria da PM para impedir o acesso. A notícia foi parar na capa de todos os jornais do País e até do exterior. No dia seguinte ao fechamento da praia, Joaquim foi a Brasília para uma solenidade com Collor, no Palácio do Planalto. Chocado com o que vira, o então presidente soprou no ouvido de Joaquim para liberar a praia, mas para que as pessoas tivessem a certeza de que o banho de não transmitia a doença, Joaquim teve que mergulhar nas águas mornas de Boa Viagem. A cena, mais uma vez, varreu o mundo, mas ninguém ficou sabendo que a ideia havia sido de Collor. Revelei em meu livro Histórias de Repórter, muito tempo depois, porque Joaquim havia me contado no avião de volta ao Recife, eu na condição de secretário de Imprensa do seu governo.

O troco a Collor e um Governo sem a marca do sucesso quando prefeito do Recife – O troco a Fernando Collor, que não o atendeu no pedido para intervir no Bandepe antes dele tomar posse, ainda no mandato-tampão de Carlos Wilson, Joaquim Francisco deu em 1992, na crise que provocou o impeachment do então presidente, ao ser o primeiro governador a romper, mesmo tendo recebido o apoio dele na campanha ao Palácio das Princesas dois anos antes, em 1990. Diferente do sucesso que teve como prefeito do Recife, à frente do Governo do Estado, Joaquim não deslanchou, fez o feijão com arroz, sem uma obra marcante. Em parceria com o governo federal, deu continuidade às obras do Metrô do Recife, com a inauguração do primeiro trecho indo da estação central até a estação de Jaboatão dos Guararapes. Atritado com o vice Roberto Fontes e sem direito à reeleição, proibida na época, Joaquim ficou no governo até o fim do seu mandato. Quando cumpriu a missão, foi morar nos Estados Unidos com a família. Em Washington, capital americana, assumiu um cargo no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Depois, foi para o Banco Mundial (Bird). De volta, em 1996, retomou a atividade política e se elegeu mais duas vezes para a Câmara dos Deputados.

Alceu pagou o preço da adesão com uma fogueira dos seus discos no Alto da Sé – Um dos ícones da música brasileira nos movimentos de esquerda entre as décadas de 80 e 90, o cantor e compositor Alceu Valença provocou uma debandada no universo dos seus fãs ao anunciar apoio à candidatura de Joaquim Francisco a governador, em 90. Ele já era amigo de Joaquim desde os bancos escolares e da mesma turma de Direito na Faculdade de Direito do Recife. Quando apareceu no guia eleitoral de Joaquim declarando seu apoio e cantando pela primeira vez na campanha, sofreu uma grande hostilidade do seu público. A garotada mais aguerrida e sofrida, fã de carteirinha, dizendo-se traída, promoveu uma fogueira no Alto da Sé, em Olinda, queimando muitos discos do artista em vinil. Mais tarde, numa entrevista a este blogueiro, Alceu disse que as hostilidades sofridas ao longo da campanha foram a razão do infarto que sofreu, mas sem sequelas, anos depois.

“Este Governo Sarney não é de transição, é de transação” – Filho do ex-deputado José Francisco, que chegou a governar o Estado interinamente, Joaquim Francisco era um homem extremamente culto, honrado, nunca teve seu nome envolvido em escândalos e caprichava no sotaque de matuto de Macaparana, extremamente carregado. Frasista, se imortalizou com esta frase ao largar o Ministério do Interior na era Sarney depois de passar apenas cinco meses no cargo: “Pensei tratar-se de um governo de transição, mas é de transação”. Foi uma reação à nomeação de Dorany Sampaio, indicado por Jarbas, para a Sudene, à sua revelia. Joaquim também tinha tiradas engraçadas. Quando me convidou para coordenar a sua área de Imprensa na campanha de 90, sendo eleito governador, me disse, diante da resistência ao convite: “Meta os peitos! A vida é um sutiã”. Outra frase que ouvi muito em sua campanha: “Cobra que não anda, não engole sapo”. Era um dos personagens mais interessantes que qualquer interlocutor poderia ter como um político, pela honestidade de princípios, formação de caráter e cuidado com a coisa pública. Mas Joaquim também era um grande contador de “causos”, inclusive alguns passados com ele mesmo durante a vida pública. Um dia ele, jovem prefeito do Recife, chegou às sete horas no hangar da antiga Weston, no Aeroporto do Recife, trajando um impecável terno feito na Sartoria Perrelli, marrom, combinando com a camisa e no mesmo tom da gravata francesa. Desceu do carro, mas não recebeu do governador Roberto Magalhães nem um “bom dia”. Doutor Magalhães advertiu Francisco. “Desculpe, mas comigo o senhor não vai para Brasília. Muito menos num jatinho. Marrom é uma cor que dá um azar danado e eu não viajo com ninguém vestido desse jeito. O senhor parece um caixão de defunto”. Joaquim contou que teve que abrir a mala e trocar, ali mesmo, toda a indumentária.

CURTAS

BUSTO NA JAQUEIRA – Em maio de 2022, o prefeito do Recife, João Campos (PSB) inaugurou um busto de Joaquim Francisco na entrada do Parque da Jaqueira, uma das maiores obras da passagem dele pela Prefeitura da capital e que passou a frequentar em suas caminhadas diárias quando esteve fora do poder, morador do bairro com o mesmo nome. A obra foi modelada e confeccionada em concreto pelo escultor José Roberto. João Campos fez a entrega simbólica ao lado da viúva Sylvia Couceiro Cavalcanti, de familiares e amigos do homenageado. “Sabemos da relação dele com essa área da cidade, talvez seja uma das melhores áreas do Recife, onde as famílias convivem, as crianças brincam e as pessoas idosas caminham; e a gente pensou em como fazer uma homenagem à memória dele. Todo mundo que conhece, que caminha aqui, sabe que isso aqui é a cara dele e que se não fosse por ele, a gente não teria esse parque”, comentou João Campos.

FAMÍLIA E MUDANÇAS DE PARTIDO – Joaquim morreu no dia 3 de agosto de 2021 aos 73 anos, vítima de câncer no pâncreas. Com Sílvia Couceiro, teve três filhas – Luciana, Fernanda e Cristiana, que lhe deram cinco netos. Considerado um político de perfil conservador, Joaquim trocou muito de partido ao longo da sua vida pública. Começou pela Arena, depois foi para o PDS, PFL, PTB, DEM, PSB e PSDB – desfiliando-se após cinco anos atuando como presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV-PE).

AMANHÃ TEM JARBAS VASCONCELOS – A série prossegue amanhã trazendo o perfil do governador Jarbas Vasconcelos eleito em 1998, reeleito em 2002.

Perguntar não ofende: Lula cometeu uma fake ao informar que Bolsonaro havia levado móveis tombados do Palácio da Alvorada?

Veja outras postagens

Vitória de Pirro 

A princípio, para quem não acompanha de perto o processo político no Estado, a aprovação do projeto versando sobre o fim das faixas salariais pode ter sido uma bela vitória da governadora Raquel Lyra (PSDB). Mas não foi. A votação final por 41 votos se deu com a colaboração dos 16 deputados que se curvaram à realidade depois das emendas ao projeto serem rejeitadas por 26 votos a 16.

Elas mudavam o reescalonamento do fim das faixas previstas em 2026, para os anos de 2024 e 2025. Se o Governo precisava de 25 votos e obteve 26 na derrubada das emendas, na verdade a vitória foi representada por apenas um voto. Traduzindo, Raquel Mandacaru (não dá sombra nem encosto para ninguém) teve uma vitória de Pirro.

Trata-se de uma expressão utilizada para justificar uma batalha ganha a alto custo, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis. Prejuízos, diga-se de passagem, para a gestora e os policiais. Para a governadora, porque, em consequência do projeto aprovado, ganhará a fama de malvada entre os militares.

Pernambuco continuará sendo o Estado a pagar o pior salário ao PM e ao bombeiro no País. E isso é desalentador. Em termos de aumento salarial à categoria, o projeto que passou ontem na Alepe concede 3,5% de reajuste este ano e iguais percentuais nos dois anos seguintes – 25 e 26.

Entre os militares, a correção da inflação fará com que os terceiros-sargentos, que são maioria da tropa de rua, sofram uma defasagem dos seus salários em torno de 6,5%, enquanto o soldado perderá 3,5% e o coronel 5,9%. Com salários tão baixos, a tropa continuará desestimulada para ajudar o Governo em qualquer cruzada pela redução da violência no Estado.

Sendo assim, dificilmente a governadora irá encontrar os meios adequados e satisfatórios para evitar que o Estado volte a repetir o abril mais triste e sangrento da sua história, registrando 324 assassinatos. Esse número choca e preocupa. Representa uma guerra civil não declarada e silenciosa.

Sem maioria – A governadora sai desgastada também por outros motivos. Nunca um projeto enviado à Alepe em caráter de urgência, que pelo regimento só pode durar 45 dias, demorou tanto em tramitar: 63 dias. Entre as quatro comissões técnicas em que passou, foi reprovado em três, inclusive na de Justiça, colégio que a governadora já perdeu a maioria e pode se complicar em outras matérias polêmicas, como projetos que versem sobre aumento para profissionais da área de saúde e professores.

O jogo de João Paulo – Sob a orientação do deputado João Paulo, o mais governista da bancada de Raquel na Alepe, a bancada do PT votou fechada pelo projeto que acaba as faixas salariais entre os policiais militares e bombeiros. O que se ouve nos bastidores da Casa é que João sonha acordado em ser candidato a prefeito do Recife com o apoio de Raquel, mesmo em nível nacional o PSDB, partido da governadora, fazer oposição ao Governo Lula. João também aposta na possibilidade de Daniel Coelho, nome apoiado pela governadora, não decolar. E ele surgir como tábua de salvação para Raquel Mandacaru no enfrentamento a João Campos.

Não pagou nem a metade – João Paulo, o roxo governista, já vinha votando favorável ao Governo em comissões estratégicas e no plenário, contrariando a orientação do seu partido. Virou assíduo frequentador do Palácio das Princesas e diz que o cafezinho que se serve por lá é uma maravilha. A surpresa ficou por conta da radical Rosa Amorim, que, recentemente, saiu do Palácio elogiando a Raquel Mandacaru depois de ser recebida com um grupo do MST. Rosa está bem afinada com o vice-líder do Governo na Alepe, Joãozinho Tenório (PRD). Os tempos mudam. Quem era o PT, hein?

Cronograma até 2026 – Pelo texto original do governo aprovado, ontem, o cronograma para a extinção das faixas salariais será o seguinte: 1º de junho de 2024: todos os ocupantes da faixa A passam a se enquadrar na faixa B do seu respectivo posto ou graduação; 1º de junho de 2025: os ocupantes da faixa B passam para a faixa C; 1º de junho de 2026: os policiais que se encontram nas faixas C e D serão enquadrados na faixa E, que passará a ser a faixa única de soldo.

Governo lento e desastroso – Dois anos após a tragédia que matou mais de 130 pessoas em Pernambuco, em decorrência das chuvas, a governadora Mandacaru sequer finalizou a licitação que deve recuperar o local mais afetado pelo desastre natural em 2022, que é o bairro de Jardim Monte Verde, limite entre o Recife e Jaboatão dos Guararapes. Integrantes do governo se reuniram, ontem, com representantes de 44 municípios para tratar da Operação Inverno, que reúne ações de prevenção e redução de riscos causados pela chuva.

CURTAS

RESGATADA – A deputada federal gaúcha Franciane Bayer, do Republicanos, e familiares dela foram resgatados de barco na casa da parlamentar, na última segunda-feira, em Porto Alegre. Moradora de Canoas, na Região Metropolitana da capital gaúcha, Franciane havia se refugiado na casa da mãe depois de ter deixado a sua na sexta-feira passada quando a Defesa Civil emitiu um alerta de risco de inundação.

IMPEDIDO – O ministro Cristiano Zanin, do STF, declarou, ontem, seu impedimento para julgar o recurso do ex-presidente Jair Bolsonaro contra sua inelegibilidade, declarada pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2023. A decisão de Zanin atende a um pedido da defesa de Bolsonaro.

TRAPALHÃO – Sem votos sequer para se eleger vereador em Ingazeira, sua terra natal, Mário Viana Filho ganhou uma boquinha do Governo Raquel e se apresenta na região do Pajeú como gerente de articulação do Governo. E foi, ontem, para a rádio Pajeú xingar o pré-candidato a prefeito de Afogados da Ingazeira apoiado pela governadora, Danilo Simões, herdeiro político da ex-prefeita Giza Simões.

Perguntar não ofende: Por que João Paulo não assume logo a liderança do Governo Mandacaru na Alepe?

Paulista - No ZAP

Os primeiros outdoors da mídia dos 18 anos do blog, estes em parceria com a Bandeirantes Outdoor, já estão espalhados em várias áreas estratégicas e de grande visibilidade do Recife e Região Metropolitana. Nos próximos dias, também serão fixados nos principais corredores de BRs do Estado, como a 232 e a 101.

Petrolina - Melhor cidade para viver 2024
Ipojuca - Minha rua top

Por Iuri Pitta*

Surgem sinais no horizonte do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que a queda na aprovação do presidente, registrada nos primeiros meses de 2024, começou a refluir em abril e maio.

Uma série de pesquisas de opinião pública publicadas nesta semana captou, cada uma com metodologias e timings próprios, a reversão de tendência. A dúvida é a intensidade e a duração dessa retomada de fôlego na imagem do presidente.

O mais recente levantamento foi feito pela Atlas e divulgado na tarde de hoje, horas depois de pesquisa CNT/MDA ter sido publicada. Um dia antes, a Febraban/Ipespe também trouxe dados sobre a percepção dos brasileiros sobre o governo Lula.

Como analisar e interpretar corretamente tantos dados disponíveis?

O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda recomenda olhar para a questão primeira que os institutos fazem aos entrevistados: você aprova ou desaprova o governo? É uma pergunta dicotômica, que permite extrair um saldo, positivo ou negativo, quando se subtrai do percentual que aprova os que desaprovam.

Esse cálculo perde precisão quando se olha a avaliação por uma escala de ótimo/bom a ruim/péssimo. Com essas três pesquisas, a compilação feita por Lavareda chega a 43 levantamentos feitos desde o início do mandato de Lula.

Dessas, apenas uma registrou saldo numericamente negativo (Paraná Pesquisas, de 18 a 22 de março). Pelo menos outras sete apontaram empate técnico: isto é, embora o percentual de aprovação fosse maior que a desaprovação, estavam dentro da margem de erro e, portanto, não se pode afirmar estatisticamente que uma é maior que a outra.

Restam, assim, mais de 30 levantamentos em que o saldo é significativamente positivo para o governo. Em outras palavras, são retratos de momentos em que os institutos identificaram, com significância estatística, que há mais brasileiros que aprovam o trabalho de Lula do que desaprovam.

Lula 3, o filme

Nesse caso, vale recuperar o clichê de que pesquisa é retrato de momento, e é preciso sempre olhar o filme quando se trata de opinião pública. Por isso a metodologia sugerida por Lavareda, para se olhar a trajetória dos saldos ao longo do tempo, pelos mais variados institutos, torna-se mais eficaz.

Isso porque, quando há um intervalo de tempo maior entre dois levantamentos de um mesmo instituto, como o CNT/MDA, que foi a campo em janeiro e em maio, pode faltar um retrato da sequência, que foi justamente março, mês em que Genial/Quaest, Atlas, IPEC, Paraná e PoderData detectaram uma sequência de saldos inferiores ao que o governo registrava ao longo de 2023.

No caso da Atlas, com levantamentos em janeiro, março e maio, fica visível a queda nos primeiros meses do ano e a retomada de abril para cá: o saldo cai de 9 pontos para 1 e, agora, está em 6.

Ao se olhar todo o compilado de dados de Lavareda, surgem três informações que ajudam a compreender melhor as variações das curvas e vislumbrar para onde sopram os ventos da opinião pública:

  1. O ritmo de alta da desaprovação foi maior do que o da queda da aprovação entre janeiro de 2023 e maio de 2024;
  2. A desaprovação se consolidou acima dos 40% ainda em meados de 2023;
  3. Desde o início de 2024 a aprovação de Lula tende a ficar em torno dos 50%.

Para reforçar essa percepção, vamos aos saldos das três pesquisas divulgadas nesta semana:

  • Febraban/Ipespe: + 6 pontos (49% aprovam e 43% desaprovam);
  • CNT/MDA: + 7 pontos (50,3% aprovam e 43,7% desaprovam);
  • Atlas: + 6 pontos (51% aprovam e 45% desaprovam).

Parece haver uma tendência de recuperação da imagem perdida. O que as próximas pesquisas podem ajudar a compreender é a intensidade e a duração dessa retomada de espaço.

É baixa a probabilidade de que Lula volte a registram saldos muito acima dos dois dígitos, como chegou a se observar no primeiro semestre de 2023. E parece de fato que o momento mais difícil coincidiu com uma percepção maior de preços altos – em especial a inflação dos alimentos, de componente sazonal.

Não por acaso, ao falar das diversas ações necessárias para ajudar o Rio Grande do Sul após a histórica enchente deste ano, Lula também olhou para o preço do arroz e do feijão em todo o Brasil e colocou à mesa a hipótese de importação desses produtos.

Mesmo com polarização em alta e convicções que parecem cada vez mais cristalizadas, os rumos da economia ainda fazem diferença.

A exemplo do cidadão que quer terminar o mês antes do saldo positivo da conta corrente, no Brasil atual, percorrer quatro anos de mandato com aprovação maior do que a desaprovação, acima da margem de erro dos institutos, não é tão pouco quanto parece. Para Lula, o desafio é sustentar esse saldo até 2026.

* Jornalista, mestre em administração pública e governo e professor universitário

Caruaru - Geracao de emprego
Camaragibe Agora é Led

Em vídeo divulgado há pouco, o deputado estadual Alberto Feitosa (PL) fez um desabafo sobre como ficará a situação dos policiais e bombeiros militares do Estado, que terão que ir às ruas, a partir de amanhã, com o peso de terem o menor salário da categoria em todo o Brasil. O relato do parlamentar acontece após a vitória do Governo, no plenário da Assembleia Legislativa, na votação do projeto de lei que acaba com as faixas salariais dos militares. Confira!

Belo Jardim - Vivenciando Histórias

O prefeito do Paulista, Yves Ribeiro, participou, hoje, em Brasília, de uma reunião com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o senador pernambucano Humberto Costa (PT). No encontro, o gestor municipal discutiu acerca de projetos para o município e emendas parlamentares, sobretudo para a área da saúde.

Recursos na ordem de R$ 2,5 milhões, fruto de uma emenda do senador, devem viabilizar incrementos nas ações da Prefeitura. Yves irá aproveitar a presença no Distrito Federal para viabilizar outras agendas com Gleisi Hoffmann, ministros e parlamentares. Participaram também da reunião o procurador geral e o controlador geral da Prefeitura, Geraldo Lima e Gustavo Albuquerque, respectivamente, e o secretário executivo do município e membro do PT, Aluizio Camilo.

Vitória Reconstrução da Praça

O Governo do Estado venceu, no plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco, e teve aprovado o projeto de lei original que acaba com as faixas salariais dos policiais e bombeiros militares até 2026. A segunda discussão repetiu os 41 votos a favor, um contra e zero abstenção da primeira chamada. O projeto agora seguirá para a sanção da governadora Raquel Lyra (PSDB).

Após sancionado, a mudança acontecerá de forma escalonada. A Faixa A, que beneficiará primordialmente os aposentados, acaba ainda em 2024. As faixas B e C encerram em 2025 e a D, em 2026.

A deputada Gleide Ângelo (PSB) – que apresentou um substitutivo para adiantar toda a extinção para 2025, que foi rejeitado – comentou a derrota da oposição. “A gente apresentou emendas e substitutivos, a gente lutou até o final. Até no plenário, a gente tentou trazer para 2025, o governo tinha como fazer isso porque tem orçamento, mas infelizmente fomos derrotados no plenário. E não tivemos alternativa, a não ser votar pelo projeto original, que só extingue em 2026. Porque o que sobrou para a gente era isso ou nada. Então, a gente tem que pensar nos policiais. É melhor extinguir em 2026 do que nunca”, lamentou a parlamentar.

Já o deputado Joel da Harpa (PL) avaliou que o que fica é um sentimento de que o Governo poderia ter feito um sinal mais justo para essa categoria, que clama pela extinção dessas faixas salariais desde 2017. “Apesar de a governadora estar acabando com as faixas salariais, esse projeto até 2026 não atende à esperança da categoria. A nossa luta continua, mas a gente esperava que houvesse o entendimento do plenário, que tem a soberania, porque nossos substitutivos foram aprovados nas comissões, mas infelizmente no plenário o governo teve votos a mais. Isso só mostra a falta de sensibilidade do poder executivo em, sobretudo, discutir com as categorias. Faltou diálogo no decorrer das negociações”, disse.

O Blog acionou a assessoria de imprensa do Governo do Estado ontem e hoje, para obter um posicionamento sobre o desapontamento dos militares com o projeto original, mas até esta publicação não teve resposta.

Por Edward Pena – repórter do blog

Com 41 votos a favor, um contra e zero abstenção, o projeto de lei que acaba com as faixas salariais de policiais e bombeiros militares de Pernambuco foi aprovado em primeira discussão na Assembleia Legislativa. O PL passará por uma segunda votação ainda hoje. A proposta do Governo do Estado prevê a mudança no modelo em 2026, o que desaponta a categoria.

A discussão segue e o deputado Joel da Harpa (PL) apresentou uma emenda para que a extinção ocorra antes, em 2025. O regimento da Casa permite que essa emenda seja apreciada no intervalo entre a primeira e segunda votação.

Por Edward Pena – repórter do Blog

Ao defender um repasse extra de R$ 17 milhões para um hospital privado de Garanhuns, que tem convênio com o SUS e pertence à família do marido da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania), o deputado Izaías Régis (PSDB) alegou que o Hospital Regional Dom Moura, unidade pública, não teria condições de oferecer os serviços de nefrologia/hemodiálise, oncologia e UTI por falta de espaço.

A fala foi registrada ontem no plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco e recebida com estranheza pela oposição. Na mesma sessão, o líder do PSB na Casa, o deputado Sileno Guedes, rebateu a declaração. De acordo com o parlamentar, a unidade pública de Garanhuns tem “espaço de sobra”, mas sofre por falta de investimentos.

“O que estamos falando é que uma unidade privada que já recebeu R$ 43 milhões, agora recebeu mais R$ 17 milhões, enquanto a unidade pública (Dom Moura) recebe R$ 6 milhões ao ano. Em visita da comissão de saúde ao Dom Moura foi constatado o abandono da saúde pública de Pernambuco. Isso se repete no Dom Moura, na Restauração, no Agamenon, no Barão de Lucena. A comissão não citou família de ninguém, mas constatou que um hospital privado recebe quase dez vezes mais do que um hospital público”, argumentou Guedes, no plenário.

Por Edward Pena – repórter do Blog

A sessão destinada à votação do Projeto de Lei que extingue as faixas salariais de policiais e bombeiros militares de Pernambuco teve início na Assembleia Legislativa. Os trabalhos acontecem sob o olhar apreensivo da categoria, que lotou as galerias do plenário da Casa, com capacidade para 300 pessoas. A classe espera que as faixas sejam extintas em breve, o que destoa do PL de autoria do Governo do Estado, com previsão de extinção para 2026.

A medida é um clamor da categoria há anos. Segundo a classe, as subdivisões nas remunerações dentro de uma mesma patente ferem legislação federal, o que as torna ilegais. O fim desse modelo foi uma promessa de campanha da governadora Raquel Lyra (PSDB), mas os militares se queixam que à época Raquel teria prometido a mudança para 2023.

A votação do PL 1671/2024 deve se estender até o fim do dia. Nos bastidores, há a informação de que o Governo agiu para garantir a aprovação nos moldes que agradem a governadora.

Jornal do Commercio

Pernambuco fechou o mês de abril com 324 mortes violentas intencionais. Houve aumento de 2,2% em relação ao mesmo período de 2023, quando 317 pessoas foram assassinadas. Segundo a estatística da Secretaria de Defesa Social (SDS), divulgada ontem, esse foi o pior mês de abril deste 2018, quando 355 mortes foram somadas pela polícia.

Novamente, a Região Metropolitana do Recife (RMR) e o Agreste concentram a maior quantidade de assassinatos, isoladamente, e contribuem para a elevação dos números gerais da violência em Pernambuco. Na RMR, 177 pessoas foram mortas no mês de abril. No mesmo período do ano passado, foram 160.

Um dos casos de repercussão foi a morte do vigilante aposentado Antônio Lima do Nascimento, de 76 anos, vítima de bala perdida no bairro de Jardim Jordão, em Jaboatão dos Guararapes. O crime aconteceu na noite do dia 22, após a vítima sair de um culto evangélico.

Uma câmera de segurança filmou o momento em que o idoso foi assassinado. Antônio andava pela Rua Nossa Senhora do Desterro, quando dois homens passaram correndo perto dele. O homem de camisa escura atira contra o outro que está sem camisa, mas o tiro atinge o aposentado, que cai no chão e morre. Antônio deixou cinco filhos e nove netos. O caso segue sob investigação na Polícia Civil.

OUTRAS REGIÕES

No Agreste, o número de assassinatos saltou de 66, em 2023, para 69 neste ano. Já região do Sertão manteve o mesmo número registrado no ano passado: 45 assassinatos. A Zona da Mata, assim como ocorreu no mês passado, contabilizou uma redução dos crimes. Caiu de 46 mortes, em 2023, para 33. 

No acumulado do ano, de janeiro a abril, 1.312 mortes violentas intencionais foram somadas em Pernambuco. No mesmo período de 2023, foram 1.223. O aumento foi de 7,27%.

Nas estatísticas de mortes violentas intencionais estão incluídos os homicídios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos por intervenção policial.

O Juntos pela Segurança tem como meta a redução de 30% nas mortes violentas intencionais, crimes violentos contra o patrimônio, roubo e furto de veículos e violência contra a mulher até o ano de 2026, tendo como base os números de 2022.

AUMENTO DOS CASOS DE FEMINICÍDIO

Os casos de feminicídio também cresceram em Pernambuco. No último mês de abril, segundo a SDS, sete mulheres foram vítimas desse tipo de crime. No mesmo período do ano passado, foram duas.

No acumulado do ano, a polícia já somou 24 vítimas de feminicídio. Além disso, 18.254 queixas de violência doméstica/familiar sobre registradas nos quatro primeiros meses de 2024.