Taxa de juros na mão: Lula terá 4 dos 9 diretores do Banco Central

A partir da próxima terça-feira (2/1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá indicado quatro dos nove diretores no Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central (BC) responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic. A instituição informou que a posse de dois novos nomes indicados pelo petista vai ocorrer já no segundo dia de 2024.

Os novos diretores são os economistas Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira. A posse deles ocorre menos de um mês após a aprovação das indicações do Poder Executivo pelo Senado Federal, e a publicação dos decretos de nomeação no Diário Oficial da União (DOU). As informações são do Metrópoles.

Eles se juntarão a Gabriel Galípolo (diretor de Política Monetária) e Ailton de Aquino (diretor de Fiscalização), indicados por Lula em maio. Ambos participam das reuniões do Copom desde agosto deste ano, mês em que o órgão iniciou o ciclo de corte da Selic.

Dificuldade com taxa de juros por causa de autonomia do BC

Com a lei de autonomia do Banco Central, de 2021, este é o primeiro governo que convive com uma diretoria não totalmente indicada pelo presidente da República eleito.

O atual presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e era próximo do então ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele tem mandato até o fim de 2024 e diz que seguirá no posto até o término da gestão.

Ao longo do ano, em ofensiva para a queda da Selic, Lula chegou a dizer que Campos Neto teria “compromisso com o outro governo (do ex-presidente Bolsonaro)”.

Com aproximação intermediada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), Campos Neto se reuniu algumas vezes com Lula no segundo semestre participou de um jantar de confraternização oferecido pelo presidente na Granja do Torto no último dia 21.

Dança das cadeiras

Professor de Economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, Picchetti é PhD em economia pela University of Illinois at Urbana-Champaign. Ele substituirá Fernanda Guardado na Diretoria de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos.

Servidor de carreira do BC, Rodrigo Alves tem doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo, e exerceu o cargo de professor da Universidade de São Paulo e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ele passará a comandar a Diretoria de Administração, no lugar de Carolina Barros, que vai ocupar a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta em substituição ao atual diretor Maurício Moura, cujo mandato se encerra em 31 de dezembro de 2023.

Os mandatos de Piccheti e Rodrigo Alves como diretores do BC se estenderão até 31 de dezembro de 2027, podendo ser renovados por mais quatro anos, como previsto na lei de autonomia do BC.

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Como publicado por este blog, ontem a governadora Raquel Lyra nomeou uma funcionária para exercer o cargo de Coordenadora na Secretaria de Assistência Social, Combate à Fome e Políticas sobre Drogas, com efeito retroativo a 10 de janeiro deste ano.

Após algumas pesquisas, averiguamos que a mesma funcionária, que se chama Ubiracira Lima da Cruz, foi exonerada – no dia 10 de fevereiro – do cargo comissionado de Assessora Técnica da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude e Prevenção à Violência e às Drogas – que ocupava antes.

No mesmo dia, Ubiracira foi nomeada para exercer o cargo em comissão de Assessora Técnica da Secretaria de Assistência Social, Combate a Fome e Políticas sobre Drogas, como é possível conferir na imagem acima.

Ontem, conforme publicado no Diário Oficial do Estado, a funcionária foi exonerada da assessoria para ocupar o cargo de coordenação na mesma secretaria.

Essas exonerações e nomeações corriqueiras da mesma funcionária é um direito da governadora. O que chama a atenção – para não dizer suspeito, é que todas as nomeações foram retroativas ao dia 10 de janeiro deste ano, o que – pela lei -, não poderia acontecer. A funcionária deveria ser nomeada com efeito a partir do dia de publicação no Diário Oficial do Estado, ou de forma retroativa até 30 dias antes da publicação – não há cinco meses – como aconteceu na última publicação.

Jaboatão - Espaço vida marinha

Por Raphael Guerra*

Pela terceira vez, a Secretaria de Defesa Social (SDS) não cumpriu o prazo prometido para a abertura da licitação necessária para a compra de câmeras de videomonitoramento para as principais ruas e avenidas de Pernambuco. Desde 1º de dezembro de 2023, os 358 equipamentos sob responsabilidade da gestão estadual foram desativados. 

No dia 16 de maio, em coletiva de imprensa no Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods), no bairro de São José, área Central do Recife, representantes da SDS chegaram a anunciar que o edital para aquisição de 2 mil câmeras seria publicado até o final do mesmo mês, mas isso não ocorreu – e nenhum novo prazo foi divulgado até agora.

O custo previsto é de R$ 250 milhões nos próximos cinco anos. A mais recente promessa foi de que o primeiro lote de equipamentos começará a ser instalado em setembro – cinco meses após o previsto inicialmente. Somente em junho de 2025 todas as câmeras deverão estar espalhadas pelo Estado. 

Entenda o problema

As câmeras de videomonitoramento foram desativadas após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) cobrar, em fevereiro de 2023, a realização de uma nova licitação, já que, desde agosto de 2020, no governo Paulo Câmara, contratos vinham sendo “renovados” por meio de Termo de Ajuste de Contas (TAC) – o que não é o ideal.

As 358 câmeras estavam instaladas em quatro municípios: Recife (240), Olinda (38), Caruaru (40) e Petrolina (40). Com a desativação, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, reconheceu que os equipamentos estavam com uma tecnologia obsoleta. E afirmou que uma licitação seria aberta e, até abril de 2024, os novos equipamentos já estariam instalados. Mas isso não ocorreu.

No começo deste ano, Carvalho declarou que havia dificuldades no processo, já que apenas uma empresa havia demonstrado interesse na fase de chamamento público.

Questionada pelo JC em abril, a assessoria da SDS afirmou que o termo de referência e cotação de preços das câmeras haviam sido finalizados e que o edital seria publicado ainda no mesmo mês, porém o prazo também não foi cumprido. 

Enquanto o Estado não faz a nova compra, a SDS alega que câmeras pertencentes às prefeituras estão sendo usadas para o monitoramento das vias. 

Promessa de melhor tecnologia

A previsão é de que as 2 mil novas câmeras, que contarão com uso de inteligência artificial, sejam instaladas em pontos com maior número de ocorrências de crimes violentos contra o patrimônio, crimes violentos letais intencionais (homicídios, em geral) e onde há registros de tráfico e consumo de drogas. Essas localidades já foram mapeadas.

No chamamento público divulgado pela SDS no final do ano passado, uma novidade prevista era a inclusão de câmeras com leitor de placas.

A ferramenta tem como objetivo tentar diminuir os registros de roubos e furtos de veículos no Estado. Em 2023, mais de 20,3 mil ocorrências foram contabilizadas pela polícia, sendo o pior resultado desde 2018. 

Uma das metas do programa Juntos pela Segurança é a redução de 30% no número de roubos e furtos de veículos até o final de 2026, tendo como base as estatísticas de 2022.

Além das placas, os equipamentos devem identificar a cor e o modelo dos veículos nas ruas, avenidas e estradas monitoradas. Com a alimentação constante dos dados, também será possível identificar carros e motos que eventualmente tenham sido usados na prática de crimes. 

TCE

No mês passado, o TCE informou que o conselheiro Marcos Loreto, relator dos processos da SDS, enviou ofício à secretaria solicitando informações atualizadas sobre o andamento, bem como prazo para publicação do edital para aquisição das câmeras. 

*Jornalista do Jornal do Commercio

Paulista - Prêmio Sebrae

O pré-candidato a prefeito de Lagoa de Itaenga, Dimas Natanael (Republicanos), anunciou na última sexta-feira (31) o apoio a Estênio Ferreira (Avante) para a posição de pré-candidato a vice-prefeito em sua chapa. O anúncio foi realizado durante o Programa Francisco Júnior, da Rádio Nova Carpina FM.

Em seu discurso, Dimas afirmou que a escolha levou em conta diversos fatores e que Estênio corresponde a todos eles. “A gente tem um grupo muito forte, com muitas pessoas capacitadas e por isso não foi uma decisão fácil.”, disse o pré-candidato. “Eu acredito que a gente precisa de um vice com disponibilidade, leal, com disposição, que seja jovem. E eu até me emociono quando falo dele, de quem escolhemos, porque tem uma história de vida muito bonita. Mora em Lagoa de Itaenga e convive com o dia a dia da cidade. Onde chega entra e sai e não tem problema com ninguém. E o melhor de tudo, o povo pediu. Quando o povo pede, a decisão fica mais fácil. E por esses motivos o vice vai ser Estênio”, afirmou.

Por sua vez, Estênio se mostrou feliz e entusiasmado. “É uma felicidade muito grande! O que está acontecendo é o resultado de uma luta contínua que vem acontecendo há muito tempo. Hoje Deus me consagrou com essa honra de ser pré-candidato a vice-prefeito de Lagoa de Itaenga e tudo tem um tempo determinado. O compromisso está firmado, vamos juntos mudar para melhor a história do município”, comentou.

Petrolina - Viva a nossa arte

Nesse último sábado (1º), Caruaru deu início às festividades do São João, na área urbana da cidade, um dos eventos mais aguardados do ano. A abertura oficial no Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga contou com a presença da governadora Raquel Lyra, que foi recebida, junto com a vice-governadora Priscila Krause, pelo prefeito Rodrigo Pinheiro. Durante o evento, os dois gestores enfatizaram a importância da segurança pública neste período festivo.

A noite começou com uma coletiva de imprensa e, logo após, a visita ao Centro de Operações Integradas (COI), localizado no Pavilhão do Espaço Cultural Tancredo Neves. O COI é a central de monitoramento que une diversas forças operativas para supervisionar e atender quaisquer ocorrências durante o evento, assegurando um ambiente seguro e controlado para os festejos.

Raquel reforçou o compromisso do governo estadual com a segurança pública para o sucesso do evento. “É um privilégio estar aqui em Caruaru na abertura do maior e melhor São João do mundo. Neste ano, estamos aumentando o efetivo de policiais em 25%. Fizemos uma festa segura no ano passado e, eu tenho certeza, este ano será mais seguro ainda. Convido a todos, não só de Pernambuco, mas do Nordeste e do Brasil, para curtirem o nosso São João”, afirmou Raquel Lyra.

O prefeito Rodrigo Pinheiro também ressaltou a importância do apoio do Governo do Estado e a cooperação entre as forças de segurança. “O nosso São João já é conhecido nacionalmente e, principalmente, pelo tratamento primordial na segurança. Isso só é possível graças ao investimento feito pelo Governo do Estado nas forças operativas de segurança. Vamos fazer, este ano, o melhor São João da história, com muita segurança e diversão para os nossos moradores e turistas”, disse Pinheiro.

Após visita ao COI, as comitivas do prefeito e da governadora seguiram para o Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, onde acompanharam as apresentações culturais e interagiram com o público presente. A primeira noite do São João de Caruaru foi marcada por muita música, dança e uma vibrante celebração das tradições juninas, com a apresentação da Orquestra de Pífanos de Caruaru e maestro Mozart Vieira e os shows de Carlinhos Brown, Flávio José, Jorge de Altinho e Mano Walter.

Após o sucesso do São João na Roça, que atraiu milhares de pessoas, nos meses de abril e maio, às comunidades rurais do município, agora é a vez da área urbana dar o pontapé inicial, contando com uma programação diversificada que se estenderá ao longo do mês de junho. O São João de Caruaru promete atrair milhões de visitantes, impulsionando a economia local, com uma movimentação de mais de 670 milhões de reais, e mantendo viva a rica cultura nordestina.

Ipojuca - Minha rua top

Deputado federal Coronel Meira (PL/PE) denuncia que, sob a alegação de estar prejudicando os “barraqueiros” locais, a Deputada Rosa Amorim (PT), ligada ao MST, juntamente com José de Anchieta dos Anjos, presidente do CPRH, “querem invadir uma propriedade privada no Pontal do Maracaípe, apesar da propriedade estar 100% regularizada e dentro do que determina a lei”, diz o parlamentar.

Meira aponta que, segundo Anchieta, a governadora Raquel Lyra e a vice-governadora Priscila Krause têm pressionado para que uma ação seja tomada, à revelia do que determina a justiça.

“A área é cercada justamente para preservar o bioma e, se  invadida, correrá risco de danos permanentes. Segundo informações, a invasão da área está programada para o próximo dia 4 de junho, independente de liminar”, reforça o deputado.

O parlamentar é membro do “Invasão Zero”, defensor do meio ambiente e  solidariza-se com a causa, “estou acionando os meios legais para impedir esse crime ambiental. Um Estado que não respeita a natureza nem a propriedade privada, condena seu futuro”, pontua Meira.

Confira o vídeo:

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Beto Simonetti criticou, neste sábado (1º), a determinação de prisão contra os suspeitos de ameaçarem o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e sua família.

A operação foi autorizada pelo próprio ministro. Dois suspeitos no crime foram presos. Segundo o presidente da instituição, “a lei brasileira não permite que a vítima julgue o próprio caso”. As declarações foram dadas à Folha de S. Paulo.

Simonetti ainda pontuou que a Suprema Corte erra ao julgar acusados que não têm direito ao foro por prerrogativa de função. Um dos suspeitos é o fuzileiro naval Raul Fonseca de Oliveira, atualmente lotado no Comando da Marinha. O outro é Oliverino de Oliveira Júnior.

As prisões haviam sido solicitadas pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, que apontou evidências claras de graves ameaças cometidas contra o ministro.

“O conteúdo das mensagens, com referências a ‘comunismo’ e ‘antipatriotismo’, evidencia com clareza o intuito de, por meio das graves ameaças a familiares do ministro Alexandre de Moraes, restringir o livre exercício da função judiciária pelo magistrado do Supremo Tribunal Federal à frente das investigações relativas aos atos que culminaram na tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito”, cita a cota ministerial.

Histórico da rixa

A relação entre Ordem dos Advogados do Brasil e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tem se tornado cada vez mais tensa.

A entidade o acusa de cercear a atuação de advogados na Corte, em especial no caso envolvendo os investigados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro.

A OAB alega que Moraes tem, reiteradamente, cerceado prerrogativas advocatícias ao impedir as sustentações orais nos casos em que é relator no STF, via plenário virtual.

Nesse formato, ministros e partes envolvidas apenas apresentam documentos, sem espaço para discursos dos defensores dos acusados.

Outra raiz das desavenças entre a Ordem e o ministro da Suprema Corte envolve o andamento das investigações da trama golpista montada pelo entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao autorizar a operação Tempus Veritatis, Moraes proibiu a comunicação entre os advogados dos investigados.

Ainda que a decisão tratasse da troca de informações entre os suspeitos por meio dos defensores, a medida foi duramente criticada pela advocacia, que viu na posição de Moraes uma afronta ao trabalho dos defensores.

Moraes e OAB também entraram em rota de colisão em um terceiro tema: uma multa ao advogado de Daniel Silveira, deputado cassado pelo TSE após participar de atos antidemocráticos. O ministro multou o advogado do ex-deputado por “litigância de má-fé”.

O magistrado argumentou que o advogado Paulo Faria repetiu pedidos que já haviam sido negados, a fim de conturbar o andamento do processo. A decisão gerou uma contestação por parte de Ordem, que pediu a anulação da multa de 2 mil reais imposta ao causídico. Para Simonetto, cabe apenas à entidade o papel de sancionar um advogado.

Em abril, o presidente da OAB, Beto Simonetti, protagonizou um episódio capaz de esquentar ainda mais os ânimos com Moraes. Ao participar de um evento no Mato Grosso do Sul, o presidente da OAB ouviu gritos de ‘Fora Xandão’, uma referência aos pedidos de destituição do ministro do Supremo. De pronto, respondeu: “Nós vamos chegar lá”.

“A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Jamais permitiremos ou apoiaremos que envenenem a nossa democracia sob o bom propósito de curá-la. A OAB e a advocacia do Brasil vai lutar sempre pela certa e pela justa medida”, disse ainda o advogado.

Camaragibe Agora é Led

O Governo de Pernambuco, por meio de suas redes sociais, compartilhou um vídeo institucional convidando os pernambucanos e os turistas, que visitam o estado nesta época junina, para curtir os festejos nos mais diversos municípios que terão uma programação especial durante todo o mês de junho. 

No entanto, o que chamou a atenção é que, mesmo abrindo o vídeo mostrando o túnel Plínio Pacheco, na Serra das Russas, em Gravatá, o município foi totalmente ignorado na chamada. O fato, claro, não passou despercebido pelas pessoas que assistiram a gravação.

Confira o vídeo:

“Quando farão um vídeo falando de Gravatá? A cidade terá um mês de festejos juninos. Não esqueçam que temos memória e lembraremos desse ‘esquecimento’ nas eleições”, escreveu a página Destino Gravatá na publicação do Governo de Pernambuco – sendo um dos vários comentários feitos na publicação reclamando do episódio.

Belo Jardim - Vivenciando Histórias

Da Veja

Passadas as eleições municipais, a movimentação política em Brasília vai se concentrar na disputa pelo comando do Congresso. No Senado, se não houver nenhuma reviravolta, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) deve assumir o posto pela terceira vez. Na Câmara dos Deputados, ao contrário, o cenário ainda é de absoluta indefinição. Se dependesse apenas da vontade de Arthur Lira, o atual presidente, o nome do seu sucessor já estaria definido. O problema é que, no momento, há quatro postulantes ao cargo, cada um representando um partido diferente. Para evitar que a corrida se transforme num confronto fratricida, Lira busca um consenso mínimo em torno de um candidato. 

Ele já se reuniu com o presidente Lula, garantiu o apoio do partido do ex-­presidente Jair Bolsonaro, sentou-se com caciques de legendas de centro e prometeu a todos espaços privilegiados em troca de votos. Se tudo transcorrer conforme o planejado, até agosto ele encerra o suspense e anuncia quem será o escolhido — aquele que, em tese, conseguir captar o máximo de apoio entre os colegas. Não será uma tarefa simples para os parlamentares que já se apresentaram como pretendentes ao cargo.

Apontado como favorito, o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-­BA) tem muitos votos entre os mais conservadores, mas patina na desconfiança dos petistas. No início do governo Lula, ele chegou a ser anunciado como futuro ministro, mas acabou tendo o nome vetado na última hora. Comenta-se que o autor do veto foi o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. Os dois eram adversários políticos na Bahia. Ao que tudo indica, eram. Em campanha, Elmar foi recebido para um almoço pelo governador baiano Jerônimo Rodrigues (PT), acompanhado de Lira. A cena foi devidamente registrada em uma foto em que ele aparece sorrindo e fraternalmente abraçado aos petistas. Pareciam velhos companheiros. A dificuldade depois foi convencer os bolsonaristas, principalmente os ligados ao PL, o maior partido da Câmara, de que a simpatia foi apenas um gesto político necessário para viabilizar sua candidatura. Quem também não gostou nada do movimento foi o principal cacique do União Brasil, ACM Neto, que pretende disputar o governo baiano na próxima eleição — contra o PT.

Apesar do gesto e da reaproximação de Elmar com o próprio Rui Costa, o nome dele ainda encontra muita resistência dentro do partido do presidente, mas nada que pareça intransponível. Recentemente, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, acompanhada do deputado Lind­bergh Farias (PT-RJ), convidou Lira para uma conversa para lá de pragmática: reclamou da falta de espaço do partido, o segundo maior da Câmara, e cobrou alguns compromissos — leia-se cargos. Lira entendeu a sinalização, concordou que a legenda merece mais espaço, mas deixou claro que essas negociações serão feitas diretamente com Lula. Gleisi, óbvio, não gostou muito, mas não fechou as portas. 

A dificuldade em aglutinar apoios também atinge os deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL) — os outros três concorrentes ao cargo. E já pipocam intrigas. Há alguns dias, ventilou-se que o PSD e o MDB poderiam firmar um pacto e lançar um nome para enfrentar o candidato de Arthur Lira, seja ele quem for. O presidente da Câmara correu para checar se era verdade. Ouviu dos líderes a garantia de que não havia nada disso, mas não ficou totalmente convencido.

Lira não descarta a possibilidade de que candidatos que, porventura, tenham os interesses contrariados resolvam se unir contra ele. Isso justifica a busca pelo consenso. Para evitar essa possibilidade, o presidente da Câmara tem até um plano de contingência que envolve outros dois possíveis candidatos. 

Aos 34 anos, o deputado paraibano Hugo Motta, líder do Republicanos, é apontado como um nome que reuniria com mais facilidade os votos à esquerda e à direita. Discreto, ele é um fiel aliado de Arthur Lira e braço direito de Ciro Nogueira, cacique do PP. O parlamentar transita com facilidade em todos os nichos — dos xerifes aos mais inexpressivos congressistas. “Ele é um cara do baixo clero. É muito querido e tem a confiança de todo mundo”, elogia um aliado. 

Difícil vai ser convencer Marcos Pereira, que também é presidente do Republicanos, a abandonar a disputa. Os dois já foram consultados sobre a possibilidade. Mas não haverá impasse, ao menos por enquanto. Pereira jura que não vai recuar da candidatura, enquanto Motta jura que não vai bater de frente com o “chefe”. Se isso for verdade, Lira tem na manga uma segunda opção.

Ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, o médico e deputado Doutor Luizinho já está de prontidão para uma eventual emergência. Formalmente, ele garante que nunca passou pela sua cabeça a possibilidade de disputar a presidência. Como bom político, dedica-se apenas à intensa agenda legislativa, que abrange uma variedade de temas. Na última semana, ele se reuniu com os presidentes da Caixa e do Flamengo para discutir o avanço de um estádio para o seu time do coração e acompanhou as articulações do projeto sobre as taxações de produtos comprados no exterior enquanto se empenhava em negociar as candidaturas na disputa municipal deste ano. 

Em conversas reservadas, gosta de dizer que é chamado de “milagreiro”, pela habilidade de tocar temas difíceis. Articulado, já foi apontado como potencial ministro da Saúde de Lula. Seus aliados contam que ele só não chegou lá porque, em meio às negociações, os petistas propagaram uma foto dele vestindo a camisa de campanha de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. A posição política, claro, ajuda e atrapalha a cooptação de apoio dentro da Câmara. Mas isso hoje está longe de ser considerado um impeditivo. A trajetória de Lira é uma prova disso.

Principal cacique do Centrão na Câmara, ele foi reeleito presidente no ano passado em uma votação recorde — com o apoio do PT ao PL, 90% dos deputados votaram nele. Mantendo a mesma composição da disputa anterior, a avaliação é que tanto a esquerda quanto a direita, sozinhas, não têm tamanho para vencer a eleição, o que leva novamente a definição para os parlamentares de centro. Lira tem ascendência sobre os colegas e trânsito no Palácio do Planalto. Consegue se equilibrar entre não ser governo nem oposição. O apoio dele é fundamental, seja para Elmar Nascimento, Marcos Pereira, Antonio Brito, Hugo Motta, Doutor Luizinho ou qualquer outro nome. 

A exceção é Isnaldo Bulhões, considerado carta fora do baralho, exatamente por causa de suas ligações com o senador Renan Calheiros, inimigo político número 1 de Lira. Poderoso, o presidente da Câmara quer bater o martelo sobre o seu candidato no máximo em três meses e submeter o nome do escolhido ao presidente Lula. Aliados do deputado dizem que essa antecipação facilita a consolidação do candidato, permite ampliar o arco de alianças e evita surpresas na reta final. Todos esses argumentos são reais, mas tem um ainda mais importante para ele. Se conseguir concretizar o cronograma exatamente da maneira como planejou, Lira estenderá seu poder e influência até o último dia na presidência da Câmara e, muito provavelmente, depois também.

Serra Talhada - Saúde

Do Estadão

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2022, que transfere terrenos da Marinha a proprietários particulares mediante pagamento, defendeu o texto neste sábado (1º), em suas redes sociais. Flávio Bolsonaro afirmou que “andam inventando que praias serão privatizadas” e atribuiu a narrativa a “malucos de esquerda”.

A PEC das Praias foi aprovada na Câmara dos Deputados em fevereiro de 2022, após votação em dois turnos, e agora tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).

A PEC das praias tem gerado polêmica nos últimos dias e motivou discussão entre celebridades, como o jogador de futebol Neymar e a atriz Luana Piovani. Ela tem acusado Neymar de ter interesse no projeto por causa de um acordo do jogador com a incorporadora Due, que pretende construir um empreendimento turístico no Nordeste conhecido como ‘Caribe Brasileiro’. Ao Estadão, a assessoria do atleta reforçou que o projeto não terá impacto com a PEC.

Segundo especialistas, a proposta de acabar com taxas cobradas pela União dá margem para criação de praias privadas, gerando ocupação dessas terras e aumentando, consequentemente, os riscos das mudanças climáticas

Em vídeo publicado no “X”, o senador afirma que a possibilidade de privatização das praias é uma narrativa inventada. Ele defende que a população seria beneficiada pela mudança e cita a Favela da Maré, na capital fluminense, como exemplo de território submetido às taxas pagas à União. Cidades como o Rio de Janeiro, Florianópolis e Fortaleza têm áreas dentro da faixa da Marinha.

“Obviamente, isso é uma grande mentira. Uma narrativa que a esquerda está criando, porque o governo está com medo de perder a arrecadação”, afirma o senador.

Atualmente, pessoas que detêm propriedades em uma faixa de 33 metros de uma posição média do mar, considerando a maré alta, precisam pagar uma taxa anual à União. Ele argumenta que acabar com essas cobranças seria benéfico para ampliar negócios na orla.

“Imagina se você tem um grande empreendimento que quer se instalar na Bahia e a gente acabou com o Foro, com o Laudêmio (exemplos de taxas pagas), acabou com a taxa de ocupação. Obviamente que o empresário vai ter mais interesse, porque vai ficar mais barato sim. Ele não vai ter que pagar essas taxas todo ano nem no caso de transferência de propriedade para ninguém”, afirma o senador.

“É óbvio que o investimento para se criar um novo empreendimento na beira da praia vai ser menor, portanto vai ser mais fácil gerar emprego”, acrescenta o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, parte da oposição ao projeto se deve ao receio do governo federal de perder arrecadação.

Os chamados terrenos da Marinha são áreas na costa marítima brasileira, incluindo as praias e o contorno de ilhas.

Eles correspondem a uma faixa de 33 metros, medidos a partir da posição do preamar médio (maré cheia). Também são considerados terrenos marinhos as margens de grandes rios, lagos e lagoas.

Os moradores que ocupam essas áreas estão sujeitos ao regime de aforamento, sendo obrigados a pagar anualmente à União uma taxa sobre o valor do terreno. A propriedade do imóvel é compartilhada na proporção de 83% do terreno para o cidadão e 17% para a União. Sobre o percentual federal, os ocupantes pagam as taxas de foro e laudêmio. O tributo é calculado sobre o valor venal (estimado pela prefeitura) do imóvel.

Segundo Flávio Bolsonaro, é “óbvio que não se pode proibir o acesso à praia de ninguém” e que isso seria um “caso de polícia”. Especialistas alertam, no entanto, que caso aprovada, a legislação poderá abrir brecha para tal e agravará os danos ambientais.

“Prédios e condomínios foram construídos quase dentro da água, com retirada de restinga e manguezais que protegem a faixa de areia. O desprovimento das áreas de marinha levará a uma maior ocupação dessas áreas no momento em que as mudanças climáticas tornam as grandes ressacas mais frequentes”, diz Ronaldo Christofoletti, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Luana Piovani x Neymar

Na quinta-feira (30), Luana Piovani publicou vídeos nas redes pedindo que as pessoas fossem contrárias à PEC. A iniciativa foi acompanhada por instituições ambientais. “Lembrá-los que todos têm que votar contra a privatização das praias. É, senhoras e senhores, 2024 e a gente já chegou nesse lugar. Lembra que eu falei que é difícil ser cidadã no Brasil. É a mesma coisa, é o que eu estou querendo dizer. Como é que a gente tem que batalhar por não privatizar praia?”, afirmou a atriz no Instagram.

Neymar foi associado à polêmica porque, na semana passada, anunciou uma parceria com uma incorporadora em um projeto anunciado como “Caribe brasileiro”, com imóveis de alto padrão em uma área de 100 quilômetros entre os litorais de Pernambuco e Alagoas.

Após a aprovação da PEC, o vídeo foi resgatado nas redes sociais para demonstrar quem será beneficiado, caso haja mudança na regra atual. A incorporadora Due, parceira do atacante, nega que a PEC vá beneficiar seu empreendimento. 

Leia o texto na íntegra:

“Garantindo a transparência das nossas comunicações, reforçamos publicamente que a responsabilidade ambiental e social são valores imutáveis dentro da nossa empresa e projetos. Cumprimos as mais rigorosas leis de proteção ambiental e realizamos projetos próprios de preservação do meio ambiente. Tais valores e práticas permanecem e permanecerão.

Nossos empreendimentos não sofrerão qualquer impacto, seja positivo ou negativo, com a PEC 03/2022, como levianamente imputado por algumas pessoas em seus canais de mídia social e replicado em alguns veículos de comunicação. Nos colocamos à disposição da sociedade, governos e clientes para mais esclarecimentos pelo email [email protected].”

Na discussão nas redes sociais, a atriz e o atleta trocaram uma série de insultos. Ela o chamou de “péssimo cidadão”, pai e marido, além de “mau caráter”. Ele, por sua vez, disse que Luana é “maluca” e a acusou de querer “lacrar na internet”.

Vitória Reconstrução da Praça

Da Agência Brasil

A família da jornalista Mônica Siqueira teve uma surpresa desagradável quando tentou fazer a inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Moradora de Brasília, a filha dela, ainda menor de idade, quer fazer a prova como forma de treinamento, mesmo antes de concluir o ensino médio.

Ao tentar fazer a inscrição na última quinta-feira (30), ela usou o Google para pesquisar o endereço da página de inscrição e encontrou um site que se passava pelo oficial. Era, no entanto, uma página falsa.

“Eu olhei e estava direitinho o design, o layout. A página era igual, estava escrito ‘Inscrição Enem 2024’, tinha o robozinho (chat de inteligência artificial) que ensina o passo a passo”, lembra Mônica, destacando as semelhanças.

Ao seguir o procedimento e informando alguns dados, a estudante chegou à página da cobrança de R$ 85, que oferecia a opção de pagamento por boleto ou pix. Mônica fez o pagamento, inclusive com pequeno desconto, por ter escolhido a opção pix.

Sem receber qualquer email de confirmação, mãe e filha passaram a desconfiar de que se tratava de um golpe. Inclusive, a filha notou que o site da suposta inscrição sequer perguntou se a prova seria feita por participante “treineiro”, que é o caso dela, ou “para valer”.

Após buscar mais informações com amigos e nas redes sociais, Mônica viu relatos parecidos e entendeu que realmente tinha sido vítima de uma enganação.

Para ela, além da questão financeira, o golpe é um prejuízo para a educação. “Pessoas que podem não perceber que caíram no golpe e achar que estão inscritas”.

Sem contar, acrescenta ela, que para muitas pessoas, é um dinheiro que faz falta. “Pessoas que estão em situação de vulnerabilidade e estão conseguindo dinheiro para poder fazer o Enem, isso é muito grave”.

Site derrubado

Nas redes sociais, há relatos semelhantes nos últimos dias de pessoas que quase foram enganadas ou que caíram no golpe. O site relatado é o mesmo, inscricao-2024.com, que já foi retirado do ar. Usuários citam que o link aparece em forma de anúncio no Google.

O caso está sendo investigado pela Polícia Federal. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação responsável pelo Enem, reforçou nas redes sociais que a inscrição para o exame deve ser feita exclusivamente pelo endereço enem.inep.gov.br/participante.

“Após a realização da inscrição, o sistema gerará um boleto do Banco do Brasil para o pagamento da taxa. Esse boleto só é disponibilizado ao inscrito após acesso ao sistema do exame por meio do login único do Gov.br.”, alerta.

Aliás, outra diferença para o site fraudulento é que as inscrições corretas podem ser pagas por cartão de crédito e débito e não apenas por boleto e pix.

Procurada pela Agência Brasil neste sábado (1º), a Polícia Federal informou que “não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento”.

Também procurada pela Agência Brasil, a Google informou que adota políticas rígidas que delimitam a forma como pessoas e empresas podem anunciar produtos por meio do Google Ads, a plataforma de anúncios do site de buscas.

“Quando identificamos uma violação às nossas políticas, agimos imediatamente suspendendo o anúncio e, até mesmo, bloqueando a conta do anunciante”, diz o comunicado.

Ainda segundo a empresa, em 2023 foram bloqueados ou removidos, globalmente, 5,5 bilhões de anúncios e 12,7 milhões de contas por violações às políticas da companhia.

“Se algum consumidor suspeitar ou for vítima de golpe, oferecemos uma ferramenta para denunciar violações de nossas políticas”, finaliza. As denúncias podem ser feitas neste endereço.

Provas

As inscrições para o Enem 2024 estão abertas até 7 de junho (estudantes do Rio Grande do Sul terão o prazo ampliado, por causa da calamidade causada pela chuva). A taxa é de R$ 85 e deve ser paga até 12 de junho. O prazo para solicitar isenção terminou em abril. As provas serão nos dias 3 e 10 de novembro, nas 27 unidades da Federação.

Além de avaliar o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica, o Enem se tornou a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), empregado por universidades públicas, e de iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), utilizado por faculdades particulares.

Da Agência Brasil

A maioria dos institutos de pesquisa do México dão como certa a vitória neste domingo (2) da candidata à presidência Claudia Sheinbaum, de 61 anos, de perfil progressista e do partido Morena, o mesmo do atual presidente Andrés Manuel López Obrador, considerado de centro-esquerda e que governa o México desde 2018.

Em segunda nas pesquisas está a candidata Xóchitl Gálvez e, em terceiro, Jorge Álvarez Máynez, ambos da oposição a Obrador. Enquanto as pesquisas dão entre 52% a 60% dos votos para Claudia, Xóchitl varia de 21% a 36%, e Jorge entre 6% e 23% das intenções de votos. Não há 2º turno no México. Vence quem tiver mais votos absolutos, independente da porcentagem.

Em eleição histórica que deve colocar a primeira mulher na presidência mexicana, mais de 99 milhões de eleitores vão às urnas para eleger, além do novo presidente, 128 senadores ou senadoras, 500 deputados federais e mais 20 mil cargos em eleições locais, para prefeituras e câmaras de vereadores.

Violência

Marcada pela violência dos cartéis de droga que dominam regiões inteiras do México, a eleição deste ano custou a vida de, ao menos, 30 candidatos. Entre os assassinados durante a campanha, 73% deles disputavam prefeituras. Os cálculos são do Seminário Sobre Violência, grupo de estudos mexicano ligado à universidade El Colégio de México. Na última eleição, em 2021, o grupo calculou um total de 32 candidatos assassinados.

Não à toa, a violência foi o tema principal da campanha presidencial. Uma das vitrines da campanha da candidata favorita é a queda na taxa de homicídios que conquistou quando foi prefeita da capital mexicana, entre 2018 e junho de 2023.

“Conquistamos a taxa mais baixa de homicídios desde 1989. Agora a Cidade do México se encontra entre as sete entidades com menos homicídios por 100 mil habitantes”, anunciou em uma rede social. De 16 assassinatos por 100 mil habitantes, em 2018, a capital mexicana registou 8 homicídios por 100 mil, em 2022.

Políticas sociais

O professor de história da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Waldir Rampinelli, explicou que, no México, as eleições costumam ser violentas o que, segundo o especialista, é uma herança da Revolução Mexicana de 1910 e também devido ao controle que os cartéis de drogas têm no país.

Rampinelli destacou ainda que o atual presidente deve fazer a sucessora devido ao sucesso das políticas sociais do governo mexicano. “Ele criou uma espécie de ajuda mensal para os idosos. Todo idoso, tenha contribuído ou não à previdência, recebe por mês uma quantia. Eu conheço pessoas que, se não recebessem essa quantia, passariam fome. Isso salva totalmente essas pessoas. Elas não gostam do López Obrador, elas adoram”, afirmou.

O mexicano Mario Farid Reyes Gordillo, doutorando em estudos latino-americanos na UNAM, diz que Obrador conquistou apoio dos mais pobres devido às políticas sociais e ao aumento do salário mínimo, mas destaca também a debilidade da direita mexicana.

“A direita não conseguiu se livrar da imagem de corrupção, repressão policial e dos benefícios aos amigos empresários que marcaram os governos anteriores. Esse estigma ainda pesa sobre eles. E também não conseguiram uma candidatura forte para ganhar”, destacou.

Perfil progressista

Ex-prefeita da Cidade do México, Claudia é pesquisadora científica nas áreas de energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Ela ainda trabalhou no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), tendo sido também secretária do meio ambiente durante o governo de López Obrador na prefeitura da Cidade do México, ainda no ano 2000.

O professor Waldir Rampinelli avalia que ela deve continuar as políticas de seu antecessor na Presidência, e que ela tem um perfil progressista de centro-esquerda.

“Toda essa pauta de direitos humanos, de meio ambiente, de respeito às mulheres. A pauta dela será essa. Só que ela vai administrar um grande navio que não vai poder mudar de rumo. Ela vai ter que fazer o que o López Obrador fez, tudo muito ligado aos Estados Unidos”, disse.

O especialista lembrou que 80% de tudo que o México exporta vai para os Estados Unidos, o que deixa o país muito dependente do vizinho do norte. Outro problema grave do país é a imigração e a fronteira com os EUA.

“Se o Trump ganha nos Estados Unidos, complica mais ainda a vida dela. Morrem no ano passando na fronteira, só de mexicanos, mais de 500 pessoas. É a região mais perigosa do mundo. Compare com o muro de Berlim, que morreram 800 pessoas em 30 anos tentando passar”, lembrou.

Mulheres

O pesquisador Mario Farid Reyes Gordillo destacou também que as relações entre México e Estados Unidos são um dos principais temas da eleição, assim como a violência, a corrupção e os direitos das mulheres.

“Como as duas principais candidatas são mulheres, há um certo peso dessa agenda. O movimento feminista, o movimento de mulheres, durante todo os seis anos de López Obrador, teve muita participação política. Isso deve fazer com que muitas mulheres saiam para votar nessa eleição”, afirmou.

Professor da UFSC, Waldir Rampinelli destacou que esta é uma situação inédita, já que nunca uma mulher venceu a eleição presidencial no México.

“O México seguramente é o país mais machista da América Latina e a Claudia se impôs como uma grande prefeita da cidade do México. Com o governo do López Obrador, ela cresceu. E o López também não teve outra saída a não ser indicá-la. Era a candidata que mais chance tinha de ganhar”, comentou.

México e Brasil

Com quase 130 milhões de habitantes, o México tem a 2ª maior economia da América Latina, atrás apenas do Brasil. Em 2023, a economia do país cresceu 3,2% do PIB, segundo ano consecutivo de crescimento acima dos 3%.

A taxa oficial de pobreza caiu de 43,9%, em 2020, para 36,3%, em 2022, tirando da pobreza 8,8 milhões de mexicanos. A economia recuperou os níveis de emprego e de PIB de antes da pandemia. Os dados são do Banco Mundial.

As relações comerciais entre Brasil e México têm crescido nos últimos anos. De 2019 a 2023, as exportações brasileiras para o México cresceram 74%, isso com a pandemia no meio, passando de US$ 4,8 bilhões para US$ 8,5 bilhões.

Apesar do crescimento, as exportações do Brasil para o México representam apenas 2,5% do total, similar ao Chile, para onde o país exporta 2,3% do total. Por outro lado, as importações brasileiras de produtos mexicanos representam 2,3% do total das importações. Em 2023, o Brasil importou do México US$ 5,5 bilhões, crescimento de 4,9% em relação a 2022.

Os dados do comércio exterior entre Brasil e México são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Da Folha de São Paulo

A Polícia Federal tem concentrado inquéritos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na DIP (Diretoria de Inteligência Policial) e esvaziado o setor responsável por conduzir investigações que correm em tribunais superiores.

A mudança desvirtuou a missão principal da diretoria de inteligência e aproximou as investigações sensíveis ao diretor-geral da corporação, delegado Andrei Rodrigues, segundo integrantes da PF ouvidos sob reserva pela Folha.

A DIP é o setor da Polícia Federal responsável por definir a política de inteligência e realizar ações de contrainteligência e investigações sobre terrorismo. Até 2022, os delegados vinculados à área dirigiam inquéritos geralmente relacionados à segurança nacional.

Atualmente, a diretoria é responsável pelos inquéritos das milícias digitais —que envolvem os planos golpistas de Bolsonaro e aliados após as eleições de 2022 e a fraude no cartão de vacinação— , das fake news, do uso ilegal de sistema de monitoramento por integrantes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e das blitze montadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) no segundo turno das eleições presidenciais.

Os delegados do setor ainda foram incumbidos de investigar a hostilidade ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no aeroporto de Roma, na Itália.

A Polícia Federal tem uma área específica para conduzir investigações que tramitam no STF. Trata-se da CINQ (Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores), setor ligado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor).

A coordenação está esvaziada e com poucos delegados. Hoje, coordena principalmente a Operação Lesa Pátria, com foco em organizadores e financiadores dos ataques de 8 de janeiro de 2023, e inquéritos sobre desvios em obras custeadas com emendas, entre eles o caso do ministro Juscelino Filho (Comunicações).

Delegados ouvidos pela Folha afirmaram, sob reserva, que o desvirtuamento da diretoria de inteligência gera desajustes entre os setores da PF, retirando relevância do departamento responsável pelas investigações.

Por tratar de assuntos sensíveis, a DIP também fica mais próxima da direção-geral da Polícia Federal —e sua recente metamorfose trouxe para próximo de Andrei inquéritos ligados ao golpismo.

A direção é chefiada pelo delegado Rodrigo Morais, amigo de Andrei Rodrigues. Ele ficou conhecido por ser o delegado responsável pela investigação sobre o atentado a faca contra o então candidato Jair Bolsonaro, em 2018.

Em nota, a Polícia Federal afirmou que a mudança ocorreu a partir do entendimento de que normas internas permitem que “casos sensíveis pudessem tramitar na Diretoria de Inteligência Policial”.

“Essa atuação sempre ocorreu e foi intensificada com a reestruturação realizada na diretoria no início de 2023, com seu crescimento e fortalecimento”, disse.

“Diante disso, sempre que for verificada a necessidade, poderá a DIP ser designada para atuar em quaisquer casos, vez que a ‘ligação direta com a inteligência’ é aferida internamente”, concluiu.

A DIP é a principal área da Polícia Federal que possui expertise e equipamentos de inteligência. Foi por meio dela que peritos e técnicos conseguiram desbloquear travas e acessar dados armazenados nas nuvens do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A investigação inicialmente devassou o dia a dia da Presidência da República em 2022 e, meses depois, descobriu a possível fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e aliados, o que motivou a prisão e posterior delação de Cid.

Por outro lado, no inquérito da hostilização de Moraes, o delegado Hiroshi Sakaki Araújo teve de deixar a investigação após incluir em relatório o diálogo entre Roberto Mantovani, suspeito de agredir o filho do ministro, e seu advogado —motivo de revolta na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Sakaki era do setor de contrainteligência da PF e foi substituído no inquérito pelo próprio chefe, Thiago Rezende.

As primeiras investigações sobre Bolsonaro foram para a DIP, em 2022, por acaso. A delegada Denisse Ribeiro conduzia o inquérito das milícias digitais, que tinha Bolsonaro como um dos alvos, quando precisou deixar a função para entrar em licença-maternidade.

O delegado Fabio Shor ajudava Denisse no inquérito e havia sido transferido meses antes para a diretoria de inteligência. Ele acabou escolhido para conduzir o caso. A apuração não voltou às mãos da delegada original e permaneceu na DIP.