O corpo do médico ortopedista Diego Ralf de Souza Bomfim, de 35 anos, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), foi enterrado na manhã deste sábado (7), no Cemitério Municipal Campal, no Residencial Anita Tiezzi, em Presidente Prudente (SP). Diego foi assassinado a tiros em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), na madrugada da última quinta-feira (5). Outros dois médicos que estavam com ele no local também morreram no ataque. Após ser baleado no quiosque, Diego ainda chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital Lourenço Jorge.
Em uma entrevista coletiva concedida após o enterro de Diego, Sâmia destacou que o irmão era uma pessoa muito querida e só deixou boas lembranças.
Leia mais“Muita gente gosta do meu irmão porque ele sempre foi muito amigo, muito leal, sempre os pacientes elogiavam muito o atendimento dele, a educação, a simpatia. E eu acho que a cerimônia bonita, a quantidade de homenagens, é uma demonstração disso. A gente só tem memórias, lembranças boas dele, e é assim que a gente vai lembrar dele pra sempre”, disse a parlamentar.
“A gente vai tentar recuperar a força. Sem dúvida, a gente vai seguir muito junto como família. Ele também tem muitos amigos que, tenho certeza, vão estar com a gente. E, claro, seguir acompanhando, não só o inquérito relacionado ao caso dele e dos outros dois, mas toda essa situação grave de conflito e de guerra que existe no Rio de Janeiro e no Brasil”, afirmou a deputada.
Sâmia ressaltou que, como parlamentar, pretende atuar para enfrentar o problema da violência que vitima não apenas o seu irmão, mas também atinge outras famílias brasileiras.
“É muito indignante essa lógica de milícia que briga com o tráfico, que tem um poder paralelo, que muitas vezes se confunde com o próprio Estado. Não é o primeiro caso assim. Torço para que seja o último, mas a gente sabe que não é tão simples, porque a gente está falando de um poder muito profundo, de uma lógica muito estruturada, principalmente no Estado do Rio de Janeiro, e eu, como, enfim, parlamentar, não só como irmã, mas unindo as duas coisas, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para que essa situação não se perpetue no nosso país. Porque hoje foi com a minha família, mas poderia ter sido com qualquer outra, aliás, como é todos os dias”, declarou.
“Talvez esse caso tenha ganhado ampla repercussão, inclusive internacional, que eu vi, porque se tratava de um congresso internacional de médicos, num bairro nobre do Rio de Janeiro, mas esse tipo de tragédia acontece todos os dias, às vezes em lugares menos visibilizados, mas com pessoas que às vezes estão à margem da sociedade, que muita gente não vê ou finge que não vê. Então, é por todas elas também que a gente vai lutar por justiça”, concluiu Sâmia, em lágrimas, muito emocionada.
Sâmia ainda lembrou a grande paixão que Diego tinha pelo Santos Futebol Clube e agradeceu a homenagem que o time fez ao médico nas redes sociais.
“Meu irmão sempre foi santista roxo. Meu pai também é santista. Aliás, vários tios meus e primos também são, eles estavam também uniformizados hoje. A gente viu que o Santos fez uma homenagem a ele nas redes sociais. Ele, sem dúvida, ficaria muito feliz porque, de fato, era a grande paixão dele, o futebol, o Santos. A gente agradece muito também ao Santos Futebol Clube por essa homenagem”, comentou.
O translado do corpo de Diego foi feito por um helicóptero do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro até Presidente Prudente, cidade no interior paulista onde também moram seus familiares e onde ele nasceu e formou-se em medicina. O velório teve início na tarde da sexta-feira (6) e estendeu-se até a manhã deste sábado, quando houve o sepultamento.
O cortejo contou com mais de 70 coroas de flores que foram doadas por amigos, parentes, autoridades e instituições em homenagem a Diego.
Diego formou-se em medicina pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente, no ano de 2015. Ele era especialista em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT), do Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
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