Até o ator Franco Zeffirelli andou no ônibus que Marco Maciel adaptou para percorrer o Estado como governador

Marco Maciel

Capítulo 15 

No Governo Marco Maciel (79-82), os jardins do Palácio do Campo das Princesas, que abrem de vista um belo horizonte em direção ao Rio Capibaribe, o Cão sem plumas, como batizou o imortal João Cabral de Melo Neto, ganharam uma modelagem diferente que logo passou a chamar a atenção dos visitantes.

Era um ônibus, pintado com as cores da bandeira de Pernambuco em forma de um arco-íris: azul, branco e amarelo. O azul simboliza a grandeza do céu pernambucano; o branco, a paz; o arco-íris, o início de uma nova era, a união de todos os pernambucanos. Já a estrela amarela caracteriza Pernambuco como parte do País. O sol, enfim, remete à força e à energia.

Só por isso mesmo e pela altura também, já enchia os olhos de qualquer um curioso que botasse os pés no suntuoso Palácio das Princesas, que tem nas vizinhanças o belíssimo Teatro Santa Isabel, onde Joaquim Nabuco, inspiração da vida pública de Marco Maciel, foi ovacionado na sua histórica volta a Pernambuco depois da Abolição da Escravatura. 

Adaptado para viagens longas numa espécie de montadora genuinamente pernambucana no Cabo, Região Metropolitana do Recife, o ônibus ganhou até nome. Foi batizado de “Asa Branca”, porque, de tanto viajar, alcançar lugares ermos e distantes na rotina de trabalho do então governador Marco Maciel, parecia ter asas como o pássaro imortalizado na canção de Luiz Gonzaga.

Também Asa Branca, em homenagem ao Rei do Baião, ficou conhecido o projeto de perenização dos rios sertanejos na era Maciel, que acabou, por erro de engenharia, não dando certo. Para não perder tempo nem enfrentar estradas esburacadas, chefes de Estado andam de avião. No tempo de Marco Maciel e até o final do Governo de Joaquim Francisco, o Estado tinha uma frota própria.

Nas emergências, Marco Maciel usava dois tipos de aviões: Bandeirante e Sêneca, o primeiro um pouco maior e mais veloz, o segundo, com apenas dois lugares, pousava em qualquer campo de aviação das pequenas e longínquas cidades do Sertão. O ônibus, entretanto, passou a ser o maior equipamento de deslocamento de Maciel e sua equipe para o Interior.

“Cruzamos o Estado inteiro no Asa Branca”, relembra Joel de Hollanda, ex-secretário de Educação no Governo Marco Maciel. Segundo ele, o ônibus era usado principalmente nos finais de semana, quando o incansável governador levava o Secretariado para vistoriar e inaugurar obras. “Além de banheiro e ar-condicionado, o ônibus contava com uma mesa redonda. Era nela que Maciel despachava para matar o tempo das longas distâncias nas viagens”, diz Joel.

Subchefe da Casa Civil, Silvio Amorim era também presença frequente na comitiva. Cuidava de toda a logística, ao lado da chefe, a secretária da Casa Civil, Margarida Cantarelli. Segundo Amorim, entre os secretários convocados todos os fins de semana, sem direito a lazer, havia um personagem que despertava atenção e ao mesmo tempo divertia, quebrando o estresse do desconforto em estradas vicinais, verdadeiras tábuas de pirulito.

Chamava-se João Maurício, de apenas 12 anos na época, o único filho homem de Marco Maciel com Anna Maria, que nunca quis saber de política, sendo hoje advogado bem-sucedido em Brasília. “Certa vez, pegamos uma estrada vicinal sem a mínima conservação, repleta de buracos que mais pareciam crateras. Com os solavancos, chegamos a bater com a cabeça no neto”, lembra Joel de Hollanda.

Diante de tanto desconforto, segundo Joel, João Maurício olhou para Maciel e sapecou, como todo menino atrevido e esperto: “Papai, eu já sei o que o povo vai pedir ao senhor quando a gente chegar na próxima cidade”. “O que é? perguntou o curioso pai. “Estrada boa”, respondeu João Maurício, levando o secretariado a dar uma boa gargalhada.

Ao longo dos quatro anos de mandato de Maciel, cujo Governo estampava o slogan “Desenvolvimento com Participação”, o ônibus quase bateu o motor de tanto viajar. Além de secretários, transportou também ministros de Estado e até o presidente Geisel numa visita ao Porto de Suape. Conduziu também gente famosa, entre as quais, o ator Gian Franco Corsi Zeffirelli, mais conhecido como Franco Zeffirelli.

Celebridade no mundo inteiro, Zeffirelli, diretor italiano e produtor de óperas, filmes e televisão, também foi senador de 1994 até 2001 pelo partido italiano de centro-direita Forza Italia. Veio a Pernambuco conhecer o espetáculo da Paixão de Cristo no maior teatro ao ar livre do mundo, em Fazenda Nova, distrito de Brejo da Madre de Deus, no Agreste Meridional.

“Perdi as contas que fomos de ônibus para Nova Jerusalém. Foi Marco Maciel que sugeriu a Plínio Pacheco, idealizador do espetáculo e criador do teatro, a criar um dia específico para autoridades e jornalistas”, recorda Silvio Amorim. “O Asa Branca acabou se constituindo num grande equipamento de trabalho”, relata Margarida Cantarelli, presença assídua nas viagens.

Outro famoso passageiro do ônibus foi Adolpho Bloch, um dos mais importantes empresários da imprensa e televisão brasileira. Fundador do grupo de mídia que levava seu sobrenome, foi o criador da revista semanal Manchete, em 1952, e fundador, em 1983, da Rede Manchete, hoje extinta. Era primo do escritor Pedro Bloch, tio-avô do ator Jonas Bloch e tio-bisavô da atriz Débora Bloch.

Como Zeffirelli, seu destino foi a Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém. Passou a viagem falando da sua vida a Marco Maciel. O fato de a família Bloch ser de origem judaica fez com que seus descendentes se envolvessem em muitos problemas em 1917, na época da Revolução Russa. Um desses problemas, segundo ele contou ao então governador e anfitrião, foi a fome. 

Relatou que junto com dezessete parentes, foi forçado a deixar sua localidade natal, Jitomir, para morar em Kiev. Em 1921, também deixou a Ucrânia definitivamente, chegando a morar 9 meses em Nápoles, na Itália. Somente em 1922, os Bloch chegaram ao Rio de Janeiro.

Na volta dos longos e intermináveis percursos, já no domingo de noite ou segunda pela manhã, Marco Maciel costumava promover reuniões com todo o secretariado a bordo do ônibus. “Ele era muito organizado, disciplinado. Nunca reclamou do desconforto nas viagens, nem mesmo quando a buraqueira aparecia como obstáculo para alcançar o nosso destino ou havia tomado poeira na cara”, diz o jornalista Ângelo Castelo Branco, ex-secretário de Imprensa.

O Governo Marco Maciel alcançou alguns feitos que ficaram marcados na literatura administrativa do Estado. Criou e executou o maior programa habitacional, com a entrega de 100 mil casas. Na educação, foram criadas 167 mil novas vagas na rede pública de ensino. Ele usava o prestígio que tinha nacionalmente para fazer com que Pernambuco se beneficiasse”, explica o deputado federal André de Paula (PSD), um dos herdeiros políticos de Maciel.

Na gestão de Maciel, o Complexo Industrial Portuário de Suape teve sua implantação efetivamente iniciada. O Metrô do Recife foi viabilizado financeiramente e sua construção saiu do papel também sob sua gestão. Na Saúde, Maciel foi pioneiro no País ao pagar pensão para portadores de hanseníase. O abastecimento de água, carência recorrente do Estado, foi estendido para 70 cidades, distritos e vilas pernambucanas.

Veja amanhã

A passagem de Marco Maciel pelos Ministérios da Educação e Casa Civil 

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Após as últimas polêmicas envolvendo o Hospital Regional Dom Moura, em Garanhuns, que passou por uma recente fiscalização da Comissão de Saúde da Alepe, a governadora Raquel Lyra (PSDB) promoveu mudanças na unidade.

A confusão começou no mês passado, quando o líder do governo, Izaías Régis (PSDB), se queixou no plenário, pedindo uma atenção maior à Saúde em Garanhuns e região, por parte do Estado. Dias depois, os deputados Gilmar Junior (PV), Sileno Guedes (PSB) e Abimael Santos (PL) foram à Cidade das Flores realizar uma “blitz” no Dom Moura. As informações são do Blog Cenário.

Ao chegar no local, foram impedidos de entrar na unidade e só conseguiram depois de um intenso diálogo. Eles identificaram que muitos dos responsáveis, chefes de setores, plantonistas e médicos não estavam no local, chegando aos poucos, depois do início da fiscalização.

Neste sábado (18), o Diário Oficial do Estado trouxe designações para gerências e demais cargos de diversas unidades de saúde espalhadas em todas as regiões. Entretanto, chamou atenção o número de nomes para o Hospital Dom Moura, sendo nove no total.

Confira a lista:

  • Rogério Bellini Figueirêdo Filho – gerente de cirurgia do Hospital Regional Dom Moura;
  • Josenilton Rodrigues da Silva – gerente de contratos do Hospital Regional Dom Moura;
  • Érico Novaes Primo – gerente de clínicas do Hospital Regional Dom Moura;
  • Duane Guimarães Militão Rios – gerente de emergência do Hospital Regional Dom Moura;
  • Jonny Vitor Diniz – gerente do núcleo interno de regulação do Hospital Regional Dom Moura;
  • Roni Aparecido Ribeiro Vanderlei – gerente jurídico do Hospital Regional Dom Moura;
  • Cláudia Mota dos Santos – chefe da unidade de nutrição do Hospital Regional Dom Moura;
  • Laudiceia Patricia dos Santos – chefe da unidade psicossocial do Hospital Regional Dom Moura;
  • Luciana Cleide dos Santos Moraes da Cunha – superintendente técnico do Hospital Regional Dom Moura (esta última com efeito retroativo a 10 de fevereiro de 2024).
Paulista - Prêmio Sebrae

O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres) divulgou um comunicado em que cita um risco “muito alto” da permanência de inundações em regiões do Rio Grande do Sul neste sábado (18). O estado é atingido por enchentes desde o final de abril.

O alerta, emitido na quinta-feira (17), cita as mesorregiões Centro-Oriental, Sudeste Rio-Grandense e a Região Metropolitana de Porto Alegre. Municípios como Lajeado, Cruzeiro do Sul e Pelotas, que já sofrem com as fortes chuvas, são alguns que fazem parte dessas regiões. As informações são do UOL.

Acumulados das chuvas das últimas semanas é um dos motivos para a manutenção das inundações, explica Cemaden. O órgão também cita o deslocamento das ondas de cheia e as condições de saturação do solo.

Cemaden ressalta a situação da Bacia do Lago Guaíba. Ela recebe toda água que se desloca pelas bacias dos Rios Jacuí, Taquari-Antas, Caí, Sinos e Gravataí, todas ainda com níveis dos rios elevados.

Essa condição, explica o órgão, agrava a situação de Porto Alegre. O nível do Lago Guaíba na capital estava em 4,62mm às 17h15 de ontem. O alerta também cita preocupação para os municípios banhados pela Lagoa dos Patos, que permanecem com registro de inundação por causa da água que vem do Guaíba.

O órgão também cita o risco “alto” para as mesorregiões Norte e Sul Catarinense, Vale do Itajaí e Grande Florianópolis. Podem ocorrer pancadas de chuva forte, levando a alagamentos e inundações.

A inundação no RS atingiu 344 mil imóveis, segundo análise do UOL com base em um mapa que estima a área atingida, elaborado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

São 293 mil residências, 41 mil construções comerciais, 2.600 imóveis rurais e 1.300 igrejas. Além disso, 759 estabelecimentos de saúde, como hospitais e consultórios; 662 estabelecimentos de ensino, como escolas, creches e faculdades; e mais 5,2 mil imóveis de outros tipos.

Um sobrevoo digital preparado pelo UOL mostra o tamanho da área atingida e o que ficou debaixo da água e da lama. São 300 quilômetros de extensão e quase 3.500 quilômetros quadrados – mais que as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, juntas.

Enchentes no RS já deixaram 154 mortos, segundo boletim da Defesa Civil divulgado às 18h desta sexta. São 2.304.422 de pessoas afetadas, sendo 540.188 desalojados e 78.165 pessoas em abrigo.

Petrolina - Viva a nossa arte

Da Agência Brasil

O vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, apresentou nesta sexta-feira (17) uma proposta de criação de “cidades temporárias” nos municípios da região metropolitana de Porto Alegre.

As “cidades temporárias” serão instaladas na capital gaúcha, em Canoas, São Leopoldo e Guaíba, municípios que concentram cerca de 70% dos desabrigados do estado. O último balanço divulgado pela Defesa Civil estadual indica que aproximadamente 80 mil pessoas estão em abrigos.

Durante entrevista à imprensa, o governador Eduardo Leite anunciou o vice-governador como coordenador das ações emergenciais. 

“São locais para que, durante algum tempo, as pessoas possam estar albergadas com mais conforto e dignidade. A estrutura contará com administração, almoxarifado, postos de saúde, brinquedoteca, espaço para animais de estimação, chuveiros, banheiros, triagem de quem entra e sai, além de assistência social,” explicou o vice-governador.

As áreas de instalação das cidades temporárias em cada município estão sendo avaliadas em conjunto com as prefeituras. Pela proposta inicial, serão montadas no Complexo Cultural do Porto Seco, em Porto Alegre; no Centro Olímpico em Canoas; e no Centro de Eventos em São Leopoldo. Ainda não foi definido o espaço a ser utilizado em Guaíba, de acordo com o governo do estado.

As estruturas terão capacidade para acomodar de 900 a 1 mil pessoas. A montagem terá duração de 15 a 20 dias, com previsão de início cinco dias após a assinatura do contrato com o fornecedor.

O governo do estado também planeja oferecer aluguel social e criar abrigos temporários com o apoio de instituições internacionais com experiência em desastres, além de áreas com casas definitivas.

Ipojuca - Minha rua top

Branca Góes, cerimonialista, conterrânea de Afogados da Ingazeira, junto com minha Nayla Valença, do chão de vidas secas de Sertânia, deram o toque especial da festa dos 18 anos do blog, na próxima quinta-feira, às 20 horas, no Mirante do Paço.

Aceitei sem pestanejar: a regionalização. Traduzindo: Oferecer aos que vão compartilhar este momento de alegria e emoção comigo o que há de melhor na culinária de todas as regiões do Estado.

E na música, também. Afinal, a consagrada Super Oara, orquestra contratada para animar o ambiente, é de Arcoverde, foi criada pelo meu amigo Beto da Oara e hoje tem o comando do seu filho Elaque, artista múltiplo. Tanto toca teclado divinamente quanto canta como um sabiá. 

Do interior, vêm também Alcymar Monteiro, da sua cearense Juazeiro, igualmente Josildo Sá, de Tacaratu; Cristina Amaral, de Sertânia; Daniel Bueno, de Afogados da Ingazeira; ainda Novinho da Paraíba, de Monteiro; e Geraldo Maia, de Taquaritinga do Norte. 

Para deixar os convidados mais animados não poderia faltar o mais autêntico ritmo pernambucano: o frevo, na voz do trio super top: André Rio, Almir Rouche e J. Michillis. Tem mais gente ainda para soltar a voz: o forrozeiro João Lacerda, filho do saudoso Genival Lacerda, Walquiria Mendes, que cantou na homenagem aos 17 anos do blog na Alepe, no ano passado, e, por fim, minha amiga Fabiana, a Pimentinha do Nordeste. 

Ainda na temática do regionalismo, os doces de sobremesa virão da Tambaú, em Custódia, e os licores caseiros dos mais variados sabores, incluindo até rapadura, de Afogados da Ingazeira, da minha amiga Fátima Araújo. Mangas e uvas virão de Petrolina, a Califórnia brasileira. 

Ainda no cardápio o delicioso prato de Carneiro, importado da fazenda do Coronel Meira, no Sertão do Moxotó. Já o bolo foi encomendado por Branca e minha Nayla à doceira Ana Sophia Siqueira, do Recife, enquanto o bufê e a ornamentação foram confiados ao Fiordes e Erica Neves, respectivamente. 

Uma festa preparada nos mínimos detalhes também não poderia esquecer o translado. A Teletaxi Recife, parceira do evento, será responsável pelo transporte de convidados especiais, garantindo serviço confiável e de qualidade. 

Ao longo da festa, o blog irá sortear finais de semana em três hotéis, sendo dois em Porto de Galinhas: Marulhos e Nui by MAI. O outro é a Pousada da Paixão, em Nova Jerusalém. No Marulhos está incluso o café da manhã, enquanto o Nui by MAI só a hospedagem. Já o de Nova Jerusalém está completo, com a hospedagem e as três refeições, de sexta a domingo.

Em tempo: a festa é de adesão e os ingressos estão acabando. Maiores informações: 81.982224888

Detalhe: não haverá venda na bilheteria no dia. A compra do ingresso está disponível antecipadamente pelo pix abaixo:

87999579702

Caruaru - Geracao de emprego

Por Marcelo Tognozzi*

Julian Baggini é hoje um dos principais filósofos ingleses deste século 21. Filho de pai italiano e mãe inglesa, ele nasceu na cidade portuária de Folkestone e tem o dom de transformar filosofia em algo cotidiano.

Baggini é hábil com assuntos polêmicos. Autor do livro “Uma breve história da verdade”, ele mostra como o ser humano lida com a verdade, seja do ponto de vista político, religioso, filosófico, moral ou ético ao longo dos milênios até nossos dias.

Há uma conclusão incômoda, a de que os políticos são os que mais maltratam a verdade. Baggini mostra que o uso da palavra “verdade” diminuiu durante os últimos 150 anos, mas a partir deste século 21 experimentou um ressurgimento. Porém, esse ressurgimento nem sempre vem de uma cobrança pela prevalência da verdade.

Na política, argumenta o filósofo francês Bernard-Henry Lévy, as pessoas se preocupam cada vez menos se os candidatos dizem a verdade. A perda do interesse na verdade política, raciocina ele, vem do fato de o eleitorado estar cada vez mais convencido de que os compromissos adotados pelos partidos e seus caciques são baseados em dados manipulados e cifras inventadas. Não valem nada.

Diante da tragédia do Rio Grande do Sul e do momento histórico do Brasil, o livro de Julian Baggini é um porto seguro para o entendimento sobre como se manipula verdades a ponto de transformá-las em pós-verdades. Um bom exemplo foi registrado por este Poder360, ao esclarecer que a maior parte do US$ 1,1 bilhão de ajuda aos gaúchos anunciada pela ex-presidente Dilma, hoje comandante do banco dos Brics, fora contratada durante o governo Bolsonaro de 2020 a 2022. Dilma correu para postar no X (ex-Twitter) uma pós-verdade ao anunciar a liberação de 6 operações de crédito.

Tem havido muita confusão e muita esperteza e cara de pau nesta desgraça que se abateu sobre os gaúchos. Como se não bastasse a chuva, a lama, as mortes, as perdas materiais e a penúria ampla, geral e irrestrita, eles estão sendo obrigados a conviver com o oportunismo e a politicagem. E nunca é demais lembrar que teremos eleições municipais em outubro.

Michel Foucault escreveu que aquilo que chamamos de verdade é meramente a expressão do poder. Por esse raciocínio, a verdade integra uma relação circular com os sistemas de poder que a produzem e sustentam. O fato é que há um jogo de poder por trás do que se acaba aceitando como verdade. Seja no anúncio de um empréstimo para as vítimas das enchentes no Sul, seja para acusar, sancionar e condenar opositores, como registrou a deputada republicana Maria Elvira Salazar (Flórida) durante a audiência pública na Câmara dos Deputados dos EUA que discutiu violações do Estado de Direito no Brasil.

Aqui, faço um parêntese, porque esse debate ainda não acabou no Congresso dos EUA, porque Elon Musk irá depor na Comissão de Relações Exteriores sobre o assunto no mês que vem. A última vez que foi realizado debate semelhante foi em 1978, quando o então presidente Jimmy Carter esteve no Brasil e sua mulher Rosalyn falou ao presidente Ernesto Geisel sobre as violações dos direitos humanos e do Estado de Direito, mencionando o caso de 2 religiosos norte-americanos presos pelo regime.

O poder de Carter era maior que o de Geisel. Enquanto no Brasil valia a pós-verdade do governo militar, no exterior a verdade verdadeira acabou prevalecendo. Assim como há 46 anos, o mundo está agora discutindo o que ocorre no Brasil e palavras como censura e violação voltaram à pauta da política internacional. Vamos ver qual verdade prevalecerá.

Um eleitorado que se sente incapaz de separar a verdade da mentira, acaba escolhendo seus políticos com base em fatores emocionais. Quando se perde a confiança no cérebro, acabamos guiados pelas tripas e pelo coração, diz Baggini. Foi assim, por exemplo, que os ingleses acabaram votando pelo Brexit, porque suas tripas e seus corações diziam que governo bom era o de Londres, jamais o de Bruxelas. Dinheiro bom era a libra, nunca o euro.

A breve história da verdade de por Julian Baggini é a constatação nua e crua de algo cada vez mais raro. Para muitos já não faz sentido a frase do apóstolo João, “conhecereis a verdade e a verdade te libertará”, porque todos os dias, em algum lugar do planeta, alguém perde a liberdade por dizer a verdade para que sirva de aviso aos que imaginam ter força para quebrar o monopólio do poder sobre a verdade.

*Jornalista

Camaragibe Agora é Led

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco

Após intensa articulação entre o governo federal e o Congresso Nacional, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, informou a Confederação Nacional de Municípios (CNM) que a liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) foi suspensa, sendo mantida a alíquota do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) dos Municípios em 8% este ano. Na manhã de ontem, o Senado enviou comunicado ao STF dizendo concordar em suspender o processo sobre a desoneração da folha por 60 dias.

Desde o início desta semana, o presidente Paulo Ziulkoski e outras lideranças municipalistas estiveram envolvidos na definição do acordo do governo federal com o Congresso Nacional. O presidente da CNM afirmou nos debates que manter a alíquota em 8% em 2024, subindo dois pontos percentuais ao ano e torná-la permanente em 14% a partir de 2027, aumenta a quantidade de Municípios pagantes.

Documento com os números foi entregue ao presidente do Senado antes da reunião sobre o tema com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Dados obtidos pela CNM junto à Receita Federal do Brasil (RFB) mostram arrecadação de abril de 2023 – com a alíquota de 20% – em R$ 1,8 bilhão, e agora, em abril de 2024, com a alíquota de 8%, o valor arrecadado somou R$ 1,2 bilhão.

A redução da contribuição patronal entre fevereiro e abril de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023 foi de 32,1%, passando de uma arrecadação média de R$ 1,7 bilhão para R$ 1,1 bilhão. Com o aumento da base de arrecadação em 3,6% (aumento do piso do magistério), a perda total neste ano será de 33,25% (-R$ 7,5 bilhões). Isso comprova que o impacto negativo será menor que o inicialmente projetado pelo governo. 

Os dados solicitados pela CNM foram fundamentais para consolidar o acordo e possibilitar a suspensão da alíquota reduzida por parte do STF, por 60 dias, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). Pacheco considerou as previsões e manifestou a intenção de manter a desoneração este ano e discutir a reoneração gradual a partir de 2025.

Belo Jardim - Vivenciando Histórias

Quatro secretários de João se afastam 

Cotadíssima para vice na chapa do prefeito João Campos PSB), que disputa à reeleição no Recife, a secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, filiada ao MDB, está deixando o cargo no próximo dia 6, prazo final de desincompatibilização para quem ocupa cargos na gestão pública, conforme as regras eleitorais adotadas para o pleito municipal deste ano.

Mas para despistar os que estão ansiosos, de olho na vaga, especialmente petistas, os três outros auxiliares que o prefeito filiou no apagar das luzes do prazo, em abril, também irão se afastar. São eles: Felipe Matos (Planejamento), que ingressou no Republicanos, e Maíra Fischer (Finanças), filiada ao União Brasil, além do chefe de gabinete Victor Marques, que entrou no PCdoB.

Marília é a mais cotada, seguida de Victor, espécie de braço direito de João, que está filiado a um partido que integra a federação liderada pelo PT, que quer, a todo custo, estar presente na chapa, diante da possibilidade de o prefeito, se reeleito, se afastar um ano e meio depois para disputar o Governo do Estado nas eleições majoritárias de 2026.

Mas o PT pode tirar o cavalinho da chuva: as chances de o prefeito escolher um nome indicado pelo partido são próximas a zero. Diante do cenário da eleição deste ano estar casada com a de 2026, esta para governador, João já decidiu escolher um vice da sua absoluta confiança, o que vai buscar dentro da sua própria equipe entre os quatro que irão se afastar em 6 de junho.

Interlocutores do prefeito na área política acham que Marília Dantas se encaixa como uma luva ao projeto da vice: além de ser uma espécie de cria de João, toca as principais obras da gestão. Revelou-se uma excelente executiva. Conhece a fundo a gestão como ninguém, tem o seu DNA em todos os projetos e obras e é da extrema confiança do chefe.

Agendão de obras – Marília Dantas está com um calendário de obras para o prefeito entregar até o dia 6, último dia do prazo permitido por lei, em ano eleitoral, para eventos dessa natureza. A sua pasta toca um leque de obras, entre elas parques que vão ser vitrines do Governo João, como os novos parques da Tamarineira, na Zona Norte, e do Aeroclube, na Zona Sul. Pelo cronograma, muitas dessas obras serão entregues apenas a primeira etapa.

Quem tem prazo, não tem pressa – Apesar do afastamento dos quatro auxiliares em 6 de junho, João Campos só irá anunciar o seu vice no último segundo da prorrogação, porque ele segue a máxima do ex-senador Marco Maciel, que dizia que quem tem prazo não tem pressa. E se o PT pensa que pode se dar ao luxo de colocar a faca no pescoço do prefeito para anunciar antes, sob a ilusão de que abocanha a vice, está muito enganado. Pelo novo calendário eleitoral, as convenções serão em julho e antes disso o prefeito vai mantendo o mistério.

Túlio apela – Do deputado Túlio Gadelha, da federação Rede-Psol, ao comentar as declarações da deputada Dani Portela, sua concorrente na rede, de que sua pré-candidatura foi rejeitada pela federação: “Dentro do estatuto da federação, eles dão um prazo de 48 horas para cada partido recorrer sobre a divergência da deliberação. Nós recorremos 24 horas antes, mandamos um e-mail para a direção nacional. O presidente da federação nacional, Guilherme Boulos, acolheu o nosso requerimento, porque a gente precisa discutir uma candidatura competitiva, olhar a tática da federação e não é possível que o Psol lance candidatura em todas as capitais. Não me cabe decidir, cabe à federação e eu apoiarei a decisão nacional.

Missão de Raquel – Quando disse na sua fala que havia recorrido ao presidente nacional da federação Psol-Rede, Guilherme Boulos, para interferir no Recife, Túlio Gadelha só esqueceu de revelar também que quem está cumprindo essa missão é a governadora Raquel Lyra, que, coincidentemente, foi flagrada numa conversa reservada, na semana passada, com o próprio Boulos. Não é por acaso que Dani Portela e seus aliados acusam o deputado de representar uma pré-candidatura palaciana.

Baixa adesão – Pelo menos até ontem, estava extremamente baixa a adesão dos prefeitos pernambucanos para a marcha de Brasília, marcada para a próxima semana. Dos 184 municípios, apenas pouco mais de 70 haviam confirmado. Mas o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Marcelo Gouveia, prefeito de Paudalho, este número tende a subir, chegando próximo a 90, até a próxima segunda-feira.

CURTAS

DESONERAÇÃO 1 – O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, ontem, a liminar que interrompeu a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia e municípios. Com isso, ainda que provisoriamente, foi retomada a validade de lei aprovada pelo Congresso Nacional que estendeu o benefício.

DESONERAÇÃO 2 – A decisão de Zanin acata proposta da Advocacia-Geral da União (AGU) por uma solução consensual, mediante a suspensão da ação pelo prazo de 60 dias. Mais cedo, nesta sexta-feira (17/5), a Advocacia do Senado Federal protocolou petição em que concorda com a medida.

SALÁRIO DE R$ 133 mil – Indicada pelo governo Lula para a presidência da Petrobras, a engenheira Magda Chambriard terá um aumento substancial de salário quando assumir o comando da petrolífera. Atualmente, Magda trabalha como diretora da assessoria fiscal da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), com salário bruto mensal de R$ 13,1 mil. Já como presidente da Petrobras, a engenheira terá remuneração mensal bruta de R$ 133,1 mil, um aumento de 1.024% em relação ao salário que recebia na assembleia.

Perguntar não ofende: Espelho meu, tem alguém no Governo Lula com um salário de marajá maior do que a nova presidente da Petrobras?

Serra Talhada - Saúde

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin suspendeu, hoje, por 60 dias, a decisão assinada por ele mesmo em abril que derrubava a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores intensivos em mão de obra e de municípios.

A decisão de Zanin atende a pedidos do Congresso Nacional e da Advocacia-Geral da União. Executivo e Legislativo sinalizaram um acordo para retomar, de forma gradual e a partir de 2025, as alíquotas sobre a contribuição previdenciária das empresas.

Um segundo acordo foi anunciado, também, para resolver a tributação sobre a folha de pagamento das prefeituras.

No novo despacho, Zanin diz que suspende a própria liminar “com o objetivo de assegurar a possibilidade de obtenção de solução por meio de diálogo interinstitucional”.

“Transcorrido o prazo de 60 (sessenta) dias sem solução, a liminar deferida retomará sua eficácia plena, sem prejuízo da instrução e do julgamento da presente ação independentemente de nova intimação”, diz o ministro.

Vitória Reconstrução da Praça

A Câmara Municipal de Correntes, no Agreste, rejeitou as contas de 2014 do ex-prefeito Edmilson da Bahia de Lima Gomes, durante sessão ordinária realizada ontem. A decisão acatou recomendação do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE), que tinha emitido parecer pela reprovação.

As contas receberam seis votos favoráveis à rejeição e quatro pela aprovação. O presidente da Casa se absteve de votar. Segundo o parecer, o ex-gestor infringiu vários itens, dentre eles, a aplicação, em 2014, de 58,52% dos recursos anuais totais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) na remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública, descumprindo a exigência de 60% contida no art. 22 da Lei Federal n.º 11.494/07. Com o julgamento desta quinta-feira, a Câmara Municipal de Correntes soma duas reprovações de contas do ex-prefeito Edmilson da Bahia.

Foi assinada, hoje, a ordem de serviço para a retomada das obras de requalificação da PE-560, em Bodocó. O senador Fernando Dueire e o deputado estadual Jarbas Filho acompanharam o evento. A via é um importante acesso da cidade, já que liga o centro à Vila de Sipaúba, onde mora mais da metade da população.

“A rodovia tem hoje 560 metros de pavimentação de um total de 13km. Sua requalificação é aguardada com muita expectativa por todos na cidade”, afirmou Dueire.  Após a assinatura de serviço em 2022, a obra estava paralisada, mas será retomada após uma importante articulação do deputado Jarbas Filho, que, ao ser procurado pelo prefeito Otávio Pedrosa, conseguiu metade dos recursos necessários para através de emendas parlamentar com o senador Fernando Dueire e o deputado federal Renildo Calheiros.

Se o leitor não conseguiu acompanhar a entrevista com o cantor e compositor Odair José ao quadro “Sextou”, do programa Frente a Frente, ancorado por este blogueiro e exibido pela Rede Nordeste de Rádio, não se preocupe. Clique aqui e confira. Está incrível!

O Banco do Nordeste (BNB) e os demais membros da Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (Alide) reafirmaram o compromisso de fortalecer o apoio à inclusão produtiva de pequenos empreendedores bem como a projetos de prevenção de riscos ambientais e de adaptação climática, especialmente nos setores agrícola e de infraestrutura.

A Declaração de Fortaleza foi anunciada nesta sexta-feira, 17, no encerramento da 54ª Reunião Anual da Alide, realizada na sede do BNB. A carta de compromissos foi aberta com uma manifestação de solidariedade à população do Rio Grande do Sul devido ao desastre ambiental que assola o estado.

As estratégias estabelecidas na declaração buscam cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. As instituições vinculadas à Alide se comprometeram a integrar critérios ambientais e sociais em suas operações financeiras, promovendo projetos sustentáveis e de alto impacto econômico.

O documento destaca o compromisso de reforçar o apoio aos setores produtivos para melhorar as condições macroeconômicas locais, como níveis de dívida e taxas de juros. Além disso, as instituições se comprometeram a facilitar a inclusão social e financeira de comunidades indígenas, jovens empreendedores, idosos e projetos liderados por mulheres.

“O Banco do Nordeste e as demais instituições vinculadas à Alide reforçaram seus objetivos de desenvolvimento social e econômico para cada país e região. Temos grandes desafios, mas estamos investindo para levar crédito de qualidade a todos os setores, gerando empregos e renda para a população”, afirmou o presidente do BNB, Paulo Câmara.

Outros compromissos incluem a ampliação de recursos para educação básica, técnica e empreendedora, especialmente para micro e pequenas empresas. Os bancos membros da Alide também prometeram expandir a digitalização dos serviços financeiros para aumentar a produtividade e eficiência das economias locais. A declaração enfatiza a importância do investimento em infraestrutura sustentável como motor do crescimento econômico, destacando as parcerias público-privadas (PPPs) como fundamentais para alcançar resultados a médio e longo prazo.