O principal palco do Carnaval do Recife, no Marco Zero, ficará sem a presença de uma das maiores representantes do frevo Pernambuco – Nena Queiroga. Carioca de nascença, radicada há mais de 30 anos em Pernambuco, a cantora, que em 2018 foi junto com o compositor Jota Michiles homenageada do Carnaval do Recife, não teve seu nome incluído na programação do polo, responsável por reunir milhares de foliões ao longo dos cinco dias da temporada do Carnaval 2023.
No lugar que seria de direito de Nena, que recentemente, inclusive, representou a cultura musical pernambucana ao lado de João Gomes, no aniversário da cidade de São Paulo, nomes do circuito nacional que nada representam a identidade musical de Pernambuco, como Pablo Vittar, Maria Rita e Nando Reis.
Por Jorge Henrique Cartaxo e Lenora Barbo* Especial para o Correio Braziliense
Em 1935, às vésperas do Estado Novo, a Universidade do Distrito Federal — precursora da Universidade do Rio de Janeiro (UERJ) — criou o curso de urbanismo como pós-graduação, com duração de três anos. Carmen Velasco Portinho, então com 33 anos, a terceira engenheira graduada no Brasil, inscreveu-se no curso, dando o primeiro passo para se tornar a primeira urbanista brasileira.
Carmen sempre guardou entusiásticas lembranças desse período, no velho prédio da Rua do Catete, onde funcionava a UDF e, posteriormente, a Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara. Foram professores daquele curso inaugural, entre outros: Mário de Andrade, que passava uma temporada no Rio e ministrava história da arte; Cândido Portinari, de pintura; e Celso Antônio, de escultura.
A boemia, a conversa irresistível, o humor, a graça e a erudição de Mário de Andrade — não apenas nas aulas, mas, sobretudo, nos chopes gelados no Bar da Brahma, na Galeria Cruzeiro, na Avenida Rio Branco — ficaram impressas nas boas memórias da jovem Carmen Portinho. A engenheira, modernista e militante feminista já se fazia notar na cena cultural do Rio de Janeiro.
Não por acaso, ao definir seu projeto de tese, que lhe conferiria o título de urbanista, escolheu fazer o “Anteprojeto para a Futura Capital do Brasil no Planalto Central”. Uma ousadia, portanto, 17 anos antes do projeto da cidade de Vera Cruz (a nova capital no Planalto Central), proposto em 1955 por Raul Penna Firme, José Oliveira Reis e Roberto Lacombe, integrantes da Comissão do Marechal Pessoa; e 19 anos antes do projeto de Lucio Costa, vencedor do concurso de 1957, que definiu Brasília. Carmen Portinho fez o primeiro projeto modernista para a capital do Brasil!
Os documentos mais recentes sobre o Planalto Central, naquele momento, ainda eram os relatórios da Comissão Cruls, de 1892 a 1896. Um estudo in loco não parecia viável para uma pesquisadora de pós-graduação. Restou a Carmen Portinho debruçar-se sobre mapas e dados topográficos, hidrográficos, de fauna e flora apresentados pela equipe de Luiz Cruls, na qual se destacavam, entre outros, Auguste Glaziou, Hastimphilo de Moura, A. Cavalcanti, Alípio Gama, Francisco de Paula Oliveira, Eugênio Hussak e Henrique Morize — este, ex-professor de Carmen no curso de Engenharia.
Com uma cópia desse relatório, cedida por Morize, Portinho permaneceu dois anos decifrando e analisando o meio ambiente, as condições climáticas, os acessos necessários e os meios de transporte para a definição do sítio onde seria sugerida a edificação da nova cidade no Planalto Central. Inspirada nos princípios urbanísticos de Le Corbusier — que já conhecia de forma mais densa desde 1929 —, Carmen elaborou seu projeto dividindo a cidade em áreas, sistema viário, sistema de esgoto, passagens para pedestres e edifícios com gabaritos definidos por andares; cruzamentos de ruas sem intersecção de trânsito; pilotis, brise-soleil e pan de verre.
A região seria a mesma já sugerida, em momentos distintos, por Hipólito da Costa, José Bonifácio, Adolfo Varnhagen, Auguste Glaziou, Polli Coelho e o Marechal Pessoa: o plano piloto estaria em uma área entre os rios Torto, Gama, Bananal e Riacho Fundo. Curiosamente, ela não previu a construção de um lago nem a ele se referiu.
“Na ocasião, estava integrada à arquitetura moderna, não só pela minha ligação com Affonso Eduardo Reidy (companheiro de Carmen), como igualmente por um interesse que vinha desde os tempos da Revista da Diretoria de Engenharia da Prefeitura do Distrito Federal — projeto editorial criado e por mim dirigido desde julho de 1932 —, na qual publicava artigos de Lucio Costa, Reidy, Jorge Moreira, Oscar Niemeyer, enfim, de todos os arquitetos imbuídos de concepções modernas”, explicaria décadas depois a urbanista em seu histórico depoimento a Geraldo Edson de Andrade.
Carmen Portinho nasceu em Corumbá, no dia 26 de janeiro de 1903, no Estado de Mato Grosso — ainda não existia o Estado de Mato Grosso do Sul. Seu pai, Francisco Sertório Portinho, nascido em 1871, era gaúcho. Sua mãe, Maria Velasco Blanco, era boliviana, de Cochabamba. Eles teriam se conhecido em Puerto Suárez, cidade boliviana não muito distante de Corumbá. Os Portinho eram maragatos e viviam em lutas nos pampas. Em determinado momento, exilaram-se em Corumbá. Já os Velasco chegaram à América do Sul com o capitão conquistador Pedro de Alonso Velasco.
Sertório Portinho transferiu-se para o Rio, com a família, em 1908, onde já se encontravam seus irmãos. Carmen, tão logo aprendeu a ler e contar, foi matriculada como semi-interna no colégio das freiras francesas Sacré Coeur de Jésus, localizado na Glória. Já na pré-adolescência, comunicou aos pais que queria ser engenheira e iniciar sua preparação para a rigorosa seleção do Colégio Pedro II. Aprovada em todos os exames com notas altas, Carmen Portinho, além de poder fazer o vestibular para Engenharia, foi autorizada também a cursar dois anos na Escola de Belas-Artes.
Com 16 anos, a futura urbanista iniciou o curso de Engenharia na Politécnica e, simultaneamente, o curso na Escola de Belas-Artes, onde conheceu o amigo de sempre, Lucio Costa. Em 1924, já havia recebido o diploma de engenheira e geógrafa, mas só colaria grau e receberia o título de engenheira civil em 1926 — formalidades e burocracias da época! Era a única mulher numa turma de 45 novos engenheiros.
Como não poderia deixar de ser, foi escolhida por unanimidade para ler, em nome da turma, o juramento da profissão. As celebrações foram alegres, mas as urgências financeiras batiam à porta. Com o pai recém-falecido, Carmen, a filha mais velha, precisava trabalhar para sustentar e educar a família. No último ano da Politécnica, começou a dar aulas no Colégio Pedro II — tornando-se a primeira mulher a ensinar na tradicional escola carioca.
Poucos meses após a colação de grau, foi nomeada pelo prefeito do Rio, Alaor Prata, como técnica na Diretoria de Obras e Viação da Prefeitura do Distrito Federal. Ela nunca entendeu a distinção — soube da nomeação pela mãe, que lera a notícia no Jornal do Brasil, à época fazendo as vezes de Diário Oficial. “Onde não se vê a mulher concorrendo com sua inteligência e caminhando pari passu ao lado do homem? Ainda agora, o prefeito, por ato de anteontem, nomeou a senhorita Carmen Velasco Portinho engenheira dos próprios municipais — mais um prêmio à vontade forte de nossas gentis patrícias”, escreveu O Globo, em 1926.
Já filiada à Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e sócia do Centro Excursionista Brasileiro — onde praticava alpinismo —, Carmen passou a usar, em suas vistorias de campo, calças caqui do uniforme de execução, numa época em que as mulheres só usavam saias. “Calças compridas ficavam bem nas artistas de cinema — tipo Marlene Dietrich, Jean Harlow, Joan Crawford ou Katharine Hepburn — que lançaram a moda”, relembrou Carmen Portinho em seu depoimento.
Na longa e rica vida profissional, política (nunca partidária ou ideológica) e pessoal de Carmen Portinho, bem como em sua relação amorosa e afetiva com o arquiteto Affonso Eduardo Reidy, duas obras se destacam: o Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Morais, mais conhecido como Pedregulho, e a construção e gestão do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM).
De volta da Inglaterra, onde passou um período trabalhando e estudando a reconstrução das cidades destruídas pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial, Carmen propôs ao secretário de Obras e Viação da Prefeitura — órgão onde trabalhou até a aposentadoria — a criação do Departamento de Habitação Popular, um desafio crítico e permanente no Brasil e na Europa do pós-guerra. A ideia era edificar um conjunto habitacional destinado à população de baixa renda.
O projeto arquitetônico, inspirado no modernismo, traria um novo conceito de morar. Assim nasceu o Pedregulho, construído numa área de 52.142 metros quadrados. Escolas — da infância ao segundo grau —, piscinas, área de lazer, lavanderia mecânica, ginásio, centro de saúde, pequeno mercado e clube. E, claro, obras de arte: Portinari, Anísio Medeiros e Burle Marx.
Anteprojeto Plano Piloto / Carmen Portinho 1939 (foto: Reprodução)
Em 21 de março de 1951, foi eleita a nova diretoria do MAM, que passava a ser uma sociedade civil sem fins lucrativos: Raimundo Ottoni de Castro Maia (presidente), Francisco Clementino de San Thiago Dantas (vice-presidente), Niomar Moniz Sodré (diretora executiva), Carmen Portinho (diretora-executiva adjunta), Maria Barreto (diretora-secretária) e Walter Moreira Salles (diretor-tesoureiro). A sede provisória, com projeto de Oscar Niemeyer, foi construída sob os pilotis do MEC. Simões Lopes, então ministro da Educação, acolheu bem a ideia.
Em 1958, numa grande solenidade, foi inaugurado o Bloco-Escola do Museu, obra do arquiteto Affonso Eduardo Reidy, ocupando 12 mil metros quadrados, com a presença do presidente Juscelino Kubitschek. Em 1967, depois de longos desafios, foi inaugurada a terceira fase da obra: o Bloco de Exposição. O grande Museu sofreria desencontros ao longo do tempo, mas permanece, até hoje, em sua exuberância modernista no Parque do Flamengo.
*Jorge Henrique Cartaxo, jornalista e diretor de Relações Institucionais do IHGDF | Lenora Barbo, arquiteta e diretora do Centro de Documentação do IHGDF
O cantor e compositor Novinho da Paraíba lançou ontem (11) o clipe de “O Velho Pega”, em parceria com o também paraibano Amazan. A música traz a marca do forró bem-humorado e irreverente que consagrou os dois artistas, unindo tradição e leveza nordestina. Autor de sucessos como “Solidão no Peito” e “Gosto de Você”, Novinho soma mais de duas décadas de carreira, já tendo cantado ao lado de artistas como Dominguinhos e Luiz Gonzaga. Amazan, por sua vez, é conhecido por hits como “Benedita Aparecida” e “A Cabritinha”, e reforça a irreverência da nova faixa.
Devido ao atraso no cronograma de entrega das creches que a governadora Raquel Lyra (PSD) prometeu na campanha, a temática passou a ser usada como moeda de provocação à gestora. O prefeito de São Caetano, Josafá Almeida (PRD), que reclama ser tratado a pão e água pelo Estado, postou em suas redes este vídeo com a seguinte legenda: “Em São Caetano, as entregas acontecem. Chegamos à terceira creche entregue em nossa gestão”.
O prefeito de Goiana, Marcílio Régio, esteve, na manhã deste domingo (12), na feira de Flexeiras. Em apenas três meses de gestão, Marcílio acelerou as obras do novo pátio da feira e a obra está praticamente finalizada. Para os feirantes é sempre uma alegria a convivência com Marcílio, que frequenta a feira há décadas. O gestor, que estava acompanhado do Secretário de Articulação Política e Governo, Renato Sandré, ficou muito satisfeito com a receptividade e aprovação dos demais frequentadores da feira e dos feirantes.
Em telefonema a Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que a sobretaxa de 40% imposta a produtos brasileiros seja retirada já na fase da negociação, informou o presidente em exercício Geraldo Alckmin neste domingo (12), em Aparecida (SP).
“O pedido do presidente Lula para o presidente Trump foi que, enquanto negocia, suspende os 40%. Esse foi o pleito. Enquanto negocia, suspende os 40%”, disse Alckmin a jornalistas. As informações são da CNN Brasil.
A reunião entre Lula e Donald Trump foi realizada em 6 de outubro. Na ocasião, o presidente norte-americano designou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Marco Rubio
Na avaliação do presidente em Exercício, Marco Rubio não deve representar um empecilho para o andamento da negociação.
“Não acredito. A orientação do presidente Trump foi muito clara. Nós queremos fazer um diálogo e entendimento. E o Brasil sempre defendeu isso”, disse Alckmin.
Na próxima sexta-feira (17), Mauro Vieira deve se reunir com Marco Rubio em Washington para tratar do tarifaço e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras, como a aplicação da Lei Magnitsky e a revogação de vistos.
Além da negociação que vem sendo conduzida pelas equipes do lado brasileiro e do lado americano, Lula e Trump acordaram de se encontrar pessoalmente em breve. O presidente brasileiro aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia, e se dispôs a viajar aos Estados Unidos.
De acordo com Alckmin, 42% das exportações brasileiras para os Estados Unidos estão fora do tarifaço. O governo estima que cerca de 34% dos produtos produzidos no Brasil estão sendo impactados diretamente pela tarifa de 50%.
Organizações internacionais alertam para a escala gigantesca de necessidade de ajuda a Gaza em todos os setores. Conforme as famílias palestinas retornam para o território, a destruição de mais de dois anos de ataques israelenses fica ainda mais evidente. O acordo para o fim da guerra não traz soluções imediatas para a crise humanitária e ainda há profundas incertezas políticas sobre o processo.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), têm reiterado apelos por acesso irrestrito ao enclave. A diretora de comunicações da entidade, Juliette Touma, enfatizou a necessidade de abrir todas as passagens para Gaza imediatamente, a fim de permitir o fluxo de suprimentos humanitários e evitar a propagação da fome.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 170 mil toneladas de alimentos, medicamentos e outros suprimentos estão prontos para entrega. No entanto, a burocracia e as restrições impostas por Israel continuam a dificultar a entrada e distribuição eficaz da ajuda vital.
Com o acordo para o fim dos ataques, espera-se a entrada de cerca de 600 caminhões de ajuda por dia. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) planeja aumentar as entregas a partir do início da próxima semana. Mas a ação ainda depende da retirada das forças israelenses para a expansão das zonas de segurança humanitária.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou para o risco de um aumento massivo na morte de crianças por causa da desnutrição e do comprometimento do sistema imunológico. Estima-se que 50 mil crianças correm risco de desnutrição aguda e precisam de tratamento imediato. O maior risco é para bebês, principalmente recém nascidos.
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que quase 42 mil pessoas na Faixa de Gaza sofreram lesões que alteram suas vidas devido ao conflito, sendo um quarto delas crianças. Desde outubro de 2023, 167.376 pessoas foram feridas, com mais de 5 mil amputações.
Lesões graves nos braços, pernas, medula espinhal, cérebro e queimaduras são generalizadas, aumentando drasticamente a demanda por serviços cirúrgicos e de reabilitação especializados. O sistema de saúde está à beira do colapso, com apenas 14 dos 36 hospitais parcialmente funcionais e menos de um terço dos serviços de reabilitação operando.
Além disso, a OMS aponta que a força de trabalho do setor foi devastada, com muitos profissionais deslocados e pelo menos 42 mortos desde setembro de 2024. A entidade reforçou apelos para acesso irrestrito a combustível e suprimentos, e fim de restrições à entrada de itens médicos essenciais.
Troca de prisioneiros
Um dos pontos essenciais do acordo para fim dos ataques, a liberação de prisioneiros do Hamas e de Israel, ainda não se concretizou. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que a soltura dos israelenses que ainda estão em Gaza está prevista para segunda-feira (13).
Do outro lado, veículos de imprensa de Israel afirmam que o transporte de presos palestinos para início das trocas já começou. No entanto, a negociação ainda está sob tensão com a recusa de Israel em libertar figuras políticas palestinas de alto perfil. O Hamas afirmou que, ainda assim, continuará a implementar os pontos do acordo.
Outra questão polêmica é a exigência de desarmamento do Hamas. O grupo afirmou que não vai se desarmar completamente e que entregará os equipamentos que detém para autoridades militares da Palestina, quando elas forem determinadas.
Fontes estadunidenses afirmaram à mídia internacional que forças do Egito, Catar e Turquia supervisionarão o desarmamento e que os EUA vão acompanhar o processo à distância, sem envio de tropas para Gaza.
A um mês do início da COP30, autoridades brasileiras buscam argumentos para rebater o pessimismo que ronda a cúpula em Belém. A agenda climática está sob ataque de Donald Trump, que voltou a retirar os EUA do Acordo de Paris. Mas o problema seria menor se estivesse restrito ao boicote americano. Outros grandes poluidores, como União Europeia e Índia, resistem a apresentar metas para reduzir emissões e frear o aquecimento global.
Até aqui, apenas 62 países apresentaram suas metas voluntárias para reduzir as emissões, as chamadas NDCs. “Temos que reconhecer que estamos frustrados com os dois prazos de entrega que não foram cumpridos, inclusive por países-chave”, disse na sexta-feira o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
O debate sobre quem deve pagar a conta da emergência climática também continua emperrado. O presidente Lula tem martelado que os países ricos precisam financiar a transição energética das nações em desenvolvimento. O problema é convencê-los a soltar o dinheiro.
Na COP15, em Copenhague, ficou acordado que a ajuda seria de US$ 100 bilhões por ano até 2025. Os repasses nunca chegaram perto disso. Na última cúpula, em Baku, o objetivo foi elevado para US$ 300 bilhões por ano até 2035. Hoje ninguém sabe de onde tirar a bolada.
“Mesmo que se use a contabilidade mais criativa, a gente sabe que esses números estão muito distantes. Os países ricos não pagaram o que deveriam pagar”, resumiu na sexta o embaixador Mauricio Lyrio, negociador do Brasil na COP30.
Um dos maiores desafios de Belém é resolver essa equação financeira. Para evitar um fiasco, será preciso incluir o setor privado no rateio. Estão na mesa ideias como taxar grandes fortunas, petroleiras e companhias aéreas — a aviação civil é responsável por 2,5% das emissões de gases de efeito estufa.
Para o Brasil, a agenda climática pode significar uma oportunidade única de desenvolvimento, sustenta o embaixador Corrêa do Lago. Ele elogia os esforços do país, mas diz que é preciso acelerar os investimentos em energias renováveis. “O fato de estamos à frente nesse debate não garante que sempre estaremos. Às vezes a gente acha que já está tão bem que não precisa mais progredir”, alerta.
Na COP28, em Dubai, Lula afirmou que era preciso livrar o mundo da dependência dos combustíveis fósseis. Em novembro, o discurso será confrontado com a decisão de buscar novas reservas de petróleo na chamada Margem Equatorial, na foz do Amazonas. “Todos nós vivemos contradições, e essas contradições devem ser manejadas”, disse na sexta a ministra Marina Silva, que ficou vencida nesse debate.
O presidente ainda não havia iniciado o terceiro mandato quando lançou a candidatura do Brasil a sediar a COP30. A escolha de Belém virou problema com a disparada dos preços de hospedagem. Ainda assim, o governo aposta no evento para coroar a volta do país ao centro do palco internacional.
Em menos de um ano, o Brasil terá recebido o G20, o Brics e a cúpula da ONU sobre mudanças climáticas. Não é pouca coisa para um país que, há pouco tempo, teve um chanceler que negava o aquecimento global e dizia se orgulhar da condição de pária.
A China sinalizou neste domingo (12), que não vai recuar diante da ameaça do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 100% ao país e pediu aos Estados Unidos que resolvam as diferenças por meio de negociações, e não de ameaças.
“A posição da China é consistente”, disse o Ministério do Comércio em comunicado. “Não queremos uma guerra tarifária, mas não temos medo de uma.”
Foi o primeiro comentário oficial da China sobre a ameaça de Trump de elevar o imposto sobre importações chinesas até 1º de novembro, em resposta às novas restrições impostas por Pequim à exportação de terras raras, que são vitais para uma ampla gama de produtos de consumo e militares.
A troca de acusações ameaça atrapalhar um possível encontro entre Trump e o líder chinês Xi Jinping e acabar com a trégua de uma guerra comercial que, em abril, chegou a ter tarifas acima de 100% dos dois lados.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump aumentou os impostos sobre as importações de muitos parceiros comerciais dos EUA, buscando obter concessões. A China tem sido um dos poucos países que não recuaram, contando com sua influência econômica.
“Recorrer frequentemente à ameaça de altas tarifas não é a maneira correta de se relacionar com a China”, disse o Ministério do Comércio em sua publicação, que foi apresentada como uma série de respostas de um porta-voz não identificado a quatro perguntas de veículos de comunicação. A declaração pediu que quaisquer preocupações fossem abordadas por meio do diálogo
“Se o lado americano insistir obstinadamente em sua prática, a China certamente tomará medidas correspondentes para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos”, afirmou a publicação.
Além da tarifa de 100%, Trump ameaçou impor controles de exportação sobre o que chamou de “software crítico”, sem especificar o que isso significa. Ambos os lados acusam o outro de violar o espírito da trégua ao impor novas restrições comerciais. Trump disse em uma postagem nas redes sociais que a China está “se tornando muito hostil” e que estaria mantendo o mundo refém ao restringir o acesso a metais e ímãs de terras raras.
O Ministério do Comércio chinês disse que os EUA introduziram várias novas restrições nas últimas semanas, incluindo a expansão do número de empresas chinesas sujeitas aos controles de exportação dos EUA. Sobre as terras raras, o ministério disse que as licenças de exportação seriam concedidas para usos civis legítimos, destacando que os minerais também têm aplicações militares. As novas regras incluem a exigência de que empresas estrangeiras obtenham aprovação do governo chinês para exportar itens que contenham terras raras originárias da China, independentemente de onde os produtos sejam fabricados.
A China responde por cerca de 70% da mineração mundial de terras raras e controla cerca de 90% de seu processamento global. O acesso ao material é um dos principais pontos de disputa nas negociações comerciais entre Washington e Pequim. Os minerais críticos estão presentes em diversos produtos, desde motores a jato, sistemas de radar e veículos elétricos até eletrônicos de consumo, como laptops e telefones. As restrições chinesas de exportação têm afetado fabricantes europeus, americanos e de outras regiões.
O comunicado do Ministério do Comércio afirmou que os EUA também estão ignorando as preocupações chinesas ao avançar com novas taxas portuárias para navios chineses, que entram em vigor nesta terça-feira. Em resposta, a China anunciou na sexta-feira que iria impor taxas portuárias aos navios americanos.
A deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, (PT) desembarcou em Fortaleza por volta das 16h40min de ontem (11), e foi recepcionada pela militância que encheu o saguão do Aeroporto Pinto Martins. A retorno ocorre após integrar missão humanitária que tentava chegar à Faixa de Gaza, mas foi interceptada por Israel.
“A nossa ida lá, acima de tudo, é o respeito à vida, porque vidas palestinas importam. A nossa luta é uma luta humanitária. E uma missão humanitária não quer saber onde as pessoas estão sofrendo e o que estão sofrendo e porque estão sofrendo. Ela quer simplesmente livrar do sofrimento, porque toda a vida humana deve ser respeitada, como a natureza, como os animais devem também ser respeitados. Então, a nossa atitude foi muito mais uma obrigação moral do meu tempo”, disse a deputada em entrevista coletiva. As informações são do jornal O Povo.
“Independentemente do que entenda, quem entenda, quem quer entender, mas eu sei que os revolucionários, como diz o Che Guevara, são movidos por grandes sentimentos de amor. E eu acho que eu fui movida por um grande sentimento de amor. Amor à vida, amor à humanidade, amor aos palestinos e as palestinas que eu nem conheço, mas eu sei que eles estavam precisando de alguém que olhasse para eles. Então, todos os olhos em Gaza”, complementou.
Luizianne chegou ao Brasil na última quinta-feira (9), quando desembarcou no aeroporto de Guarulhos (SP), encerrando a missão humanitária que integrava rumo à Faixa de Gaza e que foi detida por forças israelenses.
Após chegar ao País, a deputada seguiu para Brasília, onde tinha compromissos antes do retorno à Capital. Luizianne estava como observadora internacional da flotilha humanitária, que levaria alimentos e medicamentos a palestinos.
Na capital cearense, Luizianne mencionou a demora para serem retirados do presídio em que ficou detida.
“Presidente Lula foi o primeiro presidente no mundo que caracterizou [o que acontece em Gaza] como genocídio. Isso custou que Israel tirasse o embaixador de Brasília e o Brasil tirou o embaixador de Israel. Nós só tivemos contato com funcionários da embaixada lá. Inclusive, isso provocou a nossa demora. Nós fomos um dos últimos a sair do presídio de segurança máxima por conta disso”, revelou.
Questionada se tinha passado por algum tipo de tortura, Luizianne disse: “Na hora que a gente chegou no porto, todos nós ficamos por mais de uma hora de quatro pés, como diz aqui no Brasil, com a cabeça no chão. Eu estou com o joelho ferido até hoje. Com cotovelo no chão, segurando o passaporte na frente e com a cabeça no chão por mais de uma hora”, contou. Segundo ela, essa “foi uma imagem que o ministro da Segurança Nacional de Israel fez questão de mostrar para toda a população israelense”.
A recepção da ex-prefeita em Fortaleza contou com a presença de correligionários como o deputado federal José Airton Cirilo; a deputada estadual Larissa Gaspar; os vereadoras professora Adriana Almeida, Mari Lacerda e Dr. Vicente; o presidente do PT Fortaleza, Antônio Carlos; e os superintendentes no Estado do Ibama, Deodato Ramalho, e do Detran, Waldemir Catanho. Lia de Freitas, primeira-dama do Ceará, também recebeu Luizianne.
A deputada disse que haverá, no próximo dia 14, uma audiência pública na Câmara Federal puxada pelo deputado João Daniel (PT-SE), que discutirá o papel do Brasil na reconstrução de Gaza. Para ela, a missão por Gaza ainda não terminou.
“Eu vou estar envolvida em todos esses processos, porque sendo representante da Liga Parlamentar Internacional, que o presidente é do Iemen, então é uma liga que agrega gente do mundo inteiro e que, agora que tudo isso que aconteceu, deu uma força maior para que a liga agora começasse a fazer em todo mundo ações pra gente conseguir conter o genocídio em Gaza. Aí parece que está dando certo, né? Foram 31 dias que movimentaram o mundo, a Europa parou. Então, nós temos que seguir esse exemplo porque no dia que nós tivermos precisando, a gente vai querer que todo mundo se mobilize para vir ajudar a gente aqui”, explicou.
Durante as comemorações pelo acesso do Náutico à Série B, após a vitória dramática sobre o Brusque ontem (11), nos Estádio dos Aflitos, o torcedor alvirrubro Ivson Filho denunciou ter sido agredido por policiais do Batalhão de Choque. Segundo ele, a ação ocorreu quando a torcida invadiu o gramado para celebrar o retorno do clube à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Ivson criticou a postura da tropa e afirmou que pais de família, mulheres, idosos e crianças teriam sido alvo de violência enquanto apenas festejavam. “Nós não estávamos lá para brigar, para quebrar alguma coisa, para tumultuar, para bater em um servidor público que está lá para manter a ordem. E essa é a visão do Batalhão de Choque, de agredir pessoas que apenas estavam comemorando”, declarou.
A partir de amanhã, dou prosseguimento a mais uma maratona de lançamentos do meu livro “Os Leões do Norte” pelo Interior do Estado. Desta feita, a região será o Sertão do Araripe. O start em Trindade será na Câmara de Vereadores, a partir das 19 horas, com apoio da prefeita Helbinha Rodrigues (UB).
Na terça-feira, a noite de autógrafos será em Ouricuri, na Câmara de Vereadores, também às 19 horas, com apoio do prefeito Victor Coelho (Republicanos). E na quarta-feira em Exu, terra de Luiz Gonzaga, na Colégio Municipal Bárbara de Alencar, às 19 horas.
Na quinta-feira, enfim, acontece em Araripina, a capital do Araripe, com apoio do prefeito Evilásio Mateus (PDT). O evento está marcado às 19 horas, no auditório do Centro Tecnológico.
“Os Leões do Norte” é resultado de uma extensa pesquisa jornalística e historiográfica, envolvendo 22 minibiografias de ex-governadores de Pernambuco, que exerceram mandatos entre 1930 e 2022. Trata-se de uma contribuição essencial para a preservação da memória política e institucional do Estado, destacando o papel de Pernambuco como berço de lideranças que marcaram a história nacional.
O livro ainda conta com design gráfico, capa e caricaturas de Samuca Andrade, além de ilustrações de Greg. “Os Leões do Norte” homenageia os líderes que ocuparam o Palácio do Campo das Princesas e também promove o debate sobre seus legados, suas contradições e o impacto de suas gestões.
O Senado do Uruguai votará na próxima quarta-feira (15) um projeto de lei que prevê a autorização da eutanásia. Com maioria favorável na Casa e com o apoio do presidente Yamandú Orsi, será muito difícil que seja rejeitado.
A presidente da comissão, a senadora Patricia Kramer (Frente Ampla), destacou que a deliberação encerra um “processo longuíssimo”, com audiências a todas as instituições que pediram a voz, incluindo a Igreja Católica e entidades médicas de distintas filiações.
“Foi uma discussão honesta, comprometida e profunda”, afirmou. O espírito do documento é claro: tratar um tema sensível com maturidade democrática, ouvir divergências e construir salvaguardas.
Em conversa com a Folha, o deputado Luis Gallo, da Frente Ampla, explicou os detalhes da lei, chamada no país de “Morte Digna”.
“As condições para que se requisite a eutanásia são, em primeiro lugar, que a pessoa seja maior de idade. Que passe por uma avaliação psiquiátrica para que se estabeleça que está em condições de tomar essa decisão e também por um segundo médico, que não seja o especialista que a acompanhe, para outra opinião.”
“Esses médicos devem estabelecer que a pessoa está diante de uma etapa terminal de uma patologia incurável e irreversível e que, por conta disso, esteja passando por um padecimento insuportável.”
A objeção de consciência por parte dos médicos está contemplada, mas com a obrigação de que encaminhem o procedimento para quem o possa realizar. Essa proposta evita atalhos, não substitui cuidados paliativos, dá transparência e preserva a autonomia do paciente.
Segundo estudos feitos pelo comitê que formulou o projeto de lei, mais de 80% dos pacientes que pedem a eutanásia estão nas etapas finais de um câncer ou com ELA (esclerose lateral amiotrófica).
Essa provável nova conquista histórica uruguaia não é aleatória. O país tem a saudável trajetória de respeito aos direitos civis, fundada no início do século 20, quando José Batlle y Ordóñez, um presidente à frente de seu tempo, colocou essas pautas em primeiro lugar.
Desde então, a tradição laica e liberal impera no país, que, nas últimas décadas, entregou marcos como aborto legal (2012), casamento igualitário (2013) e regulação da produção e distribuição da maconha (2013).
O que faz do caso uruguaio uma referência não é só o mérito da pauta, mas o método. A comissão ouviu atores diversos, lapidou o texto e, sobretudo, expôs um acordo interpartidário raro em temas morais: votos da Frente Ampla e de setores da oposição tendem a compor a maioria no plenário. É a democracia funcionando quando mais importa, ou seja, na definição de direitos individuais.
Se aprovada, a lei uruguaia colocará a América do Sul diante de um precedente legislativo próprio (até aqui, Colômbia, Peru, Equador avançaram, mas por vias judiciais). No Uruguai, no caso de aprovação, a eutanásia será parte da Constituição, e a rede pública de saúde será obrigada a dar acesso ao recurso.
Resta agora regulamentar bem as várias etapas do processo e monitorar a aplicação. Graças ao Uruguai, a América Latina dá um passo à frente.