O prefeito de Toritama, Sérgio Colin (PP), esteve nesta terça-feira (2) no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, onde se reuniu com o secretário da Casa Civil, Túlio Vilaça, e o secretário de Infraestrutura e Mobilidade, André Teixeira. A agenda tratou de pautas estratégicas para o desenvolvimento da cidade, entre elas o abastecimento de água, a duplicação da BR-104, o andamento das obras da rodovia e a finalização do projeto da variante e da travessia urbana.
Segundo o gestor, os temas são prioritários para garantir mais infraestrutura, mobilidade e segurança hídrica e viária em Toritama e em municípios vizinhos. “Estamos atentos em cada detalhe que impacta o dia a dia da nossa gente. Trabalhamos em sintonia com a nossa governadora Raquel Lyra, para que Toritama continue crescendo com planejamento, obras estruturadoras e soluções que melhorem a vida da população”, afirmou Sérgio Colin.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (4) o Projeto de Lei nº 1546/2024, de autoria do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), que estabelece regras mais rígidas para impedir descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. A proposta segue agora para análise do Senado Federal.
Pelo texto, mensalidades só poderão ser descontadas mediante autorização formal por escritura pública, firma reconhecida, assinatura eletrônica qualificada ou biometria. O INSS também terá de verificar todas as autorizações de forma individual e periódica, inclusive por meio eletrônico, o que elimina o atual modelo de conferência por amostragem. A medida tem como objetivo reforçar a segurança contra fraudes e proteger os beneficiários de cobranças realizadas por associações sem consentimento.
“Aposentadoria é direito de quem trabalhou a vida inteira. Não podemos permitir que os segurados sejam lesados por cobranças que não autorizaram. Nosso projeto garante mais transparência, segurança e respeito com quem mais precisa”, declarou Eduardo da Fonte.
O advogado Walber Agra, professor de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, é o convidado do meu podcast em parceria com a Folha de Pernambuco, o Direto de Brasília, da próxima terça-feira (9). Autor do processo que resultou na inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele vai analisar o julgamento em andamento no Supremo Tribunal Federal e seus desdobramentos.
Livre-docente pela USP e doutor em Direito, Agra é referência nacional em Direito Constitucional e Eleitoral. Além da atuação acadêmica, participa de entidades jurídicas e contribui para o debate público em temas centrais da democracia. Em junho de 2025, elaborou parecer jurídico a convite do ex-presidente Evo Morales e relatou ter sido declarado “persona non grata” na Bolívia após questionar decisões do Tribunal Constitucional Plurinacional.
O podcast ‘Direto de Brasília’ vai ao ar das 18h às 19h com transmissão pelo YouTube da Folha de Pernambuco e do meu blog, incluindo também cerca de 165 emissoras de rádio no Nordeste.
Retransmitem o programa a Gazeta News, do Grupo Collor, em Alagoas, a Rede Mais Rádios, com 25 emissoras, na Paraíba, e a Mais-TV, do mesmo grupo, sob o comando do jornalista Heron Cid. Ainda a Rede ANC, do Ceará, formada por mais de 50 emissoras naquele Estado, além da LW TV, de Arcoverde.
Os parceiros neste projeto são o Grupo Ferreira de Santa Cruz do Capibaribe, a Autoviação Progresso, o Grupo Antonio Ferreira Souza, a Água Santa Joana, a Faculdade Vale do Pajeú, o grupo Grau Técnico e o Berlitz Idiomas.
A investida do presidente dos EUA, Donald Trump, para influenciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro permitiu ao governo Lula disputar contra o bolsonarismo de forma inédita as simbologias associadas ao patriotismo, recolocando o presidente numa “melhor posição de largada” para as eleições de 2026.
Essa é a avaliação do cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do instituto de pesquisas Ipespe e professor colaborador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). As informações são da BBC Brasil.
Enquanto há a expectativa no mundo político de que o presidente americano volte a aplicar sanções contra o Brasil e membros do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF) caso Bolsonaro seja condenado por tentativa de golpe de Estado, Lavareda avalia que, caso sejam confirmadas, as medidas podem reforçar a imagem do governo como defensor da pauta do orgulho nacional.
“Do ponto de vista meramente político, com o efeito que desperta na população, a capacidade de mobilizar solidariedade e reforçar a coalizão tecnicamente chamada de around the flag, em torno da bandeira nacional, do símbolo, é óbvio que o governo Lula é beneficiado”, opina.
Na última sexta-feira, numa ampliação desse discurso, o governo federal lançou um novo slogan: “Governo do Brasil – Do lado do povo brasileiro”, no lugar de “União e Reconstrução”, adotado no início do atual mandato de Lula.
Na ocasião, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, disse: “Agora, vivemos uma nova fase, em que o nosso país, nossa economia e conquistas da população vivem ameaças externas.”
A nova marca já está sendo usada em peças publicitárias e de comunicação institucional.
Mas Lavareda pondera que, caso uma eventual nova ofensiva de Trump afete de forma significativa a economia brasileira, o ganho do governo Lula pode ser anulado — ainda mais que a percepção da população sobre a situação econômica já é negativa, mesmo com dados positivos sobre desemprego, por exemplo.
“Isso vai exigir que o governo faça o esforço de persuasão a respeito do desempenho econômico do país, porque apenas as estatísticas oficiais não são capazes de criar esse tipo de sentimento [positivo] na população”, diz.
Especialista em comportamento eleitoral e marketing político, Lavareda também avalia que o caminho da direita para escolher o sucessor político de Bolsonaro para as eleições de 2026 está completamente indefinido, já que caberá exclusivamente ao ex-presidente decidir como e quando tomar sua decisão.
“Às vezes, algumas análises apressadas subestimam, no eleitorado de direita, o tamanho que o ex-presidente mantém”, diz.
A última pesquisa do Ipespe, de Lavareda, sobre quem os eleitores de direita consideram como sua maior liderança, coloca Bolsonaro como “líder inconteste” desse campo político.
Para 67%, Bolsonaro segue sendo a grande liderança da direita, seguido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 16%, e pelos governadores Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Romeu Zema (Novo), de Minas, com 3% cada.
“A direita quer chegar ao Natal com a sucessão de 2026 resolvida. Mas Bolsonaro não tem pressa”, resume Lavareda.
Para o cientista político, o ex-presidente segue aguardando “fatos novos”, inclusive mais ofensiva dos EUA, para decidir a quem (e se) passa o bastão.
Paralelamente, ganha fôlego no Congresso uma campanha para anistiar Bolsonaro e outros condenados pelos ataques de 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília.
Parlamentares de partidos do Centrão e o governador Tarcísio de Freitas trabalham por um acordo para anistiar o ex-presidente logo após o fim do julgamento do STF.
Tarcísio inclusive chegou a dizer que seu “primeiro ato” numa eventual Presidência seria conceder uma anistia a Bolsonaro.
Segundo a avaliação de Lavareda, tudo isso mostra que o julgamento em andamento no STF é só uma “partida” no embate entre bolsonaristas e o Judiciário.
“E as disputas de cada round vão ser resolvidas por pontos, não vai haver nocaute”, diz.
Uma dessas partidas será neste 7 de Setembro, no domingo, quando estão previstos atos de bolsonaristas em defesa da anistia ao ex-presidente.
Para Lavareda, a depender do tamanho do ato, será possível visualizar “a quantas anda hoje na sociedade o potencial de mobilização dessa causa”.
Leia abaixo os principais trechos editados da entrevista com Lavareda:
BBC News Brasil – O julgamento da tentativa de golpe já está tendo toda a atenção do país. Na sua avaliação, ele enfraquece a figura política de Bolsonaro ou, ao contrário, trará um fortalecimento da base bolsonarista, em torno do discurso de perseguição?
Antonio Lavareda – À primeira vista, as sessões do julgamento, da forma como vêm se desdobrando, resultam em mais desgaste para a imagem do ex-presidente, o fragilizando politicamente.
Não houve uma posição articulada das defesas que lhes conferisse alguma unidade de posicionamento. Desse modo, a narrativa sobre a “trama golpista” não foi refutada em uníssono.
A maioria dos acusados reconheceu a tentativa de ruptura da ordem democrática, com cada um deles apenas ressalvando a sua inocência individual.
Quando você olha as pesquisas a respeito [do processo contra Bolsonaro] de vários institutos, você vê o seguinte: uma maioria da opinião pública, 55%, achou justa a prisão domiciliar de Bolsonaro, e 39% acharam injusta a prisão, segundo a pesquisa Quaest de agosto.
No final de julho, uma pesquisa do Ipespe, a Pulso Brasil, que é uma pesquisa bimestral, perguntava se as medidas cautelares impostas então ao ex-presidente Bolsonaro eram leves, adequadas, exageradas ou descabidas. 54% classificaram como leves ou adequadas, 43% como exageradas ou descabidas.
Óbvio que o julgamento é outra coisa, mas é inegável que há uma certa conexão de atitudes e opiniões entre uma coisa e outra.
BBC News Brasil – Bolsonaro já entrou nesse julgamento como inelegível, por outras razões que já foram determinadas anteriormente. Isso quer dizer que a direita já precisa de um novo nome para as eleições de 2026. Na sua avaliação, o que o julgamento traz de novo nessa corrida eleitoral da direita?
Lavareda – Vai depender muito das escolhas do ex-presidente Bolsonaro.
Às vezes, algumas análises apressadas subestimam, no eleitorado de direita, o tamanho que o ex-presidente mantém.
A mesma pesquisa do Ipespe, a Pulso Brasil do final de julho, perguntava aos eleitores quem era o maior líder da direita do ponto de vista da representação das opiniões e dos valores desse segmento do eleitorado.
Bolsonaro foi mencionado por 67% como a grande liderança do setor. O segundo colocado, governador Tarcísio de Freitas (de São Paulo), veio com apenas 16%.
Por que digo isso? O ex-presidente Bolsonaro se mantém como líder inconteste desse segmento. É ele que detém o bastão da condução desse processo.
E não é por nada. O Brasil construiu na Nova República duas lideranças carismáticas. Primeiro, foi o presidente Lula. O segundo, que apareceu no século 21, foi Bolsonaro.
É muito difícil imaginar que o país supere líderes carismáticos desse tamanho, mesmo em episódios difíceis. Lula, por exemplo, enfrentou o processo da acusação pelo petrolão, o julgamento, a prisão, etc., e emergiu como a grande força no espectro à esquerda.
A Bolsonaro estão colocadas três opções. Ele pode apoiar o nome de um candidato da direita, um dos governadores, sendo o mais cotado, preferido da chamada Faria Lima, o governador Tarcísio.
A segunda opção é escolher o nome de um familiar seu. Ele conta com dois filhos em condições de sucedê-lo, o deputado Eduardo e o senador Flávio, e conta ainda com a sua esposa, Michelle.
Ou ele pode, numa terceira alternativa que se abra, apoiar seu próprio nome. Ou seja, insistir na candidatura e manter essa candidatura até o momento do registro das chapas, seguindo uma estratégia utilizada pelo presidente Lula em 2018.
Então, essa candidatura da direita passa pelo ex-presidente Bolsonaro. Agora, qual será o caminho que ele escolherá nós vamos ver mais adiante.
BBC News Brasil – O senhor vê como possível um cenário em que a direita se divida nas eleições de 2026, isto é, venha com dois ou três candidatos? Ou a direita está caminhando para tentar encontrar um nome de acordo?
Lavareda – É possível que outros nomes da direita se apresentem, mas de forma independente e não como ungido e como escolhidos por Bolsonaro. Candidato associado à marca Bolsonaro só haverá um.
Eu acho muito difícil que a direita não apresente mais de um nome nesta eleição. Se fosse o próprio Bolsonaro, essa eleição certamente contaria no ano que vem basicamente com dois candidatos. Mas sem poder disputar porque ele está inelegível, é muito difícil que esse campo consiga se organizar em torno de apenas uma candidatura.
BBC News Brasil – Na sua visão, Bolsonaro está esperando o resultado desse julgamento para decidir? Ou seja, se ele vai ser condenado ou não, e como vai ser o próprio desempenho da sua defesa e dos ministros do STF?
Lavareda – Acho que ele está esperando para tomar uma decisão. Embora o resultado do julgamento em linhas gerais já seja uma aposta consensual entre analistas e, ao que parece, até entre os defensores do próprio ex-presidente, acho que ele está dando tempo ao tempo e esperando fatos novos.
Também precisamos lembrar que tem outro ingrediente nesse julgamento.
Quando as pessoas dizem que é o julgamento do século, é verdade. É a primeira vez que um ex-presidente é julgado e mais ainda, um conjunto de pessoas que foram autoridades do governo anterior e alguns generais das Forças Armadas.
Mas também é a primeira vez que você tem um julgamento contando com o acompanhamento ativo — porque a qualquer momento poderá se pronunciar eventualmente com sanções, com nova medida contra o Brasil —, de um presidente da maior nação do mundo, dos Estados Unidos.
Isso confere esse grau de excepcionalidade para o significado desse julgamento.
Então, diante de tudo isso, o ex-presidente Bolsonaro pode estar esperando para escolher qual o melhor caminho, porque, a rigor, ele não tem essa urgência.
Quem tem urgência são os outros pré-candidatos, que têm problema de desincompatibilização lá em abril. Todos querem chegar ao Natal com essa equação da sucessão de 2026 resolvida. O ex-presidente, eu diria, é o único que não tem pressa.
BBC News Brasil – Já que tocou nesse assunto, vamos tratar do fator Trump. O governo Lula, desde que Trump anunciou o tarifaço, tem adotado um tom mais nacionalista, investindo na narrativa de que é um governo que defende o interesse e a soberania nacional. Visto que o Brasil pode ser alvo de novas sanções dos Estados Unidos com esse julgamento, o senhor avalia que Lula pode sair beneficiado?
Lavareda – É uma assertiva que precisa levar em conta vários aspectos.
Do ponto de vista meramente político, com o efeito que desperta na população, a capacidade de mobilizar solidariedade e reforçar a coalizão tecnicamente chamada de around the flag, em torno da bandeira nacional, do símbolo, é óbvio que o governo Lula é beneficiado.
A ofensiva do Trump já facultou ao governo, por exemplo, de certa forma tomar ou disputar no campo bolsonarista todas as simbologias associadas ao patriotismo.
Esse discurso entre aspas ‘patriota’, que era um monopólio da direita nos últimos tempos, foi no mínimo bastante disputado hoje pelo governo Lula também.
A maioria nítida da opinião pública rechaça as investidas de Trump sobre o Brasil.
Toda vez que o Trump der um passo adiante contra o Brasil, vai ampliar essa coalizão ‘around the flag’, a coalizão em torno da bandeira, fortalecendo o presidente.
Mas precisamos estar atentos também para o fato de que o presidente norte-americano, pelo que se vê, não tem limites. E essas ações podem, de certa forma, prejudicar cada vez mais a economia brasileira e isso terminar sendo danoso para o país.
Então tem essas duas dimensões. Do ponto de vista político eleitoral, a curto médio prazo, pode ser positivo, mas se for danoso para a economia do país e se arranhar muito mais do que o tarifaço arranhou até agora, se ferir com contundência a economia nacional, isso pode se tornar negativo para o governo, porque, uma vez que seja negativo para o país, inexoravelmente será negativo também para o governo.
BBC News Brasil – Mas olhando no cenário hoje, na sua visão, Lula se cacifa como o favorito à reeleição ou o escolhido de Bolsonaro nesse momento é a opção favorita para 2026?
Lavareda – Olha, 60 dias atrás, antes de Trump, Lula era um provável derrotado em 2026, basta recuperar todos os prognósticos feitos e o clima predominante entre os partidos e as lideranças de oposição.
A combinação desses eventos trouxe o Lula de volta ao grid de largada numa melhor posição em relação a 2026.
O agregador que nós do Ipespe Analítica fazemos, no mês de agosto, apontou o presidente Lula com 47% de aprovação versus 51% de desaprovação. Ainda é um saldo negativo, mas é o melhor saldo desse ano de 2025 — por volta de março e abril, o saldo negativo era de 12 pontos percentuais.
Então você imagina o quanto o governo melhorou. Hoje, com esse percentual, o incumbente é largamente competitivo, mas ainda não chegou àquele patamar de 50 pontos de aprovação, que conferiria a ele a condição de favorito.
Nós temos um ano pela frente e temos a questão da economia. A economia tem tido um desempenho objetivamente melhor do que a percepção que a população tem da economia.
Isso vai exigir que o governo faça o esforço de persuasão a respeito do desempenho econômico do país, porque apenas as estatísticas oficiais não são capazes de criar esse tipo de sentimento [positivo] na população.
Há uma estrada aberta de possibilidades. E o fator Trump, que vai estar provavelmente presente ao longo de toda esta jornada que nos levará às eleições de 2026.
BBC News Brasil – A política externa normalmente não é um tema que costuma dominar o debate eleitoral brasileiro, não fica na boca do povo nas rodas de conversa. Com Trump, isso muda? Teremos uma eleição em que a política externa vai ter um protagonismo inédito aqui no Brasil?
Lavareda – Olha, já está tendo. As eleições de 2026 de fato já começaram. Então, nesta conjuntura político-eleitoral, há esse fato absolutamente extraordinário para nós da presença ostensiva do presidente norte-americano.
Isso nunca ocorreu, mesmo quando presidentes americanos interferiram no processo brasileiro e isso foi descoberto com a revelação de documentos oficiais dos Estados Unidos.
O presidente John F. Kennedy cogitava a interferência no Brasil. O presidente Lyndon Johnson despachou uma flotilha para o litoral brasileiro para eventualmente desempenhar um papel quando do golpe militar de 1964.
Mas tudo isso era feito de forma mais discreta possível. Nenhum deles deu declarações tão diretas em relação ao processo político brasileiro e às instituições brasileiras.
Isso vai estar conosco no ano que vem. De hoje e até o ano que vem, com absoluta certeza os eleitores nos domicílios, no local de trabalho, nos bares, vão estar discutindo não exatamente política externa no sentido geral, vão estar discutindo Trump, o significado da interferência de Trump e se o papel de Trump é descabido, se o Brasil deve reagir com mais contundência.
BBC News Brasil – Nos últimos dias, todos os grandes jornais americanos estão falando sobre o julgamento de Bolsonaro, inclusive o colocando em suas capas e num tom de ‘Brasil ensinando os Estados Unidos’. Isso, na sua avaliação, é um sinal que o assunto Brasil vai seguir preocupando Trump?
Lavareda – Não só a imprensa dos EUA, mas do mundo todo. Isso será mais um motivo para o Trump não poder ignorar o julgamento. Várias análises internacionais chegam a citar o julgamento como um enfrentamento entre o governo brasileiro e Trump.
E, a partir destas análises, provavelmente o presidente norte-americano se sentirá provocado a reagir ao andamento e reagir aos resultados desse julgamento. No meu entendimento, é quase certo, uma vez que todos os prognósticos apontam na direção de uma condenação ao ex-presidente Bolsonaro.
BBC News Brasil – A base bolsonarista segue muito forte no Congresso e já está buscando se fortalecer para 2026, principalmente no Senado, que é onde se poderia votar, por exemplo, impeachment de ministros do STF. Isso sinaliza que, além do julgamento de Bolsonaro, a gente vai ter ainda vários rounds dessa disputa entre bolsonaristas e STF?
Lavareda – Com certeza. O julgamento de Bolsonaro encerra uma fase de um processo específico que corre no terreno da Justiça, mas não encerra o processo político.
E Bolsonaro continuará a ter centralidade nesse processo. Dada a força da direita brasileira do ponto de vista político e eleitoral e o peso que ela tem no Congresso Nacional, é óbvio que essa relação conflituosa com o Judiciário vai continuar.
A expressão “mais rounds” é absolutamente cabível. E as disputas de cada round vão ser resolvidas por pontos, não vai haver nocaute.
Pensemos apenas no PL (partido de Bolsonaro). Se o PL repetir o desempenho que teve na última eleição senatorial em 2022, que foi uma eleição uninominal (com uma vaga apenas para senador), o PL terá 24 senadores, perto de um terço do Senado.
Se somarmos a isso a nova federação União Progressista, eventuais senadores do Novo, mesmo do MDB ou PSD mais ligados à corrente bolsonarista, podemos ter no Senado o elemento que seria capaz de desestabilizar essa relação entre os poderes que já anda longe de ser harmoniosa. Poderia ganhar uma voltagem que traria ainda mais instabilidade à nossa democracia.
Ou seja, o julgamento de Bolsonaro é apenas um momento da partida. Longe de vermos o encerramento da partida.
BBC News Brasil – Paralelamente ao julgamento, o Congresso já avança na proposta de anistia. Visto que as pesquisas têm demonstrado que a maioria da população concorda com as medidas contra o ex-presidente, o que leva a classe política a insistir nessa proposta? O que esse avanço no Congresso mostra sobre a força do bolsonarismo?
Lavareda – Na verdade, o tema da anistia ganhou tração ao ser capturado pelas estratégias eleitorais de 2026.
Está em jogo o apoio do ex-presidente e de seus filhos, condicionado pela demonstração explícita de compromisso com o projeto capaz de lhe resgatar a liberdade, mesmo sem recuperar sua elegibilidade.
Aguardemos as manifestações programadas para o 7 de setembro para avaliarmos a quantas anda hoje na sociedade o potencial de mobilização dessa causa.
O estilista Giorgio Armani morreu nesta quinta-feira (4), conforme comunicado publicado pela empresa. Com a marca fundada em 1975, o italiano construiu um legado único na moda. Mais do que isso: ele deixa um império, que o fez um dos homens mais ricos do mercado fashion.
“Sr. Armani, como sempre foi chamado com respeito e admiração pelos funcionários e colaboradores, faleceu pacificamente, cercado pelos seus entes queridos. Incansável, trabalhou até os últimos dias, dedicando-se à empresa, às coleções, aos diferentes e sempre novos projetos”, comunicou a marca.
O designer esteve doente recentemente e chegou a se ausentar de um desfile, pela primeira vez, em junho deste ano. As informações são do Metrópoles.
Trajetória de Giorgio Armani Em 11 de julho de 1934, Giorgio Armani nasceu na província de Placência, ao norte da Itália. Na juventude, chegou a entrar para a graduação de medicina na Universidade de Milão, além de servir ao exército italiano em 1957. Depois, foi vendedor na loja de departamentos La Rinascente.
O italiano começou a carreira como estilista na década de 1960, como designer da marca Nino Cerutti, na qual ficou por quase 10 anos. Também passou pela grife Emanuel Ungaro. Contudo, foi nos anos 1970 que Armani decidiu seguir a carreira fashion de forma independente.
Ao lado do amigo Sergio Galeotti, fundou a Armani em 1975. Com criações minimalistas e elegantes, o designer italiano ficou conhecido pelo acabamento sofisticado. Ao desenvolver looks para mulheres, Giorgio Armani não se prendia a estereótipos de gênero, sobretudo na alfaiataria. O design considerado andrógino — para a época — consagrou o estilista como inovador.
Depois de abrir uma subsidiária nos Estados Unidos, nos anos 1980, o designer expandiu o negócio para a Ásia. Também passou a dividir a grife em linhas: nasceram a Emporio Armani e a Armani Exchange, além dos primeiros perfumes e acessórios. A Armani Privé, de alta-costura, por exemplo, estreou em 2005. Foi uma resposta ao desejo de clientes por mais exclusividade e peças feitas sob medida.
Giorgio Armani era crítico do fast fashion e defensor de uma moda de luxo tradicional, com a qualidade e a atemporalidade como prioridades. “A chave, para mim, é fazer roupas à prova de envelhecimento, criadas para serem mais elegantes do que responder ao apelo de moda, relevantes por anos em vez de meses. As pessoas deveriam investir em algo que tem valor e durabilidade”, disse em 2000, em entrevista à Harper’s Bazaar.
Ao longo dos anos, a marca construiu relacionamentos com celebridades. Um dos principais destaques foi a relação de longa data com a atriz e cantora Michelle Pfeiffer. Diversas personalidades, como Beyoncé, Lady Gaga, Cristiano Ronaldo, Megan Fox, Cate Blanchett, Nicole Kidman, Calvin Harris e Rihanna, também estão entre os parceiros da etiqueta.
Império Armani Atualmente, a Armani é uma das poucas etiquetas de luxo que não faz parte de conglomerados de moda, como o LVMH e o Kering. Até o fim da vida, Giorgio Armani comandou o próprio negócio. Ainda não se sabe quem o sucederá, mas especula-se que seja Leo Dell’Orco, braço-direito do estilista e responsável pela linha masculina da grife. Inclusive, o próprio Armani já teria elogiado e apontado Dell’Orco como seu escolhido.
No desfile de primavera/verão 2016, em Milão, inclusive, o italiano chegou a declarar à imprensa: “Enquanto eu estiver vivo, haverá independência. Logo depois, talvez terei preparado o terreno para um tipo de independência que é mais medida, mais controlada”.
O império construído por Armani vai muito além da moda e inclui uma linha de mobiliário e decoração, a Armani Home. Atualmente, o Grupo Armani é dono de uma rede de hotéis, imóveis e restaurantes pelo mundo. O Armani Teatro, a casa noturna Armani Privé Club e o museu Armani Silos completam a lista.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (4) que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), “tem interesse” em aprovar um projeto de lei que trata sobre a anistia, mas que ainda não existe uma definição sobre o tema.
A declaração de Hugo ocorre após uma reunião com Tarcísio, nesta quarta-feira (3). Nesta semana, o governador esteve em Brasília para articular o avanço da pauta no Congresso Nacional. Nos últimos dias, o gestor estadual afirmou que, caso seja eleito presidente da República, concederá o indulto presidencial a Jair Bolsonaro (PL). As informações são da CNN Brasil.
“O governador é um querido amigo, é do nosso partido. A gente tem dialogado sempre. O governador tem um interesse que se paute a anistia. Isso é público. Nós estamos ouvindo a todos. Estamos ouvindo os líderes que têm interesse e também aqueles que não têm”, afirmou o presidente da Câmara.
Lula cita “risco” com aprovação da pauta Durante agenda em Belo Horizonte (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou o “risco” de o Parlamento aprovar a anistia. Para o petista, “é preciso ficar vigilante” às movimentações que cercam o tema no Parlamento.
“Agora, é outra coisa que nós temos que saber: se for votar no Congresso, nós corremos o risco da anistia, porque o Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia. O Congresso tem ajudado o governo, aprovou quase tudo que o governo queria, mas a extrema-direita tem muita força ainda”, disse Lula.
Como mostrou a CNN, Lula reforçou ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ser contra qualquer proposta de anistia. O Palácio do Planalto tem apostado as fichas no presidente do Congresso para frear a pauta.
No encontro com o chefe do Executivo na quarta-feira, Alcolumbre não mencionou a proposta, mas o presidente fez questão de ressaltar que, na visão dele, a ideia de perdão atenta contra a democracia e a soberania nacional.
Nos próximos dias, o pernambucano Luiz Abel Amorim deve deixar a Diretoria de Negócios do Banco do Nordeste. Apadrinhado pelo Centrão, ele deverá ser substituído por um indicado do MDB de Alagoas.
O Governo de Pernambuco anunciou investimentos de R$ 183,5 milhões em obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário na Região Metropolitana do Recife (RMR). Os recursos, que beneficiarão cerca de 500 mil pessoas, contemplam intervenções no Recife, Olinda, Cabo de Santo Agostinho, Moreno e Araçoiaba. Entre as ações estão a ampliação da produção de água, a modernização de sistemas e a expansão da rede de esgoto. Os anúncios foram feitos durante a última edição do programa Ouvir para Mudar, com a presença da governadora Raquel Lyra.
No Recife, a Compesa vai executar obras complementares da duplicação da Alça Norte, com a implantação de 5 km de adutora na BR-101, garantindo aumento de 47% na oferta de água para Recife e Olinda, beneficiando 180 mil pessoas. Também foi assinada ordem de serviço para a complementação do Sistema de Esgotamento Sanitário de Boa Viagem, que prevê novas estações elevatórias, redes coletoras e ramais de calçada, com investimento de R$ 78,8 milhões. Já em Araçoiaba, será implantado um novo sistema produtor de água tratada, com estação de tratamento, elevatória e 18 km de adutoras, no valor de R$ 45,4 milhões, além da instalação de uma estação de ultrafiltração.
Outras cidades da RMR também foram contempladas. No Cabo de Santo Agostinho, está prevista a instalação de uma estação de ultrafiltração em Charneca, aumentando a capacidade de tratamento em 50 l/s. Em Moreno, duas novas ETAs de ultrafiltração serão construídas, uma em Bonança e outra na área central, somando mais de 30 mil moradores beneficiados. Além disso, o município terá obras de requalificação de sistemas produtores, modernização de equipamentos e melhorias em subestações, ampliando a segurança hídrica e a qualidade do abastecimento.
“A Compesa tem o compromisso de executar cada etapa com responsabilidade e assegurar que os benefícios cheguem de forma efetiva aos pernambucanos. Essas obras representam um avanço importante para garantir mais qualidade de vida e dignidade à população da Região Metropolitana do Recife”, afirmou o presidente da Compesa, Douglas Nóbrega.
Amanhã, às 16h, o arquiteto, professor e pesquisador José Luiz Mota Menezes (in memoriam), reconhecido pelo compromisso com a preservação da memória e do patrimônio cultural de Pernambuco, ganha mais uma publicação de destaque. O livro “Olinda nos seus diversos momentos” será lançado no Instituto Histórico de Olinda, que fica na Av. Liberdade, 214, no Carmo, em evento aberto ao público e com acessibilidade garantida por intérprete de Libras.
A obra dedica-se a retratar os aspectos arquitetônicos, históricos e artísticos de Olinda, cidade cujo conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico foi tombado pelo Iphan em 1968 e reconhecido como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco em 1982. Com olhar sensível e rigor histórico, Menezes revisita os diversos períodos da cidade, desde sua formação como vila no século XVI até a consolidação de um sítio histórico singular, marcado pela presença do mar, da vegetação e pela harmonia entre casario, largos e igrejas.
Destacam-se, no Sítio Histórico de Olinda, exemplares da arquitetura religiosa dos séculos XVI e XVII, como o Convento e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, e o Convento de Nossa Senhora das Neves, que integra o conjunto arquitetônico do Convento Franciscano. Seu conjunto urbano representativo de várias épocas formam um conjunto peculiar, em harmonia com a presença do mar e da vegetação. O caráter próprio e diferenciado da cidade está nessa ambiência paisagística, que a identifica ao longo dos diversos momentos da história
O projeto, incentivado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura, viabilizou a impressão de mil exemplares, sendo 250 distribuídos gratuitamente em escolas, bibliotecas públicas e instituições voltadas para pessoas com deficiência visual, como a SEAD e o Instituto de Cegos do Recife. O livro também terá versão digital acessível, com audiodescrição das imagens disponível por QR Code. As fotos são assinadas pelo fotografo Josivan Rodrigues. Os exemplares destinados à venda terão preço acessível de R$ 40.
“Mais do que um registro histórico, a publicação reafirma o legado de José Luiz Mota Menezes como pesquisador incansável da cultura pernambucana, que sempre buscou democratizar o acesso ao conhecimento e estimular a valorização da identidade e da memória coletiva do estado”, ressalta a produtora do projeto, Clarisse Fraga, a frente da Bureau de Cultura.
SERVIÇO:
Lançamento do livro “Olinda nos seus diversos momentos”
Local: Instituto Histórico de Olinda, na Av. Liberdade, 214 – Carmo
Quem já pedalou pela orla de Boa Viagem à noite ou nas primeiras horas da manhã já se deparou com essa cena: banheiros fechados após as 22h e com as luzes acesas. Mendigos dormindo ao relento, debaixo das marquises dos quiosques, sob vento e sob chuva. Ratazanas caminhando entre eles. Isso me preocupa.
Enquanto isso, outros estão se deliciando em almoços e jantares fartos, com roupas bonitas e decoração requintada, sendo muito bem servidos por outrem. É deprimente. Pois é. Não quero estar sentado à mesa festiva onde o fausto impera, enquanto a comida mal chega à boca daquele que dorme ao relento.
Disseram-me que os banheiros ficam fechados para que não roubem as privadas. Mas uma privada é mais importante que uma vida humana? Certamente, não. Mas o que justifica, então, a Prefeitura do Recife trancar banheiros com as luzes acesas e ignorar a miséria dos que, a poucos metros dali, mal conseguem se proteger do vento e da chuva nas beiradas dos quiosques da orla de Boa Viagem?
Afinal, moradores de rua também defecam e urinam, inclusive durante a noite. Essa constatação simples já justificaria não lhes impedir o acesso aos banheiros durante a madrugada.
Como no célebre filme do expressionismo alemão, a morte está cansada! Cansada de ir ceifando aos poucos, noite após noite, dia após dia, a vida, os sonhos e as esperanças dos despossuídos que escolheram esse cenário idílico talvez por pressentirem, no seu íntimo, que talvez não lhes reste muito tempo.
Eles têm, assim, ao menos a dádiva de poderem ver e sentir a grandiosidade de Deus traduzida na amplitude dos céus desimpedidos e na força do mar bravio. Também é lá que um observador atento pode testemunhar o contraste dessa grandeza com a diminuta estatura moral de homens e mulheres que ostentam corpos definidos em roupas da moda, mas ignoram a dor dos irmãos que teimam em ornar seu circuito com sua presença incômoda.
O espanto nos olhos de uma criança ao ver um homem dormindo sob um quiosque. Olhei para a criança. Ela vinha caminhando com seu pai, para um passeio matinal. Mas ao ver o homem no chão, encolhido e dormindo, ficou em choque. Parou, olhou. Depois buscou o pai com os olhos e com gestos trêmulos. O que aquele homem fazia tão cedo ali? É como se sua cabecinha estivesse processando pela primeira vez uma gama de informações em busca de algum sentido. Tinha que haver uma explicação. Ele dormiu ali? Exposto ao frio, à chuva? Aos bichos perigosos da noite? Aos ladrões e assassinos? Ou às bruxas, monstros e fantasmas? Ele gosta disso? Ele não tem para onde ir? As outras pessoas não o ajudam? Ele não aceita ajuda? Isso poderia acontecer comigo? Ou com alguém que amo? Essa pessoa não tem quem a ame?
Vi que seu pai, numa atitude bonita, abaixou-se e explicou calmamente algo no ouvido da criança. Muito brevemente. E foram embora. Mas a criança ainda se virou para olhar a impactante cena novamente. A mesma que os exuberantes “atletas” da orla tão facilmente ignoram.
Foi então que me dei conta de que os adultos que agem de forma indiferente um dia talvez tenham se impactado com a cena. Mas deixaram essa perplexidade morrer e a indiferença triunfar.
Um homem baixinho e alegre que ajudava uma barraqueira da praia pede roupas usadas a um cliente, depois deste pagar à senhora. O cliente lhe pergunta se não recebe salário da patroa. E então o simplório homem diz que trabalha há 20 anos lá e nunca teve carteira assinada. A mulher se revolta e entra na conversa, dizendo que ele só ajuda, mesmo assim apenas quando quer: “ontem à tarde onde você esteve?”. Passam-se alguns dias. O homem não está mais lá. Teria botado a mulher na justiça? No lugar dele, outro faz a mesma coisa: cava a areia para fincar os guarda-sóis, dispõe as cadeiras em ordem, atende clientes, entregando seus pedidos, e ainda, com vista aguda e passo rápido, capta outros clientes entre os que caminham pela areia da praia. Uma “simples” ajuda.
Outros falam do Sul quase como sendo Xangri-Lá: “lá não teve essa mistura”. Eu defendo a miscigenação, evoco Jerônimo de Albuquerque e Muirá Ubi. Mas o choque diante do primarismo de pensamento e do preconceito é inevitável.
Seu Carlos, na Pracinha de Boa Viagem, educado e sorridente, disse-me que, depois de Deus, só a bebida. Estranhei. Ele explicou: às vezes é a bebida que impede um de cometer uma tragédia, se jogando no meio dos carros e pondo fim à própria vida.
Mas há uma esperança. Não a dos bonés laranjas, dentre os quais parece haver os que consomem tapioca com café sem pagar e abordam ciclistas pardos e pobres, que têm de vasculhar o celular para encontrar uma prova (talvez uma foto) de que a bicicleta não foi roubada.
A esperança é o pensamento abrigado na mente do morador de rua Lucas: conseguir um lugar, como um desses prédios enormes, em que moradores de rua e viciados em drogas pudessem se abrigar. Tomar banho, ter o que vestir, fazer as refeições. Ter uma vida digna.
A Força do sonho que habita a mente desse morador de rua só não é maior do que a ambição de um prefeito que quer ser governador, mas até hoje foi incapaz de perceber a crueldade de deixar os banheiros da orla de portas trancadas e luzes acesas, enquanto alguns de nossos irmãos dormiam, até ontem, sob as beiradas dos quiosques, açoitados pelas chuvas e pelos ventos de agosto.
Mas, silêncio! Os ególatras que enxergam inveja em toda expressão alheia de estranhamento diante dos absurdos desse mundo podem ouvir. E seus egos serão massageados de uma forma tão alucinante que irão se contorcer de prazer. Mas irão erguer torres de marfim ainda mais altas e castelos de cristal ainda maiores, tão exuberantes quanto insanos, em derredor de si. Esquecendo que todos vivemos, em suma, na mesma taba.
Uma auditoria interna realizada pela SulAmérica revelou supostas fraudes em pedidos de reembolso apresentados por beneficiários de duas clínicas oftalmológicas de Salvador. O esquema envolve, segundo a seguradora, atendimentos fictícios e a emissão de comprovantes de transações financeiras falsas. O prejuízo seria superior a R$ 600 mil.
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) permitiu, em julho deste ano, que a SulAmérica negue reembolsos em situações ligadas às empresas investigadas e quando houver indícios de simulação de pagamento. A solicitação foi feita pela seguradora para evitar reembolsos indevidos às clínicas investigadas.
A SulAmérica afirma ainda que as empresas abriram Notificações de Intermediação Preliminar (NIP), através da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para forçar reembolsos indevidos. O instrumento é utilizado para mediar conflitos entre clientes e operadoras de saúde.
Apesar de considerar que ainda faltam provas definitivas para determinar que houve fraude, o desembargador Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro atuou na contenção financeira provisória, permitindo a negativa de reembolso.
“Conforme pontuado na decisão agravada, ao menos neste momento processual, cuja cognição é sumária, não se revela crível concluir acerca de atividades fraudulentas”, pontuou. As empresas negam que tenham tido conduta fraudulenta.
Suspeita de fraude
A SulAmérica afirma que foram 5,5 mil solicitações de reembolso apresentadas por beneficiários atendidos na André Príncipe Oftalmologia e na Clínica de Olhos Príncipe Oliveira, ambas localizadas em Salvador, entre janeiro de 2022 e outubro de 2024. O valor total dos pagamentos é de R$ 23 milhões, referentes a 983 beneficiários. “Ao analisar uma parcela dos pedidos de reembolso, a investigação revelou prejuízo superior a R$ 600 mil”, diz a empresa. O rombo, no entanto, pode ser ainda maior.
Ao entrar em contato com os supostos beneficiários dos serviços prestados pela clínica, os clientes disseram desconhecer comprovantes de pagamentos emitidos por duas instituições financeiras citadas na investigação, a Iugu Instituição de Pagamento e a Facilicred Sociedade de Crédito ao Microempreendedor.
Outro indício de suposta fraude citado pela empresa seriam 80 solicitações de reembolso por meio de boletos bancários. Em 68 destas, verificou-se que o pagador do boleto é o próprio prestador André Príncipe Oftalmologia. “Portanto, de acordo com a auditoria, o prestador realizava o pagamento do boleto em proveito próprio, com a finalidade de gerar um comprovante para as solicitações de reembolso”, diz a SulAmérica, em nota. A suspeita é que os prestadores emitem notas fiscais fracionadas para maximizar os valores a serem ressarcidos.
As empresas acumulam mais de sete mil seguidores nas redes sociais, realizam cirurgias e possuem serviço de home care, com atendimento em domicílio. O responsável técnico é o médico oftalmologista André Príncipe. Ele é formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e possui 21 anos de atuação profissional. Ele também se apresenta como membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo e possui cadastro ativo no Conselho Regional de Medicina (CRM).
Procuradas, as clínicas André Príncipe Oftalmologia e Clínica de Olhos Príncipe Oliveira emitiram nota conjunta em que negam as acusações de fraude e reafirmam seu compromisso com os pacientes. “Com nove anos de atuação na área de saúde, a André Príncipe Oftalmologia de Referência é uma instituição reconhecida e consolidada no mercado baiano justamente pela excelência, ética e integridade em sua atuação”, diz o comunicado.
“A clínica recebeu com grande surpresa a notícia de supostas irregularidades que vêm sendo divulgadas pela SulAmérica, mas está absolutamente certa e tranquila de que os fatos serão devidamente esclarecidos, reafirmando o seu compromisso com a sociedade e os seus pacientes”, completa.
O convidado para o Sextou de amanhã, programa musical que ancoro as sextas-feiras, no lugar do Frente a Frente, é o múltiplo artista Antônio Nóbrega. Multifacetado e excelente em tudo que faz, Nóbrega é ator, dançarino, violinista, cantor e pesquisador das manifestações culturais populares do Brasil.
Em 1971, Ariano Suassuna procurava um violinista para formar o Quinteto Armorial e, após ver Antônio Nóbrega tocando um concerto de Bach no violino, o convidou para participar do grupo. Ele, que até aquela ocasião tinha pouco conhecimento da cultura popular, passou a manter contato intenso com todas suas expressões, como os brincantes de caboclinho, de cavalo-marinho e tantos outros, que passou a conhecer e pesquisar.
Hoje, junto com sua esposa, Rosane Almeida, ele coordena o Instituto Brincante, em São Paulo. O Sextou vai ao ar amanhã, das 18h às 19h, pela Rede Nordeste de Rádio, que reúne 48 emissoras em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM, no Recife. Para ouvir pela internet, acesse o link do Frente a Frente no topo desta página ou baixe o aplicativo da Rede Nordeste de Rádio na Play Store.
Com o objetivo de ampliar o acesso ao conhecimento e fortalecer os pequenos negócios, o Sebrae Pernambuco está expandindo a oferta de capacitações presenciais para cinco municípios da Região Metropolitana do Recife, além da própria capital.
Nos meses de setembro e outubro, gestores e empreendedores poderão participar gratuitamente do programa Sebrae no seu Município, iniciativa itinerante que levará oficinas de marketing e finanças – pilares essenciais para o crescimento de empresas de todos os portes – às cidades de Abreu e Lima, Igarassu, São Lourenço, Itapissuma e Paulista. A programação completa e as inscrições estão disponíveis em www.pe.loja.sebrae.com.br/sebrae-no-seu-municipio.
“As capacitações foram pensadas para atender às necessidades reais dos empreendedores locais, oferecendo conteúdos práticos, atualizados e aplicáveis ao dia a dia das empresas. A iniciativa reforça o compromisso do Sebrae Pernambuco em estar cada vez mais próximo dos pequenos negócios, promovendo o desenvolvimento econômico por meio do conhecimento e da inovação”, explica Arthur Tavares, especialista em Pequenos Negócios do Sebrae/PE.
Ele destaca que, ao oferecer essas qualificações, a instituição leva mais do que conhecimento técnico para os participantes. “O programa também ajuda a proporcionar autonomia, visão estratégica e maior competitividade entre empreendedores e gestores. Isso se reflete em empresas mais sólidas, geração de empregos e fortalecimento da economia local”, acrescenta.
Todas as atividades serão realizadas nas Salas do Empreendedor de cada município. No caso da capital, as ações serão na unidade Desenvolve Recife – Sul, no bairro de Boa Viagem. As primeiras oficinas de Marketing estratégico no digital serão na próxima terça-feira (09.09), a partir das 9h, em Abreu e Lima e no Recife. Ainda em setembro, haverá turmas nos dias 10, às 9h, em Igarassu; e 17, às 9h, no Paulista.
No dia 8 de outubro, o curso será disponibilizado em Itapissuma, às 9h, e em São Lourenço da Mata, às 19h. Os participantes vão aprender a desenvolver estratégias eficazes em negócios físicos e em e-commerce, planejar campanhas, aumentar a visibilidade da marca e atrair e converter clientes utilizando ferramentas e técnicas atualizadas para alcançar resultados concretos e impulsionar o crescimento no ambiente digital.
Já o curso Fluxo de caixa – Controle e planeje as finanças de sua empresa começa a ser disponibilizado na próxima quarta-feira (10), às 9h, em Itapissuma, e às 19h, em São Lourenço da Mata. No mês que vem, as abordagens acontecerão no dia 7, a partir das 9h, em Abreu e Lima; dia 8, às 9h, em Igarassu; e no dia 15, às 9h, no Paulista e no Recife. Nas aulas, os participantes aprenderão a manter a gestão, ajudando a tomar decisões estratégicas e planejar o futuro financeiro da empresa de forma assertiva.
“O gerenciamento financeiro eficiente é essencial para garantir a saúde da empresa. Muitos donos de pequenos negócios enfrentam dificuldades por falta desse controle, de planejamento ou até por não saberem calcular corretamente seus custos e lucros. Com conhecimento, eles aprendem a organizar finanças, adotar medidas mais seguras e a evitar erros comuns que comprometem o sucesso e a sustentabilidade do empreendimento”, reforça Arthur Tavares. A expectativa é que mais de 300 pessoas sejam impactadas pelas ações do programa nos meses de setembro e outubro.