O deputado Álvaro Porto (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa, jamais faria, da tribuna da Casa, a denúncia que abalou o mundo político de Pernambuco se não detivesse provas da existência do chamado Gabinete do Ódio no governo de Raquel Lyra. Não bastasse a relevância do cargo, o deputado é muito experiente no exercício de seus mandatos parlamentares e, portanto, não correria o risco de ser desmoralizado pelos fatos.
O fato é inédito na história política do nosso Estado. O povo pernambucano já conviveu com acusações de maior ou menor gravidade no decorrer de campanhas eleitorais, quando a guerra pelo voto arquiva valores morais e éticos e leva candidatos à vala comum da baixaria. O tiroteio quase nunca prova nada e, quando passa a eleição, ninguém fala mais no assunto.
Leia maisA situação agora é muito diferente de uma campanha eleitoral. A denúncia de Porto surge no contexto de uma CPI que, nas palavras do deputado Waldemar Borges (PMDB), está começando por onde poderia terminar. As informações e acusações contra Manoel Pires Medeiros Neto, secretário executivo de Informações Estratégicas do Governo de Pernambuco, são gravíssimas.
Manoel, o homem bomba, chegou ao cargo pelas mãos da vice-governadora Priscila Krause, mas já mostrou serviço faz tempo. É figurinha carimbada nas sombras do poder. Não por acaso, passou da área de Comunicação, que quase sempre exige exposição pública, para a de Informações Estratégicas que, ao contrário, tem como mandamento número 1 a discrição. Pelo que apurou a Superintendência de Inteligência Legislativa da Assembleia, o homem bomba desprezou o mandamento e cumpriu tarefa no Gabinete do Ódio em uma lan house. Que vexame, Manoel!
O discurso do deputado Álvaro Porto revela que o país de Raquel não é feito apenas da fantasia da propaganda, que ela quer manter empurrando goela abaixo dos pernambucanos um contrato de publicidade no valor de R$ 1,2 bilhão. O país de Raquel também promove o ódio contra quem pensa diferente dela.
Se tiver compostura, o homem bomba pede exoneração do cargo de secretário executivo até o fim das investigações da CPI e de outras instâncias do poder público. Se ele não fizer isso, a governadora tem obrigação de exonerá-lo. O orçamento de Manoel Medeiros não vai sofrer nenhum abalo com a perda do cargo porque, como informou o presidente da Assembleia, ele tem duas boquinhas: uma no conselho da Cepe (Companhia Editora de Pernambuco) e outra no conselho da Adepe (Agência de Desenvolvimento de Pernambuco). Ele já disse que não se intimidará. Traduzindo: não vai pedir exoneração.
Pernambuco exige resposta rápida e cirúrgica. O que vai fazer a governadora? Valores morais e éticos da administração pública fazem parte do país de Raquel? Pelo que assegura Álvaro Porto, não.
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