A Câmara aprovou nesta terça-feira um projeto de lei que determina a criação de novos cargos comissionados, ou seja, de livre nomeação, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O texto é de autoria do próprio STJ e regulamenta a criação de 330 novos cargos, que devem ser distribuídos em 33 gabinetes de ministros do tribunal. A iniciativa agora será enviada para a análise do Senado.
A aprovação acontece em meio a uma pressão de deputados bolsonaristas e de parte dos partidos de Centrão para aprovar propostas que limitem o alcance do Poder Judiciário. As informações são do jornal O Globo.
Leia maisEsses deputados tentam fazer andar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o foro privilegiado, retirando processos contra deputados e senadores do Supremo Tribunal Federal.
A oposição deseja mudar o texto dessa PEC para tentar fazer com que o ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo no caso da trama golpista, saia da jurisdição do Supremo.
Também há outro texto, em construção pelo líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (RJ), que estabelece a necessidade de aval do Poder Legislativo para que um congressista seja investigado, além de prisão apenas em casos de flagrante ou por crime inafiançável.
Do lado bolsonarista também há uma pressão para impeachment de ministros do STF, principalmente de Alexandre de Moraes, relator do caso da trama golpista, da qual Bolsonaro é alvo.
O projeto aprovado hoje vai na direção contrária e representa um aceno ao Judiciário. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem dado sinais trocados quando o assunto é a queda de braço entre os dois Poderes. Ao mesmo tempo que é próximo de ministros de tribunais superiores, Motta também tem buscado atender de alguma forma a demanda para que o Congresso se fortaleça sobre o Judiciário.
O relator do projeto aprovado hoje é o deputado Gabriel Nunes (PSD-BA), que deu um parecer favorável ao que foi pedido pelo STJ. Na versão mais recente do relatório, apresentada hoje, Nunes diz que a “proposta não traz aumento no limite para despesas primárias, na medida em que os recursos previstos já estão incluídos no teto orçamentário destinado ao STJ para o exercício de 2025”.
O projeto foi criticado pela oposição, que tentou, sem sucesso, adiar a votação do texto. O PSOL também foi contra o texto.
– Eu fico imaginando como está o cidadão comum, aqueles que estão lutando para sobreviver. O Brasil não aguenta mais aumentar as despesas do Poder Judiciário brasileiro – disse o deputado Eli Borges (PL-TO).
Do lado contrário, o relator disse em seu parecer que a iniciativa “contribui para o aprimoramento da celeridade processual, reforçando a capacidade institucional do STJ de responder com maior agilidade às demandas da sociedade brasileira”.
Em julho, a Câmara já havia aprovado um projeto similar que determinava a criação de cargos no Supremo Tribunal Federal. O projeto determina a criação de 160 novos cargos para o STF. Assim como no projeto do STJ aprovado hoje, a iniciativa chancelada há dois meses não citava um impacto fiscal e a justificativa da Corte no texto é que seriam usados recursos já disponíveis no orçamento da Casa.
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