Todos sabem que a maior festa da cultura nordestina são os festejos juninos, mas, infelizmente, eles estão sendo assassinados aos poucos pelos (i)responsáveis por esse evento tão importante para a nossa região.
Como faço anualmente, estive em Caruaru todos os finais de semana até agora, para aproveitar as festividades do Pátio do Forró. O que encontrei por lá, começando pelo palco que parecia palco de Rock in Rio, de Lollapalooza, foi um festival de músicas sertanejas, tudo menos uma festa junina. Nada contra os artistas que por lá passaram, mas não posso deixar de registrar aqui, a minha indignação com tamanha falta de respeito aos valores que permeiam essa festa tão importante, que é o nosso São João.
O que todos viram foi um festival de músicas sertanejas, brega, piseiro, música eletrônica, funk, forró estilizado (pelo menos é forró), e pouquíssimo do tradicional forró pé de serra.
Isso sem falar nos cachês estratosféricos que são pagos por esses artistas de fora, alguns destes artistas ainda fazem o show completamente embriagados, demonstrando um total desrespeito, falta de profissionalismo, tanto com quem os contratam e, principalmente, com o público que ali está.
Enquanto isso, os artistas da terra, como Petrúcio Amorim, Alcimar Monteiro, Santana, Almir Rouche, Nando Cordel, entre tantos outros, que quando são contratados, ficam em polos descentralizados, com pouca ou quase nenhuma visibilidade, pagos com cachês que não chegam nem perto dos que são gastos com os artistas de fora.
E, diga-se de passagem, são eles que, com muita luta, sem quase ou nenhum incentivo por parte dos governantes, mantém vivo o autêntico forró pé de serra.
O que vi no pátio de eventos de Caruaru, na véspera de São João, foram artistas tocando de tudo e, para não ser injusto, alguns deles (não todos) se muito tocaram, foi uma ou duas músicas do nosso pé de serra! Parecia que estávamos no festival de Barretos ou em qualquer outra festa pelo Brasil a fora, menos em Caruaru. Se continuarem com essa política de aniquilação da nossa cultura, em breve, as futuras gerações, não saberão o que é uma verdadeira festa junina. Lamentável!
Estive também por esses dias em Campina Grande, na Paraíba, mais precisamente no Parque do Povo, maior concorrente do São João de Caruaru e, a começar pelo palco, esse sim, remete a uma festa junina, gostei do que vi. Presenciei também que lá, os barraqueiros que passam a noite vendendo bebidas dentro do pátio, todos eles têm guardas chuvas instalados em suas barraquinhas, bem como recebem capas protetoras, enquanto que, os que fazem o mesmo no pátio em Caruaru, ficam expostos a chuva durante toda a noite, sem nenhuma proteção.
Ainda há tempo das autoridades responsáveis por essa festa tão grandiosa refletirem!
Já que a oposição não se insurge de forma organizada e até judicialmente contra o processo de privatização da Compesa, os trabalhadores da estatal resolveram sair da inércia. A partir de hoje, cruzam os braços por tempo indeterminado. A greve foi aprovada em assembleia da categoria sem volta. Há um medo terrível dos servidores do quadro efetivo de que a Compesa tenha um tremendo retrocesso sendo entregue seu serviço de distribuição à iniciativa privada.
O temor não diz respeito apenas a instabilidade deles como trabalhadores. Vai mais além: a água, o bem maior da humanidade, pode sair mais cara para o consumidor. E isso, num ano pré-eleitoral, vai repercutir negativamente para a governadora Raquel Lyra (PSD), que fecha o terceiro ano com mais esse desgaste em meio a tantos outros, como a tentativa de promover um concurso sem respeitar as cotas raciais.
A paralisação começa, daqui a pouco, com um grande ato em frente à sede administrativa da Compesa, na Rua Jaime da Fonte, em Santo Amaro. A decisão reflete o compromisso da categoria com a defesa de uma Compesa 100% pública, eficiente e com trabalhadores valorizados, e por um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) justo.
A greve ocorre em meio ao processo de privatização parcial da Compesa. No dia 12 de setembro passado, a governadora confirmou a data do leilão de concessão parcial da Companhia, que prevê a transferência dos serviços de distribuição de água e coleta de esgoto para a iniciativa privada.
Na prática, a parte mais rentável e atrativa para o mercado será entregue ao setor privado, enquanto a produção e captação da água — etapa mais difícil, custosa e sujeita às mudanças climáticas — permanecerá sob responsabilidade pública. A categoria denuncia que esse modelo aprofunda a desigualdade no acesso à água e coloca em risco um serviço essencial, que deve ser garantido como direito humano e não como mercadoria.
O secretário de Recursos Hídricos, Almir Cirilo, garante que não haverá demissões na Compesa e que todos servidores serão aproveitados pela empresa que ganhar a operação da parte mais rentável da estatal. Mas quem confia na palavra de um governo que não cumpre o que diz?
SEM GARANTIAS – Os trabalhadores efetivos da Compesa desconfiam do Governo. Temem o futuro porque nenhum documento foi assinado dando garantia aos seus empregos. Nenhuma lei de reaproveitamento do quadro foi apresentada igualmente. “Estamos em campanha salarial e, desde a primeira reunião da mesa de negociação, o governo se recusa a formalizar qualquer garantia”, diz Kaline Lemos, assistente social da Compesa, do comando de greve. O movimento grevista, segundo ela, exige garantias reais de manutenção dos empregos, reposição salarial e respeito ao ACT, além de transparência sobre o futuro da Companhia e dos seus servidores.
Defesa do povo – A luta contra a privatização da Compesa não é apenas por direitos trabalhistas, mas em defesa do povo e do saneamento público. Os trabalhadores afirmam que a Compesa tem plenas condições de seguir sendo 100% pública, com investimento, valorização dos seus técnicos, concurso público e compromisso social. A greve é, portanto, uma resposta coletiva a um projeto que ameaça a soberania sobre um bem essencial: a água.
Longe de ser mercadoria – “Estamos nas ruas para dizer que água é vida, não é mercadoria. Pernambuco precisa de uma Compesa pública, forte e comprometida com o interesse do povo, não com o lucro das empresas”, reforça Lívia Clemente, assistente social também do comando de greve. Com faixas, palavras de ordem e o apoio de diversas entidades sindicais e movimentos populares, os trabalhadores reafirmam que esta é uma greve em defesa da Compesa, da classe trabalhadora e do direito à água para todos em Pernambuco.
Cartas marcadas – Pelo menos até a deflagração da greve por tempo indeterminado a partir de hoje, a oposição se restringiu a fazer meros discursos na Assembleia Legislativa se opondo ao processo de privatização da Compesa. A esta altura, o que os servidores esperam dos deputados é um movimento unificado capaz de barrar a privatização na justiça. De fato, há muitas brechas para contestação e suspeitas de que seja um jogo de cartas marcadas. Para esconder o que pode ser mais prejudicial à população, que também não despertou para o fato de que a água ficará com preço mais salgado, a governadora usa o termo concessão e não privatização.
A dinheirama da privatização – A governadora está com os cofres estaduais abarrotados de dinheiro com os empréstimos autorizados pelo Legislativo e encontrou na privatização da Compesa, segundo os servidores da estatal, uma forma de abocanhar mais recursos em ano pré-eleitoral. Fala-se que o leilão dos serviços de distribuição de água vai render em torno R$ 19 bilhões ao Estado. O edital marcou a entrega das propostas para 11 de dezembro próximo e a realização do leilão uma semana depois, em 18 de dezembro, na na Bolsa de Valores de São Paulo. O projeto pretende atrair R$ 19 bilhões em investimentos privados para a universalização do saneamento, somando-se a R$ 16 bilhões em recursos estaduais. O tempo da concessão é de 35 anos.
CURTAS
DUAS REGIÕES – Para a concessão, a Compesa foi dividida em duas regiões: a Microrregião de Água e Esgoto (MRAE2) que vai da Região Metropolitana do Recife até a região do Pajeú (RMR-Pajeú) – composta por 160 municípios – e da MRAE1, composta por 24 municípios do Sertão. Especialistas afirmam que o modelo de concessão parcial não é o mais recomendado.
O OSSO – A parte que vai continuar pública, a de produção e captação da água, é o osso, a mais difícil e custosa e está sujeita a intempéries, principalmente diante das mudanças climáticas. Já a parte de distribuição, que será entregue à empresa privada — ou empresas, já que cada região será um leilão diferente – é a mais atrativa para o mercado, por ser mais rentável.
BRK NO LEILÃO – A experiência com a BRK, empresa privada que já atua na Região Metropolitana em uma Parceria Público-Privada (PPP), é frequentemente evocada como um exemplo do que não deve ser repetido. O governo reconhece que o contrato com a BRK caminha para um distrato, mas coloca a culpa na falta de fiscalização do governo anterior. O presidente da Compesa, Douglas Nóbrega, diz que está fiscalizando e aplicando sanções para que a BRK cumpra o contrato nos acordos previstos. Porém, não há nenhum impedimento legal para que a empresa participe do leilão da Compesa.
Perguntar não ofende: Em quanto ficará mais cara a água com a privatização da Compesa?
O município de Serra Talhada participou do primeiro dia da ABAV Expo 2025, uma das maiores feiras de turismo da América Latina, que reúne profissionais e empresas do setor público e privado, incluindo destinos turísticos, agências de viagens, operadoras, companhias aéreas, redes hoteleiras e instituições ligadas ao turismo. O evento, realizado no Rio de Janeiro, tem como objetivo promover a conexão entre os diversos segmentos da cadeia produtiva do turismo, possibilitando capacitações, rodadas de negócios e parcerias estratégicas.
Durante as apresentações, os representantes de Serra Talhada apresentaram informações sobre o município, destacando aspectos históricos, culturais e naturais, com foco na promoção de experiências turísticas no Sertão pernambucano. Uma operadora estrangeira demonstrou interesse em avaliar a inclusão de Serra Talhada em seus roteiros pelo Nordeste. Agências e operadores do Ceará também receberam informações sobre o turismo local, como o patrimônio ligado à história do cangaço, os recursos naturais e a receptividade da população.
“A participação de Serra Talhada na ABAV Expo 2025 é uma oportunidade de apresentar nosso município como destino turístico, fortalecer parcerias e ampliar a visibilidade dos nossos atrativos. Estar neste evento permite que nossas experiências históricas, culturais e naturais sejam conhecidas por profissionais do setor de todo o Brasil e do exterior”, frisou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Elyzandro Nogueira.
Em Gaza, uma criança acorda e não há nada. Nem pão, nem teto, nem cama. A vida recomeça todo dia sem promessas. Há apenas o estômago vazio que geme em silêncio, o olhar perdido da mãe que já não tem mais lágrimas, e a poeira impregnada no corpo de quem não tem onde repousar. Eles dizem que estão voltando para casa. Mas que casa? Aquilo que foi lar virou escombros, virou ausência, virou desespero. Regressam para o nada. Caminham como quem carrega os olhos dentro de uma mala sem destino.
Ao mesmo tempo, líderes mundiais cruzam os céus em jatinhos confortáveis, protegidos por protocolos e seguranças, para se encontrarem em salões refrigerados e luxuosos. Ali, entre taças de cristal e cafés importados, declaram estar reunidos para debater soluções globais sobre alimentação. Falam de programas, fundos internacionais, metas sustentáveis. E enquanto isso, um menino em Rafah segura a barriga com as duas mãos, não por fome de futuro, mas por fome de agora.
Inventaram um termo técnico para disfarçar o que é brutal: crise alimentar. Um eufemismo conveniente, que suaviza o drama e dilui a responsabilidade. A fome, no entanto, não é uma crise. É um crime. É um projeto de exclusão. Ela é fabricada com precisão cirúrgica, por aqueles que controlam os acessos, os recursos e os silêncios. A fome é instrumento de guerra. É tática de dominação. É punição coletiva.
No continente africano, em campos de refugiados no Oriente Médio, nas comunidades esquecidas da América Latina, milhões não sabem se terão uma próxima refeição. O pão é uma miragem. A água potável, um luxo inalcançável. O mundo produz alimento suficiente para todos, mas uma parte come demais enquanto a outra morre esperando. A balança é cruel. E os discursos não a equilibram.
O economista senegalês Jacques Diouf, ex-diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), disse com clareza: a fome não é uma questão de caridade, é uma questão de justiça. E justiça não se resolve em cúpulas. Justiça exige ação, redistribuição, coragem de romper os pactos que sustentam a desigualdade.
A cada conferência global sobre alimentação, milhões são gastos com passagens, hospedagens, segurança e logística. O valor investido em uma única viagem de um chefe de Estado seria suficiente para alimentar milhares de famílias por semanas. Mas em vez de saciar a fome, alimentam o espetáculo. Fingem resolver enquanto sustentam a estrutura que permite o sofrimento. É uma encenação dispendiosa, montada sobre os ossos de quem já não tem força para gritar.
A mídia, por sua vez, muitas vezes opta por uma cobertura superficial, tímida, editada. Dizem que os palestinos estão voltando para casa, mas não dizem que a casa não existe mais. Repetem os boletins diplomáticos, mas não mostram a mãe que amamenta sem leite, o pai que procura alimento entre ruínas, a criança que tropeça em corpos. Transformam a catástrofe em estatística, a dor em número, a barbárie em nota de rodapé.
E então, o mundo gira, as bolsas de valores se movem, os relatórios são publicados, os aplausos ecoam. Enquanto isso, em Gaza, pessoas caminham em silêncio. O rosto coberto de pó, os pés feridos, a alma suspensa no ar, como quem já deixou de existir. Cada um carrega o peso do próprio desaparecimento. Cada passo é um lamento calado. Cada respiração, um milagre de resistência.
É preciso repetir sem pudor: quem não alimenta, governa a mentira. Governar é garantir o pão, é proteger o corpo, é cuidar da vida. Quem finge que governa, mas permite que crianças morram de fome, não governa: administra o abandono.
A filósofa indiana Vandana Shiva, incansável defensora da justiça alimentar, disse que “a fome é uma consequência da violência — contra a terra, contra os agricultores, contra os povos.” E essa violência hoje se espalha como sombra pelas vielas de Gaza, pelos campos queimados da África, pelas favelas invisíveis do Brasil.
É de Adlai Stevenson, ex-embaixador americano na ONU, a sentença que resume o abismo em que estamos: um homem faminto não é um homem livre. A fome é a mais cruel das prisões, porque sequestra o corpo e esvazia a esperança. Quem tem fome não pensa em amanhã. Pensa em sobreviver até a próxima hora.
Não chamem de crise o que é massacre. Não chamem de retorno o que é exílio permanente. Não chamem de ajuda o que é vitrine política. Se não há coragem para mudar, que ao menos haja vergonha. E se não há vergonha, que ao menos haja silêncio.
Mas para os que ainda sentem, que escrevam. Que falem. Que gritem. Que denunciem. Porque a mesa continua vazia. E os discursos continuam cheios.
*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras
Pernambuco notificou mais quatro casos suspeitos de intoxicação por metanol associado ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Os dados atualizados foram divulgados neste domingo (12), pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). De acordo com a pasta, os novos notificados são das cidades de de Jaboatão dos Guararapes, Serra Talhada, Mirandiba e Salgueiro.
A SES-PE também informou que a morte investigada em Olinda não apontou intoxicação por metanol e foi descartada após resultado laboratorial emitido pelo Instituto de Criminalística (IC). As informações são da Folha de Pernambuco.
Com isso, Pernambuco contabiliza 48 notificações (incluindo três pacientes de outros estados — 2 de São Paulo e 1 de Alagoas), e 18 casos descartados.
Dos 45 notificados residentes no estado, sete pacientes permanecem sendo acompanhados em serviços de saúde. Outros 25 já receberam alta hospitalar e 10 foram descartados (Carpina, Gravatá, Caruaru, Jaboatão dos Guararapes, Serrita, Recife, João Alfredo, Olinda e Jupi).
Outro caso foi descartado no município de Mirandiba, mas o paciente segue internado por outras causas. Seis óbitos foram notificados e estavam sendo investigados (Lajedo – 2, Surubim – 1, Olinda – 1, João Alfredo – 1, Paudalho – 1), mas os três últimos já foram descartados. Outros seis pacientes evadiram-se, abandonando o tratamento por conta própria, sendo um deles descartado por intoxicação por metanol.
Resumo:
7 pacientes internados (3 descartados) 25 receberam alta (10 descartados) 1 internado por outras causas (caso descartado) 6 óbitos (3 descartados) 6 evadiram-se (1 descartado).
Morreu na noite de ontem (11), aos 80 anos, o empresário e ex-deputado por Pernambuco, Manoel Aroucha Filho. Ele estava internado há quatro meses no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e morreu após uma parada cardíaca.
Aroucha Filho foi uma figura importante na política e do setor empresarial do estado. Ele exerceu três mandatos na Assembleia Legislativa de Pernambuco, entre 1974 e 1986, sendo também o primeiro secretário da Casa no governo de Marco Maciel. No setor empresarial, Aroucha Filho foi fundador do Grupo Terra, com expressiva atuação no segmento imobiliário. As informações são da Folha de Pernambuco.
Família e despedida
Casado com Lúcia Aroucha, o ex-deputado deixa três filhas: Patrícia, Erika e Cláudia. O corpo de Manoel Aroucha Filho será trazido ao Recife ainda neste domingo (12).
O velório acontecerá na Assembleia Legislativa de Pernambuco, nesta segunda (13), pela manhã. Já o sepultamento ocorrerá à tarde, no jazigo da família Aroucha, localizado no Cemitério de Santo Amaro, na área central da capital pernambucana.
Grupos de ajuda humanitária começaram a enviar caminhões com suprimentos para a Faixa de Gaza a partir do Egito neste domingo (12). A operação faz parte do plano de cessar-fogo firmado entre Israel e o Hamas, em vigor desde sexta-feira (10). As informações são do Poder360 com o EuroNews.
Dezenas de caminhões cruzaram o lado egípcio da passagem de Rafah levando alimentos, remédios, tendas, cobertores e combustível, segundo informou o Crescente Vermelho Egípcio. Os veículos passam por inspeção de forças israelenses antes de entrar no território palestino.
O Egito afirmou que enviará 400 caminhões de ajuda humanitária nos próximos dias. Já a ONU (Organização das Nações Unidas) disse ter cerca de 170 mil toneladas de alimentos, medicamentos e outros itens prontos para envio. A expectativa é que, com o avanço do cessar-fogo, o volume de entregas chegue a 600 caminhões por dia.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU, a quantidade de comida básica enviada seria suficiente para alimentar toda a população de Gaza — mais de 2 milhões de pessoas — por até 3 meses.
Enquanto a ajuda entra, dezenas de milhares de palestinos retornam aos bairros destruídos durante os combates. A guerra, iniciada em 2023, deixou a infraestrutura da Faixa de Gaza severamente danificada e provocou uma grave crise humanitária.
A guerra entre Israel e Hamas já deixou 67.211 pessoas mortas na Faixa de Gaza até este domingo (12). Cerca de 170 mil ficaram feridas. Os dados são da Al Jazeera (emissora estatal da monarquia do Qatar) e não puderam ser verificados de forma independente.
João Camargo, empresário responsável pela recente aquisição da Transamérica, anunciou a criação da TMC, uma nova rádio que promete disputar espaço com a CBN e a BandNews FM. A partir da próxima semana, a TMC começará a substituir a programação da antiga Transamérica, informa a Folha de S.Paulo. O projeto tem como objetivo atrair uma audiência diversificada, tanto no dial quanto nas plataformas digitais, com destaque para o YouTube, onde já há uma forte presença de canais de notícias como Jovem Pan e CNN Brasil.
A nova rádio contará com Daniela Lima, Jamil Chade e Luiz Felipe Pondé. Daniela Lima, ex-jornalista da CNN Brasil, Globo e atualmente no UOL, será responsável por uma coluna de análise do cenário político nacional. Jamil Chade, especializado em política internacional, trará análises diárias sobre as repercussões globais e os impactos desses eventos para o Brasil. Já o filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha de S.Paulo, oferecerá uma perspectiva sobre os temas mais relevantes do noticiário.
Além destes nomes, a TMC também contará com outros profissionais de destaque no cenário midiático. Joana Treptow, ex-âncora do Jornal da Band, e Rodrigo Alvarez, com passagens pela Globo e Band, foram contratados para comandar a programação matinal da nova emissora. As informações são do Brasil247.
Marco Rubio foi quem indicou a venezuelana María Corina Machado para o prêmio Nobel da Paz. Em 2024, ainda como senador pela Flórida, ele liderou uma carta aos organizadores em Oslo sugerindo que a opositora ao presidente Nicolas Maduro fosse considerada.
Rubio é hoje o chefe da diplomacia de Donald Trump, presidente que fez campanha explícita para receber a premiação. A Casa Branca chegou a colocar a diplomacia americana para trabalhar por esse objetivo, sem sucesso.
Ironicamente, foi seu atual secretário de Estado que, antes de assumir o cargo em Washington, havia liderado entre os parlamentares americanos a campanha pela venezuelana. Tratava-se de um instrumento de pressão contra Maduro. “Escrevemos a vocês em apoio à indicação de María Corina Machado para o Prêmio Nobel da Paz”, disse a carta de 26 de agosto de 2024.
“Em nosso trabalho como formuladores de políticas que lutam pela democracia e pelos direitos humanos diante de regimes ditatoriais no Hemisfério Ocidental e além, raramente testemunhamos tanta coragem, altruísmo e firme convicção moral como María Corina Machado”, disse.
“Ela arriscou tudo para animar o povo venezuelano, antes abatido. Eles sofreram 25 anos de opressão, tortura, assassinato e privação econômica nas mãos do regime Chávez-Maduro, que sistematicamente minou as instituições democráticas e perpetuou uma crise regional de proporções monumentais. Machado se destaca como um farol de esperança e resiliência”, insistiu.
“Apesar de sofrer severas ameaças pessoais, incluindo atentados contra sua vida, Machado permaneceu firme em seu compromisso de restaurar a governança democrática na Venezuela”, aponta a carta.
“Sua liderança é fundamental na mobilização de apoio nacional e internacional para uma resolução pacífica da atual crise de fraude eleitoral. Seus esforços incansáveis Prêmio Nobel da Paz busca honrar. Os esforços de Machado para trazer uma paz democrática à Venezuela beneficiam seu país, bem como a região e o mundo”, indicaram os parlamentares.
“Nas eleições recentes, o trabalho de Machado demonstrou sua determinação inabalável e capacidade de inspirar e mobilizar outros para a nobre causa da democracia. Suas ações refletem uma crença profunda na justiça, nos direitos humanos e no Estado de Direito — valores fundamentais para a missão do Prêmio Nobel da Paz”, indicou o texto.
O americano tem se manifestado abertamente sobre seu desejo por um prêmio conquistado por quatro de seus antecessores: Barack Obama em 2009, Jimmy Carter em 2002, Woodrow Wilson em 1919 e Theodore Roosevelt em 1906. Mas a escolha de Oslo foi por um outro caminho.
Escritores modernos têm usado recursos de Tecnologia da Informação para aprimorar textos, sofisticar pesquisas e assegurar citações bibliográficas e, mais recentemente, Inteligência Artificial para ajudá-los a ter mais segurança nos seus trabalhos. Escritores modernos têm contratado escritórios de design para preparar material de divulgação e produção de sites amigáveis com sua obra para divulgação e inserção de seus trabalhos nas redes sociais.
Silvio Meira e Rosário de Pompeia estão usando a IA para, após a conclusão de seu novo livro ‘A Próxima Democracia’, criar integralmente um site de uso do novo texto resultado de um ano de pesquisa, discussão e validação acadêmica das propostas teóricas pelos leitores cujo aprendizado foi construído integralmente sobre o conteúdo do livro e que será ferramenta de trabalho dos usuários e que terá, também por IA, da produção de conteúdo de análises comparadas ao aprendizado do que está no livro.
Silvio Meira e Rosário de Pompeia estão com o novo trabalho um novo modelo da política fundamentado num pacote de 32 teses construídas para abrir um debate na sociedade sobre que tipo de democracia podemos experimentar baseada em conceitos clássicos, práticas modernas de compliance social e debates do cidadão como atores fiscais dos seus representantes.
Os dois autores são os criadores da teoria do Marketing do Futuro, livro instrumento de negócios escrito, a partir de um manifesto proposto por eles e que vem sendo usado por centenas de empresas e especialmente grandes corporações.
Criadores da teoria do Marketing do Futuro
Não antes de ter sido recebido com surpresa, desconfiança de gerentes, diretores e Vice Presidente de empresas pela proposta disruptiva e que (sabe-se hoje) tirou da zona de conforto e dos cargos dezenas de profissionais acostumados às teorias de marketing depois de não entenderem que as ferramentas tradicionais já não davam conta dos desafios de uma sociedade conectada e que funciona a partir de comunidades em rede.
‘A Próxima Democracia’ é um livro mais ambicioso porque trata de política. O que por si só já seria um tema de ampla controvérsia, especialmente na sociedade brasileira que nos últimos anos vem repetindo o comportamento de divisão de opiniões existente em vários países onde a cisão ancorada especialmente nas redes sociais sequer permite um debate civilizado. E, não raro, simplesmente propõe a eliminação do outro.
E, assim como aconteceu com os gestores do marketing (do passado), a ousadia da proposta tende a ser recebido com desconfiança pelos políticos, críticas de uma geração de cientistas políticos, professores, da Academia e analistas da mídia
Mesmo a despeito de vir ancorado numa robusta pesquisa referencial que inclui conceitos básicos de pensadores da Antiguidade, autores clássicos dos séculos passados, novas propostas feitas no século XX por escritores modernos, e teóricos que já se debruçaram sobre o tema em novos textos no Século XXI.
Autores apresentaram em 2024 teoria AEIOU no Marketing
Meira e Pompeia sabem disso e esperam críticas pela ousadia da proposta como, aliás, sabiam quando apresentaram a teoria AEIOU no ‘Marketing do Futuro’ (2024) um ano depois de lançarem o ‘Manifesto do Marketing do Futuro’ em 2023.
Orientador e orientadora no Doutorado da Cesar School, eles estão acostumados com contestações. Embora, no caso da teoria do Marketing do Futuro, isso os tenha levado a construírem também uma nova plataforma de consultoria de suporte que tem sido demandada pelo mercado, especialmente grandes corporações. Parte delas clientes da LeFil, liderada por Rosário de Pompéia e Socorro Macedo e da TDS, de Silvio Meira, requisitado conselheiro de várias empresas.
E o que diz e propõe ‘A Próxima Democracia’?
Além da experiência Gutenberguiana de um livro impresso de 328 páginas, editado pela Amarilys e da possibilidade de acesso ao site https://aproximademocracia.com.br/, gerado por IA aonde estão o texto original e as primeiras colunas escritas pelos dois autores com IA, ‘A Próxima Democracia’, numa frase, pode ser definida assim:
“Um manifesto-operacional para refundar a democracia no “mundo digital” — onde físico, digital e social se entrelaçam — combinando diagnóstico denso, 32 teses prescritivas e um método (AEIOU) para transformar princípios teóricos em prática.”
Provocativo, não? Mas o objetivo de Meira e Pompeia é esse mesmo. Daí porque eles dividiram o livro em cinco capítulos que eles definem como degraus definidos como Alicerce, Bússola, Mapa (onde estão as 32 teses organizadas em cinco grupos, um Manual de Navegação (o algoritmo de ação política já aplicado no Marketing do Futuro, cujas palavras Ambiente, Estratégia, Interações, Operações, Unificação foram o acrônimo AEIOU) e um final definido como Horizonte onde os autores definem a “Democracia como ecossistema vivo a ser cultivado, não máquina a ser gerida”.
Tudo muito bom. Tudo muito bem, mas a pergunta que ‘A Próxima Democracia’ suscita é: para quem serve e como aplicar todo esse conjunto de teses que vocês propõem?
“Bom. Pode ser interessante para muita gente. Gestores públicos e legisladores de modo a servir como agenda de Estado-plataforma e regulação algorítmica (transparência, auditoria, proteção de dados, integridade informacional).
Certamente vai interessar a Movimentos/Partidos servindo como ferramenta para sair da mobilização efêmera para capacidade tática/narrativa e pressão sustentada — e, nesse ponto, a proposta do livro é usar o conceito de AEIOU (lembra?) com mais cadência.
E, finalmente, servir como Plataformas/Mídia para reconectar modelo de negócio a valor cívico; reduzir opacidade algorítmica; preservar jornalismo e diversidade informacional. Naturalmente, servindo para criar argumentos de debate.”
Os autores identificaram (e reconhecem) que essa não será uma conversa amigável. E o livro reconhece tensões. Fortes tensões que eles listam em quatro grupo para provocar o debate:
Participação em rede X deliberação qualificada; Transparência radical X privacidade/autonomia psíquica; Governança ágil X accountability e devido processo; Regulação forte X inovação aberta em plataformas. Trabalhos acadêmicos com esse tipo de provocação normalmente apresentam questões que a teoria proposta tenta responder. É um formato clássico de modo a suscitar o debate. Meira e Pompeia sabem, portanto, o que lhes espera.
Mas Meira e Pompeia também fazem provocações. E em número de sete perguntas. E para não antecipar o “kit de perguntas-gatilho” vale desde já provocar a questão sobre onde montar assembleias cidadãs e orçamentos participativos de alto impacto?
As respostas podem ser buscadas na 32 teses que os autores vão logo advertindo que não são aforismos soltos, são componentes de um mesmo sistema. Cada bloco (são seis) cumpre uma função distinta, reconfigura a arquitetura do poder, estabelece cadências de interação, cria lastro ético e comunicacional, expande quem participa e com quais direitos, define salvaguardas de resiliência e de transparência. O que é o conjunto de teses que se interconectam e ancoram a própria proposta do livro que tem prefácio do jornalista Gerson Camarotti.
Livro para a pluralidade de ideias e pensamentos
Camarotti afirma na sua apresentação que o grande desafio de ‘A Próxima Democracia’ é sair das bolhas dos algoritmos para resgatar a pluralidade de ideias e pensamentos. O que, segundo ele, o torna essencial depois que Silvio Meira e Rosário Pompéia apontam caminhos preciosos nesta direção.
O jornalista confessa que atuando na cobertura política em Brasília há três décadas, nunca imaginou que chegaria o momento de se perguntar: Qual será a próxima democracia? Porque, segundo ele, quando começou a acompanhar as relações de poder na capital federal nos anos 90, o país ainda vivia os ecos da redemocratização.
“Era um tempo de celebração da democracia. E foi com esse espírito que decidi, anos antes, fazer jornalismo e me especializar em política”. Até que nos últimos anos o cenário mudou radicalmente e a polarização passou a dominar o mundo. E esse movimento teve reflexo imediato no Brasil.
O que torna o livro fundamental para esse esforço de compreender como chegamos até aqui e o que é possível fazer para sair dessa armadilha. Porque agora enfrentamos o desafio dos algoritmos que acentuam bolhas ideológicas separando as pessoas e afetando sensivelmente a democracia em todos os lugares, diz o jornalismo.
‘A Próxima Democracia’ será lançado nesta quinta-feira (16) no Auditório Cais do Sertão, com comentários do professor Joaquim Falcão, embora já esteja disponível na Amazon. E vem a vantagem de permitir uso do site gerado por IA de modo que os interessados já possam exercitar a teoria proposta de Silvio Meira e Rosário de Pompéia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a Roma, na Itália, neste domingo (12), para participar da abertura do Fórum Mundial da Alimentação, promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que será realizado amanhã (13). A comitiva desembarcou por volta das 10h30 no horário local (5h30 em Brasília).
O convite para a participação no fórum partiu do diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, em julho, quando o presidente brasileiro foi informado de que o Brasil saiu do Mapa da Fome. O país está abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente.
“O Brasil saiu do Mapa da Fome outra vez. Nós conseguimos tirar 30 milhões de pessoas da fome em dois anos e meio de governo e vai ter um grande encontro em Roma, na FAO, e eu vou ter que falar como o orador principal desse encontro”, disse Lula, em entrevista recente. O Fórum Mundial da Alimentação vai até o dia 18, período em que também serão comemorados os 80 anos de criação da FAO.
Também nesta segunda-feira, o presidente brasileiro será recebido pelo Papa Leão XIV, no Vaticano. A reunião entre Lula e o líder da Igreja Católica será a primeira desde que Leão XIV foi eleito papa, em maio deste ano.
Aliança contra a fome
Na viagem, Lula participa ainda da segunda reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que é composto por ministros, representantes de governos, agências da Organização das Nações Unidas (ONU), bancos multilaterais e organizações da sociedade civil.
Presidido em parceria entre Brasil e Espanha, o encontro ocorrerá em formato híbrido e vai avaliar o progresso da iniciativa desde a criação, em 2024. A edição de 2025 será marcada por uma série de atividades comemorativas e de reconhecimento de boas práticas em segurança alimentar e agricultura sustentável.
Entre os principais temas estão os avanços da Iniciativa de Implementação Acelerada (Fast Track), que apoia planos nacionais de combate à fome e à pobreza em países como Etiópia, Quênia, Haiti, Ruanda e Zâmbia, com mais de 80 manifestações de interesse por parte de parceiros financeiros e técnicos.
Os primeiros resultados devem ser apresentados durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social da ONU, quando a aliança fará sua primeira reunião de alto nível. O evento ocorrerá em Doha, no Catar, em 3 de novembro.
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi lançada durante a presidência brasileira no G20 para apoiar e acelerar os esforços para erradicar a fome e reduzir as desigualdades. A iniciativa já conta com quase 200 membros, sendo 102 países, além 53 fundações, 30 organizações internacionais e 14 instituições financeiras, que são as principais fontes de financiamento dos projetos e planos da aliança.
Lula também vai inaugurar o espaço onde funcionarão os mecanismos de apoio da aliança global, que funcionará como secretariado da iniciativa, com sede na FAO e escritórios em Brasília, Adis Abeba, Bangkok e Washington. O retorno da comitiva presidencial para o Brasil está previsto ainda para esta segunda-feira.
Por Jorge Henrique Cartaxo e Lenora Barbo* Especial para o Correio Braziliense
Em 1935, às vésperas do Estado Novo, a Universidade do Distrito Federal — precursora da Universidade do Rio de Janeiro (UERJ) — criou o curso de urbanismo como pós-graduação, com duração de três anos. Carmen Velasco Portinho, então com 33 anos, a terceira engenheira graduada no Brasil, inscreveu-se no curso, dando o primeiro passo para se tornar a primeira urbanista brasileira.
Carmen sempre guardou entusiásticas lembranças desse período, no velho prédio da Rua do Catete, onde funcionava a UDF e, posteriormente, a Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara. Foram professores daquele curso inaugural, entre outros: Mário de Andrade, que passava uma temporada no Rio e ministrava história da arte; Cândido Portinari, de pintura; e Celso Antônio, de escultura.
A boemia, a conversa irresistível, o humor, a graça e a erudição de Mário de Andrade — não apenas nas aulas, mas, sobretudo, nos chopes gelados no Bar da Brahma, na Galeria Cruzeiro, na Avenida Rio Branco — ficaram impressas nas boas memórias da jovem Carmen Portinho. A engenheira, modernista e militante feminista já se fazia notar na cena cultural do Rio de Janeiro.
Não por acaso, ao definir seu projeto de tese, que lhe conferiria o título de urbanista, escolheu fazer o “Anteprojeto para a Futura Capital do Brasil no Planalto Central”. Uma ousadia, portanto, 17 anos antes do projeto da cidade de Vera Cruz (a nova capital no Planalto Central), proposto em 1955 por Raul Penna Firme, José Oliveira Reis e Roberto Lacombe, integrantes da Comissão do Marechal Pessoa; e 19 anos antes do projeto de Lucio Costa, vencedor do concurso de 1957, que definiu Brasília. Carmen Portinho fez o primeiro projeto modernista para a capital do Brasil!
Os documentos mais recentes sobre o Planalto Central, naquele momento, ainda eram os relatórios da Comissão Cruls, de 1892 a 1896. Um estudo in loco não parecia viável para uma pesquisadora de pós-graduação. Restou a Carmen Portinho debruçar-se sobre mapas e dados topográficos, hidrográficos, de fauna e flora apresentados pela equipe de Luiz Cruls, na qual se destacavam, entre outros, Auguste Glaziou, Hastimphilo de Moura, A. Cavalcanti, Alípio Gama, Francisco de Paula Oliveira, Eugênio Hussak e Henrique Morize — este, ex-professor de Carmen no curso de Engenharia.
Com uma cópia desse relatório, cedida por Morize, Portinho permaneceu dois anos decifrando e analisando o meio ambiente, as condições climáticas, os acessos necessários e os meios de transporte para a definição do sítio onde seria sugerida a edificação da nova cidade no Planalto Central. Inspirada nos princípios urbanísticos de Le Corbusier — que já conhecia de forma mais densa desde 1929 —, Carmen elaborou seu projeto dividindo a cidade em áreas, sistema viário, sistema de esgoto, passagens para pedestres e edifícios com gabaritos definidos por andares; cruzamentos de ruas sem intersecção de trânsito; pilotis, brise-soleil e pan de verre.
A região seria a mesma já sugerida, em momentos distintos, por Hipólito da Costa, José Bonifácio, Adolfo Varnhagen, Auguste Glaziou, Polli Coelho e o Marechal Pessoa: o plano piloto estaria em uma área entre os rios Torto, Gama, Bananal e Riacho Fundo. Curiosamente, ela não previu a construção de um lago nem a ele se referiu.
“Na ocasião, estava integrada à arquitetura moderna, não só pela minha ligação com Affonso Eduardo Reidy (companheiro de Carmen), como igualmente por um interesse que vinha desde os tempos da Revista da Diretoria de Engenharia da Prefeitura do Distrito Federal — projeto editorial criado e por mim dirigido desde julho de 1932 —, na qual publicava artigos de Lucio Costa, Reidy, Jorge Moreira, Oscar Niemeyer, enfim, de todos os arquitetos imbuídos de concepções modernas”, explicaria décadas depois a urbanista em seu histórico depoimento a Geraldo Edson de Andrade.
Carmen Portinho nasceu em Corumbá, no dia 26 de janeiro de 1903, no Estado de Mato Grosso — ainda não existia o Estado de Mato Grosso do Sul. Seu pai, Francisco Sertório Portinho, nascido em 1871, era gaúcho. Sua mãe, Maria Velasco Blanco, era boliviana, de Cochabamba. Eles teriam se conhecido em Puerto Suárez, cidade boliviana não muito distante de Corumbá. Os Portinho eram maragatos e viviam em lutas nos pampas. Em determinado momento, exilaram-se em Corumbá. Já os Velasco chegaram à América do Sul com o capitão conquistador Pedro de Alonso Velasco.
Sertório Portinho transferiu-se para o Rio, com a família, em 1908, onde já se encontravam seus irmãos. Carmen, tão logo aprendeu a ler e contar, foi matriculada como semi-interna no colégio das freiras francesas Sacré Coeur de Jésus, localizado na Glória. Já na pré-adolescência, comunicou aos pais que queria ser engenheira e iniciar sua preparação para a rigorosa seleção do Colégio Pedro II. Aprovada em todos os exames com notas altas, Carmen Portinho, além de poder fazer o vestibular para Engenharia, foi autorizada também a cursar dois anos na Escola de Belas-Artes.
Com 16 anos, a futura urbanista iniciou o curso de Engenharia na Politécnica e, simultaneamente, o curso na Escola de Belas-Artes, onde conheceu o amigo de sempre, Lucio Costa. Em 1924, já havia recebido o diploma de engenheira e geógrafa, mas só colaria grau e receberia o título de engenheira civil em 1926 — formalidades e burocracias da época! Era a única mulher numa turma de 45 novos engenheiros.
Como não poderia deixar de ser, foi escolhida por unanimidade para ler, em nome da turma, o juramento da profissão. As celebrações foram alegres, mas as urgências financeiras batiam à porta. Com o pai recém-falecido, Carmen, a filha mais velha, precisava trabalhar para sustentar e educar a família. No último ano da Politécnica, começou a dar aulas no Colégio Pedro II — tornando-se a primeira mulher a ensinar na tradicional escola carioca.
Poucos meses após a colação de grau, foi nomeada pelo prefeito do Rio, Alaor Prata, como técnica na Diretoria de Obras e Viação da Prefeitura do Distrito Federal. Ela nunca entendeu a distinção — soube da nomeação pela mãe, que lera a notícia no Jornal do Brasil, à época fazendo as vezes de Diário Oficial. “Onde não se vê a mulher concorrendo com sua inteligência e caminhando pari passu ao lado do homem? Ainda agora, o prefeito, por ato de anteontem, nomeou a senhorita Carmen Velasco Portinho engenheira dos próprios municipais — mais um prêmio à vontade forte de nossas gentis patrícias”, escreveu O Globo, em 1926.
Já filiada à Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e sócia do Centro Excursionista Brasileiro — onde praticava alpinismo —, Carmen passou a usar, em suas vistorias de campo, calças caqui do uniforme de execução, numa época em que as mulheres só usavam saias. “Calças compridas ficavam bem nas artistas de cinema — tipo Marlene Dietrich, Jean Harlow, Joan Crawford ou Katharine Hepburn — que lançaram a moda”, relembrou Carmen Portinho em seu depoimento.
Na longa e rica vida profissional, política (nunca partidária ou ideológica) e pessoal de Carmen Portinho, bem como em sua relação amorosa e afetiva com o arquiteto Affonso Eduardo Reidy, duas obras se destacam: o Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Morais, mais conhecido como Pedregulho, e a construção e gestão do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM).
De volta da Inglaterra, onde passou um período trabalhando e estudando a reconstrução das cidades destruídas pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial, Carmen propôs ao secretário de Obras e Viação da Prefeitura — órgão onde trabalhou até a aposentadoria — a criação do Departamento de Habitação Popular, um desafio crítico e permanente no Brasil e na Europa do pós-guerra. A ideia era edificar um conjunto habitacional destinado à população de baixa renda.
O projeto arquitetônico, inspirado no modernismo, traria um novo conceito de morar. Assim nasceu o Pedregulho, construído numa área de 52.142 metros quadrados. Escolas — da infância ao segundo grau —, piscinas, área de lazer, lavanderia mecânica, ginásio, centro de saúde, pequeno mercado e clube. E, claro, obras de arte: Portinari, Anísio Medeiros e Burle Marx.
Anteprojeto Plano Piloto / Carmen Portinho 1939 (foto: Reprodução)
Em 21 de março de 1951, foi eleita a nova diretoria do MAM, que passava a ser uma sociedade civil sem fins lucrativos: Raimundo Ottoni de Castro Maia (presidente), Francisco Clementino de San Thiago Dantas (vice-presidente), Niomar Moniz Sodré (diretora executiva), Carmen Portinho (diretora-executiva adjunta), Maria Barreto (diretora-secretária) e Walter Moreira Salles (diretor-tesoureiro). A sede provisória, com projeto de Oscar Niemeyer, foi construída sob os pilotis do MEC. Simões Lopes, então ministro da Educação, acolheu bem a ideia.
Em 1958, numa grande solenidade, foi inaugurado o Bloco-Escola do Museu, obra do arquiteto Affonso Eduardo Reidy, ocupando 12 mil metros quadrados, com a presença do presidente Juscelino Kubitschek. Em 1967, depois de longos desafios, foi inaugurada a terceira fase da obra: o Bloco de Exposição. O grande Museu sofreria desencontros ao longo do tempo, mas permanece, até hoje, em sua exuberância modernista no Parque do Flamengo.
*Jorge Henrique Cartaxo, jornalista e diretor de Relações Institucionais do IHGDF | Lenora Barbo, arquiteta e diretora do Centro de Documentação do IHGDF
O cantor e compositor Novinho da Paraíba lançou ontem (11) o clipe de “O Velho Pega”, em parceria com o também paraibano Amazan. A música traz a marca do forró bem-humorado e irreverente que consagrou os dois artistas, unindo tradição e leveza nordestina. Autor de sucessos como “Solidão no Peito” e “Gosto de Você”, Novinho soma mais de duas décadas de carreira, já tendo cantado ao lado de artistas como Dominguinhos e Luiz Gonzaga. Amazan, por sua vez, é conhecido por hits como “Benedita Aparecida” e “A Cabritinha”, e reforça a irreverência da nova faixa.