“Esse plano inclui também outras medidas em relação aos vistos das pessoas que estão ali em torno do presidente Lula, isentando Lula, a primeira-dama e o vice-presidente Alckmin. E essa restrição de vistos pode se estender também aos brasileiros em geral”, acrescentou ele.
O analista disse que, segundo o mesmo plano, vistos que já existem podem ser revogados, e brasileiros podem ter que pagar 500 dólares para tirar novamente o documento.
Sant’Anna também afirmou que as tarifas impostas por Donald Trump são uma forma do presidente dos Estados Unidos impor a própria vontade.
“O que o governo americano quer é demonstrar muita munição e que essa munição vai sendo empregada gradualmente a partir de cada resposta do governo brasileiro”, destacou.
Possível interferência na eleição presidencial de 2026
Na avaliação de Lourival Sant’Anna, Trump gostaria que Lula fosse à Casa Branca para tentar “constrangê-lo”.
Segundo o analista, a ideia é que presidente brasileiro seja visto reconhecendo que o processo contra Bolsonaro foi longe demais. “Isso seria o cenário ideal para o Trump. O próprio Trump tem informação de que isso não vai acontecer”, afirmou.
Dessa forma, ele afirma que o outro cenário possível na visão de presidente dos EUA seria a possibilidade de uma eventual interferência nas eleições de 2026, para colocar no poder alguém aliado ao republicano.
“Trump quer impor este alinhamento. Primeiro, o Departamento de Estado está planejando estender este tipo de medida contra a Colômbia. Já está havendo um conflito forte contra o Panamá”, ressalta o analista.
“O Departamento de Estado está premiando a Argentina, o governo do Javier Milei, com discussão sobre tarifa zero em 80% dos produtos de ambos os lados e também com a isenção de visto para os argentinos viajarem para os EUA. Então, com isso se vê que é um jogo bem claro de premiar os aliados e castigar os adversários”, disse Sant’Anna.
Exigências americanas tocam em pontos sensíveis para o Brasil
As negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre tarifas comerciais revelam profundas divergências conceituais sobre democracia e liberdade de expressão.
O debate surge em um momento em que os EUA oficializaram novas tarifas comerciais contra o Brasil.
De acordo com Lourival Sant’Anna, as exigências americanas tocam em pontos sensíveis relacionados à soberania nacional brasileira e à independência dos Poderes.
As discussões ultrapassam a esfera puramente comercial e adentram questões fundamentais sobre o funcionamento das instituições democráticas.
Brasil e a proximidade com Cuba e Venezuela
A visão americana, especialmente do movimento Maga (Make America Great Again), segundo Sant’Anna, expressa preocupação com uma possível aproximação do Brasil com regimes como Venezuela e Cuba.
Esta perspectiva contrasta significativamente com o entendimento brasileiro sobre liberdade democrática e o papel das instituições.
O debate se torna ainda mais complexo ao abordar a regulação das redes sociais, tema central nas discussões sobre as sanções.
A questão fundamental gira em torno do equilíbrio entre combater a desinformação e o discurso de ódio, e preservar a liberdade de expressão.
A complexidade do tema se evidencia na discussão sobre os limites da regulação: de um lado, há o argumento pela necessidade de regras claras para evitar uma “selva” digital sem controle; de outro, surgem preocupações sobre possível subjetividade na aplicação dessas regras e seus impactos na liberdade de expressão.
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