Poder360
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou seu apoio ao ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva para ser presidente do PT. O PED (processo de eleição direta) do partido está marcado para 6 de julho. Segundo apurou o Poder360, o petista repetiu que está com o político. A fala foi em um jantar realizado na última 5ª feira (6.mar.2025), na casa da ministra Gleisi Hoffmann, em Brasília.
A ideia do encontro era apresentar ao chefe do Executivo que Edinho tem resistência na ala majoritária do partido, a CNB (Construindo um Novo Brasil). A reunião, que não foi registrada na agenda do presidente, foi noticiada pela imprensa e comentada por um dos presentes, o vice-presidente do PT, Washington Quáquá (RJ).
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O fato causou uma resposta pública de Edinho. Segundo ele, o encontro era para unificar o partido, sendo vazado por quem usa Lula para seus projetos pessoais dentro do PT, em detrimento dos projetos coletivos da sigla.
“Vimos na última 5ª feira, certamente, um dos maiores gestos que o presidente Lula fez para manter a unidade do nosso partido. Ele foi numa reunião de uma parte, de um grupo, de uma das nossas correntes. Nós não podemos aceitar, 1º, que o presidente Lula seja usado de outra forma como ele foi usado em decorrência dessa reunião”, declarou.
Na 2ª feira (10.mar), Edinho esteve no Planalto para a posse da ex-presidente do PT Gleisi Hoffmann. Ele foi tietado pelos petistas presentes, que o chamaram de presidente, futuro presidente e afins. Aliados dizem, entretanto, que o próprio Edinho é contra que Lula declare apoio na eleição petista, marcada para julho de 2025.
Há um racha na CNB. Uma parte diz que apoiará o nome que o presidente Lula escolher -e tudo indica que este nome é o de Edinho, que enfrenta resistência de lideranças do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Outro lado defende que o chefe do Executivo não deve interferir no processo interno do PT e pedem por uma 2ª via. Nomes como o do deputado federal Rui Falcão, do senador e presidente interino do PT, Humberto Costa (PT-PE) e do líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
O ex-ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) é visto por Lula como alguém com bom trânsito político e com experiência. A base eleitoral do petista, entretanto, fracassou nas eleições municipais de 2024 e não conseguiu emplacar sua sucessora, Eliana Honain (PT), mesmo com recursos do governo federal e uma visita do chefe do Executivo ao município.
Filiado ao PT há mais de 40 anos, o nome de Rui Falcão voltou a ser suscitado depois das rugas internas no partido. Aliados defendem que ele tem experiência com todas as alas da sigla, já que já foi presidente nacional.
Já o nome de Humberto Costa seria como uma forma de “3ª via”. Segundo o próprio senador, houve uma unanimidade dentro da CNB, bem como na Executiva Nacional, para sua indicação como presidente interino do partido. Há indícios de que ele possa concorrer definitivamente no pleito e comandar o partido por 4 anos.
Quanto a Guimarães, havia a possibilidade de o deputado assumir como presidente interino da sigla até a realização do PED. A escolha, no entanto, poderia criar um problema para o presidente Lula, já que o chefe do Executivo teria que escolher um novo líder do Governo na Casa Baixa. A possibilidade, portanto, foi enfraquecida.
Interlocutores do governo disseram que, caso esse cenário fosse concretizado, o posto poderia ser ocupado por Isnaldo Bulhões (MDB-AL) ou Antonio Brito (PSD-BA).
O cenário de desunião da CNB, no entanto, não é surpresa para os petistas. Alguns dizem que é um processo normal de eleição e que, no final, demonstrará a força do partido. A própria reeleição de Gleisi teve muito embate, segundo um petista ligado à CNB.
Mesmo que os integrantes da ala majoritária do partido não cheguem a um consenso sobre o nome que apoiarão no pleito, a tendência é que sigam a escolha de Lula, considerado um dos maiores líderes do partido.
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