A guerra interna na Polícia Federal tem um novo capítulo. Estão marcados para esta quarta-feira os interrogatórios dos integrantes da cúpula da corporação acusados de interferir no inquérito que levou à prisão o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
Os dirigentes da PF foram intimados pelo delegado Bruno Calandrini, responsável pela apuração que mira tanto a corrupção no MEC quanto as suspeitas de interferência indevida que surgiram no caso. As informações são do colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.
Leia maisDeverão ser interrogados outros delegados da direção da Polícia Federal, em Brasília, e da superintendência em São Paulo, encarregada de cumprir o mandado de prisão de Milton Ribeiro, em junho passado.
Como a coluna revelou em meados do mês passado, Calandrini chegou a pedir a prisão da cúpula da PF em razão das suspeitas de interferência. O pedido foi feito à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal.
Entre os elementos apontados pelo delegado para enquadrar os colegas da direção, que já foram indiciados por impor obstáculos à investigação, está a decisão deles de não autorizar a transferência de Milton Ribeiro para Brasília.
Ministra do STF dá salvo-conduto a delegado investigado
Nesta terça-feira, Cármen Lúcia concedeu salvo-conduto a pelo menos um dos alvos da investigação, o delegado Leopoldo Soares Lacerda, coordenador do setor de inquéritos especiais da Polícia Federal.
Lacerda é um dos dirigentes da PF cujo interrogatório está marcado para a tarde desta quarta. Ele havia pedido à ministra a expedição de um habeas corpus para suspender a apuração de Calandrini sobre a suposta interferência, além do cancelamento do interrogatório, a suspensão de seu indiciamento e a garantia de que não poderá ser preso.
No salvo-conduto concedido, porém, Cármen Lúcia assegurou ao delegado apenas o direito de ser interrogado com a assistência de um advogado, de ficar em silêncio e de não ser obrigado a assinar qualquer documento que o coloque na condição de investigado ou mesmo de testemunha.
Nos últimos dias, Lacerda e os demais delegados intimados para interrogatório tentaram obter cópia completa da apuração tocada por Calandrini. Até esta terça, alguns deles cogitavam não comparecer se não soubessem, em tempo hábil, exatamente o que há nos autos.
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