Uma semana após a surpreendente vitória no primeiro turno em Caruaru, no Agreste pernambucano, onde derrotou o ex-prefeito José Queiroz (PDT) e o bolsonarista Fernando Rodolfo (PL), o prefeito reeleito Rodrigo Pinheiro (PSDB) aposta que a governadora Raquel Lyra (PSDB) será reeleita em 2026. Para ele, o resultado das eleições municipais deste ano fortaleceram a tucana. Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, Pinheiro disse que Raquel consolidou a liderança no Estado.
A vitória do senhor no primeiro turno surpreendeu o Estado, menos seus aliados?
“É verdade. A gente também tinha pesquisas internas, que sempre davam a possibilidade maior do primeiro turno. No final, as pesquisas que a gente fazia internamente, praticamente diárias, já cravavam esse resultado no primeiro turno e assim aconteceu. A pesquisa Opinião realmente sempre deu essa vantagem para a gente.”
Leia maisPrefeito bem avaliado, é prefeito reeleito?
“Verdade, Magno. A gente vem fazendo um trabalho muito forte, desde que assumi, quando Raquel se descompatibilizou para ser candidata, já tinha uma gestão bem avaliada. A gente conseguiu manter e avançar em outras áreas e manter esse ritmo de entregas, muitas obras, e o bom relacionamento também com a Câmara de Vereadores.”
O senhor foi bem votado na Zona Rural. Acha que a descentralização do São João em Caruaru pode ter ajudado?
“Foi um fator positivo também, a descentralização com o São João na Roça. Mas a gente conseguiu avançar fazendo entregas importantes de novas escolas. A primeira escola de tempo integral do interior de Pernambuco em uma Zona Rural é em Caruaru, aqui em Serra Velha.
A gente entregou outras que estão sendo construídas, lâmpadas de LED que colocamos em 100% da área rural. Então, além do São João na Roça, as entregas, a melhoria da qualidade dos serviços, o investimento com a agricultura familiar, estamos organizando as cooperativas.”
O senhor acha que a votação na Zona Rural foi decisiva para resolver a eleição no primeiro turno?
“Com certeza. A gente já tinha esse estudo e não foi diferente. A Zona Rural sempre fez a diferença nas eleições em Caruaru, assim como o bairro do Salgado. É o maior bairro de Caruaru e a gente fez grandes investimentos na segurança, quando construímos o prédio para a segunda companhia e fizemos uma parceria com a Polícia Militar. Ruas que foram asfaltadas, binário, as creches que construímos e ampliamos. Então, no nosso mapeamento estaríamos bem na Zona Rural e no Salgado.”
O que o senhor diz para a oposição que afirma que a governadora usou a máquina pública estadual para a sua reeleição?
“Ela fez o que todo governador faz: veio pedir voto para seus aliados, não foi só aqui em Caruaru. Ela é daqui e vota aqui e veio participar dos eventos assim como está fazendo no segundo turno em Olinda e Paulista. Então assim, com muita tranquilidade, eles têm que dizer alguma coisa para justificar a derrota, mas, como dizia Fernando Lyra, ganha quem tem voto e faltou voto para eles e teve o voto para mim. Então, a gente logrou êxito e agora nossa responsabilidade é muito maior nesses próximos quatro anos. A governadora também sabe que tem uma responsabilidade maior ainda com Caruaru.”
Qual a prioridade agora no segundo mandato?
“Nesses próximos quatro anos pretendemos calçar 500 ruas em Caruaru, com o programa Rua Nova, para de maneira definitiva ter as ruas calçadas e, em conjunto com o Estado, há um compromisso de Raquel, que ela já anunciou e começou as obras de saneamento. Caruaru precisa ampliar a rede. Hoje, a cidade tem 70% da rede coletora. A gente precisa aumentar e melhorar a coleta.”
O que o senhor pensa em relação às intervenções para melhorar o trânsito?
“Quando a gente fala em infraestrutura e ruas calçadas, falamos nessas conexões entre os bairros. O trânsito também é impactado quando falta calçamento, apesar que a gente já avançou muito no trânsito de Caruaru.
Havia uma frota de 140 mil veículos em 2017, hoje passa de 200 mil, sem falar nos veículos de outras cidades. Se não fossem os investimentos que a gente vem fazendo na infraestrutura e pavimentação, o trânsito seria ainda pior. Vamos continuar investindo para melhorar as conexões entre os bairros.
O senhor pensa em complementar o anel viário iniciado no governo de Tony Gel?
“A gente tem hoje um plano diretor muito mais convidativo e o setor dos empreendimentos imobiliários em Caruaru, da construção civil, está muito pujante. Muitos empreendimentos estão surgindo e estão sendo aprovados pela Prefeitura de maneira estratégica à margem desse anel viário que ainda não existe na sua totalidade.
É compromisso nosso fazer a parceria com essas empresas para que cada empreendimento que for surgindo vá fazendo essas conexões, até porque é uma exigência da Caixa ter a pavimentação.”
Como o senhor vê essa prévia de 2026 entre Raquel e João Campos na disputa pelo Governo de Pernambuco?
“A gente teve o resultado no último dia 6 muito mais favorável para Raquel. O número de prefeituras foi muito maior. Ela consolida essa liderança em Pernambuco. Caruaru era uma das cidades que precisava ser vencida já no primeiro turno para ratificar a liderança de Raquel e ficamos muito tranquilos.
Temos ainda duas cidades importantíssimas. Tenho certeza de que Mirella ganha em Olinda e, em Paulista, Ramos vai ser o prefeito. Isso consolida ainda mais a eleição de 2024 para o grupo de Raquel. Ela vem muito forte, claro, para 2026. Eu não tenho dúvidas de que ela vai ser reeleita diante desse cenário.”
O senhor acha possível o presidente Lula estar no palanque de Raquel e no de João em 2026?
“Isso já aconteceu com o ex-governador Eduardo Campos. Então, não acho difícil. A gente tem que ver como vai ser a conjuntura partidária daqui a dois anos. Vi sua coluna e concordo. O PT saiu fragilizado a nível nacional e em Pernambuco não foi diferente.
Dentro desse cenário, a depender se Lula for para uma reeleição daqui a dois anos, porque muita coisa pode acontecer, pode existir essa composição de neutralidade e isso favorece 100% Raquel, ela vai mais forte.”
Mesmo não indo a nenhum debate, o senhor conseguiu ser eleito no primeiro turno. Foi estratégia?
“Isso foi uma estratégia dentro do nosso planejamento de comunicação. A gente sabia que de maneira natural a eleição estava polarizada. Todo mundo acompanhou, meu principal adversário era o ex-prefeito José Queiroz (PDT).
Dentro dessa polarização, ele tinha a obrigação de ir por não estar como prefeito. A gente sempre estava à frente nas pesquisas e geralmente essa estratégia é usada por quem está à frente.
Na medida em que estava polarizado e ele foi aos debates, ele foi o alvo na maioria das vezes, inclusive em alguns se saiu muito mal, e isso nos favoreceu e deu certo. A gente vinha acompanhando por pesquisas também que os debates não influenciavam em nada.”
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