
Crédito caro e financiamento de veículos: o que fazer?

Escolher quanto dar de entrada e como negociar a taxa de juro para o financiamento de um veículo deixou de ser um detalhe. Às vezes, vira uma diferença de milhares de reais no custo total de um novo automóvel. No geral, os financiamentos somam mais de 600 mil unidades por mês — o que demonstra uma boa demanda, apesar do dinheiro caro. O custo do financiamento continua no centro do debate. Entidades do setor automobilístico apontam que a taxa média anual do financiamento segue em patamar historicamente elevado, com média de 29,5% ao ano.
Na prática, isso deixa o consumidor mais sensível a variações de entrada e de prazo. Quando a taxa é alta, cada ponto percentual negociado faz grande diferença no Custo Efetivo Total (CET). Para dimensionar o impacto, uma simulação divulgada pela própria B3 em guia ao investidor considera um carro de R$ 100 mil, com 20% de entrada e 60 meses, usando taxa média mensal em torno de 2,1% a 2,3% (equivalente a 28% ao ano nas estatísticas do Banco Central). O resultado ilustra dois pontos: (1) entrada maior reduz o saldo financiado e “amortece” os juros; (2) prazos mais curtos encarecem a parcela, mas derrubam o custo total. É o tipo de base objetiva que ajuda a separar proposta boa de “desconto” ilusório.
Há, porém, momentos em que negociar é mandatário, e outros em que desconfiar é prudente. “Em cenários de taxa acima da média do mercado, vale argumentar com referências públicas (relatórios do Banco Central e comparadores) e pedir que a instituição explicite todos os componentes do CET. Se, após o pedido, a proposta não apresentar planilha detalhada de juros, tarifas e seguros opcionais, o sinal de alerta deve acender, já que transparência é obrigação regulatória”, orienta Marcos Maricato, head comercial da CrediCarro.
Leia maisOrçamento – Outro filtro para balizar o consumidor é de que o financiamento precisa caber no orçamento sem ultrapassar cerca de 30% da renda mensal. Bancos de varejo orientam a simular com essa régua antes de avançar. Se a parcela só “fecha” esticando o prazo ao máximo, com entrada mínima artificial, é alto o risco de a dívida ficar pesada demais ao longo do contrato. “Muitas vezes, a ansiedade em colocar um carro na garagem faz com que o consumidor aceite qualquer condição sem avaliar o impacto no longo prazo”, explica Maricato.
E uma das principais manobras que são incentivadas no mercado é o parcelamento da entrada no cartão de crédito, que ao decorrer dos meses acaba virando uma alavanca no endividamento, resultado da soma da parcela do financiamento com a fatura do cartão. “Negociar taxas, comparar simulações e analisar o custo total do financiamento são passos essenciais para garantir que o sonho do carro próprio não vire uma dívida impagável”, reforça o executivo.
Boa demais? Propostas que parecem “boas demais”, com entrada muito facilitada e taxas muito abaixo da média praticada pelo mercado, exigem cautela extra. A aprovação do crédito pode vir condicionada à contratação de seguros ou serviços, prática ilegal, mas que continua gerando reclamações formais. Se o cliente ouvir que “só sai com seguro X”, é direito dele recusar e pedir a reprecificação — e, em último caso, registrar queixa nos canais oficiais tanto da empresa quanto nos órgãos de proteção ao consumidor, como o Procon.
Para quem está em busca de um novo veículo, o caminho para uma boa negociação passa por três frentes: chegar com referências de taxa média de mercado (e pedir detalhamento do CET na ponta do lápis), ajustar a entrada até um patamar que derrube de forma relevante o custo total, e encurtar o prazo na medida do possível sem asfixiar o orçamento. Em 2025, com demanda aquecida e crédito exigente, informação é a alavanca mais poderosa que o comprador tem à mesa.

Britânica MG Motor vem aí – “O futuro chegou com sotaque britânico”, anuncia a marca de esportivos da terra do rei Charles III lançar oficialmente o site mgmotoroficial.com.br e o perfil no Instagram (@mgmotorbr_) no Brasil. A primeira imagem divulgada são de seus três primeiros modelos 100% elétricos — MG4, MG S5 e MG Cyberster. Mas não há confirmação de data de lançamento. Fundada em 1924, tem nome baseado em “Morris Garages”, oficina que deu origem à fabricante. Desde 2007, foi comprada pela chinesa SAIC Motor, uma das maiores montadoras da China. Em nota divulgada esta semana, confirmou que prepara a abertura de 24 concessionárias ainda em 2025 — e projeta rede de 70 lojas até o fim de 2026.

Leapmotor chega em novembro – A empresa chinesa que vai levar a Stellantis ao mundo dos eletrificados no Brasil confirmou que vai estrear por aqui no mês que vem. A marca vende como diferencial para seus modelos o conceito de tecnologia Ultra-Híbrida do C10 REEV. Ele usa um motor a combustão projetado exclusivamente para atuar como um gerador de eletricidade. A energia elétrica gerada é utilizada para recarregar a bateria, aumentando a autonomia do veículo. São dois modelos já confirmados. O primeiro é o SUV C10, que chega em duas versões: BEV, exclusivamente elétrico, e o Ultra-Híbrido, impulsionado pela tecnologia REEV. Além do C10, a marca confirmou para o país o SUV B10. A Leapmotor é uma startup fundada em 2015 e é focada principalmente em carros elétricos e em modelos com extensor de autonomia.

Audi abre a pré-venda do novo Q5 – A Audi do Brasil anunciou a chegada às concessionárias e o início da pré-venda dos novos Audi Q5 SUV S line quattro e Audi Q5 Sportback S line quattro. Os preços são, respectivamente, R$ 485 mil e R$ 500 mil. A versão topo de linha do modelo possui visual esportivo do kit exterior S Line, rodas de 21 polegadas e equipamentos exclusivos — como faróis LED Matrix, câmeras 360°, bancos do motorista com memória e tela do passageiro. A nova versão chega para ampliar a família Audi Q5, que chegou ao mercado nacional em setembro na de entrada Advanced quattro.
O interior segue o conceito Digital Stage, com duas telas principais — o painel digital Audi Virtual Cockpit de 11,9” e o display central MMI Touch de 14,5” — além da nova tela de 10,9” voltada ao passageiro. Entre os sistemas de assistência, destaque para frenagem autônoma, monitor de ponto cego, assistente de mudança e permanência em faixa, ACC adaptativo. O motor é 2.0 TFSI com 272 cv e 40,8 kgfm de torque, com transmissão S tronic de 7 marchas e à tração integral quattro ultra. O modelo acelera de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos.

Wey 07, o SUV de luxo da GWM – A empresa chinesa GWM começou a aceitar as reservas antecipadas para o Wey 07, SUV híbrido plug-in de luxo com seis lugares. As reservas podem ser realizadas diretamente no site da GWM (gwmmotors.com.br), no Mercado Livre ou nas concessionárias da marca, mediante depósito de R$ 9 mil. O preço oficial do modelo será anunciado no dia 23 de outubro.Com o Wey 07, a GWM amplia seu portfólio de veículos híbridos no Brasil. Equipado com o sistema híbrido inteligente Hi4, o modelo conta com motor 1.5 turbo e potência combinada de 517 cv, garantindo aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 4,9 segundos.
O Wey 07 conta com entre-eixos de 3.050 mm, um dos maiores da categoria. Ainda possui um cockpit de última geração, que combina tecnologia e design minimalista com materiais nobres e acabamento refinado. Entre os destaques do interior estão o painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas, o sistema multimídia central de 14,6 polegadas e o sistema de som premium com 16 alto-falantes. Em termos de segurança e assistência à condução, o Wey 07 é equipado com sistema de condução semiautônoma de nível 2+, incluindo controle adaptativo de cruzeiro, assistente de estacionamento e permanência em faixa, além da frenagem automática de emergência, recursos que reforçam o compromisso da GWM com inovação e segurança de ponta.

Omoda & Jaecoo lança dois novos SUVs – Os novos Omoda 05 HEV (híbrido) e Omoda 07 SHS (híbrido plug-in) já estão à venda no Brasil. O primeiro tem 1,83 m de largura, 1,58 m de altura e entre-eixos de 2,61 m. O porta-malas tem capacidade para 300 litros. Na parte mecânica, adota motorização 1.5 híbrida dedicada com potência combinada de 203 cv. O interior traz duas telas de 12,3 polegadas para o painel de instrumentos e a central multimídia, com suporte a Apple CarPlay e Android Auto sem fio.
O sistema de som tem seis alto-falantes, e há carregador de celular por indução de 50 W. A cabine inclui bancos revestidos em couro sintético, chave presencial, porta USB de fácil acesso e comando de voz inteligente. O modelo, opção de entrada da linha, tem preço promocional de R$ 160 mil. O Omoda 7 SHS é de porte médio, com 4,62m de comprimento e 2,70m de entre-eixos. O conjunto combina motor 1.5 turbo a gasolina com propulsor elétrico, alimentado por uma bateria de 18,3 kWh, projetado para entregar mais de 1.200 km de autonomia total, com até 90 km em modo puramente elétrico. Custa, também por enquanto, R$ 260 mil.

Kwid elétrico renovado custa R$ 100 mil – A Renault já pôs em sua rede de concessionários o renovado Kwid E-Tech. Ele custa a partir de R$ 100 mil e será o elétrico, movido integralmente a bateria, mais barato do mercado brasileiro. As novidades, além de visuais, tanto na dianteira quanto na traseira, estão também no pacote tecnológico (segurança e conectividade). Ele vem, de série, com como câmera de ré, seis airbags, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, alerta e assistente de permanência em faixa, frenagem automática de emergência, reconhecimento de placas de velocidade, sensor de fadiga, piloto automático, limitador de velocidade e conexão.
De conveniência, espelhamento de celular sem fio. O motor elétrico é o usado desde 2022, com apenas 65cv de potência e bateria de 27 kWh com autonomia, segundo o Inmetro, de 180 km. O carregamento de 20% a 80% da bateria se dá em até 45 minutos em equipamentos ultra ou em 3 horas no caso de um wallbox de 7kw. No interior, acabamento simples, mas de bom gosto, com quadro de instrumentos digital de 7 polegadas e multimídia maior, de 10 polegadas,
PL proíbe fiança em acidentes de trânsito com morte – O Projeto de Lei 826/25, em análise na Câmara dos Deputados, proíbe o pagamento de fiança nos crimes de trânsito que resultem em lesões corporais graves ou morte. A autora, deputada Silvye Alves (União-GO), explica que o objetivo é reforçar a responsabilização penal dos condutores que, ao adotar condutas imprudentes e perigosas no trânsito, provocam a morte de terceiros.
“A legislação processual penal permite a concessão de fiança para crimes de trânsito que resultam em morte, o que na prática pode ser um incentivo à impunidade”, afirmou Silvye, à Agência Câmara de Notícias. A parlamentar acrescenta que o motorista que dirige sob efeito de álcool e outras drogas, participa de rachas ou adota condutas perigosas, assume o risco de causar a morte de alguém. “Nessas situações, há manifesta negligência e, em muitos casos, dolo eventual, quando o condutor assume conscientemente o risco de provocar um acidente fatal.”
Financiamento de veículos é o maior dos últimos 14 anos – As vendas financiadas de veículos no Brasil alcançaram a marca de 5.321.080 de unidades entre automóveis leves, motos e pesados. O valor acumulado entre janeiro e setembro de 2025 é o maior desde 2011. A quantidade representa alta de 0,6% na comparação com o mesmo período de 2024.
Os veículos seminovos lideram o volume de veículos financiados, com 3,39 milhões de unidades financiadas até o momento neste ano, enquanto os modelos novos somam 1,93 milhão. “Este é o terceiro aumento consecutivo no acumulado de janeiro a setembro, o que reforça que a demanda por financiamento de veículo permanece forte este ano, mesmo diante das adversidades macroeconômicas”, afirma Daniel Takatohi, Superintendente de Produtos de Financiamentos na B3.

Viagem pela América do Sul? Saiba tudo sobre o seguro Carta Verde – Com as fronteiras abertas e o preço das passagens aéreas subindo mais do que a inflação, cada vez mais brasileiros estão trocando o embarque no aeroporto pela estrada. De carro, moto ou motorhome, famílias e aventureiros brasileiros cruzam a fronteira rumo à Argentina, Paraguai, Uruguai e outros países da América do Sul. Para essas viagens, é fundamental estar familiarizado com o seguro Carta Verde, documento obrigatório para transitar por essa região.
- Pouco conhecido de quem nunca se arriscou em viagens internacionais por terra, o Carta Verde é obrigatório para veículos brasileiros que circulam pelos países do Mercosul. Ele garante indenização a terceiros em caso de acidentes fora do Brasil, mas não cobre danos ao seu carro, à sua moto, nem oferece assistência médica ao motorista ou passageiros.
- Ele funciona de forma semelhante ao DPVAT, o seguro de responsabilidade civil obrigatório que existe no Brasil para cobrir danos pessoais e materiais causados a terceiros em acidentes de trânsito. Contudo, é fundamental destacar que a Carta Verde não cobre danos ao próprio veículo do segurado, motorista ou passageiros transportados. “Em caso de colisão, o seguro indeniza os terceiros prejudicados, mas não cobre danos no veículo do segurado nem oferece assistência médica pessoal. Por isso, é imprescindível também ter o seguro do carro em dia e, para saúde e outros riscos, um seguro viagem adequado”, explica Hugo Reichenbach, sócio e diretor de operações da Real Seguro Viagem.
- O turismo rodoviário não para de crescer. Só em 2024, 752 mil brasileiros desembarcaram em Buenos Aires, a principal porta de entrada na Argentina. E 2025 já começou acelerado. Só nos primeiros meses, 278 mil brasileiros escolheram o Uruguai como destino. Segundo Reichenbach, a emissão do seguro é simples e rápida, podendo ser feita para períodos de 3 dias a 1 ano. Os valores variam conforme o tempo de viagem, vão de cerca de R$ 46 a R$ 499 e são pagos em reais pela cotação do dia. O detalhe é fundamental: comprá-lo com antecedência evita dores de cabeça na fronteira e a tentação de adquirir seguros falsos, comuns nos postos improvisados nas regiões de passagem.
Coberturas principais
Danos pessoais e morte: cobertura de até US$ 40.000 por pessoa, com limite máximo de US$ 200.000 por evento;
Danos materiais causados a terceiros: cobertura de até US$ 20.000 por sinistro, limitada a US$ 40.000 por evento.
Não cobre
- Danos ao veículo do segurado;
- Acidentes pessoais ao motorista ou passageiros do veículo segurado.
Tabela exemplificativa de valores e prazos do Carta Verde:
Período da viagem | Valor aproximado em dólares |
Até 3 dias | R$ 46 |
Até 1 semana | R$ 86 |
Até 1 mês | R$ 212 |
Até 1 ano | R$ 499 |
✔ E atenção! O Carta Verde vale só para países do Mercosul. Contudo, para destinos como Chile, Colômbia, Peru ou Venezuela, há outros seguros obrigatórios, como SOAPEX e SOAT. E lembre-se que esse seguro é para proteger terceiros. Quem quer viajar tranquilo precisa planejar todas as coberturas antes de cruzar a fronteira.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.
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