Coluna da quarta-feira

Vergonha: 34% dos prefeitos trocam de partido

O troca-troca partidário é uma das maiores excrescências da vida pública e se repete, vergonhosamente, a cada eleição no País. Para a eleição municipal de 6 de outubro, mais de um terço dos prefeitos que vão à reeleição mudaram de partido, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios. O próprio presidente da instituição, Paulo Ziulkoski, tomou um susto.

Pelo levantamento, dos 80% dos gestores entrevistados e que podem se reeleger, 34% informaram que trocaram de partido (2.753 dos 3.450). Já quanto ao comportamento na campanha eleitoral, a CNM questionou o que traz mais bem resultados na disputa municipal, na avaliação dos gestores (que puderam escolher mais de uma opção).

Entre os que responderam, 83% apontaram ações em redes sociais particulares, 74,3% deles disseram apoio político de autoridades estaduais e federais e 71,8% listaram contato direto (corpo a corpo) na campanha. Ziulkoski sinalizou que a mudança de partido pode garantir a eleição de novos prefeitos, inclusive recrutados da iniciativa privada, mas isso pode impactar nas políticas públicas.

“Desde 2000, primeiro ano de reeleição de prefeitos no Brasil, 62% dos que buscaram o segundo mandato conseguiram se reeleger. O melhor resultado foi em 2020, com 64% de prefeitos reeleitos; e a pior taxa foi em 2016 (49%), quando o País vivia profunda crise econômica e política”, mostrou. Mais de 4,5 mil prefeitos responderam à pesquisa, mas a CNM realizou um recorte incluindo apenas aqueles que podem se reeleger.

Desses, 88% pretendem concorrer ao pleito e apenas 7,8% não participarão das próximas eleições por diversos motivos, principalmente falta de interesse. “A região com maior possibilidade de reeleição é o Centro-Oeste, em que 91% responderam que vão concorrer. Na região Norte, 98% vão concorrer. A região Sul apresentou o menor número de intenção, só 80%, quase 20% a menos em relação a Norte e Centro-Oeste”, relatou. O Estado do Rio Grande do Sul é o com o menor percentual de prefeitos que decidiram se candidatar.

Corrida para o PSD – “Uma questão interessante entre os candidatos que pretendem concorrer à reeleição, é que 58,7% estão filiados a quatro partidos políticos”, sinalizou Ziulkoski. A maioria dos prefeitos que declararam ter trocado de partido em busca da reeleição em 2024 escolheu migrar para o PSD. Com 189 ingressos e 63 partidas, o partido ficou com saldo positivo de 126. Em seguida, vem o MDB (+53), o Republicanos (+40), o União (+30), o PT (+19) e o PL (+13).

Governadores influenciam – O pior saldo, ainda considerando esse grupo de prefeitos, ficou com o PRD (-63). À pesquisa, apenas 14 prefeitos afirmaram que trocaram sua filiação pelo partido, enquanto 77 deixaram o PRD (originário da fusão do Patriota com o PTB) e irão concorrer por outras siglas. Em seguida, os piores desempenhos foram registrados para o PSDB (-61), o PDT (-42), o PODE (-42), o Cidadania (-39) e o Solidariedade (-37). “O governo do Estado tem muito mais influência nos partidos que a União. Em Estados onde o governador atua direta ou indiretamente, o partido cresce”, diz o dirigente e líder da CNM.

Dormentes e Solidão sem disputa – Somente em dois dos 184 municípios do Estado não haverá eleição disputada por falta de adversário: Dormentes e Solidão. Nos dois casos, os candidatos são filiados ao PSB. A informação está disponível na plataforma DivulgaCand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Haveria também Caetés, terra do presidente Lula, mas lá o adversário do prefeito está sendo contestado na justiça por não ter cumprido os prazos legais para registro da candidatura. Os casos de candidatura única representam 1,09% do total de municípios pernambucanos.

Assédio eleitoral – O Ministério Público do Trabalho (MPT) lançou, ontem, em seu Instagram, a campanha de combate ao assédio eleitoral: “O voto é seu e tem a sua identidade”. Dados do MPT mostram que só neste ano foram registradas 90 denúncias sobre assédio eleitoral. Em 2022, a instituição recebeu 3.568 denúncias sobre o tema. Os casos representam um aumento expressivo, comparado a 2018, quando o órgão recebeu 219 denúncias sobre o tema. Segundo o MPT, a campanha levará às redes sociais conteúdos que reforçam que nenhum empregador pode definir ou influenciar o trabalhador a votar em seu candidato de preferência.

Leal e afinado com Raquel – Candidato à reeleição pelo PSDB, o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, tem se comportado de forma correta e leal à governadora Raquel Lyra na largada da campanha. “Desde que começamos nossa jornada com Raquel, Caruaru tem passado por uma verdadeira transformação. Estamos nas ruas para mostrar o que fizemos e apresentar nossa proposta para mais quatro anos de trabalho. Os resultados são evidentes: as escolas estão muito melhores, quase 40 creches foram construídas, mais de 80 postos de saúde foram reformados e mais de 200 ruas foram calçadas. Queremos que toda a população veja o que já realizamos e o que ainda está por vir”, disse, pelas redes sociais.

CURTAS

O CORONEL SIQUEIRINHA 1– O tom arrogante e ditatorial usado pelo presidente da Câmara de Vereadores de Arcoverde, conhecido por Siqueirinha (Podemos), ao impedir a manifestação popular na última sessão da Casa, afirmando que, enquanto for o chefe, quem manda é ele, repercutiu fortemente pelas redes sociais e, como era esperado, respingou na candidatura de Zeca Cavalcanti (Podemos), de quem ele é o vice.

O CORONEL SIQUEIRINHA 2– A reprovação da população arcoverdense foi de imediato e extremamente nociva a Zeca, porque os tempos são outros. Siqueirinha esqueceu que o mundo hoje é globalizado. Pela internet, sua fúria incontida e seu ato de coronelismo ganharam o mundo. E o pior é que Zeca não deu um pio, nem sequer um puxão de orelha no “mui amigo”.

O CORONEL SIQUEIRINHA 3 – O que se diz em Arcoverde é que Siqueirinha anda com os nervos à flor da pele, porque o Ministério Público investiga um contrato ilegal na sua gestão como chefão do Legislativo. Seu estresse foi descontado na coitada de uma senhora que foi à Câmara formular uma denúncia de assédio eleitoral envolvendo o prefeito Wellington Maciel (MDB), campeão imbatível de rejeição no município, agora aliado de Zeca.

Perguntar não ofende: O tempo da ditadura não passou em Arcoverde?