(Uma homenagem saudosa aos Rocha Lima – Jurita, João e Dumuriê – moradores da Rua João Ramos, queridos companheiros da minha intensa e divertida adolescência).
Edgar Mattos
No mês passado, querendo comprar alguns fogos “inocentes” para os meus netos, tentei localizar uma barraca que os vendesse e me lembrei das “rifas” dos meus tempos de criança.
Para os das novas gerações, esclareço que não se trata de nenhum sorteio, mas de pequenos pontos de vendas de fogos que alguns meninos, com espírito comercial e financiamento paterno, instalavam na porta das suas residências, durante todo o mês de junho.
Chamava-se “rifa” um caixote de madeira, em forma de casinha, revestido de papel colorido, com diversos compartimentos pelos quais eram distribuídas as diversas opções do modesto sortimento: traques de massa, estrelinhas, bichas de rodeio, peidos de veia, diabinhos e diabões, pistolas etc.
Leia mais
Junto, uma providencial caixa de papelão para guardar a receita e algumas moedas para troco. Algumas dessas “instalações” eram mais requintadas, incluindo até uma iluminação colorida que lhes oferecia maior visibilidade, fazendo-as mais atraentes.
Nos arrabaldes, sobretudo, proliferavam essas “rifas”, muitas vezes umas bem próximas das outras, em amistosa concorrência
A freguesia eram as crianças da vizinhança, especialmente os amigos do dono da “rifa”, em torno da qual se aglomeravam eventuais compradores ou apenas meros “assistentes”, assim como eu que, desprovido de vocação comercial, nunca tive uma “rifa” própria, limitando-me a apoiar as dos meus vizinhos.
O lucro era modesto, no entanto, como os pais não cobravam o reembolso do “investimento”, acabava se confundindo com o faturamento, todo ele destinado ao pequeno comerciante, compensando o seu “trabalho” e a sua iniciativa.
Pois é. No mês passado, querendo comprar fogos para meus netos, lembrei-me das “rifas” de outrora, e tive saudades do São João que um dia vivi.
Leia menos