O presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), desembargador Ricardo Paes Barreto, assume o comando da Prefeitura do Recife, interinamente, a partir de hoje, em virtude de viagem internacional do prefeito João Campos. O gestor segue em missão oficial para Boston, onde será palestrante da Brazil Conference at Harvard & MIT, evento anual realizado pela comunidade brasileira de estudantes de Massachusetts.

A transmissão do cargo ocorreu no início da tarde no gabinete da Prefeitura do Recife, com a presença do Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Luiz Campbell Marques. Esta é a primeira vez que um presidente de Tribunal de Justiça assume o comando de uma prefeitura de capital no Brasil. “Hoje é um dia de muita alegria, estamos tendo a oportunidade de mostrar muito claramente a importância da harmonia entre as instituições e o respeito ao Estado Democrático de Direito. Todos nós estamos de passagem, um dia não estaremos nas posições que ocupamos e as instituições permanecerão. Recife, inovando mais uma vez, é a primeira capital em que um presidente do Tribunal de Justiça assume o município e, tenho certeza, que a cidade estará em boas mãos”, declarou o prefeito João Campos.

“Ano passado, só em obras de encostas, foram mais de R$ 70 milhões. Em 2024, a expectativa é superar R$ 80 milhões. Contando com a ajuda e compromisso do presidente Lula, sei que toda a diferença será feita para essas famílias. Meu pai dizia que se você deixa o poder público sozinho o estado é feito para moer para o graúdo, ele vai rodar só para quem é grande. O presidente Lula pega a máquina do Estado brasileiro e mói todo dia para o pequeninho e isso incomoda muita gente, mas, acima de tudo, salva muita gente”, acrescentou o prefeito.

No total, serão cinco lotes de obras de contenção de encostas em 13 bairros e comunidades da capital pernambucana, proporcionando segurança e tranquilidade para as 573 famílias que vivem nas áreas. Entre os locais beneficiados, estão Dois Unidos, Água Fria, Jordão, Ibura, COHAB, Bomba do Hemetério, Várzea, Guarabira, Brejo da Guarabira, Alto José Bonifácio, Nova Descoberta, Vasco da Gama, Barro, Milagres.

“Muitas vezes quem está em cargos altos não dá muita importância para o que chamamos de ‘obras menores’. Prefere fazer as coisas que dão mais visibilidade, como grandes pontes, viadutos e aeroportos. O que não entendem é que, na maioria das vezes, essas obras menores são muito mais importantes para as pessoas que moram no local e vão ser beneficiadas. Se as obras de proteção não forem feitas, no futuro, quando chover e haver enchentes, elas vão custar muito mais caro, podendo inclusive tirar vidas, que não têm preço e não podemos devolver. Então, não devemos esperar as coisas acontecerem, temos que nos antecipar. O que estamos fazendo hoje aqui, e no Brasil inteiro, é entregar o que prometemos. Quem coloca o pé no barro sabe a importância desses R$ 40 milhões para as 18 obras que vão ser feitas no Recife”, ressaltou o presidente Lula.

As intervenções nas barreiras garantem estabilidade e segurança às construções nos seus entornos, evitando deslizamentos e outros acidentes. Além da contenção definitiva de encostas, as obras preveem um pacote de serviços de acordo com a necessidade de cada setor de risco. Os projetos, que serão executados pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB) podem ser compostos por construções de muros de arrimo, revestimento de tela argamassada, muretas de proteção, drenagem, corrimão, escadaria e pavimentação.

Nos últimos três anos, a Prefeitura do Recife já concluiu 94 obras de encostas nos morros e está executando mais 56 contenções na cidade. Com os recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), serão investidos R$ 120 milhões em 76 áreas de encostas.

“Normalmente as pessoas gostam de trabalhar com obras que dão bastante visual, uma bela ponte, se for a Estaiada ainda é muito mais chique. Muitas vezes vai cuidar de uma encosta, às vezes é feio porque é um concreto que você coloca lá para não deixar desbarrancar. Mas aquilo, na verdade, é uma coisa extraordinária que salva vidas. E a gente precisa aprender que, se a gente conseguir projetar e antecipar, não esperar a chuva, não esperar a desgraça tomar conta da nossa vida, a gente vai evitar que muita gente morra, que muita gente perca seus pertences”, disse Lula.

O presidente falou sobre os integrantes do primeiro escalão do governo, em que diversos ministros foram governadores de seus respectivos estados. “É mais difícil trabalhar no governo federal do que no estadual. Tem mais complicações para fazer, tem mais fiscalização, tem mais ingerência, é muito difícil. Renanzinho, Rui Costa, Camilo, Waldez, quando eram governadores, mandavam e aconteciam. No governo federal, você manda e não acontece tão rápido assim”, afirmou.

No final de seu discurso, Lula fez um afago em João Campos. “Com essa idade, ele tem um futuro político excepcional. Ele sabe que tem que trabalhar e tem que fazer as coisas corretas. Porque a gente não pode mentir para o povo. Pode mentir uma vez, duas vezes, três vezes, mas se a gente mentir, o povo descobre. Então sempre seja verdadeiro. Mesmo quando tiver que dizer não, diga não. É melhor dizer o não sincero do que uma mentira”, argumentou.