De volta com o governo em baixa
O presidente Lula volta a Pernambuco, amanhã, num momento extremamente difícil do seu governo, com a popularidade virando pó. Segundo as últimas pesquisas, divulgadas na semana passada, há um empate entre os que aprovam a gestão petista e os que desaprovam – 47% a 45%, respectivamente.
Mas a pior notícia, Lula não contava: se as eleições presidenciais fossem hoje e Bolsonaro não estivesse inelegível, o petista perderia para o ex-presidente por uma diferença de dois pontos percentuais. Tudo isso é consequência de um governo que não disse ainda a que veio, que patina na economia.
Leia maisReflete igualmente um País que continua dividido literalmente ao meio, entre duas seitas – a lulista e a bolsonarista. Em um ano e três meses, Lula não fez nada que pudesse subtrair eleitores de Bolsonaro, que conquistasse o eleito evangélico, segmento dos mais amplos e em crescimento no País.
Lula também não convenceu que tem boas intenções para o agronegócio, que segura o PIB brasileiro, gerando emprego, renda e movimentando o comércio exterior. A impressão que se tem é que o marasmo tomou conta do País. Lula também erra ao ficar comparando seus próprios governos, entre 2003 e 2010, período em que o Brasil viveu um apogeu econômico.
A fama daquele momento nem de longe lembra do que o País vive agora, e isto, por óbvio, aumenta ainda mais a sensação de letargia governamental. O fato é que o governo Lula de 20 anos atrás não tem nada a ver com o atual governo Lula, e nem terá, por questões bem simples. Duas décadas atrás, o mundo, e não somente o Brasil, desfrutava de um boom na economia. Somente a China tirou 400 milhões de habitantes de condições análogas à miséria. A Índia passou por transformações urbanas sem precedentes, com cidades inteiras sendo reconstruídas. Tudo cheirava à riqueza no início do Século XXI, e o Brasil estava no meio desta onda.
A realidade do Brasil e do mundo agora é outra. Ao invés da opulência se vive a estagnação, por dois motivos bem claros: o pós-pandemia e a guerra na Ucrânia. O fato é que o mundo ainda não ligou totalmente suas máquinas após a Covid-19. Afora isto, uma guerra em plena Europa tem deixado todo mundo com o dinheiro embaixo do colchão. Os grandes investidores não querem arriscar em um mercado de incertezas. Com isto todos perdem, especialmente as grandes nações, como é o caso do Brasil.
Também fala muita besteira – As falas extravagantes do presidente também contribuem para puxar a sua imagem e a do seu governo para baixo. Em 18 de fevereiro, durante entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia, por exemplo, Lula comparou a incursão de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto. “O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente. O episódio se destaca como o evento de maior impacto na imagem do petista desde quando as últimas pesquisas de opinião haviam sido feitas e, por conta disso, institutos se debruçaram especificamente em relação ao tema. Para 60% dos entrevistados, o presidente “exagerou” na comparação.
Fábrica e água – Na agenda fechada amanhã em Pernambuco, Lula, que será acompanhado pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e pela governadora Raquel Lyra (PSDB), além de aliados senadores e deputados federais, está Goiana, na Zona da Mata, e em Arcoverde, janela do Sertão. Em Goiana, inaugura mais uma etapa da fábrica da Hemobrás e em Arcoverde entrega inauguração a Unidade Elevatória da Adutora do Agreste, ramal que leva água da Transposição do Rio São Francisco até as cidades do Agreste.
Ceará no roteiro – Antes de pousar em Pernambuco, Lula estará no Rio numa agenda com o prefeito Eduardo Paes e encerra a maratona na sexta-feira em Iguatu, no Ceará, onde acompanhará o governador aliado Elmano de Freitas (PT) em visita a obras da Ferrovia Transnordestina. Ao lado do líder petista, estarão dois pré-candidatos do PT à prefeitura de Fortaleza: Evandro Leitão e Luizianne Lins. O nome de quem representará a sigla na capital cearense ainda está indefinido.
Filho de petista agride ex-mulher – Filho caçula do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Luís Cláudio Lula da Silva, de 39 anos, é acusado de agressões frequentes pela médica Natália Schincariol, com quem se relacionou por cerca de dois anos, até os supostos episódios de violência doméstica terem se intensificado. Natália registrou boletim de ocorrência eletrônico contra Luís Cláudio no início da tarde de ontem na Delegacia da Mulher em São Paulo. Na sequência, prestou depoimento por videoconferência, na qual foi confirmada a identidade da médica.
A força de Humberto – Apareceu mais um compromisso para Lula em Pernambuco: no Recife, sanciona o projeto que cria o Sistema Nacional de Cultura (SNC). O projeto tem um simbolismo para o Estado porque foi relatado pelo senador Humberto Costa (PT). Será às 19h, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, na Zona Sul do Recife. Também estará presente o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que vem sendo assediado e pressionado pelo PT para abrir a vaga de vice na sua chapa de reeleição para uma indicação do partido. A agenda extra não deixa também pode ser interpretada como uma forma do apreço que ele tem por Humberto.
CURTAS
EM SERRA – No agendão do troca-troca partidário que cumpre no Estado, o ministro da Pesca e presidente estadual do PSD, André de Paula, esteve em Serra Talhada, segundo maior colégio eleitoral do Sertão. Prestigiou a filiação de cinco vereadores da base da prefeita Márcia Conrado (PT) ao PSD.
FILIAÇÃO NA SEXTA – Por falar em PSD, o presidente André de Paula transferiu de hoje para sexta-feira o ato de filiação ao partido do secretário estadual de Turismo, Daniel Coelho, pré-candidato a prefeito do Recife. Além de André, o ato contará com a presença da governadora Raquel Lyra.
MUDANÇA BRUSCA – No troca-troca partidário, a surpresa da travessia do prefeito de Triunfo, Luciano Bonfim, do Avante para o PSDB, para se alinhar à governadora Raquel Lyra, o que o distanciará do ex-deputado Sebastião Oliveira. Mais surpresa ainda é anunciar sua reeleição depois de afirmar que não seria candidato.
Perguntar não ofende: Na passagem por Pernambuco, Lula será pressionado pelo PT a cobrar a vaga na vice de João Campos?
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