Dedico este artigo ao meu colega o bilionário Jeff Bezos, dono da Amazon, que ultrapassou Elon Musk como o homem mais rico do mundo. Hello, Bezos, faz um Pix para mim!
MONTANHAS DA JAQUEIRA – O Império da Uberlândia (sem ser a cidade de Minas Gerais) comanda a maior frota de táxi do mundo, mas não é dono de um táxi sequer. As prateleiras da Amazon, a big livraria do planeta, estão vazias de livros. Os capitais bilionários do Uber, 99, iFood, demais aplicativos e Amazon são apenas algoritmos. Estas são invenções do capitalismo. Nas senzalas comunistas não tem disso não. O mundo virtual é real. As nuvens de silício possuem memória de elefante. O Homo sapiens hoje é um elefante cibernético. Se você for chamado de elefante, fique peixe, faz parte da lei da evolução.
Se alguém disse que você é burro, sinta-se elogiado. Os jumentos são exemplos de resiliência (para usar a palavra da moda), força e humildade. Eu sempre me considerei muito burro, modéstia à parte. Quando eu nasci um anjo da guarda campinense da gema lá da Serra da Borborema me disse, à moda do anjo torto de Drummond: “Vai, Adabertovsky, relinchar na vida!” Assim sou feliz. Relinchar é uma arte e os relinchos estão na moda na intelectualidade e na alta sociedade. Os relinchos e grunhidos fazem sucesso nas plataformas digitais.
Jesus Cristo, Rei dos Reis, fez sua entrada triunfal em Jerusalém no lombo de um jumento. Os jumentos construíram as pirâmides do Egito e as muralhas da China. Os burros são amigos de fé dos sertanejos na batalha da vida. O bem-aventurado Luís Gonzaga cantou: “O jumento é nosso irmão”. O que seria da humanidade desde a Antiguidade se não fossem os jumentos?! Viva os jericos, os burros, os jegues, a nobre família dos asnos em geral!
Os partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos adotam com símbolo um burro e um elefante, desde os tempos da Guerra da Secessão em 1865. Joe Biden tem a cara de burro e Donald Trump é a imagem de um elefante. Os partidos desta Terra de Vera Cruz, a terra da Verdadeira Cruz, poderiam imitar os gringos. O símbolo do jumento seria adotado pelo partido dos artistas, intelectuais e sábios das universidades. Ao invés de oferecer mortadela e picanha aos eleitores, eles criariam o slogan “Meu reino por uma touceira de capim!” Faria o maior sucesso. O elefante fica por conta da imaginação de cada um.
A fim de arrecadar mais impostos, o guru da seita dos peles vermelhas teve a ideia de macetar o Uber e demais aplicativos para que mantenham vínculo empregatício com mais de 2 milhões de motoristas. Seria o maior contingente de empregados do sistema solar. Equivale a desinventar a roda, ou inventar a roda quadrada. Merece o prêmio IgNobel da Paz, assim também quem apoia a ditadura assassina da Venezuela e os terroristas do Hamas.
O jornalista Paulo Pestana morreu, em Brasília, aos 65 anos, na madrugada de hoje. A causa ainda não está confirmada, mas há suspeitas de que tenha sido em decorrência da dengue.
Paulo Pestana foi meu colega de trabalho no Correio Braziliense quando atuei no jornal no final dos anos 80, em Brasília. Gente da melhor qualidade, um gentleman. Era editor do caderno de Cultura e pauteiro, fala mansa e suave, leve no trato. Seu amor por Brasília era algo tão entranhado que me dava inveja. E olha que sou apaixonado por Brasília!
O encontrei pela última vez na praça de alimentação do Shopping Brasília há mais ou menos três meses, depois de um longo tempo sem notícias dele. Foi um reencontro muito emocionante e ele ainda me tratou de “Rapadura”, apelido que ganhei da turma irreverente, que agitava a saudosa redação do Correio.
A notícia, logo cedo, veio por uma mensagem do amigo Renato Riella, jornalista dos bons, meu ex-chefe no Correio Braziliense. “Estou chocado, cai no choro sem parar”, revelou Riella, que também foi chefe de Paulinho, como era tratado por nós, seus colegas de redação.
Riella conviveu com Paulinho também na campanha de Ibaneis Rocha, governador do DF, e eram muito próximos, quase irmãos. Estou indo a Brasília daqui a pouco e quero prestar minha última homenagem a Paulo Pestana.
Não sei, sinceramente, como Paulinho deixou a área cultural pelo marketing político e o jornalismo eleitoral, porque conhecia como ninguém de arte, de música, e mais do que isso, amava a vida cultural de Brasília. Rubem Alves, meu cronista preferido, escrevia sobre a vida e também sobre a morte.
A morte e a vida não são contrárias, são irmãs. “A reverência pela vida exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir”, dizia ele.
O Estado Novo, regime ditatorial implantado por Getúlio Vargas, vigorou de 1937 a 1945. No seu último ano, em 3 de março de 1945, tombava morto, com um tiro na testa, na Praça da Independência, palco de manifestações populares do Recife, o estudante de Direito Demócrito César de Souza Filho. Foi assassinado quando aguardava, da sacada do prédio do bicentenário Diário de Pernambuco, o discurso de Gilberto Freyre. Socorrido, morreu no antigo Hospital do Pronto Socorro do Recife.
Dias depois, também morreu o carvoeiro Manuel Elias dos Santos, que estava na manifestação e foi atingido pelos disparos. Os estudantes da Faculdade de Direito do Recife tiveram grande atuação contra o Estado Novo. O Governo de Vargas procurava alternativas para se manter. As ligações do ex-governador Agamenon Magalhães com Vargas eram bem estreitas.
O assassinato de Demócrito foi atribuído à polícia política de Vargas. Agamenon Magalhães deixou a interventoría no início de 1945, quando Getúlio Vargas o nomeou ministro da Justiça, mas não sem assegurar Etelvino Lins como seu sucessor à frente do Executivo pernambucano. Contudo, a morte de Demócrito de Sousa Filho fragilizou a posição do novo interventor, que renunciou a tempo de eleger-se senador pelo PSD, em dezembro de 1945.
Neste mesmo ano, seu pai Ulysses Lins, que escreveu dois livros de memórias, foi eleito deputado federal. Etelvino, investido de poderes constituintes, ajudou a conceber e subscreveu a Constituição de 1946, exercendo o mandato parlamentar até eleger-se governador de Pernambuco em 1952, num pleito extemporâneo, convocado após a morte do governador Agamenon Magalhães.
Mas a condição de interventor, em pleno Estado Novo, não evitou que Etelvino também fosse acusado de omissão na segurança do ato que acabou na morte de Demócrito. Há historiadores, entretanto, que o inocentam daquele infausto acontecimento. Etelvino Lins de Albuquerque, pernambucano de Alagoa de Baixo, hoje Sertânia, nasceu em 20 de novembro de 1908 e, muito cedo, começou a mostrar o quanto importa saber querer.
Teve uma infância parecida com a de qualquer criança de seu estrato social, sofrida pelas agruras do Sertão, mas em 1930 se graduou em Direito e deu início a uma vitoriosa carreira: secretário de Segurança de 1937 a 1945, interventor em Pernambuco, em 1945; Senador Constituinte em 1946 e Governador de Pernambuco eleito entre 1952 e 1955, além de deputado federal por duas legislaturas: 1959/1963 e 1970/1975.
Também foi ministro do Tribunal de Contas da União de 1955 a 1959. Em 1935, reprimiu a Insurreição Comunista no Recife. Diante do impacto causado pelo suicídio de Vargas em agosto de 1954, Etelvino propôs, sem sucesso, o adiamento das eleições legislativas de outubro, sustentando que o pleito poderia dar uma esmagadora vitória aos candidatos do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), aumentando os riscos de uma intervenção militar.
No mesmo sentido, sugeriu o lançamento de um candidato único à presidência no ano seguinte, propondo, para tanto, que o PSD se aproximasse da União Democrática Nacional (UDN) e das outras forças políticas do País, numa tentativa de constituir uma aliança interpartidária. Suas propostas não tiveram o apoio da cúpula do PSD e foram combatidas por Juscelino Kubitschek, que, a esta altura, já lançara sua candidatura a presidente.
Eleito em 1952, Etelvino Lins governou Pernambuco até 31 de janeiro de 1955, transmitindo o cargo a Cordeiro de Farias. Com a homologação da candidatura de Juscelino e o malogro da tese da união nacional, foi lançado, em abril, candidato a presidente da República com o apoio da UDN e de dissidentes do PSD. Recebeu também a adesão do Clube da Lanterna, organização civil liderada por Carlos Lacerda. Em junho, no entanto, renunciou à indicação e passou a apoiar a candidatura de Juarez Távora.
Autonomia do TCU – Lins, como o seu pai Ulysses Lins de Albuquerque o travava, segundo o livro “Memórias que eu guardei de memória”, teve um posicionamento marcante ao discordar do presidente Castelo Branco, que enviara ao Congresso um anteprojeto de constituição restringindo a competência do TCU, o que suscitou forte reação dos que compunham o corpo de ministros daquele tribunal. Senador, imediatamente elaborou emenda ao anteprojeto que, aprovada, integraria o texto constitucional promulgado em 1967 e facultaria ao TCU manter a prerrogativa de analisar as contas da Presidência da República, e emitir opinião sobre as emissões de papel-moeda.
Transporte de eleitores – Como congressista, Etelvino Lins foi um dos primeiros a liderar um movimento por reformas políticas. Um projeto de sua autoria, batizado mais adiante de Lei Etelvino Lins, transferiu para a Justiça Eleitoral todos os gastos com alimentação e transporte para os votantes do meio rural no dia das eleições, mas restringindo despesas da mesma fonte com a campanha em geral. Deputado reformista, restaurou o direito de votar aos residentes no Distrito Federal, permitindo a remessa de seus votos aos estados de origem em 1974, 1978 e 1982. A partir de 1963, dedicou-se somente ao Tribunal de Contas da União, assumindo a presidência da corte em 1965, quatro anos antes de pedir a aposentadoria.
Apoio a Maciel e desistência – Nas eleições indiretas para a sucessão em Pernambuco, em 1974, Etelvino Lins se uniu a antigos líderes políticos da época em apoio ao nome do secretário-geral da Arena, Marco Maciel, para o Governo do Estado. Diante da indicação de José Francisco de Moura Cavalcanti, que contava com a preferência do presidente Geisel, Lins recusou-se a concorrer à reeleição à Câmara Federal, concluindo seu mandato em janeiro de 1975. Mais na frente, em 1978, lançou-se candidato às eleições para a Câmara Federal marcadas para novembro, mas em 5 de agosto desistiu da candidatura.
Algoz da Intentona Comunista – Em 1935, nomeado pelo ex-governador Carlos de Lima Cavalcanti delegado auxiliar com jurisdição no Recife, Etelvino Lins combateu fortemente a Intentona Comunista, levante armado para derrubar Vargas do poder, liderado por Carlos Prestes. Coube a ele instaurar e presidir um inquérito que resultou na condenação dos revoltosos pelo Tribunal de Segurança Nacional. Decretado o Estado Novo em 1937, o coronel do Exército, Amaro de Azambuja Vilanova, assumiu interinamente o governo estadual e escolheu Etelvino Lins secretário de Governo, função ocupada até Agamenon Magalhães ascender ao Palácio do Campo das Princesas e realocar Etelvino Lins como secretário de Segurança Pública.
Fazer o que sabemos ser errado é trair a consciência – Etelvino Lins foi, enfim, um dos políticos mais hábeis surgidos no Estado Novo e desenvolvidos no regime de 1946. Foi, igualmente, um dos mais destacados dirigentes do extinto PSD e, apesar de suas boas maneiras e de sua elegância pessoal, jamais dispensava um chapéu Borsalino preto impecavelmente limpo. Hábil, manteve-se na política mesmo sem mandato e, em 1970, defendeu a tese da incorporação do AI-5 à Constituição. Assegurava ao governo que isso seria possível sem alterar o quadro político do futuro “porque o AI-5 é o golpe e ninguém dá golpe no golpe”. Sua ideia não foi aceita pelo governo Emílio Garrastazu Médici e, mais tarde, com a abertura, o presidente Ernesto Geisel não incorporou o Ato à Constituição. É de sua autoria a seguinte frase: “Fazer o que sabemos ser errado é trair a consciência. Insistir, é treiná-la a aceitar o errado como se fosse o certo.”
CURTAS
PERDA DO EMPREGO – Opositor do governador Estácio Coimbra, Etelvino Lins deixou seu emprego nos Correios por apoiar as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa à presidente e vice-presidente da República pela Aliança Liberal, em 1930, enquanto o Governo Washington Luís lutou pela vitória de Júlio Prestes e Vital Soares nas eleições de 1º de março, mas, apesar do resultado favorável, a Revolução de 1930 impediu a posse deles.
FAMÍLIA E MORTE – Casado com Djanira Falcão em 1933, Etelvino constituiu uma prole de oito filhos: Iná, Roberto, Maria Christina, Rosa, Rogério, Maria da Conceição, Maria Regina e Rodrigo. Seu cunhado, Djaci Falcão, foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal em 1967 pelo presidente Castelo Branco, e presidiu a corte entre 1975 e 1977. Etelvino Lins morreu na capital fluminense vítima de um aneurisma cerebral, em 1980.
AMANHÃ TEM CARLOS DE LIMA CAVALCANTI – A série prossegue amanhã trazendo o perfil do ex-governador Carlos de Lima Cavalcanti, que em 1935, numa eleição indireta, venceu João Alberto, herói da Coluna Prestes.
Perguntar não ofende: A bomba que Ciro Gomes diz ter contra o Governo é um traque ou um míssil?