Também foi enfatizada a importância de “territorializar” o plano de ação, que dividiu o Estado em nove regiões, para atender de forma assertiva diferentes demandas por segurança. Foram utilizados como exemplos os crimes contra a vida, que tem predominância no Agreste, e os crimes contra o patrimônio, que se concentram na capital e Região Metropolitana.
Mas isso é uma piada, não leva a nada. Diferente do Pacto pela Vida, criado pelo ex-governador Eduardo Campos, o plano de Raquel não prioriza o incentivo a quem faz policiamento.
Na entrevista, a governadora informou que enviará um projeto à Alepe para mudar as faixas salariais dos policiais, mas não falou em valores e nem quando pretende fazer o envio. Apenas se limitou a dizer que pretende acabar com o fim da faixa salarial até 2026. Enquanto em Goiás um PM já entra com salário de R$ 6 mil, em Pernambuco esse valor é de pouco mais R$ 3 mil. Já o teto, valor final após o PM passar pelas cinco faixas salariais hoje existentes, é de R$5.947.
Redução de violência se faz com inteligência e decisão política. Em Nova Iorque, até então uma das cidades mais violentas do mundo, uma das mudanças que acompanharam a melhora da segurança foi o aumento de pelo menos 35% na quantidade de policiais na cidade entre 1990 e 2000, quando o número ultrapassou o de 53 mil funcionários, além do aumento salarial.
Isoladamente, uma maior quantidade de policiais nas ruas está longe de garantir uma queda nos crimes. Mas, no caso de Nova York, como pode ser em Pernambuco, isso foi acompanhado por uma mudança tecnológica chave. Entraram em jogo os sistemas de computador, para que o chefe de polícia soubesse onde os policiais estavam posicionados, onde os crimes eram cometidos e o impacto do posicionamento dos policiais nas taxas de criminalidade.
Antes dos computadores, não se sabia onde estavam os policiais. Podiam estar comendo rosquinhas o tempo todo. Não há nada, portanto, neste plano de Raquel, que devolva aos pernambucanos a esperança de mais segurança, que passe a certeza de que não haverá mais o risco de se perder a vida na porta de casa, como aconteceu recentemente com um juiz em Piedade.
Quem foi ouvido? – Fontes seguras da Polícia Militar garantem que ninguém foi ouvido sobre o plano mirabolante e sem consistência para reduzir a violência lançado, ontem, pela governadora Raquel Lyra. Quem ela ouviu, então? Certamente, deve estar mais para algo produzido nos laboratórios acadêmicos, sem nenhuma consistência prática.
Kassab flerta Raquel – Numa conversa com o repórter Carlos Nascimento, colaborador da Rede Nordeste de Rádio em Brasília, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, sinalizou que está em tratativas para a governadora Raquel Lyra se filiar ao partido. “Quem não queria nos seus quadros uma governadora com as qualidades de Raquel? Ela sabe que o partido está à disposição dela”, afirmou.
André perderia controle – Há muito, principalmente após a derrocada do seu partido, o PSDB, a governadora anda se articulando para se filiar a uma nova legenda. A demora se dá porque ela quer o controle absoluto da agremiação partidária. Caso faça a opção pelo PSD, conforme sinaliza Kassab, terá que negociar o comando da legenda com o seu donatário em Pernambuco, o ministro André de Paula (Pesca), afilhado de Kassab.
Campeão em prefeituras – o Partido Social Democrático (PSD) passou a comandar, pela primeira vez desde a sua criação, o maior número de prefeituras brasileiras. São 968 executivos municipais filiados à sigla, 308 a mais do que os 660 alcançados nas eleições de 2020. O crescimento de 47% fora de um período eleitoral se deu pela migração de prefeitos de outros partidos. Isso fez com que a sigla desbancasse o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que há décadas liderava o ranking de domínio de prefeituras.
Retrato da incompetência – No mesmo dia em que a governadora anunciou seu plano retardatário de segurança sem nenhuma eficácia, a mídia nacional – Folha de São e site Uol – expôs a fragilidade da segurança nas praias de Porto de Galinhas. Ali, o governo tucano se apresenta impotente no enfrentamento a uma facção criminosa que domina o tráfico de drogas no balneário. Por ano, o grupo chega a faturar R$ 10 milhões, segundo anotações obtidas pela polícia.
CURTAS
LEI DO SILÊNCIO – A facção impôs uma lei de silêncio entre moradores para conter denúncias à polícia. Quem foge à regra, é torturado e pode até ser morto. Além de cooptar jovens para o crime, a facção abriu um tentáculo para entrar na política, segundo investigação.
TERROR – A polícia já realizou várias operações e prisões contra a facção. Porém, o grupo segue vivo e atormentando a população local. No último sábado, um tiroteio na comunidade Salinas deixou três mortos e alguns feridos durante uma ação policial. A polícia recebeu denúncias de moradores da comunidade que estavam ameaçados pela facção.
Perguntar não ofende: Nem um centavo a mais para quem vai às ruas cuidar da segurança do povo, governadora?
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