Ministros do STF dizem que Lula vai indicar Flávio Dino para a Corte e Paulo Gonet para a PGR

Dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) disseram ao Estadão, neste domingo, 26 que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar o ministro da Justiça, Flávio Dino, para ocupar uma cadeira na Corte. Além disso, como o Estadão já havia adiantado, Lula também escolheu o subprocurador Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República.

O anúncio deverá ser feito por Lula ainda nesta segunda-feira, 27, antes da viagem que fará a Dubai, nos Emirados Árabes. O presidente vai participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-28, e depois seguirá para a Alemanha, só retornando ao Brasil em 5 de dezembro.

Lula promoveu um jantar no Palácio da Alvorada, na quinta-feira, 23, com os ministros do STF Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin. Foi uma tentativa de distensionar o ambiente depois que o Senado aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para restringir poderes da Corte. A PEC contou com o apoio do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), o que foi considerado pelos magistrados como uma “traição”.

Dino e o ministro Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União (AGU), também estavam presentes ao jantar. Messias e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, disputavam a vaga do STF com o titular da Justiça. Sob reserva, ministros disseram que, após a saída de Dino e de Messias da reunião no Alvorada, Lula confirmou a eles suas escolhas.

As indicações precisam passar pelo crivo do Senado, onde os dois nomes serão sabatinados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Após essa etapa, os nomes são submetidos ao plenário da Casa.

Estadão apurou que Alcolumbre garantiu a Lula a marcação das sabatinas no menor tempo possível, antes do recesso parlamentar, que começa em 22 de dezembro. Alcolumbre criou problemas para o presidente nos últimos tempos, mas, recentemente, se reaproximou do Palácio do Planalto.

Com a ida de Dino ao STF, o Ministério de Justiça de Lula precisará de um novo ministro. Entre os principais cotados está Ricardo Cappelli, secretário-executivo da Pasta e braço-direito de Dino. Ele ocupou o cargo de interventor do Distrito Federal na área de segurança pública após os ataques de 8 de Janeiro às sedes dos Três Poderes, assumiu interinamente o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após a queda do general Gonçalves Dias e foi criticado nas redes depois de defender a Polícia Militar da Bahia, apontada como mais letal do País.

Também são apontados no páreo para comandar a Pasta o secretário Nacional de Justiça Augusto de Arruda Botelho e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, este último é próximo ao PT e já criticou a atuação de Dino na área da segurança pública.

Quem é Gonet

Discreto e com carreira que foge dos holofotes, o subprocurador Paulo Gonet passou por uma peneira. Lula tinha na lista de preferências para o comando do Ministério Público Federal nomes mais próximos ao PT e com perfil anti-Lava Jato. Lula preferiu seguir conselhos de ministros do STF para optar por Gonet.

Gonet tem as bênçãos dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. O subprocurador entrou no MPF em 1987. Sua ligação com Gilmar Mendes vem dessa época. Gilmar também foi membro do Ministério Público. Os dois já escreveram livros juntos e fundaram o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), instituição de ensino superior na área de direito.

Quem é Flávio Dino

Maranhense e filho de advogados, Flávio Dino já em seus primeiros meses como ministro, ganhou protagonismo depois dos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro, colecionou embates com parlamentares da oposição e chamou a atenção nas redes sociais. Mais recentemente, tem driblado convites da Comissão de Segurança Pública na Câmara, foi figura importante no decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos e aeroportos e buscou se desvincular do caso da presidente de ONG ligada ao Comando Vermelho que fez duas visitas ao Ministério da Justiça, como revelou o Estadão.

Ele começou sua carreira no Judiciário e chegou a ser juiz federal da 1ª Região entre 1994 e 2006, quando se candidatou para a Câmara dos Deputados e entrou na vida política. Foi deputado federal, presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), governador do Maranhão e, em 2022, foi eleito senador pelo PSB, mas se licenciou do Senado para assumir o Ministério da Justiça no governo Lula.

A Fundação Joaquim Nabuco marca os 90 anos de lançamento de Casa Grande & Senzala, do sociólogo Gilberto Freyre, fundador da Fundaj, com a realização do “I Seminário do Pensamento Social Brasileiro – Por que (ainda) ler Casa-Grande & Senzala 90 anos depois?”. Realizado pela Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj, o encontro será realizado nesta quarta-feira (29), das 9h às 17h, na Sala Calouste Gulbenkian, no Campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte, e contará com palestras e conferências, além de exposição de diversas edições da obra e lançamentos de livros dos conferencistas.

A Fundação reforça sua tradição de trazer ao debate a obra de Freyre, que segue sendo um dos autores brasileiro mais debatidos, complexo, contraditório e antecipador de estudos no Brasil. “Não tenho dúvidas em afirmar a importância de ‘Casa Grande & Senzala’ como uma obra seminal para a compreensão, senão do Brasil, como pretendia Gilberto Freyre, pelo menos da sociedade rural no contexto do Nordeste brasileiro. É inegável que o livro resulta de um esforço enorme de interpretação da nossa sociedade em um momento que ainda era de construção da própria ideia de nação, ou seja, os anos 1930”, ressalta o diretor da Dimeca, Túlio Velho Barreto.

Pesquisador e cientista político, Túlio Velho Barreto acrescenta que, por  se tratar de uma obra original e, como ele disse, seminal, é importante que ainda seja discutida 90 anos depois. “O que devemos fazer de forma analítica e crítica para ressaltar seus vários achados e apontar eventuais equívocos ou imprecisões. O Seminário terá a participação de especialistas que atualizam o debate em torno de ‘Casa Grande & Senzala’ exatamente com tal propósito. Daí o título do Seminário indagar, e não afirmar, se ainda devemos lê-la ou não”, destaca o diretor da Dimeca.

Casa-Grande & Senzala já foi apontada pelo sociólogo e crítico literário Antonio Candido como uma das três obras fundamentais para compreender a formação do Brasil.  Passadas quase nove décadas após o lançamento, a publicação foi eleita como a quinta obra mais importante escrita no e sobre o Brasil. Assim, tem mantido o seu status entre os cânones do pensamento social brasileiro, sendo uma das publicações mais traduzidas no exterior e reeditadas no Brasil. O Seminário é o primeiro de uma série de encontros que ocorrerão nos próximos anos sobre o pensamento social brasileiro.

Em cada edição, um pensador ou uma pensadora terá sua obra abordada por novos e experientes pesquisadores, como explica a pesquisadora da Fundaj Cibele Barbosa, do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco de Andrade (Cehibra). “Neste primeiro seminário, o tema está relacionado às comemorações dos 90 anos de Casa-Grande & Senzala, uma obra que suscitou debate desde sua publicação até os dias atuais, debates de diversas frentes, por diversos atores sociais, intelectuais, que discutiram essa obra”, comentou.

Historiadora, Cibele Barbosa venceu o Prêmio Gilberto Freyre 2020-2021, com o ensaio “Escrita histórica e geopolítica da raça: a recepção de Gilberto Freyre na França”. Ela explica a necessidade de conhecimento sobre a obra do sociólogo. “Casa-Grande & Senzala” gerou forte impacto no pensamento social da época desde sua publicação, uma obra que se destaca pelas várias contribuições do estudo da História, da Sociologia e da Antropologia.

“É uma obra polêmica e pautou por muito tempo os debates nacionais relacionados a questões sobre a formação social brasileira e questões raciais. A ideia é seguirmos aquilo que Silvio Almeida comentou. Ou seja, é preciso ler Freyre, não no sentido de concordar ou discordar, mas no sentido de conhecer para poder pensar sobre o que representou sua obra no Brasil e o que representa e, assim, construir um pensamento crítico”, destacou a pesquisadora.

O deputado federal André Janones cobrou que assessores da Câmara lotados em seu gabinete usassem parte dos salários para pagar suas despesas pessoais. Conhecida como rachadinha, a prática configura enriquecimento ilícito, dano ao patrimônio público e é passível de inelegibilidade segundo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Sem saber que estava sendo gravado, Janones não fez cerimônia ao dizer como pretendia gastar a grana oriunda da remuneração de servidores públicos: “Casa, carro, poupança e previdência”, revelou, em áudio obtido pela coluna. O deputado recebeu 238 mil votos e foi o segundo parlamentar mais votado de Minas Gerais em 2022. As informações são do colunista Paulo Capelli, do Metrópoles.

A reunião com assessores ocorreu na própria Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do Avante, partido de Janones. Antes de pedir os salários de sua equipe, o deputado tentou sensibilizar os servidores.

“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito.

Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, tentou convencer Janones.

Com dois meses de atraso, o governo de Pernambuco apresentou nesta segunda-feira (27) as metas estabelecidas para o programa Juntos Pela Segurança, política estadual lançada em julho para substituir o Pacto Pela Vida, implementado em 2007 pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em 2014 num acidente aéreo.

Entre as principais metas apresentadas estão a redução, até 2026, de 30% nos números de homicídios, violência contra a mulher, crimes contra o patrimônio e roubo e furto de veículos. O lançamento foi feito pela governadora Raquel Lyra (PSDB), acompanhada de chefes da Secretaria de Defesa Social (SDS) e Secretaria de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional. As informações são do G1/PE.

O novo plano de ação foi apresentado na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, num evento realizado 120 dias depois do lançamento do Juntos Pela Segurança. Participaram do lançamento representantes do executivo estadual, das forças de segurança do estado, parlamentares e membros da sociedade civil.

O governo também anunciou que espera construir 7.960 novas vagas no sistema penitenciário e ter pelo menos 40% dos detentos estudando ou trabalhando, no mesmo período.

A governadora Raquel Lyra disse que o novo plano de segurança “tem como pilar a democracia”. Ela também prometeu encaminhar à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) uma proposta de lei para acabar com as faixas salariais da Polícia Militar.

“Buscamos parceiros técnicos, especialistas. Estamos procurando uma política pública que tenha perenidade. A escuta coletiva, quando a gente lançou não apenas presencialmente, a gente buscou o pilar da integração. Segurança pública se faz junto, unindo as forças e os poderes constituídos para garantir legitimidade”, disse.

Também foi enfatizada a importância de “territorializar” o plano de ação, que dividiu o estado em nove regiões, para atender de forma assertiva diferentes demandas por segurança. Foram utilizados como exemplos os crimes contra a vida, que tem predominância no Agreste, e os crimes contra o patrimônio, que se concentram na capital e Região Metropolitana.

Raquel Lyra também disse que a construção de novas vagas no sistema penitenciário é uma prioridade, e criticou a necessidade de aplicação do chamado “cômputo em dobro”, uma das medidas adotadas para lidar com a superlotação do Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife.

Pela norma, que começou a ser aplicada em setembro de 2022 em Pernambuco, o tempo que um apenado passou no presídio do Curado é contado em dobro e descontado da condenação final.

“A gente tem, hoje, R$ 1 bilhão para investimentos. A construção de novas vagas no sistema prisional, muitas dessas obras paradas há mais de 10 anos. Vamos continuar contratando os profissionais que estão em concursos pendentes. Acabar com essa história que um dia na cadeia vale por dois, porque o sistema penitenciário de Pernambuco é caótico”, afirmou.

A previsão inicial era que as metas do novo projeto fossem anunciadas no dia 28 de setembro, dois meses depois de o Juntos pela Segurança ter sido lançado oficialmente. Em julho, o programa foi apresentado sem plano de ação ou metas que devem ser alcançadas pelos próximos anos. Um mês depois, em agosto, a então secretária de Defesa Social Carla Patrícia Cunha pediu demissão e foi substituída por Alessandro Carvalho.

O atual secretário já exerceu o mesmo cargo entre entre 2013 e 2016, nas gestões dos ex-governadores João Lyra, pai da governadora Raquel Lyra, e de Paulo Câmara (PSB). Ele também foi secretário executivo de Defesa Social entre 2010 e 2013, no segundo governo de Eduardo Campos.

Por Maurício Rands*

Oscar Vilhena Vieira, em seu “A Constituição e sua reserva de justiça (2023, 2ª ed) lembra que a interpretação constitucional tem duas dificuldades. A primeira decorre da ambiguidade, abrangência e universalidade do texto constitucional, a “sobrecarga do texto”, na expressão do prof. João Maurício Adeodato. A segunda é a dificuldade contramajoritária.

Ao exercer o controle de constitucionalidade das leis, até quando o judiciário pode avançar sem subverter o princípio democrático que legitima a feitura das leis pela maioria dos representantes eleitos pelo povo?  Em face dessas dificuldades, surge o problema teórico e prático de saber até onde a jurisdição constitucional age sem discricionariedade.

A PEC 08 gira em torno deste problema. Há muito a opinião pública percebe que o STF tem exagerado no exercício do controle de constitucionalidade. Exageros que são mais graves quando cometidos por decisões individuais de seus membros. Os exemplos recentes de decisões monocráticas controversas são muitos.

“Desnomearam-se” ministro do executivo (Lula em 2016) e diretor da polícia federal (Ramagem em 2020); afastou-se governador (Ibaneis Rocha em janeiro de 2023); e suspenderam-se normas como o piso da enfermagem (Lei nº 14.434/2022), parte da lei das estatais (Lei nº 13.303/2016), a lei de improbidade (Lei nº 8.429/1992), a lei do juízo de garantias (Lei nº 13.964/2019) e a lei do município de Porto Alegre que instituiu o dia 08 de janeiro como “Dia do Patriota”. A ponto de a sociedade se perceber como submetida a 11 supremos.

Além da polarização que tomou conta do país, esse exagero de decisões monocráticas ajuda a explicar a queda da legitimidade do STF nas pesquisas de opinião. Na da Genial/Quaest divulgada em 21/11/23 a aprovação, que já era baixa no início do ano (23%) caiu para apenas 17%. A reprovação subiu de 29% para 36%.

Ao invés de refletir sobre o problema teórico e sobre a deterioração de sua imagem, os ministros do STF reagiram desproporcionalmente a uma PEC que se limitou a aperfeiçoar o procedimento de controle de constitucionalidade das leis, ao restringir as decisões individuais. O que, aliás, já está previsto no art. 10 da Lei 9.868/99, que trata da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade.

A PEC 08, ao reforçar a decisão colegiada do STF, em verdade está aprimorando o seu procedimento. E, por isso, tende a reforçar a legitimidade e a autoridade das decisões do STF que invalidem leis votadas pelo parlamento. O que a PEC diminui, sim, é o exercício do poder individual de cada ministro do STF.

A reação foi indevida por esse motivo teórico. Mas também porque desproporcional à mudança proposta. Há quem ache que o exagero da reação dos ministros do STF foi muito mais por temor à insubmissão de um parlamento que pensavam ter sob controle. Acusam o legislativo de intromissão em outro poder, mas criticam o chefe do executivo por não ter interferido no legislativo para derrotar a PEC 08.

E aí o STF erra por pretender exercer algum tipo de controle sobre o outro poder e por pretender que um outro também nele interfira. E erra também por ter reagido sem a autocontenção que a Constituição exige de quem tem a atribuição de funcionar como seu guardião.

Viram-se ministros da corte pressionando senadores e fazendo lobby. Depois do resultado, viu-se ministro agredindo os senadores, chamados de “pigmeus morais”, e outros pedindo a destituição do líder do governo no senado e dizendo que o “diálogo teria acabado”. Viu-se ministro, quase em chantagem, adiando julgamento da PEC dos precatórios, que repercute no objetivo do equilíbrio fiscal. Tudo isso em violação ao princípio do art. 6º da CF, que prevê o equilíbrio e a harmonia entre os poderes.  

Mas o STF também errou tecnicamente. Ao dizer que a PEC 08 seria inconstitucional, prejulgou um texto que pode vir a ter que julgar em futuro próximo. Outro erro técnico foi forçar a interpretação das cláusulas pétreas. O art. 60 § 4º da CF veda a proposta de emenda tendente a abolir a separação dos poderes.

Como imaginar que o mero reforço da colegialidade pela PEC 08 é tendente a aboli-la? Fosse assim o poder legislativo jamais poderia ter disciplinado, por exemplo, o procedimento das ações constitucionais, como foi o caso da Lei 9.868/99. Que nunca foi considerada inconstitucional. Querem os ministros do STF impedir que o legislativo cumpra sua função de legislar?

Não se desconhecem os méritos do STF na resistência ao autoritarismo, na punição dos golpistas de 8 de janeiro e no enfrentamento do negacionismo na pandemia. Não se desconhece que muitos senadores votaram a PEC 08 movidos por interesses obscuros de vingança contra o STF. Deve-se duvidar das reais intenções do movimento de Rodrigo Pacheco. Mas como negar o mérito da PEC para aperfeiçoar o funcionamento do STF?

*Advogado formado pela FDR da UFPE, PhD pela Universidade Oxford

O cenário exuberante das praias e das piscinas naturais de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca (PE), esconde a atuação de uma facção criminosa que domina o tráfico de drogas no balneário. Por ano, o grupo chega a faturar R$ 10 milhões, segundo anotações obtidas pela polícia.

A facção impôs uma lei de silêncio entre moradores para conter denúncias à polícia. Quem foge à regra, é torturado e pode até ser morto. Além de cooptar jovens para o crime, a facção abriu um tentáculo para entrar na política, segundo investigação. As informações são do colunista Carlos Madeiro, do UOL.

Quem são e como atuam

A Trem Bala/ CLS (Comando Litoral Sul) foi criada em meados de 2019, quando chegou ao auge e mudou a rotina de Porto, segundo o promotor de Justiça Rodrigo Altobello, que atua em Ipojuca. A facção tem relação estreita com o CV (Comando Vermelho), maior fornecedor de drogas para o grupo.

Dos R$ 10 milhões que o grupo chega a faturar por ano, R$ 200 mil são só para compra de armas de fogo. O grupo também é conhecido por ações ousadas, como a explosão ao presídio de Limoeiro para resgatar presos e a compra de armas roubadas da própria polícia.

A polícia já realizou várias operações e prisões contra a facção. Porém, o grupo segue vivo e atormentando a população local. No último sábado, um tiroteio na comunidade Salinas deixou três mortos e alguns feridos durante uma ação policial. A polícia recebeu denúncias de moradores da comunidade que estavam ameaçados pela facção. A ação ainda resultou na apreensão de drogas e armas.

“Porto de Galinhas tem um movimento muito grande. Apesar de ser um crime sem grave ameaça, o tráfico gera uma série de consequências e muda a dinâmica da violência. Facções também diversificam a fonte de renda, praticam outros crimes; e quando tem tráfico, tem usuário que não paga e que vai assaltar. Onde os grupos atuam, impõem lei de silêncio”, Rodrigo Altobello, promotor de Justiça.

A CLS chegou a disputar espaço em meados de 2019 e 2020 com a PCI (Primeiro Comando de Ipojuca), mas superou e “tomou” Porto. O PCI era parceiro do PCC. Hoje, muito também por conta da atuação policial, o PCI praticamente não existe mais. “Sabemos que a CLS tem ligações também com o PCC”, diz o promotor.

“Quem fala aqui com a polícia, morre”, diz comerciante.

Um empresário, em condição de anonimato, disse ao UOL que os moradores em Porto conhecem a atividade ilegal do grupo, mas temem ser vítimas dela. “Eu conheço vários deles [integrantes], os vejo todo dia no meu negócio. Mas se você não fizer nada errado, eles não mexem com você e até te defendem, se necessário.” O comércio de drogas, diz o empresário, ocorre com naturalidade em Porto há tempos. “Em hotéis e restaurantes indicam onde comprar [droga]. É um tráfico bem organizado” – empresário.  

Ele afirma ainda que o grupo nunca cobrou valores dele e não mexe com turistas, mas tem uma ordem clara a todos que atuam com comércio: “não é para dar conversa a policiais.”

“Se eles pegam passando informação, conversando com policiais, matam. Quem fala aqui, morre. Isso aqui a gente já viu muito e sabe que é assim” – empresário.

Imposição pela violência

Ao longo de três anos, a Polícia Civil investigou a atuação do grupo, que conseguiu prender os chefes e entender o funcionamento do grupo. A operação Manguezal Vermelho, realizada em junho, foi a maior contra a facção e prendeu 24 pessoas. Ela resultou, em seguida, no indiciamento de 50 suspeitos.

“A investigação começou em 2020 e foi longa e complexa porque o grupo impõe medo a empresários e moradores. Pessoas que passavam informações à polícia costumam ser vítimas do tribunal do crime. Mas conseguimos demonstrar a conduta de cada um desses 50 investigados.” – Ney Luiz, delegado de Porto de Galinhas.

O nome da operação é uma referência à tortura e assassinato de pessoas pela facção, e que eram enterradas em uma espécie de cemitério clandestino no mangue.

A violência extrema do grupo é uma marca e chamou a atenção das autoridades. Em um dos casos investigados, a polícia recebeu a informação que uma jovem foi sequestrada de sua casa, torturada, morta e enterrada de cabeça para baixo no mangue.

O delegado afirma que o grupo costumava matar rivais que tentavam tomar território, pessoas que a denunciaram à polícia e até aqueles que praticavam crimes patrimoniais nas comunidades.

Porto de Galinhas tem índices de violência “bastante baixos” e casos de roubos e homicídios são “atípicos”, segundo o delegado. “Com as últimas operações de prisão de lideranças, a gente já percebe a diminuição de crimes.”

Ele explica que os recentes assaltos a pousadas estavam sendo praticados este ano por um único homem da facção, que realizou seis roubos. “A gente tinha achado em 2020 um caderno com anotações do tráfico, que citava ele como o contador da facção. Recentemente, investigando esses roubos, identificamos e prendemos ele, que agia sozinho.”

Ali, como qualquer litoral, o consumo de drogas é alto, mas com as prisões a gente deu uma desestabilizada. Não podemos dizer que ela acabou, mas ela não está tendo sossego.” – Cláudio Neto, delegado chefe do Denarc (Departamento de Repressão ao Narcotráfico).

Facção usa YouTube

A coluna encontrou canais no YouTube da facção, com vídeos e músicas em que criminosos se vangloriam pelo domínio de áreas e dos crimes praticados contra rivais.

Além de muitas armas, a facção exibe dinheiro adquirido por crimes cantando raps. Não é a primeira vez que facções usam a rede para proliferar ideais criminosos, como revelou matéria do UOL em março.

Em uma das canções, a CLS comemora a ação de explosão ao muro do presídio de Limoeiro, ocorrido em 2020, que fez com 27 detentos fugissem. O caso é tratado como um ato de “heroísmo dos irmãos.”

À época, secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, classificou a ação como a mais ousada em Pernambuco em 10 anos.

Em 2021, ela foi uma das facções que comprou armas roubadas da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) da Polícia Civil de Pernambuco.

Nos vídeos, o grupo afirma que conseguiu se expandir por outros municípios da zona da mata sul.

“A facção tem sua base em Porto. Em termos de região metropolitana, ela é a que nos dá mais trabalho, porque não é só naquela região que ela atua –lá ela domina só. Porto de Galinhas tem maior repercussão porque é um ponto turístico.” – Cláudio Neto, delegado chefe do Denarc.

Por José Adalbertovsky Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Desde a década de 1940 o fantasma do peronismo acalenta e assusta os argentinos. Peron e Evita desfilam emoções na Calle Flórida, a Rua das Flores em Buenos Ayres. Elvis vive! Peron is alive! Dizem os milongueiros. A Argentina travou a catraca do tempo há 80 anos. Costeleta de cantor de tango, o libertário Javier Milei anuncia uma batalha para aposentar o fantasma do mito Juan Domingo Peron e bailar na cadência do liberalismo econômico.

O tango é o ritmo do pecado e das sofrências. Peron, Evita, Carlos Gardel, Astor Piazola, Maradona e Milei todos nasceram com um bandoneon na testa, assim como os sertanejos são dados à luz com uma sanfona branca de Luís Gonzaga no coração. E os paraibanos de fé nascem com as poesias de Augusto dos Anjos na ponta da língua. Ou com um pandeiro de Jackson na palma da mão.

A Argentina viveu tempos gloriosos nas três primeiras décadas do século passado. Situava-se entre as Nações mais prósperas e com elevada qualidade de vida no comparativo com países do Primeiro Mundo. Na década de 1940 aconteceu o advento do peronismo, em torno da liderança carismática do coronel Juan Domingo Peron. O peronismo mudou desde sempre a história da Argentina.

Luzes na ribalta: o comandante Peron entrega seu coração nas mãos da ex-dançarina Eva Duarte, Evita. “Peron-Peron, Evita-Evita”, ovacionam as multidões. O casal protagoniza uma história de amor, poder e tragédia. Romeu e Julieta redivivos dançam um tango na Argentina. A partir da década de 1940 o peronismo acende paixões e incendeia corações no Reino do Rio da Prata e cercanias.

Peron e Evita estão para Carlos Gardel assim como o liberal excêntrico Javier Milei sugere a dissonância musical de Astor Piazola. Toca o bandoneon das paixões do azul-celeste!

O filme “Evita”, estrelado pela diva Madonna e o ator Antônio Banderas, fala de paixões e da criação do mito Peron. “Multidão solitária” é uma expressão em inglês – lonely crowd — serve para ilustrar as raízes do peronismo no meio das multidões solitárias. Evita era chamada de “Santa Evita”.

A música-tema do filme – “Don’t cry for me Argentina” — na voz da diva Madonna, é um canto de amor à musa Evita. Também é um canto de lamento diante das desventuras do peronismo. Os vendedores de ilusões insuflam a ideia de que a riqueza das nações está ao alcance da mão na linha do horizonte, como dádiva de um milagreiro, ao atender às súplicas das multidões solitárias.

Tantas multidões foram às ruas, houve tantos protestos, para que? Para nada. Se a prosperidade das nações dependesse de multidões nas ruas, a Argentina seria hoje uma superpotência mundial. De populismo em populismo, muda Argentina! Muda para pior. Os indigentes e pobres de hoje estão na fila do pão e da sopa.

A bordo de suas costeletas excêntricas, Javier Milei abraça o bandoneon para compor um novo tango argentino em ritmo liberal.

Hasta la vista, magníficos e magnânimos leitores, gregos e troianos!

*Periodista, escritor e quase poeta

O novo programa de segurança de Pernambuco, que será lançado pela governadora Raquel Lyra nesta segunda-feira (27), terá como foco principal a redução de três indicadores criminais: as mortes violentas intencionais, os roubos e a violência contra a mulher. 

Diferentemente do Pacto pela Vida que previa uma redução anual de 12% (poucas vezes atingida), no Juntos pela Segurança cada um dos três crimes terá uma meta de queda diferente. As informações são do colunista Raphael Guerra, do JC.

Além disso, como será anunciado na Arena Pernambuco, o governo estadual já definiu qual será a redução mínima que precisará ser atingida até o final de 2026, quando chega ao fim o mandato de Raquel Lyra.

O desafio é grande. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 2.994 mortes violentas intencionais foram contabilizadas de janeiro a outubro deste ano – aumento de 5,45% em relação a 2022. 

As mortes violentas intencionais englobam os homicídios, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.

Em relação aos roubos, 38.019 queixas foram somadas nos dez primeiros meses de 2023. Houve queda de 9,7% (pouco mais de 4 mil ocorrências a menos), mas é importante frisar a subnotificação que ocorreu de abril a outubro, quando as queixas de roubos só podiam ser registradas presencialmente nas delegacias. 

Em relação à violência contra a mulher, entre janeiro e outubro deste ano, 42.202 denúncias foram formalizadas na polícia. O aumento foi de 17,8% em relação a 2022, mas o resultado está sendo considerado positivo porque indica que mais vítimas estão procurando ajuda e quebrando o ciclo da violência.

ESTADO SERÁ DIVIDIDO EM 9 TERRITÓRIOS

No novo plano, que faz parte da política pública do Juntos pela Segurança, o Estado será dividido em nove territórios, com o objetivo de facilitar a análise dos números da violência. 

O governo avaliou que definir territórios prioritários usando municípios leva a distorções. Por isso, a proximidade geográfica de localidades com mesmo perfil criminal será levada em consideração na divisão. 

Os bairros serão utilizados como referência, de modo que haja uma maior percepção sobre as relações de vizinhança e de como essas áreas podem receber intervenções de prevenção e repressão à violência.

Os territórios que apresentam estatísticas acima da média nos três indicadores (mortes, roubos e violência contra a mulher) serão considerados prioritários – Nível 0. Já aqueles que possuem comportamento acima da média em pelo menos um dos indicadores serão considerados prioritários Nível 1. Os demais, serão prioritários Nível 2. 

A partir de comitês integrados, o Estado irá reavaliar periodicamente o comportamento dos indicadores nos territórios e realizar os ajustes necessários – iniciativa semelhante ao Pacto pela Vida. 

MAIS PROXIMIDADE COM OS MUNICÍPIOS

O novo plano também prevê uma maior proximidade com os municípios. No lançamento, Raquel Lyra fará uma promessa de ajudar as prefeituras, com recursos financeiros, para que haja investimentos em ações de prevenção à violência – a exemplo da melhoria da iluminação pública em localidades mais perigosas.

Serão ofertadas também capacitações para os guardas municipais, que podem contribuir com a segurança nos equipamentos públicos – como praças e parques.

Gestores municipais devem ser convocados para participarem de reuniões de monitoramento dos índices de violência, como forma de melhorar a integração. 

NOVAS VIATURAS E CONCURSOS

Mesmo com o atraso do novo plano de segurança, tão cobrado pela sociedade, houve algumas iniciativas relevantes para melhorar as condições de trabalho dos profissionais. Foram entregues 724 novas viaturas para a Polícia Militar, 44 para a Polícia Civil e 20 para a Polícia Penal, além 8 mil coletes balísticos. 

Também foram lançados editais para concursos da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. E há previsão de seleções para as polícias Civil e Científica. Ao todo, serão 4.019 novas vagas. Ainda assim – é importante reforçar – o número é bem abaixo do necessário para diminuir acabar com o déficit de profissionais da segurança e garantir mais segurança nas ruas. 

O governo estadual disse que garantiu de mais de R$ 1 bilhão em recursos para a segurança pública.

O poeta Sebastião Dias encontra-se internado na UTI do Hospital do Coração do Cariri, na cidade de Barbalha, Ceará, onde deu entrada na madrugada do último domingo, após sofrer um infarto seguido de parada cardíaca. De acordo com o boletim médico desta segunda-feira (27), Sebastião permanece entubado, contudo, seu estado hemodinâmico estável traz um sinal de esperança para todos que acompanham sua recuperação.

Informações adicionais serão compartilhadas conforme disponibilidade da unidade hospitalar. Neste momento, as orações e as energias positivas são fundamentais. Que a poesia da vida reserve ao nosso mestre, dias repletos de luz e superação.

Cheguei ontem de Goiás e já estarei hoje em Lajedo, no Agreste Meridional, a 194 km do Recife, para uma noite de autógrafos da biografia de Marco Maciel. Será na Câmara de Vereadores, às 19 horas, com a presença do prefeito Erivaldo Chagas (Republicanos) e do presidente da Câmara, Flaviano Quintino.

Amanhã, também às 19 horas, acontece em Garanhuns. O prefeito Sivaldo Albino (PSB) escolheu a Câmara de Vereadores como cenário e está dando total apoio, tendo já confirmado sua presença. Na quarta-feira a agenda prossegue por Capoeiras, também às 19 horas, na Câmara de Vereadores.

A iniciativa foi do prefeito Nego do Armazém (PSB), admirador da trajetória do ex-vice-presidente, conhecido como o Marco de Pernambuco. Ele também escolheu como cenário a Câmara de Vereadores, às 19 horas. Na quinta-feira, será a vez de Caetés, terra do presidente Lula.

O prefeito Nivaldo da Silva Martins, o Tirri (Republicanos), também está apoiando integralmente o evento, que será realizado na Câmara de Vereadores, às 19 horas. Por fim, o agendão no Agreste Meridional se encerra na sexta-feira pela cidade de Terezinha, com apoio e a presença do prefeito Matheus Martins (Republicanos). A noite de autógrafos está marcada para a Câmara de Vereadores, às 19 horas.

CAPITAIS DO NORDESTE

Na semana seguinte, a partir da segunda-feira, 4, nova peregrinação de lançamentos do livro O Estilo Marco Maciel se estende pela cidade de Campina Grande, na Paraíba, passa pela capital, João Pessoa, e chega também a Natal e Fortaleza.

Em Campina Grande, será às 18 horas, na Câmara de Vereadores, iniciativa do presidente Marinaldo Cardoso (Republicanos), com apoio do prefeito Bruno Cunha Lima (PSD). Já em João Pessoa, na terça-feira, o evento está marcado às 15 horas, na Assembleia Legislativa.

Na quarta-feira, 6, acontece na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, em Natal, a partir das 18 horas. Por fim, na quinta-feira, 7, acontece a noite de autógrafos em Fortaleza, também às 18 horas, na Assembleia Legislativa.