Dezenas de prefeitos do Ceará devem deixar o PDT em meio a disputa entre Ciro e Cid

Um grupo de mais de 40 prefeitos do Ceará ligados ao senador Cid Gomes decidiu, nesta terça-feira (14), se desfiliar do PDT, em meio a uma disputa política e jurídica pelo comando da sigla no estado.

O grupo aliado de Cid contesta os movimentos da direção nacional do PDT, hoje sob o comando do deputado federal André Figueiredo, e da ala do ex-governador Ciro Gomes, irmão de Cid. As informações são da Carta Capital.

Após uma reunião em Fortaleza, o secretário do Desenvolvimento Econômico do estado, Salmito Filho, uma espécie de porta-voz do grupo descontente, afirmou que 43 dos 46 prefeitos presentes decidiram deixar o PDT.

“Os outros três que estavam presentes e no momento da decisão já tinham saído e ainda estão sendo contatados para saber se eles de fato vão querer sair, vão decidir pela saída do PDT”, disse o secretário. “Alguns que não vieram ainda ficaram de se comunicar com o próprio senador Cid. Mas estamos dando somente as informações objetivas, precisas, de quem veio e de quem se manifestou.”

Salmito Filho acrescentou que os prefeitos devem se filiar em massa ao partido a ser escolhido por Cid, que, segundo ele, também tende a sair do PDT.

Enquanto isso, continua a indefinição sobre o PDT cearense. A Justiça estadual suspendeu a intervenção da Executiva Nacional no diretório, decisão que, na prática, devolveu o comando local da legenda a Cid Gomes.

O juiz Cid Peixoto do Amaral Neto, da 3ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza, entendeu haver “perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo” e determinou a imediata suspensão da intervenção, aprovada no fim de outubro. A decisão foi assinada na última sexta-feira (10).

Com a retirada de Cid, André Figueiredo, presidente nacional em exercício, havia assumido também a chefia do PDT no Ceará.

Na semana passada, o partido divulgou um documento a apontar Ciro Gomes como o responsável pela proposta de intervenção, ocorrida em 27 de outubro.

A ata da reunião extraordinária registrou o momento em que Ciro sugere que “a única forma de conciliação seria a nacional estabelecer uma dinâmica e intervir com uma comissão executiva mista no diretório pedetista do estado do Ceará”.

A ação acontece em meio a uma disputa entre os irmãos Ciro e Cid e envolve, entre outros pontos, discordâncias sobre a estratégia de se aliar ou não ao PT nas eleições municipais de 2024. A crise, porém, se intensificou no ano passado, devido a divergências em torno da corrida ao governo cearense.

Ciro chegou a afirmar que a relação com Cid, neste momento, é “a pior possível”. O ex-presidenciável defende a reeleição de Sarto Nogueira (PDT) para a prefeitura de Fortaleza, enquanto o senador busca uma aliança com o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT).

Volto amanhã a Surubim, capital da vaquejada, para uma noite de autógrafos da biografia de Marco Maciel. O evento está marcado para às 19 horas, na Câmara de Vereadores, com a presença já confirmada da prefeita Ana Célia (PSB) e do presidente da Casa, Luciano Medeiros, o Bomba (PSB). 

Aproveito para apresentar ao vivo, dos estúdios da Rádio Integração, das 18 às 19 horas, o programa Frente a Frente, transmitido pela Rede Nordeste de Rádio para mais de 40 emissoras em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia, tendo como cabeça de rede a 102,1 FM, no Recife.

Na próxima sexta-feira (17), também às 19 horas, será a vez de João Alfredo, vizinha a Surubim. A noite de autógrafos está marcada para a Câmara de Vereadores, a partir das 19 horas, com a presença e apoio do prefeito José Martins (PSB) e do presidente da Casa, Walque Dutra (PSB). 

Na semana que vem, a maratona prossegue por São Lourenço da Mata. O lançamento está marcado para a próxima segunda-feira, às 19 horas, na Câmara de Vereadores, com apoio do prefeito Vinícius Labanca (PSB) e do presidente da Casa, Leonardo Barbosa (PSB). Na terça, 21, a noite de autógrafos será em Olinda, no auditório da Uninassau, com apoio do prefeito Professor Lupercio.

Líder da bancada federal de Pernambuco no Congresso Nacional ao lado do deputado Carlos Veras (PT), o deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos) enalteceu a trajetória política do ex-prefeito e pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes. Reconhecido como uma das principais lideranças do estado e com forte atuação no setor tributário, o parlamentar destacou a capacidade gestorial de Elias no período em que esteve à frente do Palácio da Batalha, entre 2009 e 2016.

“Elias Gomes é um grande quadro da política pernambucana. Foi um grande prefeito do Jaboatão dos Guararapes e conhece muito bem as prioridades e desafios do município”, destacou o deputado. “O apoio do Republicanos vai fortalecer e conferir ainda mais consistência à sua candidatura”, acrescentou Coutinho.

A declaração se deu durante encontro entre as lideranças em Brasília, que contou, ainda, com a participação do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos).

Elias tem se dedicado a ouvir a população do município por meio do “Bora Mudar Jaboatão”, projeto de escutas populares que irá percorrer todas as comunidades da cidade, e, paralelamente, apresentado as principais demandas à bancada federal em Brasília e à Esplanada dos Ministérios, onde tem buscado captar recursos e investimentos para o município.

“É com muita alegria e satisfação que recebemos não apenas as palavras de incentivo e reconhecimento do nosso amigo Augusto Coutinho, mas o apoio do partido Republicanos à frente ampla que temos construído no Jaboatão. O país vive um novo momento sob o governo do presidente Lula (PT) e é de fundamental importância essa união de forças democráticas para que consigamos reposicionar a cidade nos trilhos do desenvolvimento socioeconômico”, pontuou Elias.

O ato de formalização do apoio do Republicanos à pré-candidatura de Elias Gomes acontece no próximo domingo (19), a partir das 10h, no Hotel Barramares, em Piedade. O evento irá reunir representantes de siglas aliadas, a exemplo do PV e PCdoB, que ao lado do PT compõem a federação Brasil da Esperança, além de lideranças nacionais como o ministro Sílvio Costa Filho.

Entrou em vigor nesta terça-feira (14) a Lei 14.723/23, que atualiza a Lei de Cotas no ensino federal (superior e técnico), que prevê a reserva de vagas para estudantes egressos de escolas públicas e outros. Entre as alterações que a nova legislação prevê estão a mudança do mecanismo de ingresso dos cotistas no ensino superior federal, a redução da renda familiar para reservas de vagas e a inclusão de estudantes quilombolas como beneficiários das cotas.

O texto sancionado também determina que a lei seja monitorada anualmente e avaliada a cada dez anos. A Lei 14.723/23 tem origem no Projeto de Lei 5384/20, da deputada Maria do Rosário (PT-RS) e outros, aprovado na Câmara dos Deputados, com parecer da deputada Dandara (PT-MG), e no Senado. O texto foi sancionado sem vetos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicado no Diário Oficial da União.

Em sua página nas redes sociais, Maria do Rosário comemorou a sanção. “É um passo importante para mais justiça, diversidade e democracia nas universidades e institutos federais”, disse.

Novidades

Pelas regras anteriores, o cotista concorria apenas às vagas destinadas às cotas, mesmo que ele tivesse pontuação suficiente na ampla concorrência. Com a nova legislação, primeiramente serão observadas as notas pela ampla concorrência e, posteriormente, as reservas de vagas para cotas. A medida aumenta as chances de ingresso dos cotistas nas universidades e institutos.

Janeiro de 2024

Segundo o governo, os aprimoramentos da Lei de Cotas serão aplicados já a partir da próxima edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que ocorrerá em janeiro de 2024. O Sisu realiza a seleção dos estudantes com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Renda da família

Também foi reduzido o valor para o teto da renda familiar dos estudantes que buscam cota para ingresso no ensino superior por meio do perfil socioeconômico. Antes, o valor exigido era de um salário mínimo e meio, em média, por pessoa da família. Com a nova legislação, esse valor passa a ser de um salário mínimo.

Outros benefícios

A nova lei também prevê:

  • a inclusão de estudantes quilombolas como beneficiários das cotas, nos moldes do que atualmente já ocorre para pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência;
  • o estabelecimento de prioridade para os cotistas no recebimento do auxílio estudantil; 
  • a extensão das políticas afirmativas para a pós-graduação.

Com o novo texto, vários ministérios passam a ser responsáveis pelo acompanhamento da política de cotas: Educação; Igualdade Racial; Direitos Humanos e da Cidadania; Povos Indígenas; além da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Cenário da lei

A Lei de Cotas é uma das principais ações afirmativas do governo federal. De acordo com dados do Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 1,1 milhão de estudantes ingressaram no ensino superior público por meio da lei entre 2012 e 2022.

O deputado Lindbergh Faria (PT-RJ), vice-líder do governo no Congresso, apresentou emendas ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 (PLN 4/23) para mudar a meta fiscal do ano que vem de zero para um déficit de 0,75% ou de 1% do PIB. O déficit estimado para este ano pela equipe econômica do governo é de 1,3% do PIB, ou R$ 141,4 bilhões.

A meta se transformou em uma questão depois que o presidente Lula afirmou em setembro que “dificilmente” a meta de déficit zero seria cumprida. Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que vai perseguir o déficit zero mesmo que ele não esteja na LDO de 2024.

O governo poderia ter manifestado o seu interesse em mudar a meta antes da votação do relatório preliminar da LDO na Comissão Mista de Orçamento no último dia 7, mas isso não aconteceu. Agora, a meta só pode ser modificada pelos parlamentares.

Lindbergh fez as duas emendas para escolha dos parlamentares, justificando que muitas medidas de aumento de receitas previstas pelo governo ainda não foram aprovadas. “O orçamento precisa ser uma peça realista para que não haja problemas na execução das políticas públicas planejadas e de possibilidade de crescimento econômico. O ideal é que ele seja o mais próximo da realidade. Não há razão alguma para manter uma previsão irreal de déficit zero. Isso não significa, contudo, que haverá gastança ou descontrole das contas públicas”, explicou.

O deputado afirmou ainda que pelo menos a meta é menor que a de 2023, colaborando para uma trajetória de equilíbrio. A LDO de 2023 autoriza um déficit de até R$ 216,4 bilhões, o que corresponde a 2% do PIB. Na última pesquisa do Banco Central com o mercado financeiro, os agentes privados estimavam um déficit de 0,8% do PIB para 2024.

O relator da LDO de 2024, deputado Danilo Forte (União-CE), tem afirmado que espera que o governo proponha a alteração da meta por meio de emenda parlamentar, pois o Executivo teria mais condições de avaliar a meta possível.

Arcabouço fiscal

Apesar de prever meta zero para 2024, o governo trabalha dentro das regras do novo arcabouço fiscal que prevê o cumprimento da meta caso ela fique 0,25% do PIB maior ou menor. O arcabouço também manteve a regra de contingenciamento bimestral das despesas do Orçamento caso a meta esteja sob risco. A primeira avaliação será em março de 2024.

Em caso de descumprimento da meta no final do ano, o arcabouço prevê a redução das despesas para o ano seguinte, 2025. Se a regra normal é aumentar as despesas em 70% do crescimento das receitas, uma frustração da meta reduziria esse percentual para 50%.

Também são aplicadas outras restrições como proibição de concessão de reajustes para servidores públicos, criação de cargos, contratação de pessoal, aumento de despesa obrigatória e concessão de benefícios fiscais. Apenas o aumento do salário mínimo é ressalvado.

Outras emendas

O deputado Danilo Forte também tem afirmado que pretende fazer algumas alterações na LDO. Uma delas é criar um cronograma para a execução das emendas de bancadas estaduais e emendas individuais por parte do governo. Essas emendas aos orçamentos anuais têm execução obrigatória, mas o governo decide quando liberar em função até mesmo da necessidade de contingenciar as despesas. Outra mudança é a criação de emendas ligadas às bancadas partidárias. Seria uma forma de substituir as antigas emendas de relator, derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal.

Na Comissão de Desenvolvimento Econômico, foram aprovadas três emendas à LDO, do deputado Sidney Leite (PSD-AM), que alteram as regras para as emendas de comissão à lei orçamentária. Leite explicou que a ideia é proibir o contingenciamento destas emendas. “Não é justo nós termos emendas de ficção. Porque da forma que é feita, na grande maioria das vezes, para não dizer a totalidade; ela é inexequível e tira o papel do Parlamento que é construir a política do orçamento”.

Também foi aprovado que a execução das emendas de comissão fique a cargo do colegiado que aprovou a proposta no ano anterior e que seja estabelecido um cronograma de execução. Essas emendas da Comissão de Desenvolvimento Econômico ainda têm que passar pelo crivo do relator da LDO.

As emendas propostas ao projeto da LDO de 2024 só serão publicadas na sexta-feira (17), quando termina o prazo de registro. O deputado Danilo Forte deve entregar o seu relatório para votação na Comissão Mista de Orçamento na próxima semana, indicando as emendas que vai acolher.

Da Agência Câmara de Notícias

Um levantamento feito pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) e pela Associação dos membros dos Tribunais de Contas do Brasil (ATRICON) classificou a Câmara Municipal de São Lourenço da Mata como a mais transparente entre as 14 cidades da Região Metropolitana do Recife.

Segundo o presidente Leonardo Barbosa (PSB), o primeiro lugar reforça a união entre os parlamentares e servidores. “Esse resultado é a soma de todo esforço diário. O índice destaca o quanto prezamos pela máquina pública e priorizamos que a população são-lourencense tenha acesso a todas as informações que são de direito do povo. Que possamos continuar servindo ao nosso município com a transparência que eles merecem”, disse Leonardo.

O presidente também destaca o compromisso de toda a Casa Legislativa em ser cada vez mais instrumento de transformação da sociedade. “Agradeço e parabenizo principalmente a equipe de funcionários da Câmara, formada por técnicos competentes e dedicados. Também agradeço aos meus pares, que entendem, participam e colaboram significativamente para o bom desempenho da nossa gestão. Continuaremos trabalhando com afinco para buscar melhorias para São Lourenço da Mata”, finalizou.

A pesquisa observou a gestão das 185 câmaras do estado. O levantamento considerou dez critérios de avaliação dos sistemas de transparência adotados pelos poderes. Cada item dos dez avaliados valeu um ponto para a composição da nota final.

A Câmara de São Lourenço da Mata alcançou nível elevado de transparência, seguindo a disponibilização dos dados para a sociedade, atendendo o que determina a Lei de Acesso à Informação (LAI).

Confira o ranking das 14 cidades da RMR:

1° – São Lourenço da Mata – 67,98%

2° – Abreu e Lima – 67,12%

3° – Paulista – 62,95%

4° –  Itapissuma – 60,87%

5° – Araçoiaba – 59,67%

6° – Moreno – 51,68%

7° – Ilha de Itamaracá – 42,10%

8° – Jaboatão dos Guararapes – 41,74%

9° – Camaragibe – 40,78%

10° – Ipojuca – 35,79%

11° – Cabo de Santo Agostinho – 35,73%

12° – Igarassu – 35,02%

13° – Recife – 33,97%

14° – Olinda – 17,80%

Por Beatriz Jucá*

Foram as linhas de ferro cravadas no chão do Ceará muitas décadas atrás que cortaram o caminho para que o destino de Francisca Bezerra da Silva e Luiz Francisco da Silva se cruzassem. Na zona rural de Cedro, ela acostumou-se a ser chamada de dona Quinquinha enquanto trabalhava ensinando jovens a ler e escrever. Um dia, recebeu o pedido de um vizinho: deveria escrever uma carta convidando o irmão dele, Manuel, a vir trabalhar com ele na lavoura de algodão que desenvolvia a cidade. Dona Quinquinha atendeu o pedido.

No dia 15 de dezembro de 1959, foi até a estação de trem da cidade observar o movimento e aguardar Manuel. Ele nunca apareceu. Mas outro irmão veio de Baturité no lugar dele: Luiz. “Peguei o trem porque queria conhecer a cidade, mas acabei ficando”, ele conta. Já faz 54 anos. Logo que chegou, Luiz começou a estudar com Quinquinha para aprender a ler e escrever. E uma amizade logo brotou entre os dois, que confidenciaram segredos.

Seu Luiz aprendia a ler a letra e a alma da professora, que na época estava noiva de outro rapaz. “Se tu rebolar essa aliança no mato, eu rebolo a minha também”, brincava sério, mostrando a disposição de terminar o namoro que havia começado em Baturité diante da afeição entre os dois. “Nunca pensei que fosse me apaixonar por ele”, lembra ela. Foram muitas brincadeiras assim até que decidiram os dois terminar seus relacionamentos e iniciar uma história de amor. 

“Aí depois a gente começou”, conta dona Quinquinha, com todas as datas cuidadosamente guardadas na cabeça. No dia 28 de março, Seu Luiz a pediu em namoro. Três anos e dois meses depois, no dia 26 de julho, eles casaram. “Estamos juntos até o dia de hoje, nunca separamos nem pra um dormir no quarto e outro na sala. Eu durmo na cama, e ele numa rede encostada”, diz ela, orgulhosa, aos 85 anos.

O casal teve cinco filhos, mas só três se criaram. Ao longo dos anos, viram o ciclo do algodão findar no Ceará, os filhos se casarem e alguns mudarem para Fortaleza. Viajaram muito de trem para a capital antes de a linha ser desativada. “Eu achava muito bom andar naquele trem. Gostava de olhar quando ele chegava e quando saía. Era bom demais naquele tempo”, diz Quinquinha. Às vezes, ia com o marido vender frutas na estação.

Mas os tempos mudaram. O trem de passageiros parou de passar. Os filhos tiveram filhos. Os netos tiveram filhos. “Temos dez netos e sete bisnetos”, contabiliza dona Quinquinha. Por anos, acompanharam à distância a promessa e os atrasos de uma nova ferrovia, a Transnordestina. “Você sabia que ela passa aqui pertinho e vai para o Porto do Pecém?”, pergunta Seu Luiz. “E vai pra Pernambuco, pra Bahia e pra meio mundo”, completa.

Pois depois de tanto tempo a obra está quase chegando em Cedro. Quinquinha e Seu Luiz pediram para o neto Marciel levá-los para ver o trem em cima do trilho novamente. “Vai ser cargueiro, esse trem não vai levar gente”, explica ele. “Mas eu tenho pra mim que se quiserem levar gente, quando tiver pronto, vai ser bom demais”, diz, com esperança de poder ainda dar uma volta na memória da família que construiu com a ajudinha dos trilhos. “Estou esperando o trem voltar a passar. A gente escuta o apito e pensa: vixi, como é bonito. Escutar o apito já renova”, finaliza Quinquinha.

*Repórter do Diário do Nordeste

A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) antecipou para esta terça-feira (14) a eleição da Mesa Diretora para o biênio 2025/26, em ação que provoca mais um tensionamento entre a Casa e o Executivo estadual, comandado pela governadora Raquel Lyra (PSDB).

A antecipação da eleição foi aprovada no último dia 7. A proposta de emenda à Constituição, de autoria do deputado João de Nadegi (PV), teve 40 votos favoráveis e nenhum contrário dentre os 49 parlamentares. As informações são da Folha de São Paulo.

Inicialmente, a eleição seria apenas em 1º de fevereiro de 2025. Nesta terça, ela consagrou a reeleição do atual presidente da Assembleia, Álvaro Porto (PSDB). Álvaro obteve 40 votos favoráveis à recondução, enquanto 5 votaram em branco e 1, nulo. Três deputados estavam ausentes.

Apesar de ser do mesmo partido que Raquel, o parlamentar tem relação desgastada com o governo estadual. Álvaro tem buscado a marca de independência da Assembleia, o que desagrada o Executivo.

Em discurso como candidato à reeleição, Álvaro Porto afirmou que o seu formato de atuação terá continuidade. “Tenham certeza que Álvaro Porto vai continuar sendo o mesmo Álvaro Porto, independente, de hoje”, disse, em discurso no plenário antes da votação.

A reeleição do presidente da Assembleia é vista pelo governo como uma tentativa dos deputados de ampliar a pressão para que Raquel faça concessões ao Legislativo, como cargos na máquina estadual e melhoria na articulação política. Os parlamentares também entendem o gesto como um maior empoderamento do presidente da Casa.

A PEC da antecipação foi pautada na Comissão de Legislação e Justiça da Casa pelo vice-presidente do colegiado, Romero Albuquerque (União Brasil). O presidente da comissão, Antônio Moraes (PP), estava em viagem oficial ao exterior e, de volta ao Brasil, ficou contrariado. Ele é aliado da governadora e era visto por deputados como um entrave para a votação da proposta.

Na segunda (13), Moraes afirmou, em discurso no plenário, não ser contra a reeleição de qualquer colega da Casa, mas que entende que as alterações no regimento interno merecem maior reflexão por parte dos membros do Legislativo.

“O presidente sabe que todas as vezes que ele me procurou eu atendi fazendo o que era possível para que a gente pudesse agilizar as votações desta Casa. Mas entendo que, no momento em que a gente fala tanto em valorização do Poder Legislativo, é preciso também que a gente respeite o regimento interno”.

Além da presidência, também houve votação para outros cargos da Mesa Diretora. Os eleitos foram Francismar Pontes (PSB) para a primeira vice-presidência, Fabrizio Ferraz (Solidariedade) para a segunda vice-presidência, Gustavo Gouveia (Solidariedade) para a primeira secretaria, Claudiano Martins Filho (PP) para a segunda secretaria, Romero Sales Filho (União Brasil) para a terceira secretaria e Alberto Feitosa (PL) para a quarta secretaria, além de quatro suplentes.

Uma chapa de consenso foi formada entre os deputados. Inicialmente, o PP, aliado de Raquel, cogitou lançar um candidato para a primeira secretaria, que cuida do Orçamento da Casa, mas recuou.

O PP não descartava judicializar a eleição. Integrantes do partido cogitavam, inclusive, ir ao STF (Supremo Tribunal Federal). A interlocutores, o presidente estadual do partido, o deputado federal Eduardo da Fonte, disse que Câmara e Senado não fazem antecipação de eleições internas.

Nesta terça, porém, a avaliação interna era que não havia clima para judicializar, porque os próprios deputados do PP participaram da votação.

Em maio de 2023, o ministro Dias Toffoli, do STF, suspendeu os efeitos de dispositivo da Constituição do Tocantins que previa para o mesmo dia a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa para os dois biênios da legislatura.

O setor jurídico da Assembleia entende que os casos são diferentes, pois a antecipação em Pernambuco é apenas para um biênio e com votações em dias distintos.

A tensão da Assembleia com o governo estadual teve o ápice no dia 18 de outubro, quando o Legislativo estadual impôs um revés a Raquel Lyra ao derrubar, por 30 votos a 10, vetos da tucana à Lei de Diretrizes Orçamentárias do estado.

O placar indicou sinais de fragilidade na base aliada da governadora. A avaliação dominante é que a base aliada está insatisfeita com Raquel, sobretudo na forma de conduzir o diálogo.

A insatisfação com a governadora continua na Assembleia. Os parlamentares se queixam da forma como o governo envia projetos à Casa, com pouco tempo para discussão algumas vezes, e da dificuldade de liberação de recursos para as bases eleitorais. Também reclamam da dificuldade de obterem agendas com secretários do governo.

No início do governo, a tucana montou um secretariado predominantemente técnico, sem indicações políticas, o que desagradou de imediato os deputados, que queriam ser contemplados ou fazer indicações.

A governadora venceu o pleito em 2022 contando com apenas três deputados eleitos, todos do PSDB, e tem tido problemas para consolidar a base. O PP, que tem oito deputados, é o mais próximo do governo. O PL tem cargos na máquina estadual, mas 2 dos 5 parlamentares fazem críticas públicas a Raquel.

O líder do governo, Izaias Régis, articula a adesão do PT, que tem três deputados, à base aliada. Os petistas, porém, não devem fazer esse movimento antes das eleições municipais, quando estarão aliados ao PSB no Recife, provavelmente, em apoio à reeleição do prefeito João Campos, opositor de Raquel.

No plano nacional, a governadora ampliou as movimentações em prol do presidente Lula (PT), com elogios à atuação do chefe do Executivo. Uma migração partidária, com a saída do PSDB e a ida para o PSD, é cogitada.

O Senador Fernando Dueire (MDB) aproveitou o feriado para pegar a estrada rumo ao agreste pernambucano. Na rota, visitará prefeitos, vereadores e lideranças. A primeira parada foi em Paranatama, onde se reuniu, ao lado do deputado estadual Jarbas Filho e do deputado federal Fernando Monteiro, com o prefeito Valmir do Leite.

Dueire também faz nessa agenda ao interior uma inspeção técnica no canteiro de obras da BR-423, conforme entendimentos com o Ministro dos Transportes, Renan Filho. O senador pernambucano esteve à frente da secretaria de infraestrutura de Pernambuco por oito anos, sendo responsável no período pela requalificação das vias do Estado, entre elas a duplicação da BR-232 no trecho entre Recife e São Caetano. É considerado um eficiente realizador de obras, tendo implantado e recuperado cerca de 1.800 km de rodovias em todas as regiões de Pernambuco.

Prof. Paulo Goes, PhD*

A recente publicação do RUF-Ranking Universitário da Folha é uma avaliação anual do ensino superior do Brasil feita pelo Jornal Folha de São Paulo desde 2012. No RUF há dois produtos: um que classifica as universidades e os rankings de cursos. 

Entre os cursos avaliados em 2023 está o curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Olinda, que teve seu início em 2015 e que já formou 4 turmas. Ao ser considerada como a instituição com a melhor qualidade de ensino entre as escolas privadas do estado de Pernambuco, a Faculdade de Medicina de Olinda demonstra que vem cumprindo o seu objetivo de formar médicos com caráter humanista, com pensamento crítico e de responsabilidade social como parte da sua proposta inovadora. Um modelo pedagógico que integra cem por cento das suas atividades com metodologias ativas de aprendizagem e um corpo docente qualificado.

Aliás, a qualificação do seu corpo docente e dedicação dos mesmos às atividades acadêmicas colocaram a FMO no mesmo nível das mais antigas e prestigiadas do país. Mais de sessenta por cento dos docentes possuem mestrado e/ou doutorado nas suas áreas de conhecimento. Competências aliadas a uma estrutura de última geração que reúne laboratórios de simulação de baixa, média e alta complexidade tecnológica, hospital simulado, laboratório de habilidades médicas, além de duas clínicas escolas que os estudantes têm seu aprendizado e a relação com o paciente supervisionada por este corpo docente. 

Tudo isso acontecendo desde o primeiro período, quando o aluno tem participação nas unidades básicas de saúde até o nível terciário nos mais importantes hospitais conveniados do estado de Pernambuco. Isto nos torna muito entusiasmados com os destinos institucionais e chancela a escolha dos nossos atuais e futuros estudantes para uma escolha que fará valer sua formação como futuros médicos. 

*Diretor Acadêmico da FMO