Vice de João não sairá do PT
Com uma gestão bem avaliada, segundo pesquisas dos mais variados institutos, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), viaja, no momento, em céu de brigadeiro rumo à reeleição. Sem adversários aparentemente competitivos, o que precisa para emplacar um novo mandato, logo no primeiro turno, vai depender apenas da sua capacidade de articulação.
Eduardo Campos, seu pai, e Miguel Arraes, seu bisavô, eram próximos ao estágio da genialidade em montagens de chapa. Considerado um animal político de esquerda, Arraes teve a larga compreensão de que sem um candidato a vice no espectro da direita não chegaria a lugar nenhum.
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Na histórica eleição de 86, na qual seu jingle dizia que voltaria a governar Pernambuco entrando pela porta que foi expurgado pelo regime de exceção, Arraes escolheu Carlos Wilson, de centro direita, para vice e um usineiro para o Senado, o saudoso Antônio Farias, eleito na mesma onda e clima que o padre Mansueto de Lavor também chegou a Casa Alta.
Eduardo, por sua vez, uniu a Frente Popular pelo critério regional em 2006, escolhendo João Lyra Neto, ex-prefeito de Caruaru, para vice, até então filiado ao PDT. Deu certo e repetiu a chapa em 2010. Em 2020, João Campos também contemplou o PDT com a vice, mas não uniu a Frente Popular, pois o PT lançou Marília Arraes e com ela disputou o segundo turno e venceu.
Com a eleição batendo à porta – faltam menos de 11 meses – o mesmo PT virou a pedra no caminho de João. Pleiteia a vice, na condição de, não sendo atendido, lançar uma candidatura em faixa própria. Já têm até nomes escalados, entre os quais o deputado João Paulo e a senadora Teresa Leitão. João não vai ceder, porque, diante da possibilidade de disputar o Governo do Estado, em 2026, terá que escolher um vice da sua absoluta confiança, o que, convenhamos, não está na constelação petista.
Orientação de Lula – De volta ao poder, com Lula despachando novamente no Palácio do Planalto, o PT se acha no direito de impor a João Campos o direito de indicar o vice. Principal liderança do PT no Estado, o senador Humberto Costa tem conversado muito com Lula sobre Recife, principalmente depois dos acenos que o chefe da Nação vem dando à governadora Raquel Lyra. De Lula, Humberto tem ouvido uma só ladainha: garantir para o PT a vaga de vice na chapa do prefeito recifense.
Capital político – Com ou sem o PT, as chances de João Campos ser reeleito são altíssimas, mas para quem está de olho num clássico em 2026 – enfrentar Raquel Lyra na disputa pelo Governo do Estado – liquidar logo no primeiro turno a fatura no Recife dará a ele um enorme capital político, que se reduzirá na medida em que emplacar a reeleição apenas num segundo turno.
Quem é quem – Mas quem seria o nome da absoluta confiança que João Campos escolheria no seu universo de relacionamento excluindo o PT? Algumas alternativas estão presentes no noticiário da mídia, sendo dois os mais citados: o presidente da Câmara, Romerinho Jatobá, e o secretário de Governo, Aldemar Santos, o Dema. Como reservas técnicas, o secretário de Educação, Fred Amâncio, e a secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, uma das revelações da sua gestão.
Olho na gestão – Centrado na gestão, João, entretanto, vai levar esse assunto com a barriga até onde for possível. Uma fonte bem próxima a ele diz que só abrirá a discussão dentro do seu arco de alianças em abril do ano que vem. O prefeito só fala numa coisa hoje em dia: entregar as grandes obras em andamento até junho, entre as quais a nova orla de Boa Viagem e o Parque Eduardo Campos.
Sem perda alguma – Por diversas vezes, a senadora Teresa Leitão tem dito que seu compromisso é com o mandato conquistado nas eleições passadas. Mas se for para cumprir uma missão, que parta do presidente Lula e das forças do PT no Estado, ela pode disputar a Prefeitura do Recife, até porque não tem nada a perder, com mais seis anos de mandato na Casa Alta.
CURTAS
CASSAÇÃO – A Câmara de Arcoverde vai abrir, hoje, o processo de cassação da vereadora Zirleide Monteiro, que numa fala infeliz disse que ter filho deficiente é castigo de Deus, referindo-se a uma mãe com um filho autista e que havia postado um vídeo do momento em que a parlamentar sofreu um tombo numa sessão da Casa.
SUSPENSÃO – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) decidiu suspender o envio dos nomes aprovados pelos senadores para ocupar vagas no STJ (Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele interrompeu o processo e pediu para a Advocacia do Senado analisar se houve favorecimento à advogada Daniela Teixeira, um dos nomes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Perguntar não ofende: Qual será o próximo secretário de Raquel a entrar na dança das cadeiras?
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