Lula e Alckmin em palanques opostos
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) já começou a contrariar o presidente Lula, indo na contramão no campo eleitoral em São Paulo na disputa pela Prefeitura em 2024, ao sair em defesa da candidatura de Tabata Amaral, do seu partido, enquanto o PT e o próprio Lula estão comprometidos com Guilherme Boulos (Psol), já em plena campanha.
“Tabata é a verdadeira mudança”, disse Alckmin, ao discursar num evento do PSB, sábado passado. Alckmin discursou, exaltou Tabata, mencionou sua experiência como deputada, sua história de vida e ressaltou que ela estudou com bolsa na universidade de Harvard, nos Estados Unidos. “Ela é a novidade, a verdadeira mudança”, enfatizou.
Leia maisO vice afirmou ainda que a deputada “não nasceu em berço esplêndido” e vem da Vila Missionária, na periferia da capital. O vídeo do momento foi divulgado pela Folha de S. Paulo. “Não tenho dúvida que nós, o PSB, vamos representar a mudança para melhorar a vida da população de São Paulo. Tabata é São Paulo!”, acrescentou.
O ministro das Micro e Pequenas Empresas, Márcio França, também estava presente no evento. A primeira pesquisa eleitoral divulgada pelo Datafolha, no final de agosto, mostrou que Boulos está na liderança com 32% das intenções de voto. O atual prefeito, Ricardo Nunes, aparece em segundo lugar com 24%, seguido por Tabata Amaral com 11% e Kim Kataguiri com 8%.
Reação de Tabata – Em entrevista ao site O Antagonista, a deputada Tabata Amaral disse que a eleição de 2024 não será entre Lula e Bolsonaro. “Boulos não é Lula. Nunes não é Bolsonaro. Nenhum dos dois eu vejo dialogando com esse sentimento de transformação profunda que a cidade quer. O Datafolha mostrou que 79% esperam ações diferentes do próximo prefeito. Não vai ser o Lula nem o Bolsonaro o próximo prefeito de São Paulo”, afirmou.
Segundo palanque da divisão? – No Recife, a deputada Tabata Amaral também terá o seu namorado, o atual prefeito João Campos, disputando a reeleição pelo PSB, partido de Geraldo Alckmin. O PT pleiteia a vice de João, mas se o prefeito não ceder, o cenário pode levar Lula a ter o segundo palanque nas capitais afastado do vice-presidente. Um dos nomes que os petistas já sinalizaram para uma candidatura em faixa própria é o da senadora Teresa Leitão.
Mais lulista – Tendo como cenário a polarização das eleições presidenciais passadas, duas cidades estão distantes das discussões envolvendo apoiadores e militantes de diferentes partidos e pensamentos, com o apoio nas eleições municipais sendo quase um consenso em relação ao lulismo ou o bolsonarismo. Guaribas (PI), 93,86% dos eleitores votaram em Lula, a cidade mais lulista do País.
Mais bolsonarista – Já Nova Pádua, no Rio Grande do Sul, é a cidade mais bolsonarista do País. Nas eleições passadas, 89,99% dos votantes escolheram Jair Bolsonaro. A cidade foi fundada em março de 1992 e é chamada de “pequeno paraíso italiano”. O nome é uma homenagem a Pádua (Padova, em italiano), uma das principais localidades da região do Vêneto, no Norte da Itália. A aproximação com Bolsonaro está no conservadorismo da maioria dos moradores. Os paduenses mantêm a tradição da língua “talian”, um dialeto da imigração do Vêneto na virada do século 19 para o 20.
Eminência parda – Engana-se quem acha que a governadora Raquel Lyra (PSDB) tem autonomia absoluta nas suas decisões. Ela não toma nenhuma direção no prumo da venta sem ouvir o chefe de gabinete, Eduardo Vieira. Remanescente da República de Caruaru, Vieira é a verdadeira eminência parda do Governo. Ninguém, entretanto, sabe explicar de onde vem tanto poder e capacidade de influenciar a tucana.
CURTAS
FRITURA – Depois que declarou que em seu governo dificilmente vai cumprir a meta de zerar o déficit fiscal, o presidente Lula deu motivos para a mídia espalhar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está na fritadeira.
OLHO NAS URNAS – Lula deixou claro que não arriscará sua popularidade em um ano eleitoral para contingenciar recursos de obras e investimentos apenas para manter um resultado que, desde o início, não se mostra factível.
Perguntar não ofende: A quem interessa saber o gosto da governadora por tapioca?
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