Do Pajeú à Presidência da República

Por José Adalberto Ribeiro

Em Vila Bela, Sertão de Pernambuco, lá onde o Rio Pajeú, afluente do São Francisco, corre nas veias dos sertanejos, no dia 21 de outubro de 1938 veio à luz o menino Inocêncio Gomes de Oliveira, filho de Vicente Ignácio de Oliveira e dona Maria do Socorro Andrada. O pai era proprietário da Fazenda Carnaúba e da mercearia Graciosa, onde vendia miudezas. Além das prendas domésticas, dona Socorro trabalhava com o marido na administração da fazenda e gerenciamento dos negócios da mercearia.

Católica fervorosa, dona Socorro era uma das organizadoras da Congregação Sagrado Coração de Jesus, responsável pelas tradicionais novenas no mês de setembro, data da padroeira Nossa Senhora da Penha.

Menino do rio, onde pescava piaba, dava flecheiros e também jogava bola com os seus amigos, Inocêncio cresceu ouvindo histórias sobre o cangaço e as crueldades do bando de Lampião, crendices e religiosidades dos devotos da Santa padroeira e o lendário político sobre a região e a distante capital Recife, distante muitas léguas em estradas de barro.

Havia um estigma em torno do bonito nome da cidade: Vila Bela, terra de Lampião. O nome só veio a mudar por decreto-lei do então poderoso interventor Agamenon Magalhães em 09/12/1938, justo o ano em que Inocêncio nasceu.

Depois da imersão nas águas do Pajeú e desasnar as primeiras letras e números, Inocêncio fez o Exame de Admissão e foi cursar o Ginásio no tradicional Colégio Cristo Rei, em Pesqueira.

Segue na mesma linha de educandários religiosos ao se transferir para Recife e estudar no Colégio Salesiano, da ordem de Dom Bosco, onde concluiu o Curso Científico rumo à Universidade.    

Foram boas amizades, bons ensinamentos de vida e bons saberes de matérias escolares em suas vivências no Colégio Cristo Rei de  Pesqueira e Colégio Salesiano de Recife. Final de uma etapa, adeus colégios, ficarão para sempre na boa memória do aluno.

Medicina

Formar o filho em Medicina sempre foi um desejo do pai, Seu Micena. Seja feita a vossa vontade, decidiu Inocêncio. Morando numa república de estudantes, começou a queimar as pestanas para ser aprovado no vestibular no ano de 1957. Foram noites e noites fazendo serão nos estudos. Ao final da jornada, foi aprovado nas duas faculdades, da Universidade Federal e de Ciências Médicas. Optou pela Federal, então chamada de Universidade do Recife.

A política nas veias

O DNA da política sempre esteve nas veias e na flor da pele de Inocêncio. O tio paterno Enock foi chefe político da UDN, oposicionista na década de 1940. Por influência dele, Seu Micena ingressou na política e foi eleito vice-prefeito de Serra Talhada em 1951.

Canudo de Medicina na mão, sonho profissional realizado aos 25 anos, o que fazer da vida? Até então não havia pensado em política, um ramo da genealogia familiar.

Decidiu voltar para fazer a vida em Serra Talhada. Vestiu o jaleco e mãos à obra. Instalou seu consultório numa vistosa casa da bem movimentada Rua 15.

O filho de Seu Micena e Dona Socorro começou a ganhar fama como bom médico nas redondezas. A clientela era variada: menino desnutrido, gestantes com enjoos, gente com perna quebrada, pressão alta, desmaios. Quando o paciente não tinha dinheiro, o doutor Inocêncio recebia de presente uma galinha gorda, cachos de banana, macaxeira – era um povo pobre e generoso.

Espírito empreendedor, o doutor Inocêncio começou a poupar dinheiro com os ganhos recebidos da clientela. Vendeu cinco casas que havia comprado de um familiar e começou a construir o Hospital e Maternidade São Vicente. Também adquiriu equipamentos de raio X e uma mamografia. Instalou uma UTI dotada de gerador próprio para ser acionada no caso de interrupção do fornecimento de energia da rede pública. Esta foi a sementeira do futuro polo médico do município e em torno do qual foram atraídos outros empreendimentos.

Em outro terreno adquirido da sua tia Benona, construiu uma clínica psiquiátrica que veio a se tornar pioneira e referência na região.

Primeiro mandato

Corria o ano de 1974. A semente do primeiro mandato de Inocêncio Oliveira como deputado federal foi lançada durante visita do governador Eraldo Gueiros a Serra Talhada para inaugurar uma estação do Terminal Rodoviário. “Termos aqui a liderança promissora de um jovem médico que poderá ser lançado candidato a deputado federal”. Inocêncio pegou na palavra. Havia um vazio de federais na região.  Eraldo recomendou o nome de Inocêncio para ser votado no município. 

Para encurtar a história, o doutor Inocêncio foi eleito com 31,879 votos, sem pertencer a grupo econômico e estreante na política. Aos 36 anos, trocou o jaleco de médico e vestiu terno e gravata para assumir o mandato em Brasília.

A partir daí foi uma sucessão de vitórias, sempre com votação ascendente. O governador Marco Maciel, que governou o Estado de 1979-1982, disse a Inocêncio que gostaria de tê-lo como sucessor no Palácio das Princesas. Mas, o governo do Estado não estava no radar de Inocêncio. Seu plano de voo era galgar os degraus na Mesa da Câmara dos Deputados. E assim aconteceu. Foram 10 mandatos consecutivos concluídos na sua  despedida em 2014. 

Cargos na Mesa: presidente, 1993-1994; 1º vice-presidente, 1989-1990, 2003-2005; 1º secretário 1991-1992, 2005-2007; 2º vice-presidente 2007-2009; 2º secretário 2007-2009; 2º secretário 2009-2010; 3º secretário 2011-2013. Este é um fato inédito na Câmara dos Deputados. Daí ter sido chamado de “deputado guardanapo”, por estar sempre presente na Mesa.

Mercê do seu desempenho, foi eleito 16 vezes consecutivas pelo DIAP como um dos mais influentes parlamentares e entre as principais cabeças pensantes do Congresso Nacional. Não é pouca coisa.

Presidente da Câmara em 1993-1994 e havendo o Impeachment do presidente da República, Fernando Collor, Inocêncio tornou-se o segundo na linha sucessória presidencial. Como tal, exerceu o cargo interino de presidente da República por 11 vezes e durante 63 dias.

Legado

Nesta data em que se celebra o transcurso de 85 voltas em torno do astro-sol, o vitorioso Inocêncio Oliveira apresenta um legado de realizações administrativas, políticas e institucionais em todas as regiões e em todos os municípios do Estado. Cumpriu a proverbial sentença: plantou árvores, escreveu um livro e teve filhos. Casado com Ana Elisa Nogueira, o casal gerou três filhos: Shely, Sheldon e Sheila.  

Correligionários e a população em geral reconhecem que Serra Talhada tem dois marcos divisórios: antes e depois de Inocêncio Oliveira, em termos de polo de saúde, educação e serviços. Interiorização do desenvolvimento, segurança hídrica e obras estruturadoras foram suas prioridades em ação administrativa.

Em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, as Escolas Municipais Félix Manoel dos Santos, localizada na Tapera, e a de Tempo Integral, José Fernandes Coelho, no Roçado, foram as duas unidades de ensino do município que ficaram em evidência no Prêmio Escola Destaque, promovido pelo Programa Criança Alfabetizada.  

As unidades receberam o valor de R$80 mil como premiação para impulsionar, ainda mais, o desempenho na execução do trabalho de alfabetização. Esta conquista se deve pelo município ter alcançado, em 2022, ótimos resultados na avaliação de alfabetização do Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (Saepe).

Os profissionais envolvidos no processo de alfabetização também foram reconhecidos através da entrega de menções honrosas. Petrolina tem mais de 10 mil estudantes matriculados do 1º ao 2º ano do Ensino Fundamental, etapa recomendada pelo Plano Nacional de Educação para que o ciclo de alfabetização seja concluído. Este é um período indispensável para a progressão escolar e construção de outros saberes que só são possíveis após esta etapa. 

“Temos a convicção de que a Educação de Petrolina tem avançado bastante através de várias ações implantadas pelo prefeito Simão Durando. São vários projetos que estimulam as habilidades de pensamento, de raciocínio, memória, linguagem, capacidade, resolução de problemas e de criatividade. Soma-se a isso, o grande comprometimento dos educadores que têm contribuído diariamente para garantir ainda mais qualidade no processo educacional, além da formação continuada a eles oferecida pela Educação”, destaca a secretária de Educação, Cultura e Esportes, Rosane da Costa. 

Hoje, a partir das 19 horas, na biblioteca do Sesc, faço uma noite de autógrafos da biografia de Marco Maciel, com apoio do prefeito Wellington Maciel. Aberto ao público em geral, o evento vai se transformar numa homenagem a Marco Maciel. 

Sou cidadão de Arcoverde, cidade que minha Nayla Valença morou por muitos anos. Engajada na organização do lançamento, a primeira-dama Rejane Maciel diz que Marco Maciel foi um grande brasileiro e merece as homenagens dos arcoverdenses.

Penúltima etapa da maratona de lançamentos que cumpri ao longo desta semana pelo Interior, Sertânia, no Sertão do Moxotó, a 320 km do Recife, foi palco, ontem, de uma noite emocionante. O plenário da Câmara de Vereadores ficou lotado. Entre os que foram prestigiar, o prefeito Ângelo Ferreira e o presidente da Casa, Antônio Henrique, o Fiapo. 

Sertânia é o berço natal da minha Nayla Valença, que recebeu os convidados ao meu lado e da sua mãe Ivete Lira e de suas primas Tayse e Kely, além de sua tia Ivone e minha comadre Taninha, e seu padrinho Roberto Pereira. 

Confira as imagens!

Qual o legado de Lucinha?

Por Juliana Albuquerque – repórter do Blog

Com a saída de Lucinha Mota da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, anunciada na última quarta, após ser considerada vereadora eleita em Petrolina com a cassação de Júnior Gás (Avante), por fraude a cota de gênero nas eleições municipais de 2020, fica a pergunta. Qual o legado deixado por ela à frente da pasta?

Há dez meses, a governadora Raquel Lyra (PSDB) nomeava Lucinha Mota como secretária de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco. A credenciou para o posto, além do perfil técnico, por sua formação em Direito, a notoriedade que conquistou diante da sua incansável busca por justiça para o cruel assassinato da sua filha, a pequena Beatriz, que foi brutalmente assassinada em 2015, com apenas 7 anos.

Mas parece que cobrar é mais fácil do que fazer. Ao menos foi o que ficou claro nesses últimos meses de Lucinha à frente da Pasta que tem sob o seu guarda-chuva nada mais problemático do que o sistema prisional de Pernambuco, considerado um dos piores do Brasil. 

Em sua defesa, ainda enquanto secretária, afirmou, durante visita do ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, na última terça (17), que estava trabalhado com afinco para mudar a realidade do sistema prisional de Pernambuco. “Temos a plena consciência de que ainda há muito a ser feito, mas comemoramos também as grandes mudanças já implementadas”, comentou, na ocasião, a então secretária Lucinha Mota.

Ela citou entre os feitos realizados, ações desenvolvidas pela Pasta neste ano, como a entrega da Unidade II, do Presídio de Itaquitinga, com a disponibilização de mais 996 vagas e a nomeação de 338 novos policiais penais, quase o dobro do previsto no concurso (200 PPs).

Chama atenção, contudo, que a unidade dois de Itaquitinga não foi feita pela atual gestão, já estava em andamento desde 2021. A atual gestão, como tem feito, pegou carona na obra que estava praticamente pronta para sair bem na foto. 

Com relação às 338 nomeações, dita como grande ato de sua gestão, embora o edital inicial do certame do Concurso da Policia Penal tenha previsto, inicialmente, a nomeação de 200 policiais, o edital foi elaborado na pandemia e num cenário onde só existiam 2000 vagas para cargos de policiais Penais. Porém, ao fim de 2022, antes da convocação para o curso de formação, esse cenário mudou.

Foi quando a Alepe alterou a lei de cargos da polícia penal de 2000 para 4000 cargos e com autorização da PGE deu início a convocação do curso de formação, no qual, foram convocados todos 1.354 aprovados.

Cenário – Atualmente, mesmo com as 338 nomeações, o sistema penitenciário pernambucano conta com um déficit de mais de 2,2 mil cargos vagos. Enquanto isso, mais de mil já estão aptos para assumir seu posto, uma vez que concluíram o curso de formação, cujo investimento do Estado foi na ordem de R$12 milhões, ainda aguardam uma nomeação que pode só chegar ao fim do Governo Raquel Lyra.

Interino – No lugar de Lucinha Mota, assumiu interinamente a Pasta o atual Secretário Executivo de Coordenação e Gestão, Flávio Oliveira, advogado e auditor fiscal da Secretaria da Fazenda de Pernambuco. Quem a governadora chamará para ocupar a Secretaria de forma definitiva, é um mistério até o momento.

Afago mútuo – Da governadora Raquel Lyra para Lucinha: “Agradeço por toda a sua dedicação ao serviço público e tenho certeza que ela seguirá defendendo a pauta da Justiça, dos Direitos Humanos e outros temas de interesse de sua região e de Pernambuco em sua nova etapa de vida pública”, disse a tucana. Enquanto para Lucinha, o período à frente da Secretaria foi “de muito aprendizado e muito trabalho em defesa da justiça e da garantia de direitos humanos”.

Sexta baixa – Com a saída de Lucinha, Raquel contabiliza a sexta baixa em seu secretariado técnico montado ao apagar das luzes do fim de 2022. Porém, é a única onde sua saída não se deu com turbulência ou qualquer motivo técnico, a exemplo dos que saíram por imposição da tucana ou dos que não aguentaram a pressão da mandatária.

Recuperado – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou o final de seu discurso na cerimônia de comemoração dos 20 anos do Bolsa Família, ontem, para dizer que está recuperado da cirurgia no quadril e que voltará a trabalhar do Palácio do Planalto na semana que vem. Ele participou da solenidade por videoconferência, de dentro do Palácio da Alvorada.

CURTAS

INVESTIGAÇÃO – O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai acompanhar as investigações do assassinato do juiz de Direito na 21ª Vara Cível da Comarca do Recife, Paulo Torres Pereira da Silva. O magistrado, de 69 anos, foi morto a tiros dentro do seu carro, na noite da última quinta-feira (19), em Jaboatão dos Guararapes.

EMBALAGENS – Tramita na Alepe um projeto de lei de autoria da deputada Socorro Pimentel (UB) que propõe proibir a cobrança de embalagem em serviços de delivery em Pernambuco. De acordo com a parlamentar, essa prática constitui em venda casada, o que é considerado abusivo pelo Código de Defesa do Consumidor.

Perguntar não ofende: Qual será a próxima baixa no Governo Raquel?