Depois de menos de 1 mês da instalação das comissões permanentes da Câmara, só o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), têm sido poupados de convites para comparecerem nos colegiados. Já o chefe da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), foi o maior alvo dos requerimentos para comparecer à Câmara.
No total, 34 de 37 integrantes da equipe ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já foram convidados para comparecerem em reuniões de comissões na Câmara ou para participar de audiências públicas. As informações são do Poder360.
Os ministros não têm obrigação de comparecer em casos de convites, mas correm o risco de se indispor com o Legislativo. As convocações, no entanto, são de presença obrigatória. Aliados do governo têm articulado para converter pedido de convocação em convites, em especial nos que miram Flávio Dino.
Desde o início do governo, Dino foi o 1º ministro de Lula a comparecer em uma audiência na Câmara. Ele participou de reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que durou mais de 4h. O encontro foi marcado por bate-bocas entre deputados da oposição e aliados do governo.
O ministro deve ir pela 2ª vez à Câmara na 3ª feira (11.abr). Será ouvido pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Além de Dino, a ministra Ana Moser (Esporte) também já compareceu.
Outros 13 ministros já têm data prevista para serem ouvidos pelos deputados. Além de Padilha e Alckmin, ainda não foi aprovado convite para o ministro André de Paula (Pesca), mas um requerimento aguarda votação na Comissão de Agricultura e Pecuária.
Responsável pelas articulações com o Congresso, Padilha é o único ministro que ainda não foi tema de pedidos de convite dos deputados. Um pedido de convite a Alckmin foi listado na pauta da Comissão de Indústria, Comércio e Serviços, mas depois foi retirado. O colegiado é comando pelo deputado Heitor Schuch (RS), que é colega de partido do vice-presidente.
Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco
Embora esvaziada, a Sudene continua sendo objeto de uma disputa surda em Brasília pelos políticos pernambucanos mais próximos ao presidente Lula. O senador Humberto Costa (PT) anda cabisbaixo porque seu apadrinhado para a autarquia, Diego Pessoa, assessor do Consórcio dos Governadores do Nordeste, ainda não foi nomeado, apesar das sinalizações de certeza do ministro de Articulação Política, Alexandre Padilha.
Primeiro nome cotado para o cargo, a ex-deputada federal Marília Arraes chegou a ser bancada pelo seu partido. Presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força pediu o cargo a Lula para a aliada, que disputou e perdeu, no segundo turno, as eleições para o Governo do Estado. Quando esteve no Recife, há dez dias, Lula chegou a alimentar esperanças de que Marilia seria chamada para uma conversa.
Lula adoeceu, teve que cancelar sua ida a China e Marília até agora espera um sinal do presidente para o encontro. Já o PSB quer encontrar um espaço que contemple o ex-deputado federal Danilo Cabral, que disputou o Governo do Estado e sequer chegou ao segundo turno. Para Danilo, segundo confessou um socialista, o cargo mais indicado seria a da Sudene.
O problema é que o PSB já está bastante contemplado no Governo. Tem dois ministérios – Portos e Aeroportos, e Indústria – além de ocupar cargos estratégicos, como o ex-deputado Tadeu Alencar, escolhido para a Secretaria Nacional de Segurança, e Milton Coelho, nomeado para a Secretaria Nacional na Micro e Pequena Empresa.
“Para complicar a vida de Marília e Danilo existe um problema: Humberto Costa ainda não foi contemplado com nenhum cargo de segundo escalão em Pernambuco”, disse um deputado da bancada federal do Estado, que tem acompanhado de perto as negociações para que se chegue a um final feliz em relação à novela mexicana em que se transformou a escolha do superintendente da Sudene na gestão Lula.
Se você é capaz de se comover diante da beleza, ande pelas ladeiras de Triunfo. E, se ao final pintar o clima da paixão, como ocorreu comigo à primeira vista, faça uma confissão de amor. Amar cidades é diferente de amar mulheres.
Ledo Ivo amou sua Recife, com suas pontes e rios que cantam. Eu amo Triunfo, com seus casarões coloniais, seu lago azul da serpente, seu teleférico de cadeirinhas fechadas, seus brejos, engenhos e cachoeiras.
Amo Triunfo com seu frio europeu em semiárido. Diante da minha cidade paixão, faço poemas ardentes de amor diante da lareira, dos seus jardins, das suas esquinas, ouvindo o chicotear dos papangus caretas.
De Triunfo, vejo a lua mais de perto, iluminando os namorados. A lua é dos poetas e dos românticos. A lua é a poesia da noite, o mistério que revela nossos sonhos mais secretos.
Estou aqui de novo, Triunfo. Teus bares têm arte poética, com o vento frio soprando do Atlântico. Como diz uma canção de Chico Buarque, Triunfo nasceu para semear o seu vento, ir para a rua e beber sua tempestade.
Drummond de Andrade viu que no mar estava escrita uma cidade. Triunfo parece ter sido escrita num sono profundo, coberta de neblina árida, numa noite de prazer, jogando alegria no amanhecer em seus campos.
Triunfo é virtuosa. Ditosa a cidade em que se admira ao mesmo tempo sua beleza e a virtude dos seus habitantes: os sentimentos mais genuinamente humanos logo ficam impregnados na cidade. A cidade, por mais pequena, vira um mundo quando amamos seus habitantes.
Triunfo não tem rio, tem um lago onde um dia apareceu a serpente azul. Mas vejo em suas cachoeiras a beleza do rio Danúbio, que era azul, eu vi com meus olhos. Triunfo é paradisíaca. Tem montanhas, matas, um céu azul lavado, sol para esquentar seu frio, tem águas de março para fechar o verão.
A Escola de Sargento, investimento da ordem de R$ 1,8 bilhão, ficará mesmo em Pernambuco, conforme garantiu o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. O projeto já foi apresentado aos 25 deputados da bancada federal do Estado e os três senadores em Brasília, numa reunião cuja maior reclamação foi a ausência da governadora Raquel Lyra (PSDB).
O comando do Exército fez uma exposição que impressiona qualquer leigo no assunto, mas foi vago na questão do impacto ambiental, quando levantada pelo deputado Túlio Gadelha (Rede), o único a tocar na ferida, que parece algo gravíssimo. Em postagem ontem neste blog, o presidente do Fórum Socioambiental de Aldeia, área na qual será instalado o empreendimento, Herbert Tejo, alertou que as obras comprometerão 2 milhões de metros quadrados de árvores nativas da Mata Atlântica.
“Devastará uma área de 2 milhões de metros quadrados de floresta madura em um bioma considerado hotspot mundial, ou seja, uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta, exatamente em Pernambuco, onde se estima um remanescente de apenas 6% da floresta original”, disse Tejo. Ele acrescenta que existe uma área dentro do próprio CIMNC, já desmatada, que poderia abrigar o projeto sem maiores danos ao meio ambiente.
“Seria uma alternativa que respeitaria uma exigência imposta pelo Exército, que é a “dominialidade do terreno” onde será instalada a Escola. Segundo Tejo, a área, além de estar desmatada e ficar dentro do CIMNC, tem 200 hectares, com possibilidade de um acréscimo ainda de mais 100 hectares de área onde há apenas vegetação jovem. “Dessa forma, o projeto poderá ser implantado com impacto ambiental extremamente minimizado e com desmatamento quase zero”, destacou.
Replantio não compensa – Na esfera ambiental, segundo o Fórum Socioambiental de Aldeia, o projeto redesenhado aumentará o desmatamento da Mata Atlântica de 149 hectares para 189 hectares, ou seja, aproximadamente 2 milhões de m². A área que será desmatada fica localizada na Unidade de Conservação APA Aldeia-Beberibe, estabelecida por decreto estadual para proteção do bioma no Estado. Para “minimizar os danos”, o Exército prevê, como forma de compensação ambiental, a necessidade de replantio em torno de meio milhão de mudas de árvores nativas.
Fórum vê ficção – Segundo Tejo, uma compensação ambiental para o replantio de meio milhão de mudas nativas de Mata Atlântica em Aldeia soa como uma ficção. “Justificar o gigantesco desmatamento de uma floresta estabelecida com uma promessa de replantio da floresta não parece razoável, pois, além do custo altíssimo, que posso estimar em algo entre 15 a 20% do valor da obra, teríamos que esperar uns 80 anos para uma restauração no padrão da floresta atual, e sem qualquer garantia de sucesso”, advertiu.
Raquel derrotada – Na última quarta-feira, a governadora Raquel Lyra (PSDB) sofreu uma derrota na Assembleia Legislativa. Por seis votos a dois, a Comissão de Legislação, Constituição e Justiça aprovou um projeto que a tucana fez de tudo para derrotar. De autoria do deputado Alberto Feitosa, da bancada dissidente do PL, a proposta aumenta, de forma escalonada, o valor das emendas parlamentares destinadas a prefeituras e fundações. No plenário, as chances de o projeto também ser aprovado são altíssimas.
Priscila silencia – O projeto, apresentado em outubro do ano passado, contou com a anuência da então deputada Priscila Krause (Cidadania), hoje vice-governadora. Após a vitória da chapa Raquel-Priscila, a governadora chegou a fazer um apelo à Assembleia para que não votasse a matéria durante a transição de governo e o assunto fosse amadurecido entre Executivo e Legislativo. Já Priscila, até o momento, continua caladinha, para se curvar aos interesses de Raquel.
Prioridade parlamentar – O deputado Romero Albuquerque, da bancada do União Brasil na Alepe, ajudou Feitosa nas articulações para aprovação do projeto. “Era uma demanda da Casa, e vimos a oportunidade de dar celeridade a um projeto que já havia extrapolado todos os prazos regimentais. Apesar de haver discussões sobre um “trâmite especial”, por se tratar de uma PEC, o entendimento da Procuradoria da Casa é que todos os projetos desarquivados tramitam do ponto em que eles ficaram “parados””, justificou Albuquerque.
CURTAS
MARIDO REJEITADO – Empregados públicos do Serviço Geológico do Brasil fizeram um apelo ao governo Lula. Que rejeite o nome de Inácio Cavalcante Melo Neto para a presidência do órgão. Apontado como “desqualificado” para a função, Melo Neto é marido da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), aliada do PT. O Serviço Geológico do Brasil-CPRM é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
SANEAMENTO – O Congresso vai discutir um projeto para reverter os decretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que mexeram no marco legal do saneamento básico e abriram caminho para que as estatais estaduais possam continuar operando mesmo sem novas licitações. A decisão do governo contrariou até mesmo alguns integrantes da base aliada do Palácio do Planalto, especialmente na Câmara.
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