Argentina é dos bárbaros

Por Marcelo Tognozzi*

Bem perto do Obelisco de Buenos Aires, um dos símbolos da cidade, a avenida Sarmiento cruza com a Carlos Pellegrini. São 2 ex-presidentes que deram ao país uma era de ouro.

Domingo Sarmiento, um dos intelectuais mais brilhantes do século 19, governou a Argentina de 1868 e 1874, depois de ajudar a derrubar o governo violento e implacável do general Juan Manoel de Rosas. Pellegrini era vice de Miguel Celman, que renunciou. Governou de 1890 a 1892 e entrou para a História depois de sanear as finanças do país e criar o Banco de La Nación Argentina. Ambos são símbolos da prosperidade de um país rico e poderoso.

Sarmiento escreveu a biografia do caudilho Facundo Quiroga, que dominou com mão de ferro a política no interior. Já nas décadas de 1820 e 1830, Quiroga lançou a semente do populismo que, um século mais tarde, seria o principal fermento do peronismo e seu Partido Justicialista, hoje no poder. Sarmiento dividia os políticos argentinos entre civilizados e bárbaros. Facundo Quiroga era um bárbaro, enquanto ele e Pellegrini eram civilizados.

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Recebo em Arcoverde, hoje, o Troféu Persona 2022, idealizado pelo comunicador Adriano Ferreira. Minha alegria e honra, na verdade, é saber que o outro grande homenageado da noite de glamour no Sesc é o maestro Beto da Oara, cuja história se confunde com a trajetória e fama da sua Orquestra, de berço sertanejo, nascida em Arcoverde, para conquistar o mundo.

Beto e sua Oara são patrimônio imortal da cultura brasileira. Como todo sertanejo, lutador, bravo e persistente, Beto já deveria ter sido homenageado por Pernambuco com o Troféu Personalidade dos Gigantes.

É um gigante, sob todos os aspectos. Sua Super Oara é a melhor e segunda mais antiga orquestra de bailes no Brasil. Pajeuzeiro como eu, Beto nasceu em Carnaíba, terra de músicos, berço imortal de Zé Dantas. Ainda muito jovem, como o poeta das grandes canções de Luiz Gonzaga, partiu para o Rio de Janeiro atraído pela música.

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Traições e fugas

Finalmente, o que já se previa há muito tempo, objeto de comentários nesta coluna, aconteceu: o fim do matrimônio do ex-governador Paulo Câmara com o PSB, legenda que se confunde com a história e trajetória política de uma figura mitológica, o ex-governador Miguel Arraes, num primeiro momento, e depois seu neto, o também ex-governador Eduardo Campos.

Na verdade, Câmara entrou um tanto forçado no partido em 2013, na última hora legal, por exclusiva insistência do deputado Milton Coelho. Poucos meses depois, desbancou um leal e verdadeiro socialista, Tadeu Alencar, para se tornar o candidato a governador. Poucos dias antes de morrer tragicamente, Eduardo Campos desabafou dizendo que foi o maior erro político da vida dele, considerando a fraqueza pessoal de Câmara.