Nassif analisa capitalistas brasileiros após fraudes das Americanas

O Jornalista Luis Nassif faz uma análise dos grandes capitalistas brasileiros após a exposição das fraudes das Americanas, comandada por Jorge Paulo Lemann e a 3g Capital. Confira!

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, reagiu duramente às declarações dadas pelo ex-vice-presidente Hamilton Mourão, que criticou o governo Lula pela troca de comando no Exército.

Nas redes sociais, Joaquim Barbosa pede a Mourão que o agora senador eleito pelo Republicanos “poupe-nos da sua hipocrisia, do seu reacionarismo, da sua cegueira deliberada e do seu facciosismo político”. Barbosa afirma que “fatos são fatos!” e pede “mais respeito a todos os brasileiros!”

Os comentários foram feitos após Mourão divulgar uma entrevista publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, neste sábado, 21, em que Mourão critica a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter determinado a demissão do comandante do Exército, Júlio Cezar Arruda, por insubordinação e resistência em anular a nomeação do ex-braço direito de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, que seria enviado para o comando de um batalhão do Exército em Goiânia (GO). As informações são do Estadão.

Mourão afirmou que, “se o motivo foi tentativa de pedir a cabeça de algum militar, sem que houvesse investigação, mostra que o governo realmente quer alimentar uma crise com as Forças e em particular com o Exército. Isso aí é péssimo para o país”, disse Mourão à Folha.

Joaquim Barbosa respondeu. “Mais respeito a todos os brasileiros! ‘Péssimo para o país’ seria a continuação da baderna, da ‘chienlit’ (termo francês para se referir à baderna ou confusão, em tradução livre) e da insubordinação claramente inspirada e tolerada por vocês, militares”, escreveu, mandando um conselho para Mourão, que agora será senador.

“Senhor Mourão, assuma o mandato e aproveite a oportunidade para aprender pela primeira vez na vida alguns rudimentos de democracia! Não subestime a inteligência dos brasileiros!”

A reportagem enviou uma mensagem a Hamilton Mourão, para que o senador eleito se manifestasse a respeito das declarações de Joaquim Barbosa. Não houve resposta até a publicação deste texto.

Segundo relatos colhidos pela reportagem no Exército e no Planalto, o general Júlio Cezar Arruda foi demitido por três fatores principais. Primeiro, Lula ficou irritado com a resistência no Comando do Exército de permitir a prisão no acampamento de bolsonaristas em frente ao Quartel-General em Brasília, na noite da invasão e depredação das sedes dos Poderes. Pesou também para a demissão do comandante os fortes indícios de que o Comando Militar do Planalto, ligado ao Exército, falhou significativamente na contenção dos ataques.

O terceiro fator, visto como a gota d’água nas relações de confiança, foi a resistência de Arruda para exonerar o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como “coronel Cid”. Fiel escudeiro de Jair Bolsonaro e ajudante de ordens do ex-presidente, Cid foi nomeado para chefiar o 1.º Batalhão de Ações de Comando do Exército em Goiânia. Foi grande a pressão para que a nomeação fosse cancelada por Arruda, o que não ocorreu. O general foi demitido um dia após ele e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica se reunirem com Lula e os ministros da Defesa e da Casa Civil, Rui Costa.

Mais detalhes do depoimento do bolsonarista Alan Diego dos Santos Rodrigues mostram que a ideia inicial dos envolvidos na tentativa de atentado a bomba no Distrito Federal era colocar o artefato na área de embarque do Aeroporto JK. O crime foi descoberto na véspera de Natal de 2022.

Alan afirmou que chegou ao Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano, em novembro de 2022. E, desde que entrou no acampamento, ouvia conversas sobre explosões. “Explodir coisas como se fosse a solução para a intervenção [militar]”, contou à Polícia Civil do DF (PCDF).

O criminoso prestou depoimento no Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) na última quinta-feira (19/1). Além de confessar a participação na tentativa de atentado a bomba em Brasília, ele comentou como conheceu o outro preso acusado do crime: George Washington de Oliveira Sousa. As informações são da coluna Na Mira, do Metrópoles.

Segundo o documento, ao qual o Metrópoles teve acesso, Alan afirmou que George encomendou explosivos do Pará e fabricou a bomba colocada nos arredores do aeroporto. No dia 24 de dezembro, de madrugada, o empresário teria entregue o material para Alan e dito para que ele colocasse o artefato dentro do aeroporto, na área de embarque.

Porém, Alan disse à PCDF que preferiu não seguir as ordens de George. Então, mudou o plano e, entre as 3h e às 4h da manhã da véspera de Natal, passou lentamente ao lado de um caminhão-tanque e colocou a caixa na traseira do veículo.

Após a colocação da bomba

O preso comentou que quando “a ficha caiu”, teria resolvido procurar um telefone público para comunicar a polícia sobre o artefato. Ele afirmou que teria tentado avisar à PMDF e ao Corpo de Bombeiros sobre a existência da bomba, mas o atendente acreditou se tratar de um trote. George Washington teria chegado a ligar para Alan a fim de saber o andamento do plano terrorista.

O que se sabe, até o momento, é que as forças de segurança se mobilizaram após o motorista do caminhão-tanque inspecionar o veículo e descobrir o artefato. Assustado, ele telefonou para a PMDF. Ao saber que o material explosivo estava sendo analisado pela polícia, Alan, então, conta ter voltado para o acampamento do QG do Exército e participado da ceia de Natal com os outros acampados. No dia seguinte, resolveu voltar para casa no Mato Grosso.

Relembre o atentado

Na véspera do Natal de 2022, equipes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e do Corpo de Bombeiros do DF (CBMDF), com apoio da Polícia Federal (PF) e da PCDF, se mobilizaram em área próxima ao Aeroporto de Brasília para desarmar um artefato encontrado em um caminhão no local.

A bomba estava acoplada a um caminhão-tanque e só não foi acionada por um erro técnico. A polícia identificou e prendeu o suspeito de tentar explodir o artefato no mesmo dia. O empresário que planejava atentado em Brasília foi identificado como George Washington Oliveira Sousa. Logo em seguida, os outros dois nomes foram apontados, o de Alan e do blogueiro e jornalista Wellington Macedo de Souza. Este último criminoso permanece foragido

Segundo o depoimento de Alan, Wellington teria sido responsável por levá-lo até o aeroporto para plantar a bomba.

O Partido Liberal (PL) vive uma disputa interna para definir quem será o indicado da sigla para compor a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Os dois mais cotados são o líder evangélico Sóstenes Cavalcante (RJ) e o ex-tucano Domingos Sávio (MG), ambos recém-filiados à legenda.

O PL elegeu a maior bancada, com 99 deputados federais. Na eleição à presidência da Casa, o partido apoiará a recondução de Arthur Lira (PP-AL). Segundo fontes do partido ouvidas pela CNN, a expectativa é que o PL tenha direito à primeira vice-presidência da Casa pelo critério de proporcionalidade.

A indicação do partido será definida em reunião com a bancada eleita no dia 30 deste mês. A posse dos deputados está marcada para 1º de fevereiro, quando também será realizada a eleição para a direção da Câmara.

Atual presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, Sóstenes Cavalcante tomará posse em fevereiro para seu terceiro mandato como deputado federal. Aliado do pastor Silas Malafaia, Cavalcante foi duro crítico aos governos do PT e apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Seu nome é visto como o mais cotado para a vaga.

Quem também está na disputa é o ex-tucano Domingos Sávio (MG). Caso o mineiro decida desistir da disputa em nome de um acordo, uma das soluções estudadas é que ele seja contemplado com alguma outra posição interna (como o comando do partido em seu estado).

A escolha do cargo na Mesa Diretora, porém, depende da formação dos blocos parlamentares para a disputa da eleição interna. Deputados do PT, que elegeu a segunda maior bancada (com 68 deputados), por exemplo, têm negociado com outros partidos uma solução para garantir espaços importantes na Casa.

Tanto PL quanto PT apoiarão a reeleição de Lira –apesar de estarem em lados opostos ideologicamente e de o partido de Bolsonaro centralizar, no momento, a oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O atual presidente da Câmara tem conversado com os partidos para costurar um acordo em torno da formação da Mesa Diretora. Os dois cargos de maior importância são a primeira vice-presidência (que também significa a primeira vice-presidência do Congresso) e a primeira secretaria (que tem grande poder na estrutura administrativa interna na Câmara dos Deputados).

Por Fernando Castilho*

No último dia 12, policiais federais foram à residência do ex-ministro da Justiça, o também policial federal, Anderson Torres (que não se encontrava no Brasil), onde recolheram uma minuta de decreto de Estado de Defesa. Confrontado, Torres o justificou como parte de uma pilha da papeis para descarte.

O que chamou a atenção foi a precisão da ação de busca e apreensão dos policiais que saíram da casa do colega de trabalho com apenas um malote com o documento. Foi um comportamento bem diferente das ações da PF nesse tipo de ação quando levam caixas de documentos e, não raro, os computadores dos suspeitos.

O texto do decreto faz parte de um conjunto de provas que o Supremo Tribunal Federal está reunindo contra pessoas que invadiram e destruíram móveis e instalações dos três prédios mais icônicos da República Federativa do Brasil as sedes do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

Sua descoberta teve forte impacto, uma vez que sua simples existência mostra como, após quatro anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro conseguiu reunir um grupo de pessoas com um nível de radicalização tão alto que acreditou que ocupando as sedes dos três poderes, enquanto outros tentaram destruir torres de transmissão elétrica, poderiam causar um caos tão alto que justificasse um intervenção militar substituindo o presidente eleito, Lula da Silva, pelo próprio Jair Bolsonaro derrotado em 30 de outubro.

As chances de sucesso de uma ação absurda como a perpetrada são nulas. Mas o surpreendente é que ela tenha se dado depois de um perturbador silêncio do ex-presidente. E a própria existência texto do decreto é a prova de que um grupo de pessoas com acesso ao governo, concebeu, escreveu e fez circular o texto cuja cópia acabou na residência do próprio ministro da Justiça.

Quem conhece Anderson Torres sabe que não teria capacidade intelectual de produzir a peça e que certamente a recebeu pronta. Muito menos acredita ele seria o mentor dessa articulação dado a sua condição de subserviência ao presidente. Mas ninguém tem dúvidas que ele recebeu e circulou com ele em vários ambientes do Governo após as eleições. Torres, naturalmente, nega tudo.

O que surpreende é o fato de que um texto com esse teor ter circulado enquanto Jair Bolsonaro manteve-se em silêncio até deixar o Brasil. E como, depois da derrota, o grupo de apoiadores se animou a se organizar para os atos de Brasília.

O grupo, como se sabe, não é inexpressivo e muito menos desarticulado. Mas o que chama a atenção é sua férrea crença na possibilidade de derrubar o governo eleito, que não reconhece a lisura das eleições e que está disposta a financiar ações como a de 8 de janeiro.

Isso também mostra como o comportamento de Jair Bolsonaro foi moldando um padrão de comportamento entre seus apoiadores e os levando ao nível de agressividade nas redes sociais e, a seguir, no convívio presencial e social que foi capaz de afastar pessoas, colegas de trabalhos e familiares num nível de esgarçamento social nunca vistos no Brasil.

O gesto de milhares de pessoas em Brasília suscita um debate sobre o que está acontecendo no país, certamente onde o debate político chegou ao nível mais alto entre as nações que viram crescer os apoiadores da extrema direita no mundo?

E como esse padrão se tornou um caso de sucesso de um discurso radical, liderado pelo próprio presidente, que suplantou todo debate sobre a gestão de Jair Bolsonaro e suas ações desastradas em várias áreas com destaque para meio ambiente, educação e saúde. E como ajudou a que o presidente obtivesse 49% dos votos.

O conjunto de fatos de janeiro de 2023 leva a ideia de que, após quatro anos, Bolsonaro levou parte de seus apoiadores no país a uma distopia tão real que produziu uma série de acontecimentos que nem mesmo os autores de ficção seriam capazes de imaginar pela riqueza de elementos.

Distopia é um termo normalmente usado como um subgênero da ficção científica. Explica como um lugar, uma época ou uma sociedade onde se vive de forma precária e com sofrimento e que, quando relacionada a um país, uma sociedade ou de uma realidade imaginária explica como tudo se organiza de uma forma opressiva e totalitária, por oposição à utopia.

Uma observação mais atenta do comportamento dos apoiadores mais radicais de Bolsonaro mostra claramente que passaram a viver durante o seu governo numa realidade paralela, porém tão presente de suas vidas que a constatação da derrota e consequente saída do presidente do cargo, os levou a se envolver numa aventura que os levou a Brasília com a ideia de que simplesmente derrubar o novo governo.

Eles se negaram a reconhecer a nova realidade. Isso é perturbador no Brasil porque vai exigir um debate político e social sobre como isso aconteceu e como a sociedade precisa atuar para resgatar essas pessoas a uma vida normal.

*Colunista do Jornal do Commercio.

O senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) está perto de ter confirmado o apoio do PP à sua candidatura à presidência do Senado. Marinho tenta reunir em torno de sua candidatura o núcleo de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Casa, liderado pelo bolsonarismo.

CNN apurou que o PP deve confirmar nesta próxima semana o apoio à candidatura de Marinho.

O partido terá seis cadeiras no Senado a partir da próxima Legislatura. Somado com os 14 do PL, seriam 20 votos a favor do ex-ministro do Desenvolvimento Regional de Jair Bolsonaro (PL). Marinho espera contar ainda com o apoio do Republicanos, que terá três senadores.

Em princípio, esses três partidos devem formar a base principal de oposição a Lula no Senado.

Dentre os seis senadores do PP, a CNN apurou que a expectativa das lideranças da própria sigla é de que todos sigam a orientação partidária e votem em Marinho. Pode haver, no entanto, defecções, já que o voto na eleição da presidência do Senado é secreto.

Um dos principais responsáveis pela articulação do PP é o ex-ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PI), ele próprio senador, líder da bancada do PP no Senado e presidente nacional da sigla.

Nos bastidores, Marinho diz que está aberto a conversas com todos os partidos, menos o PT.

Senadores a par das negociações afirmam que estão “avançando bastante nas contas de voto e nessa articulação”.

Marinho, senador de primeiro mandato eleito pelo PL do Rio Grande do Norte, é o principal bolsonarista na disputa pela presidência do Senado.

Além dele, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se classifica como independente, mas se alinha com as pautas bolsonaristas em diversas votações, também se lançou candidato. Este, porém, tem chances reduzidas na eleição, já que nem mesmo seu partido, o Podemos, o apoia oficialmente.

Os dois candidatos enfrentarão Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atual presidente do Senado que busca se manter no posto por mais dois anos. Segundo relatos de diversos senadores à CNN, ele é o favorito na disputa.

Ele conta com o apoio do governo Lula e de bancadas numerosas, como o PSD (que terá 13 senadores), o MDB (que terá dez) e o PT (que terá nove).

O grupo de Pacheco trabalha para que integrantes dos partidos aliados a Marinho fiquem ao seu lado. Também avaliam que Girão pode tirar votos de Marinho, se seguir na disputa, o que enxergam como benéfico a Pacheco por potencialmente dividir os opositores ao atual presidente do Senado.

Apesar de o PP tender a apoiar um adversário de Lula no Senado, o partido conta com o filiado e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), cada vez mais próximo do presidente da República. Lira, inclusive, conta com o apoio do PT e do PL ao mesmo tempo na Câmara.

Questionado sobre a posição antagônica nas Casas, sob reserva, um senador do PP disse que isso está sendo tratado na medida do possível junto aos acordos já firmados.

Por Luiz Carlos Azedo*

Em março de 2014, o fotógrafo Sebastião Salgado realizou uma expedição à Terra Indígena Ianomami. Em seus registros estão a tradicional festa fúnebre Reahu, realizada na aldeia Demini, morada do líder Davi Kopenawa, e a subida ao Pico da Neblina com um grupo de xamãs Ianomami, fotos publicadas na edição digital do Washington Post, naquela ocasião. Em preto e branco, são imagens fortes e fascinantes, como são todas que o consagraram o fotógrafo brasileiro.

Como na exposição “Genesis”, aquele ensaio passa o mesmo sentimento de um lugar num tempo diferente do nosso. Salgado já havia percorrido a região nos anos 70 e 90 do século passado. Um poster dos Ianomami olhando para o Yaripo, o cume do Pico da Neblina, no site do Instituto Terra, custa R$ 250. São indígenas alegres, bonitos, robustos e saudáveis.

Ontem, quando me preparava para escrever mais uma coluna sobre as relações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as Forças Armadas, o assunto da semana, cujo desfecho foi a troca de comando do Exército, recebi do meu amigo Jorge Venâncio, médico sanitarista que conheço desde os nossos tempos de estudante, uma série de 16 fotos coloridas de crianças, jovens, adultos e idosos Ianomami que parecem cenas de um campo de concentração nazista.

Foram distribuídas pelos líderes Ianomami e são a realidade nua e crua de uma aldeia da Reserva Ianomami em Roraima, após a chegada dos garimpeiros à região. Situação tão grave que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a visitar o local, apesar da crise militar. A situação envergonha a nação e corrobora o acerto da criação do Ministério dos Povos Indígenas.

Somente neste ano, 99 crianças do povo Ianomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. As vítimas foram crianças entre 1 e 4 anos. As causas da morte são, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia. Estima-se que 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome. Além disso, em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Ianomami, distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas são as maiores de 50 anos, seguidas pela faixa etária de 18 a 49 e de 5 a 11 anos. Devido ao caos sanitário, o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública.

O ex-presidente Jair Bolsonaro é o grande responsável pelo que ocorreu. Não só sufocou os órgãos responsáveis pela assistência aos indígenas como liberou o garimpo ilegal no país. O que lhe falta de empatia em relação aos índios, sobra de apoio aos garimpeiros, talvez porque tenha sido um deles nos tempos em que serviu o Exército em Goiás. Bolsonaro não tem nenhum laço de ancestralidade com os indígenas brasileiros.

Como se sabe, esse é o fio da vida, da sabedoria, da identidade, do pertencimento e da criatividade, que tece o passado, o presente e o futuro, formando uma teia de relações que conecta a humanidade. É também a memória que transcende o espaço e o tempo para recriar futuros possíveis e saudáveis. Pensar em todas as pessoas que vieram antes de você é entender que há algo muito maior dentro de nós, um caminho que vem sendo traçado de várias formas, inclusive culturalmente. Os negros brasileiros buscam essa ancestralidade para combater o racismo estrutural; para preservar suas terras e sobreviver, os indígenas brasileiros também, principalmente depois Constituição de 1988.

A terra-floresta

Falamos muito da riqueza e da biodiversidade da Amazônia, mas pouco do tesouro cultural que ela abriga. A antropologia estrutural de Claude Lévi-Strauss (1908-2009), grande intelectual belgo-francês, não existiria sem nossos indígenas, nem ele seria um dos maiores pensadores do século passado. Convidado a lecionar na recém-criada Universidade de São Paulo, através de uma missão universitária francesa, de 1935 a 1939, Lévi-Strauss fez diversas expedições pelo interior brasileiro, onde estudou comunidades indígenas e teve a sua grande vocação para a etnologia desperta. O registro dessas viagens está presente em Tristes Trópicos (1955), um clássico da antropologia, que também fez dele um dos grandes intérpretes do Brasil.

Contrário à ideia de superioridade e privilégio da civilização ocidental, Lévi-Strauss acreditava e enfatizava que a mente selvagem e tribal é igual à mente civilizada. Seus estudos baseados na linguagem e linguística possibilitaram novas perspectivas também para a psicologia a entender como a mente humana trabalha. “Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele — isso é algo que sempre deveríamos ter presente”, disse em 2005. Não à toa, o imaginário Ianomami quer salvar o mundo.

Para eles, urihi, a terra-floresta, não é um mero espaço inerte de exploração econômica. Trata-se de uma entidade viva, inserida numa complexa dinâmica cosmológica de intercâmbios entre humanos e não-humanos, que hoje está ameaçada pela ação dos garimpeiros e outros predadores. O líder Ianomami Davi Kopenawa explica: “A terra-floresta só pode morrer se for destruída pelos brancos. Então, os riachos sumirão, a terra ficará friável, as árvores secarão e as pedras das montanhas racharão com o calor. Os espíritos xapiripë, que moram nas serras e ficam brincando na floresta, acabarão fugindo. Seus pais, os xamãs, não poderão mais chamá-los para nos proteger. A terra-floresta se tornará seca e vazia. Os xamãs não poderão mais deter as fumaças-epidemias e os seres maléficos que nos adoecem. Assim, todos morrerão.”

*Jornalista e articulista da coluna Nas Entrelinhas, do Correio Braziliense.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende substituir superintendentes da Receita Federal. A avaliação é de que, assim como ocorreu na Polícia Federal e na Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve um direcionamento nesses cargos de confiança para nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família.

Além disso, outras mudanças devem ser feitas depois de o ex-presidente ter promovido um esvaziamento no Fisco, especialmente na área de fiscalização. As informações são do Estadão.

Segundo o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou, o secretário da Receita Federal, Robinson Barrerinhas, procura novos nomes para as administrações regionais do Fisco e pretende aumentar o número de mulheres e negros ocupando esses cargos – diretriz de Lula para toda a administração.

Ao todo, a Receita tem dez superintendentes. Desde a saída de Bolsonaro, apenas o da 6.ª Região Fiscal, que corresponde ao Estado de Minas Gerais, foi substituído porque o então ocupante do cargo, Mário Dehon, foi promovido a subsecretário de Arrecadação e Cadastros.

Dehon era superintendente do órgão no Rio de Janeiro no início do governo Bolsonaro, e acabou sendo transferido para Minas após uma série de supostas interferências do ex-presidente na Receita Federal no Estado de origem de sua família.

Em um dos episódios, em 2019, o então presidente chegou a dizer que o Fisco do Rio estaria fazendo uma “devassa” na vida financeira de seus familiares e teria pedido a substituição de Dehon e de delegados da Receita ao então ministro da Economia, Paulo Guedes.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, vai determinar a abertura de inquérito policial para apurar crimes ambientais e de genocídio na região do povo Yanomami, em Roraima. Dino é um dos oito ministros que acompanharam o presidente Lula em visita ao estado, neste sábado (21), para verificar a crise humanitária local, com indígenas atingidos pela fome, pela malária e por infecções respiratórias, entre outros problemas.

A Polícia Federal estará à frente das investigações para apurar as responsabilidades pela situação. “O presidente Lula determinou que as leis sejam cumpridas em todo o país. E vamos fazer isso em relação aos sofrimentos criminosos impostos aos yanomami. Há fortes indícios de crime de genocídio, que será apurado pela PF”, disse o ministro. As informações são do Congresso em Foco.

De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças do povo yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Os dados são referentes a 2022, e as vítimas foram crianças entre um e quatro anos. As mortes foram provocadas principalmente por desnutrição, pneumonia e diarreia. Em entrevista à imprensa, Lula se comprometeu a combater as ilegalidades nas terras indígenas e criticou o governo Bolsonaro pela desatenção aos povos da região.

A pasta estima que ao menos 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome nos últimos anos. Só em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. As faixas etárias mais afetadas estão entre os maiores de 50 anos, seguidas pela faixas de 18 a 49 anos e de 5 a 11 anos.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, também cobrou responsabilização. “Nós viemos aqui nessa comitiva para constatar essa situação e também tomar todas as medidas cabíveis para a gente resolver esse problema. Precisamos responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao ponto de chegar aqui e a gente encontrar adultos com peso de criança e crianças numa situação de pele e osso”, disse a ministra em entrevista à imprensa.

Integraram a comitiva do presidente, além de Dino e Guajajara, os ministros da Saúde, Nisia Trindade; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida; da Secretaria-Geral da Presidência, Marcio Macêdo; e do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias, além da primeira-dama Janja Silva, entre outras autoridades.

Nísia Trindade declarou situação de emergência em saúde pública nas terras Yanomami. O ministério instalou um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública, que receberá o reforço de 13 profissionais de saúde da Força Nacional do Sistema Único de Saúde na segunda-feira (23) para montar um hospital de campanha.

Lula decretou a criação de um comitê de crise que atuará de forma integrada entre os ministérios no enfrentamento da fome na região, onde vivem mais de 30 mil pessoas. Após a visita, o presidente desabafou sobre a situação de fome que testemunhou. “Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratadas da forma desumana, como eu vi o povo yanomami sendo tratado aqui, eu não acreditaria. É desumano o que eu vi aqui”. (Com informações da Agência Brasil)

Adversários na eleição para presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Rogério Marinho (PL-RN) apostam em “traições” nas bases aliadas um do outro para vencer a disputa.

Tanto aliados do atual presidente do Senado, quanto os aliados de Marinho dizem contar com votos de senadores de legendas que, em tese, prometem apoiar o respectivo adversário.

Nos bastidores, aliados de Pacheco dizem contar com votos de senadores do Republicanos, do PP e até mesmo do PL. Entre esses votos, estariam os dos senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Mecias de Jesus (Republicanos-RR). As informações são do colunista Igor Gadelha, do Metrópoles.

Já parlamentares próximos a Rogerio Marinho afirmam que o senador bolsonarista terá votos nas bancadas do União Brasil, MDB e do próprio PSD, partido do atual presidente do Senado.

Nesse cenário, o cálculo dos aliados de Marinho é de que o senador do PL estaria “quase empatado” com Pacheco. O grupo do atual presidente do Senado rebate e diz que Pacheco teria hoje uma vantagem de mais de 30 votos.

A eleição para a presidência e os outros cargos da Mesa Diretora da Senado e da Câmara dos Deputados acontecerá em 1º de fevereiro. O voto é secreto.