O ministro Luís Roberto Barroso confirmou nesta quinta-feira, 9, que vai antecipar a aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF). O anúncio foi feito em pronunciamento no plenário, após a sessão de julgamentos.
“Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos, mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo”, disse o ministro. As informações são do Estadão.
Leia mais“Fora desta bancada, continuarei a trabalhar por um tempo de paz e fraternidade. E reitero a integridade, a civilidade e a empatia vêm antes da ideologia e das escolhas políticas. O radicalismo é inimigo da verdade”, completou Barroso com a voz embargada.
Essa foi a última sessão plenária com a participação do ministro. Ele estará no STF na próxima semana, mas apenas para devolver pedidos de vista e encerrar pendências.
A decisão abre caminho para uma nova indicação ao STF pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que neste mandato já nomeou Cristiano Zanin e Flávio Dino.
Emocionado, Barroso fez várias pausas no discurso para limpar a garganta, recorrendo a pequenos goles de água para conter as lágrimas.
“Deixo o tribunal com o coração apertado, mas com a consciência tranquila de quem cumpriu a missão de sua vida”, seguiu no pronunciamento.
O ministro deixou a presidência do STF em setembro, após um mandato de dois anos, e já havia admitido publicamente que considerava antecipar a aposentadoria. Ele chegou ao tribunal por indicação da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2013, e poderia ficar no Supremo até 2033.
Barroso admitiu que levou em consideração o impacto que a exposição pública tem na vida de seus familiares. Segundo ele, a decisão foi “longamente” amadurecida ao longo dos últimos dois anos e “nada tem a ver com qualquer fato da conjuntura atual”.
“Os sacrifícios e ônus da função acabam de transferindo aos familiares e pessoas queridas, que sequer têm qualquer responsabilidade pela nossa atuação”, justificou.
O filho do ministro, Bernardo Van Brussel Barroso, diretor do banco BTG Pactual em Miami, está trabalhando do Brasil desde que o governo de Donald Trump suspendeu vistos de integrantes do STF.
Ao final do pronunciamento, todos os ministros aplaudiram Barroso de pé.
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