Do Poder360
Ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizaram o resultado da pesquisa DataFolha divulgada na sexta-feira (14), que mostra que 41% dos brasileiros avaliam o governo como “ruim” ou “péssimo”. Do outro lado, só 24% afirmaram que consideram o trabalho do governo como “bom” ou “ótimo”, enquanto 32% avaliaram a administração petista como “regular” e 2% não souberam responder.
O ministro da SRI (Secretaria das Relações Institucionais), Alexandre Padilha, afirmou que o chefe do Executivo tem “humildade e experiência para ler” e a “força e vigor adequados para reagir e mexer no que tem que ser mexido no segundo tempo do jogo”.
O chefe do órgão responsável pela articulação com o Congresso Nacional não citou a queda da aprovação. Em vez disso, destacou o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro, que foi o menor desde 2012. Falou também da queda do dólar – a moeda norte-americana fechou em R$ 5,696 na sexta-feira (14).
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“O presidente Lula tem a humildade e a experiência necessárias para ler e a força e vigor adequados para reagir e mexer no que tem que ser mexido no segundo tempo do jogo. O IPCA de janeiro já foi o menor desde 2012, o dólar já tem trajetória de queda, com trabalho, sem truques ou malabarismos”, disse o ministro.
Os resultados divulgados pelo Datafolha são praticamente idênticos aos da pesquisa PoderData realizada no final de janeiro. No levantamento, 40% dos brasileiros tinham uma avaliação negativa do governo Lula, e 24%, uma positiva, enquanto 33% disseram que o trabalho do Executivo era “regular”.
Eis a avaliação do governo, segundo o Datafolha:
ruim/péssimo – 41% (eram 34% em dez.2024);
regular – 32% (eram 29% em dez.2024);
ótimo/bom – 24% (eram 35% em dez.2024);
não sabem – 2% (era 1% em dez.2024).
Alvo de controvérsia na última semana por suposto aumento do valor do Bolsa Família, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, também minimizou a avaliação negativa do governo Lula. Afirmou que existe um “ataque cerrado aos políticos em geral”.
Comparou a pesquisa a AtlasIntel, que mostra que Lula lidera contra todos os adversários para a eleição de 2026, exceto contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Veja que em pesquisa recentemente divulgada, em cenário semelhante, o presidente Lula venceria, segundo a mesma pesquisa, a todos os adversários que se apresentaram até agora, incluindo o ex presidente Jair Bolsonaro”, declarou.
Nos bastidores, entretanto, a avaliação é que o Pixgate foi o principal motivo que puxou a queda da aprovação. Integrantes do governo afirmam que as controvérsias envolvendo a instrução normativa que ampliava a fiscalização sobre transferências acima de R$ 5.000 feitas via Pix.
A questão do Pix começou em 14 de fevereiro, quando o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) disse que trabalhadores teriam suas contas “vigiadas” como se fossem “sonegadores” com a instrução normativa. A repercussão foi um dos fatores que ocasionou a decisão do governo de derrubar a medida.
Outra questão foi a inflação dos alimentos, que atingiu 8,23% em 2024. A taxa desacelerou em dezembro no acumulado de 12 meses depois de ter uma longa sequência de alta ao longo do ano passado. Como mostrou o Poder360, a equipe econômica levou ao Planalto a avaliação de que a culpa da inflação dos alimentos se deve a fatores externos, como a alta do dólar – também influenciado pela insegurança fiscal do país.
O time, porém, não tem conclusões de como atacar esses efeitos diretamente. Aliados do governo afirmam que a recente declaração de Lula, em que orienta as pessoas a não comprarem o que está caro, foi mal recebida e pode ter contribuído para a queda na avaliação da gestão petista.
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