Se o leitor não conseguiu assistir a exibição ao vivo do podcast ‘Direto de Brasília’ com o deputado federal e ex-presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, clique no link abaixo e confira. Está imperdível!
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O Prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino, e o deputado Estadual Cayo Albino (ambos do PSB) divulgaram vídeo nas redes sociais para anunciar a data de anúncio da programação do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) 2026, especificamente da Praça Mestre Dominguinhos.
Pai e filho protagonizaram um vídeo que faz alusão a uma “gestação de nove meses” para anunciar que na próxima quinta-feira (16), serão divulgados os nomes dos artistas nacionais que irão compor a grade do palco principal. O anúncio oficial ocorrerá às 10h30min, no Teatro do Sesc Garanhuns. Com informações do blog do Carlos Eugênio.
A 34ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns será realizada de 9 a 26 de julho de 2026.
Uma grande dúvida ronda a saída do (ainda) ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso. Após anunciar na sessão plenária da última quinta-feira (9) a sua decisão de antecipar a aposentadoria, Barroso disse que ainda vai trabalhar nos próximos dias, finalizando votos de casos em que pediu vista.
Um dos casos em que Barroso paralisou a discussão é a ação que discute a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, apresentada pelo PSOL em março de 2017. Até hoje, o plenário do Supremo não concluiu a análise do processo. As informações são do blog da Bela Magale, do Globo.
Leia mais“Eu ainda posso votar [sobre o aborto]. Mas a consideração que estou fazendo é: nós já vivemos um momento com muitos temas delicados acontecendo ao mesmo tempo e os riscos de uma decisão divisiva criar um ambiente ainda mais turbulento no país”, disse Barroso em coletiva de imprensa após anunciar a antecipação da sua aposentadoria. “Portanto, um juiz não faz apenas o que quer ou gostaria de fazer. Tem de ter algumas preocupações institucionais.”
Até agora, apenas foi registrado um voto no caso – o de Rosa Weber, que fez questão de marcar sua posição e depositar o voto no plenário virtual, antes de se aposentar em 2023. Agora, a questão é se Barroso vai seguir o exemplo da colega – e também registrar o seu voto nos seus últimos dias de atuação na Corte.
No caso do aborto, Barroso pediu destaque em setembro de 2023. Mas durante os dois anos em que ocupou a presidência do STF, Barroso não viu condições políticas para retomar a análise do caso, que mobiliza diversos setores da sociedade civil – no STF, há quem tenha dúvidas de que o ministro vá querer mexer nesse vespeiro nos seus últimos dias no cargo.
Uma das ideias avaliadas reservadamente pela equipe de Barroso é devolver o caso ao plenário virtual – o que permitiria o ministro de depositar o seu voto na plataforma, antes de se aposentar. Barroso já avisou que não vai mais participar das sessões presenciais da Corte.
“É um voto muito custoso em razão da profunda divergência moral em torno do tema. Só valeria a pena proferir o voto se houvesse alguma mínima perspectiva de avanço no STF – e não há”, disse um interlocutor do ministro ouvido pelo blog.
Posição de Barroso já é conhecida
Apesar do suspense em torno dos próximos passos de Barroso, a posição do ministro sobre o tema já é conhecida.
Em 2016, num polêmico julgamento da Primeira Turma do STF, ele, Rosa e o atual presidente da Corte, Edson Fachin, se manifestaram pela descriminalização do aborto, na análise de um pedido de habeas corpus para cinco médicos e funcionários de uma clínica clandestina presos em Xerém, na Baixada Fluminense.
Naquele momento, a Primeira Turma entendeu que eles não cometeram crime e deveriam ser soltos, mas o entendimento se restringiu a esse caso. Já ação do PSOL aborda a questão de maneira mais ampla e irrestrita, para toda a população brasileira.
“A criminalização é incompatível com os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação indesejada; a autonomia da mulher, que deve conservar o direito de fazer suas escolhas existenciais; a integridade física e psíquica da gestante, que é quem sofre, no seu corpo e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez”, disse Barroso naquela ocasião.
Atualmente, a lei garante o direito ao aborto para salvar a vida da grávida, ou quando a gestação é fruto de um estupro. Em 2012, uma decisão do STF garantiu a medida no caso de fetos anencéfalos.
O PSOL quer permitir a interrupção voluntária da gravidez até a 12ª semana de gestação, independentemente da situação da mulher.
Repercussão
Para o advogado Paulo Iotti, Diretor Presidente do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero, a saída de Barroso do Supremo “é péssima para direitos das mulheres e de minorias em geral e da população LGBTI+ em especial”.
“Dificilmente teremos um ministro tão progressista na defesa de minorias indicado. E a maioria da composição atual tem mostrado não querer enfrentar temas sensíveis sobre direitos trans e o direito ao aborto no primeiro trimestre, por exemplo. Tem ‘decidido não decidir’ por razões processuais que não se aplicam ou incoerentes com sua jurisprudência”, afirmou.
Na avaliação da professora de direitos fundamentais da FGV Direito SP Luciana Ramos, a saída de Barroso traz repercussões para julgamentos do STF.
“Se pensarmos na atuação do ministro Barroso em questões envolvendo igualdade de gênero e racial, e a pessoa escolhida para entrar no lugar dele não tiver as mesmas preocupações, poderemos ter uma perda significativa no que diz respeito às pautas envolvendo grupos historicamente discriminados”, disse.
Leia menosDo Poder360
Sete a cada 10 beneficiados com o projeto do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês estão em cidades que deram vitória a Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno de 2022.
Os dados são de cruzamento feito pelo Poder360 com projeções de beneficiados da empresa DataBrasil, que usou informações da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
A consultoria estima que a isenção beneficiará 17,8 milhões de pessoas. É a única projeção disponível com um detalhamento tão completo por cidades. Leia a íntegra. O governo fala em 11 milhões com IR zerado no total e de 5 milhões a 6 milhões com descontos, mas não detalha como essa conta foi feita. Usa informações de 2023.
A isenção do Imposto de Renda foi aprovada na Câmara por unanimidade, com o apoio de todos os deputados presentes, em 1º de outubro. O texto agora aguarda análise do Senado, onde não enfrenta resistências e deve passar com facilidade. O relator na Casa Alta será Renan Calheiros (MDB-AL), aliado do Planalto.
A mudança do IR passa a valer em 2026. É uma das principais apostas do PT para bombar o projeto de reeleição de Lula.
Como já mostrou o Poder360, a isenção beneficiará majoritariamente as regiões Sudeste e Sul – mais críticas à atual administração petista. Os mapas acima mostram graficamente como será esse impacto.
A Receita Federal estima perder R$ 31,3 bilhões com o reajuste da tabela em 2026. Esse dinheiro será o que deixará de ser cobrado dos trabalhadores que ganham até R$ 5.000 ou dos que terão descontos (quem ganha de R$ 5.001 até R$ 7.350). Muitos terão uma economia que representará quase um 14º salário no fim do ano.
O total de pagadores de Imposto de Renda deve cair da casa dos 44 milhões em 2025 para perto de 34 milhões em 2026, segundo estimativas do governo. Outras projeções indicam retração ainda maior nessa base.
O número atualizado de declarantes voltará ao nível de 2020, na pandemia. As pessoas beneficiadas com a nova proposta deixarão de pagar imposto a partir de 1º de janeiro do ano que vem, mas só serão obrigadas a enviar suas declarações em 2027.
A isenção é só um dos vários presentes dados pelo Congresso a Lula que poderão ser usados como vitrine eleitoral para o petista no próximo ano.
Os benefícios sociais, que beneficiam mais o Nordeste e o Norte, serão o contrapeso da isenção do IR. Cerca de 19 milhões de pagamentos são feitos todos os meses no Bolsa Família. Mais 4 milhões de estudantes recebem o Pé-de-Meia. Para 2026, ainda terá o Gás do Povo, novo programa social que dará 1 botijão de gás a cada 2 meses a famílias pobres.
Essas iniciativas injetarão bilhões de reais na economia no ano que vem, evitando uma desaceleração, esperada por conta da alta taxa de juros, atualmente em 15% ao ano.
Uma das principais promessas de Lula, a isenção do IR foi mencionada pelo petista ao menos 20 vezes durante a campanha, depois de ele ser eleito e já no cargo.
Leia menosDo blog do Roberto Almeida
A foto foi publicada no perfil do Instagram Arquivo Político Caruaru. É de 2010, quando Dilma Rousseff disputou sua primeira eleição para presidente da República.
A petista venceu, tendo sido reeleita em 2014, mas foi derrubada por um golpe que teve participação decisiva da Globo e toda grande imprensa, políticos da direita e setores do Judiciário e Ministério Público.
Raquel Lyra, no ano desta foto, foi candidata a deputada estadual pelo PSB e se elegeu.
Hoje, a sobrinha de Fernando Lyra está mais próxima dos bolsonaristas. Talvez ela nem goste desta foto, porque alguns eleitores dela não vão gostar de saber que a ex-prefeita de Caruaru foi do PSB e caminhou pela ruas de sua terra natal ao lado de Dilma.
Por Marcelo Tognozzi
Colunista do Poder360
Minha irmã e eu descíamos a rua Oriente, em Santa Teresa, todo fim de tarde voltando do colégio Cantinho Feliz e entrávamos em casa pela porta da cozinha, o rádio de pilha com capinha de couro da Lurdininha tocando músicas do Evaldo Braga, Agnaldo Rayol, Roberto Carlos e anunciando a Gordura de Coco do Norte, aquela da lata azul feita com babaçu. Quando o relógio marcava 6 horas, entrava o vozeirão do Alziro Zarur rezando a Ave Maria. Tinha uma audiência enorme. Parecia que o Rio de Janeiro parava para rezar com ele naqueles anos do fim da década de 1960.
Alziro fundou a LBV (Legião da Boa Vontade) em 1º de janeiro de 1950. Morreria 29 anos depois, em 21 de outubro de 1979. Dali em diante, sua obra foi tocada por José de Paiva Netto, então com 38 anos, forjado por Alziro Zarur para ser seu substituto numa organização transformada em máquina de fazer o bem. Quando tinha 15 anos, Paiva Netto decidiu se unir ao homem que orava todos os dias pelo rádio, levando sua mensagem “aos homens de boa-vontade”.
Leia maisPaiva Netto estudou no Colégio Pedro 2º, um dos mais tradicionais do Rio, ganhou o título de aluno iminente, honraria concedida aos que tinham performance bem acima da média. Filho do seu Bruno e da dona Idalina, José Simões de Paiva Netto desembarcou no planeta Terra em 2 de março de 1941, no bairro do Riachuelo, no Rio. Era um mundo em plena 2ª Guerra Mundial, o nazismo tomando a Europa e Vargas se equilibrando entre a Alemanha e os Estados Unidos.
Veio ao mundo com uma missão: ajudar as pessoas. Na terça-feira (7), Paiva Netto nos deixou depois de 7 décadas dedicadas à causa social da LBV. Ele era pouco mais que uma criança, quando uma senhora negra lhe entregou um panfleto com a mensagem de Alziro Zarur sobre Jesus Cristo.
Aos 84 anos, Paiva saiu da vida e entrou para o seleto grupo dos brasileiros que se dedicaram a fazer deste país um lugar melhor para todos. Partiu num outubro, igual seu mestre.
Ele verdadeiramente amava as pessoas. Ainda adolescente já trabalhava na Ronda da Sopa, campanha lançada por Zarur para combater a fome entre a população de rua do Rio. A Ronda da Sopa ganhou versões em outros países e chegou até Nova Iorque.
O corpo de Paiva viajou do Rio para o cemitério Memorial Jaraguá, no pé do Pico do Jaraguá, ponto mais alto de São Paulo. Lembrei da minha avó Maria e do Sermão da Montanha que ela leu para mim algumas vezes. Neste sermão, Jesus ensinou o Pai Nosso, que na manhã de quarta-feira (8) foi cantado por um coral de vozes emocionadas, enquanto Paiva era velado por uma multidão de amigos e admiradores. Fui levar meu abraço ao seu filho Alziro, meu amigo de fé, inteligência rara, herdeiro do talento e do entusiasmo do pai fazedor.
A LBV foi a 1ª ONG brasileira. Nasceu da enorme capacidade de comunicação de Alziro Zarur. Paiva Netto, assim como seu mestre, foi um comunicador de mão cheia. Tinha linha direta com o divino e o profano, era liberto de preconceitos e a maior prova disso foi o templo ecumênico por ele erguido em Brasília, frequentado por todos a qualquer hora. Fui lá muitas vezes rezar debaixo do imenso cristal fixado no teto, andei na roda do infinito e sempre saí com as baterias recarregadas. Um lugar de paz.
A marca da LBV sempre foi a comunicação. E por causa dela Paiva Netto sofreu grande ataque do Grupo Globo no início dos anos 2000, acusado de usar dinheiro das doações da LBV para enriquecimento pessoal. Foi absolvido. Seu advogado Márcio Pollet mostrou terem as denúncias surgido depois de a LBV receber a concessão da geradora de TV de São José dos Campos, também cobiçada pela Globo.
Paiva Netto sempre foi um homem de bem, uma pessoa honesta. Não é possível igualá-lo aos pastores malandros que brotam Brasil afora como cogumelos no esterco. Nunca profetizou a fé por dinheiro, mas por amor ao próximo.
Sua obra foi reconhecida pela ONU e vingou nos Estados Unidos, em Portugal, na Argentina, na Bolívia, no Paraguai e no Uruguai. Em 2024, atendeu a 6,6 milhões de pessoas em todo o Brasil, das quais 14.000 alunos em escolas espalhadas pelas 5 regiões do país. Não foram poucas as vezes em que reuniu 100/150 mil pessoas e rezou com elas. No seu coração cabiam multidões.
Existem lições inesquecíveis dadas por Alziro e Paiva. A primeira e principal delas: quando você dá o melhor, recebe o melhor de volta. Se você dá uma escola boa, você recebe bons cidadãos; se você dá acolhimento e amor, recebe uma sociedade sem violência. Neste país polarizado entre o “nós e eles”, pregar tolerância e solidariedade até soa como heresia.
Este era o eixo do pensamento de Paiva Netto. Nesta quadra da nossa história, em que a vagabundagem, a esperteza e a mentira contaminaram a política, a fraude virou cotidiana – seja no INSS, no combustível ou na bebida –, nada como celebrar o homem que pregava honestidade e compaixão, valorizou a paz e depreciou a violência.
No templo da Boa Vontade em Brasília, está exposto o velho microfone usado por Alziro Zarur nas suas pregações pelo rádio, as mesmas que ecoavam pela cozinha da nossa casa na hora do Angelus. A LBV de Paiva Netto fincou raízes profundas na sociedade, especialmente entre homens e mulheres que puderam transformar seus destinos pela educação, pelo acolhimento e pelo alimento. Paiva seguiu para a eternidade sem escalas, deixou essa obra imensa toda ela construída em nome do amor.
Leia menosO ex-candidato a prefeito de Santa Luzia, Netto Lima (MDB), anunciou ontem (10) apoio ao projeto de candidatura do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), ao governo da Paraíba. O encontro ocorreu durante agenda de Cícero no Sertão, onde ele tem dialogado com lideranças políticas e comunitárias sobre o futuro do estado.
Netto Lima, que ficou em segundo lugar na disputa pela Prefeitura de Santa Luzia em 2024, com 4.345 votos — o equivalente a 43% do eleitorado — destacou a importância de construir uma frente ampla em torno de Cícero. O nome de Netto, inclusive, tem ganhado força no Vale do Sabugi como possível pré-candidato a deputado federal.
Cícero Lucena agradeceu o gesto e ressaltou que seu projeto de candidatura ao Governo do Estado nasce do diálogo com as diversas regiões e de um sentimento coletivo de continuidade do desenvolvimento. “Recebo com alegria o apoio de Netto Lima, uma liderança importante e respeitada em Santa Luzia. Estamos construindo um projeto que não é apenas político, mas de compromisso com as pessoas, com o interior e com o futuro da Paraíba”, destacou Cícero.
Por Blog da Folha
A construção de creches virou alvo de debate no cenário político. Ontem (10), a governadora Raquel Lyra (PSD) declarou que a Prefeitura do Recife solicitou ao governo de Pernambuco a instalação de dez creches no município, mas não indicou os terrenos para a instalação.
Durante a semana, a oposição cobrou o governo pela entrega das unidades de educação infantil, questionando o ritmo das obras.
Leia mais“Às vezes o terreno não existia, não tinha do estado, não tinha do município. Eu fui desapropriar o terreno, negociar com o dono, mas a gente não deixou de fazer em lugar nenhum. No Recife, por exemplo, pediram 10 creches e não indicaram o terreno. Eu fui lá, desapropriei, busquei terreno do estado e nós estamos construindo, iniciando a construção dessas creches. Esse é o desafio, mas vou entregar”, disse Raquel Lyra, em entrevista à Rádio Naza FM.
Após as declarações, a Prefeitura do Recife, se manifestou por meio de nota negando que os terrenos não tenham sido indicados pela gestão. De acordo com documento apresentado pela assessoria do governo recifense, a administração do município indicou dez áreas de propriedade do estado ainda em agosto de 2023, que poderiam servir para a instalação dos equipamentos.
“Todas as propostas apresentadas pela Prefeitura, conforme atesta a Nota Técnica nº 107/2024, foram relacionadas a dez terrenos já pertencentes ao governo de Pernambuco, localizados em áreas ociosas e contíguas a escolas estaduais, com a finalidade de facilitar a disponibilização dessas áreas pelo estado”, diz um trecho da nota. A reportagem procurou o governo do estado para repercutir a divulgação do documento, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.
Leia menosNo sabadão, a corridinha diária de 8 km foi nas areias da praia de Boa Viagem, contemplando o mar revolto, que não ouvia o barulho das suas ondas tem um bom tempo. Gosto do mar, porque acalma, inspira e nos lembra que a vida é movimento.
O azul das águas parece sempre cheio de segredos e, muitas vezes, quando olhamos o reflexo do mar, somos levados a pensar sobre o mundo, os outros e nós mesmos. Foi Fernando Pessoa que definiu o mar como a religião da natureza.
Da Gazeta Pernambucana
Se Dias Gomes ainda estivesse entre nós, talvez trocasse a fictícia Sucupira por Belo Jardim, no agreste de Pernambuco. Lá, o prefeito Gilvandro Estrela, do União Brasil, decidiu eternizar seu nome de um modo inusitado: inaugurando o próprio túmulo com direito a sanfoneiro, poeta, discursos e a trilha sonora de Ave Maria Sertaneja, de Luiz Gonzaga.
O evento aconteceu no Cemitério Municipal São João Batista, com a presença de amigos, políticos e curiosos. Durante a cerimônia, o prefeito descreveu o gesto como um ato simbólico de respeito e reconhecimento ao ciclo da vida. Enquanto uns inauguram escolas, praças ou hospitais, ele preferiu garantir logo o endereço final, cercado de aplausos e emoção.
Leia maisA cena parecia saída de uma novela brasileira. Um político, diante de sua morada eterna, embalado por música sacra e discursos poéticos. Faltava apenas Odorico Paraguaçu, de microfone em punho, discursando sobre a moralidade necrológica e o civismo tumular daquele grande feito administrativo.
A verdade é que Belo Jardim não está só. O vídeo que circula nas redes sociais, reunindo cenas políticas de todo o país, mostra que o Brasil vive uma era de espetáculos públicos dignos de realismo mágico. É o país onde prefeitos posam sobre asfalto ainda quente, parlamentares se engalfinham em plenário e obras inacabadas são entregues com fita e discurso.
A política nacional parece ter incorporado a estética da comédia popular. O improviso virou método, o palco virou palanque e o riso, uma forma de resistência diante do absurdo. Há quem inaugure pontes que desabam antes da foto oficial e agora, coroando o surrealismo, quem inaugure o próprio túmulo em vida.
Se O Bem-Amado nasceu como sátira, o Brasil transformou o enredo em documentário. Cada município tem o seu Odorico, o seu Zeca Diabo e a sua plateia fiel. O cemitério virou palco, o microfone virou cetro e o aplauso, bênção.
A prefeitura garante que o evento não utilizou recursos públicos, o que já é, de certo modo, um consolo. Mas o gesto revela uma tendência curiosa: a de transformar a política em espetáculo e o espetáculo em política.
Enquanto o sanfoneiro tocava Ave Maria Sertaneja, o prefeito afirmava sentir “os amigos e seresteiros que já partiram ali presentes”. Talvez estivessem mesmo, porque a cena parecia uma reunião de vivos e mortos em perfeita harmonia estética.
O teatro político brasileiro, que já teve seus atos no Congresso, agora se reinventa nos cemitérios. Em Belo Jardim, a morte virou solenidade e o túmulo, tribuna.
Como diria Odorico Paraguaçu, se pudesse comentar: “Nunca antes na história deste país se viu tamanha antecipação cívico-funerária”. Um gestor que, de corpo presente e alma vivíssima, resolveu garantir sua eternidade com solenidade e sanfona.
E o Brasil, entre o riso e o espanto, segue aplaudindo o espetáculo da política, essa arte tão nossa de fazer rir para não chorar.
Leia menosA partir da próxima segunda-feira, dou prosseguimento a mais uma maratona de lançamentos do meu livro “Os Leões do Norte” pelo Interior do Estado. Desta feita, a região será o Sertão do Araripe. O start em Trindade será na Câmara de Vereadores, a partir das 19 horas, com apoio da prefeita Helbinha Rodrigues (UB).
Na terça-feira, a noite de autógrafos será em Ouricuri, na Câmara de Vereadores, também às 19 horas, com apoio do prefeito Victor Coelho (Republicanos). E na quarta-feira em Exu, terra de Luiz Gonzaga, na Colégio Municipal Bárbara de Alencar, às 19 horas.
Leia maisNa quinta-feira, enfim, acontece em Araripina, a capital do Araripe, com apoio do prefeito Evilásio Mateus (PDT). O evento está marcado às 19 horas, no auditório do Centro Tecnológico.
“Os Leões do Norte” é resultado de uma extensa pesquisa jornalística e historiográfica, envolvendo 22 minibiografias de ex-governadores de Pernambuco, que exerceram mandatos entre 1930 e 2022. Trata-se de uma contribuição essencial para a preservação da memória política e institucional do Estado, destacando o papel de Pernambuco como berço de lideranças que marcaram a história nacional.
O livro ainda conta com design gráfico, capa e caricaturas de Samuca Andrade, além de ilustrações de Greg. “Os Leões do Norte” homenageia os líderes que ocuparam o Palácio do Campo das Princesas e também promove o debate sobre seus legados, suas contradições e o impacto de suas gestões.
Leia menosRepercussão negativa provoca recuo de Raquel Lyra no caso das cotas raciais
Por Larissa Rodrigues – Repórter do blog
O recuo da governadora Raquel Lyra (PSD) no caso das cotas raciais no concurso unificado de Pernambuco mostra a importância de uma imprensa livre, combativa, fiscalizadora e comprometida com as causas sociais.
Não fosse o barulho causado por este blog, que recebeu com exclusividade a informação de que o concurso anunciado por Raquel não destinava parte das vagas para pretos e pardos — tema repercutido também nesta coluna diária, ontem (10) —, talvez essa injustiça passasse incólume.
Leia maisAté o final da última quinta-feira (9), o argumento do Governo do Estado era de que, em Pernambuco, não havia lei alguma garantindo a obrigatoriedade das cotas raciais nos concursos públicos — uma desculpa para a falta de comprometimento da gestão com a pauta.
Depois da repercussão negativa da ausência das cotas, e mais ainda do argumento do governo para tal atitude, a governadora vestiu uma blusinha branca e foi ao Instagram, no início da noite de ontem, informar que mandou à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) um projeto de lei alterando o Estatuto da Igualdade Racial do Estado, assegurando as cotas nos certames.
Com a ajuda deste blog, Raquel Lyra conseguiu lembrar da existência do Estatuto da Igualdade Racial, uma lei que ela mesma havia assinado em junho de 2023, mas que, até a última quinta, não havia sido levada em consideração.
Como não poderia ser diferente, este blog não agiu sozinho na pressão contra a injustiça que o Governo de Pernambuco havia praticado. Outros veículos de imprensa, como o portal G1PE, da Rede Globo, também repercutiram o assunto.
Também houve manifestação de parlamentares, entre elas as deputadas estaduais Dani Portela (Psol) e Rosa Amorim (PT), e as vereadoras Eugênia Lima (PT), de Olinda, e Jô Cavalcanti (Psol), do Recife.
Ainda houve posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE). A vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-PE, Márcia Santos, disse em entrevista ao G1 que a falta de cotas no edital feriu o Estatuto da Igualdade Racial, o que poderia levar à suspensão das inscrições na Justiça.
Inscrições suspensas – O governo informou que as inscrições estão suspensas. “Para a efetivação das políticas de promoção da igualdade racial, o Governo do Estado suspenderá, temporariamente, as inscrições do Concurso Público Unificado de Pernambuco (CPU-PE), com o objetivo de adequar o certame às diretrizes que serão instituídas por meio do projeto de lei, garantindo sua conformidade com os princípios constitucionais da isonomia e da inclusão social. Em momento oportuno, será divulgada a nova data de inscrição, bem como a nova data da realização das provas. Os candidatos que já se inscreveram não serão prejudicados, pois continuam com a participação no certame garantida”.
Raquel pediu celeridade à Alepe – A governadora Raquel Lyra pediu auxílio da Assembleia Legislativa para aprovar o projeto que altera o Estatuto da Igualdade Racial. “Contamos com o apoio da Assembleia para tramitar o texto com a maior urgência possível, a fim de que possamos, no mesmo edital, retomar a inclusão das cotas raciais e realizar o concurso ainda durante o mês de dezembro”, afirmou.
Serão 30% das vagas para as cotas – Segundo o texto do Poder Executivo enviado à Alepe, 25% das vagas serão destinadas para pretos ou pardos, 3% para indígenas e 2% para quilombolas. Para concorrer às vagas reservadas pela lei, os candidatos deverão se autodeclarar, no ato da inscrição, pretos ou pardos, indígenas e quilombolas.
Por falar na Alepe – A Assembleia Legislativa começa, na próxima segunda-feira (13), o agendamento para a campanha “Juntos Nos Cuidamos: Outubro Rosa, Novembro Azul”, que promove ações de prevenção e diagnóstico precoce dos cânceres de mama e de próstata. A iniciativa, já tradicional no calendário da Casa, disponibilizará 15 mil atendimentos gratuitos, entre consultas, exames e serviços de cidadania. As marcações podem ser feitas de 13 a 24 de outubro, em dias úteis, pelos telefones (81) 3183-2026, (81) 3183-2242, (81) 3183-2443 e (81) 99442-9336, de segunda a quinta-feira, das 8h às 16h, e nas sextas, das 8h às 13h.
E Wal retorna ao MDB – O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) restabeleceu, ontem (10), a filiação do deputado Waldemar Borges ao MDB. A decisão foi tomada pelo desembargador Agenor Ferreira de Lima Filho, que suspendeu liminar anterior da 3ª Vara Cível do Recife que havia anulado o ato de filiação realizado pelo diretório estadual do partido, em agosto. Com a decisão, o parlamentar volta a ter o nome regularizado como filiado ao MDB no sistema da Justiça Eleitoral. O desembargador considerou que não há indícios de irregularidades na filiação e que a suspensão poderia causar “prejuízos imediatos” ao deputado, tanto políticos quanto pessoais.
CURTAS
Greve na Compesa 1 – Após assembleias no Recife, em Caruaru e Petrolina, os trabalhadores da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) aprovaram a deflagração de greve por tempo indeterminado. A partir da próxima segunda-feira (13), as unidades operacionais serão paralisadas e os cargos gerenciais serão entregues. As informações são do JC.
Greve na Compesa 2 – Dentre as reivindicações dos profissionais, estão: reposição integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), ganho real nos salários e garantia de estabilidade no emprego por 35 anos, tempo da concessão parcial dos serviços.
Parque Roque Santeiro – Amanhã (12), às 10h, a Prefeitura do Recife entrega a primeira etapa do Parque Roque Santeiro, um novo equipamento público às margens do Rio Capibaribe, nos Coelhos, dedicado ao entretenimento. O ato contará com as presenças do prefeito e do vice-prefeito do Recife, João Campos (PSB) e Victor Marques (PCdoB), respectivamente.
Perguntar não ofende: Quantas creches Raquel entrega até 31 de dezembro deste ano?
Leia menosPor Flávio Chaves*
A manhã em Olinda tinha algo de ancestral. O sol filtrava sua luz pelas janelas da memória, e no salão onde se reuniam jovens estudantes, parecia que o tempo, por instantes, deixou de ser linha para se tornar círculo. Um círculo sagrado onde passado, presente e futuro se tocavam.
Foi nesse chão histórico, entre paredes que já ouviram muitos passos e silêncios, que se celebrou algo maior do que um lançamento de livro. Celebraram-se destinos. Magno Martins, com a dignidade dos que não escrevem apenas com palavras, mas com vida, entregou aos olhos e mãos de adolescentes a sua mais preciosa construção: Os Leões do Norte.
É preciso dizer com todas as letras, ali não se entregou apenas um livro. Entregou-se um mapa. Um testemunho. Uma convocação. Uma herança simbólica que resgata a política como arte do encontro, da disputa limpa, da construção de projetos coletivos. Ali, cada jovem com seu exemplar na mão segurava, mesmo sem perceber, a tocha de uma linhagem.
Leia maisAs imagens captadas por Waleska Cambrainha, com o dom de quem enxerga além da lente, não apenas documentam o instante, elas o eternizam. Há nelas uma carga poética difícil de descrever: os rostos atentos, os olhos vidrados, as mãos segurando livros como quem carrega uma relíquia. Um silêncio reverente que gritava: “estamos prontos para ouvir, para aprender, para continuar”.
E por que isso é tão comovente? Porque neste país onde tanto se silencia, onde a juventude tantas vezes é desdenhada ou descartada, ver adolescentes pararem para escutar uma história que não é contada nos algoritmos, a história de Pernambuco, da sua política, dos seus homens públicos — é um gesto quase revolucionário.
Magno sabe disso. E por isso escreveu: “Tenho razão de sobra do meu dever cumprido!”. A frase parece simples. Mas carrega o peso de décadas de ofício, pesquisa, entrevistas, buscas incansáveis por veracidade e justiça histórica. Ele sabia o que estava fazendo, estava puxando um fio. E agora, graças a esse fio, novos tecelões da memória estão sendo formados.
Que outra emoção maior pode haver para um autor do que ver seu livro lido com olhos de descoberta? Que maior vitória do que ver o conhecimento romper as grades da superficialidade e encontrar morada em mentes sedentas?
Entre os personagens do livro estão Eraldo Gueiros, Barbosa Lima Sobrinho, Moura Cavalcanti, Cid Sampaio, Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos e tantos outros, há uma constância: todos eles, à sua maneira, acreditaram que a política é ponte, não palanque. É construção, não ruído. É entrega, não vaidade.
Hoje, esses nomes ganham novos leitores. E, mais ainda, novos guardiões. Porque cada jovem tocado por essas páginas talvez nunca mais veja a política da mesma forma. Talvez descubra que há grandeza sim, que há exemplos, que há caminhos.
Na terra dos quatro cantos, entre ladeiras e memórias, um novo ciclo começou. Um livro passou de mão em mão. E com ele, passou um pedaço do espírito de Pernambuco.
Quem esteve ali não testemunhou apenas um lançamento. Presenciou o encontro raro entre o saber e a esperança, entre os que vieram antes e os que virão depois. Presenciou o milagre da educação como chama viva.
E isso, meu amigo, é mais do que um dever cumprido. É uma missão consagrada.
*Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras
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