Por José Nivaldo Junior*
Arrepiado, uma lágrima pendendo dos olhos, vou escrever o texto mais difícil dos últimos tempos. Um amigo sem tanta convivência recente, faleceu hoje, em São Paulo, assassinado pelo próprio filho. Que, de quebra, feriu também a madrasta, que interferiu para tentar evitar o trágico desfecho. Motivo, resumido em uma só palavra: drogas.
A ilegalidade do tráfico, apoiada por religiosos, direitistas, esquerdistas sem noção, políticos e autoridades em geral, escreve mais uma página shakesperiana nos anais da criminalidade no Brasil.
Leia maisMarta Suplicy escolheu Marcelo Teixeira e eu para fazer o marketing da sua campanha para governadora de São Paulo, em 1998. Depois de um almoço a três em Brasília, peguei o avião para São Paulo e fui direto para a sede do PT estadual. Lá, conheci no mesmo momento, Palocci (presidente), Frateschi (Tesoureiro) e Garreta (Comunicação), o trio de ferro do Diretório Estadual.
Com eles, rolou toda a parte de comando da campanha que reelegeu Eduardo Suplicy senador e catapultou Marta, então deputada federal, ao primeiro plano da política de São Paulo. Dois anos depois, com nossa participação, foi eleita prefeita da capital.
Campanha política gera rápidos relacionamentos. Ficamos amigos de todos, Marcelo e eu. Compartilhamos bons e maus momentos. Criamos afetos, sem maior intimidade. Mas sempre mantendo algum tipo de contato.
Certas vidas bem-sucedidas carregam na testa a marca de Caim das Tragédias dignas de Sófocles ou Shakespeare. Vou resumir: Paulo Frateschi, irmão do ator Celso, perdeu dois filhos – dois – em acidentes de trânsito. Sofrendo as maiores dores que um pai pode sofrer, enterrar os filhos. Pois bem, Paulo Frateschi sofreu uma terceira dor ainda maior: levar para a eternidade, como última imagem da vida, o terceiro filho, sob efeito de abstinência de drogas, de faca em punho desferindo golpes mortais nele e profundos na madrasta. Não imagino dor maior.
Feita a homenagem, vou tomar minha dose de uísque e deixar as lágrimas rolarem.
*José Nivaldo Junior é, neste momento, apenas um coração doendo.
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