Mencionada pretensão, depois de lapso breve, se configurou efetiva realidade, por via da certificação editorial do volume, quando remansa editada a obra, sob minha interpretação ligeira e, neste corredor, a modo de antecomeço, submissa às considerações ora aduzidas. 
Conquanto não me arvore de exegeta neste mister, representa ufania tamanha deitar uma conjunção de glosas, malgrado limitadas em consequência da míngua de conjuntura e espaço, acerca do bem originado do talento de uma demandista de alento, pouco habitual no concerto das produções coestaduanas, na senda dos variados móbeis entremeados nas seis artes ensaiadas, aqui disposto no âmbito da Literatura. 
Contabilizo na coluna do crédito, todavia, a conceição de que aludidas opiniões, quiçá por haverem negado luz à minha inábil lanterna, se achem até meio apartadas dos pontos imaginados onde estão circunscritas as preciosas ideias da autora, magnificamente exprimidas sob a umbela dinda e protetora da Língua Portuguesa. 
Procedo, contudo, à manifestação de um vexame configurado neste instante assaz crítico e desagradável pelo qual desliza o idioma camoniano, o qual não é recebido com a obrigatória deferência, muito menos dotado da justa e essencial atenção no concernente à sujeição às regras operadas pelos especialistas dos nove países lusofônicos, em particular Brasil e Portugal. 
Tal sucede, aquando, infelizmente, no curso desta quadra de travessia conturbada – seja isto reiterado – não se consagra ao mencionado sistema linguageiro de procedência latina a indispensável veneração, não sendo a esta codificação votado, sequer, o exigido respeito, sobrando encostado a uma circunstância de desarrimo, abeirando-se à desonradez e acostando-se a um malogro perto de se consumar, porém, que não vai de modo algum acontecer…! 
Na estação ora transitada, no Brasil, pelo Código Glossológico Lusitano, abraçado com determinação e rigor, desde instantes imemoriais, pelos escritores de alteado padrão, bem assim por parte de seus lentes, preceptores e adeptos – onde se entranha com propriedade a escritora sob comento – conforma-se real estado de descaso, conducente ao verossímil padecimento de quem o admira e obedece. 
Registra-se, então, a oportunidade na qual certas pessoas lhe desprezam os ditames, desobedecem ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – o VOLP oficial, castigando e abandonando palavras e expressões vigorantes, assentes em razões linguísticas e históricas, no mesmo passo em que inventam outras sob incontáveis sem-razões, criticam os cânones e notações obrigatórios e investem numa má sorte infinda de procederes amplamente aversos às determinações corretas e oficiais. 
Distante aqui de não reconhecer sua positividade e lhe aceitar a alçada capacidade de acerto, lógica conferida pela realidade certificada pelo conhecimento parcialmente ordenado (a Ciência ao modo de Herbert Spencer), impende-me evidenciar, por oportuna e forçosa a conjunção, a magna e refalsada potência global da I.A. – inteligência artificial – ao juízo da maioria, como motriz a transportar respostas a quaisquer indagações e oferecer soluções para resolver enigmas de todos os gêneros, algo bem remoto de acontecer. 
Este engano é um artifício desonesto da banda de parcela dos comportamentos antrópicos, ao menos por enquanto, e nele somente se insertam algumas universidades, instituições de investigação e terrenos de prova, nomeadamente em teses de doutoramento, dissertações de mestrado e tarefas acadêmicas no estalão lato sensu, enjeitando, mesmo repudiando, a vigilância e a solicitude relativas às revelações da instrução nova, arrimada no conceito do saber natural. 
De efeito, “pseudoautores” e refalsados orientadores de agora largam as tarefas demandantes de conhecimento ao reboque da inteligência artificial, repelindo o incremento e a propagação do tino natural, acreditando, despropositadamente, no fato de “mente”, “alma” e “espírito” desse formato de intelecção serem adequados ao transporte do entendimento renovado ao máximo de sua valoração, ao desfigurar por completo os saberes ingênitos procedentes das concepções hominídeas, conformados no entendimento racional.
Inumeráveis cabeçadas, ainda, são, para complemento destas notas, passíveis de ser trazidas a cotejo, porém não as comento, pois, decerto, iriam encompridar excessivamente a reflexão e, quem sabe, os consultantes a enjeitariam, eliminando a intenção, restando-me na expectativa de esta proceder, mesmo assim, sem disto guardar a certeza. 
Cumpre, todavia, celebrar esta verdadeira graça, configurada no caso de terem curso, insistentemente, produções e atitudes da agricultura de escritores e outros advogados da espécie avessos às posições há pouco desaprovadas, os quais exaltam os excepcionais haveres da Língua Nacional e logram salvá-la do descaso, imoderação e incongruências tão fora de propósito, mas em crescente espantoso. 
Na lista de combatentes pela grandeza, perfeição e continuidade de usança salutar da LP (bem sobrevinda é arte maior), salvante professores, gramáticos, imortais de sodalícios de literatura, língua lusitana, jornalismo e assemelhados, ajustam-se os inventariantes de volumes literários no âmbito de seus diversos expedientes, escriturando-se romances, poesias, contos, ensaios e outros esquadrinhamentos acadêmicos lato e stricto sensu, tratados e demais modalidades de enredo. 
Aí se insere a magnificamente dotada escritora Gilda Freitas, manufatora deste Sem vontade de voltar para casa, simpaticíssima conjunção de estâncias claras, alvura do cisne artístico a aplicar-se em concomitância a um exequível romance – ou conto, pois constitui narrativa ligeira e concisa – haja vista a mescla inteligente, culta e de estese amena do artefato, requisitos que lhe enroupam genericamente os cabedais, transpostos para seu já amplo e notório portefeuille. Aliás, com a sobeja capacidade intelectual por ela detida na feitura de engenhos escriturais, arbitra-se bem simples que transponha para qualquer molde da literatura o bem sob escólio, ora, por querer seu, no padrão de versos brancos. 
É descabido, no entanto, a fim de não subtrair do acólito ledor a ocasião de decodificar as expressões autorais, projetadas para ele, que eu adiante deduções, as quais, inclusivamente, instigado pelas insinuações, seriam suscetíveis de o conduzir a uma descodificação diametralmente diversa daquela por ele imaginada, ideia amplamente avessa àquilo tencionado pelas ideações de Gilda Freitas. 
Vai-se divisar, ao ser oferecida a peça aos consultantes, o desvelo de Gilda Freitas em relação ao seu exigente acompanhamento do estandarte que a “… brisa do Brasil beija e balança …”  (Navio Negreiro – Castro Alves) conduzido linhas atrás. 
Tal ocorre porque ela patrocina, resolutamente, a correção linguística e moureja em prol da estilística, ao não repetir vocábulos nem expressões, e ainda rebate o emprego desazado de manias e chavões, os quais borram de vileza lingual o texto, menos em poemas do que noutros motivos literários. 
Impõe-se exprimir o fato de a escritora se desprover do exagero, na oportunidade em que lavra de tal modo, pois existe a licença poética, configurada na autonomia autoral de se afastar das normas da gramática para fins de estesia e expressão, achegando-se, exempli gratia, ao discurso do cotidiano, ocorrência indene de juízo crítico, acobertada pela expressa permissão inspiradora. 
Ela não faz acepção de palavras e dicções e emprega a magnificência do Português porque o consulente, passível de as não conhecer, é alcançado na qualidade de aprendente, obrigado a recepcionar positivamente aquilo exprimido pelo autor, por considerar o escrito literário mensagem produtora de cultura, dádiva de saber, estudo, instrução etc.
Constantemente, se reflete como a seguir. 
– De que adianta ler e escutar meramente o que já se sabe?  
De tal sorte, sob a circunstância crítica confessada em passagem anterior, Gilda Freitas se louva no bom discurso, vasto, fecundo e magisterial, como é apreciável no Sem vontade de voltar para casa, a fim de oferecer uma escrita deste quilate, a enobrecer, pela profusão de ideias vazadas em uma manifestação escorreita, opósita à exageração e recheada de tropos linguísticos magnificamente aplicados, para enricar sempre mais o caixa-forte da apurada reserva literária brasileira. 
Aprecie com detenção, estimado consulente, este desemparelhado produto editorial da exímia produtora literária Gilda Freitas, a qual, sobre se constituir escritora a mancheias, modela, também, uma componente da parede, refletida em passagem anterior, como obstáculo aos posicionamentos de invalidação e apoucamento axiológico do Código Linguístico Português, feita moto paredista. 
Sob o expresso movimento, animoso e resistente, com a maior determinação e segurança, tendo por compartes damas e cidadãos dotados de tanta grandeza, e com produção multíplice, retenho a convicção de que, desde o pódio, o espumante será repetidamente balançado e por todos os vãos esparzido. 
Fortaleza, outubro de 2025.
			
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