Por Claudemir Gomes
Nome/apelido: Val
Sobrenome: Torcedor do Santa Cruz
Profissão: Taxista
Isto é tudo que sei a respeito de um cidadão comum, amante fiel e anônimo do Santa Cruz Futebol Clube. Todos os dias ele para o seu taxi na rua Henrique Capitulino, esquina com a Av. Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem, onde passa a maior parte do tempo papeando com os amigos de sempre, pessoas simples como ele, de sonhos palpáveis, que se contentam com o pouco. Um pouco que mais das vezes não chega.
Leia maisPois bem! Na minha rotineira ida à padaria, mais das vezes, encontro Val. Se estiver ao celular, navegando pelas redes sociais, faz uma pausa para me cumprimentar. Quando está embalado numa prosa com os amigos, dá um trago daqueles que embriaga até a alma, e logo arremessa uma frase que tem como mote o seu querido Santa Cruz.
Hoje foi o primeiro dia que encontrei Val pós desclassificação do Santa Cruz na Série D. Sua frase parece que foi tirada daquele livrinho de bolso – Minutos de Sabedoria – tamanha lição de resignação, sabedoria e resiliência:
“Ano que vem tem mais!”, exclamou.
Não atirou pedras em ninguém. Não buscou culpados. Claro que dentro do seu peito tem um coração magoado, choroso, mas que não perde a esperança por dias melhores.
Como isso vai acontecer?
Naturalmente que Val não tem a resposta. Acredito que aqueles mais de quarenta mil torcedores que há dez dias estiveram no Arruda, dando uma demonstração inconteste de que o Tricolor do Arruda é um dos clubes mais queridos do futebol brasileiro, também não saibam qual o caminho para colocar o Santinha em sintonia com o novo tempo.
Neste Século XXI, o Santa Cruz, passou de passagem, três vezes pela Série A: 2001; 2006 e 2016. Disputou quatro edições da Série B: 2007; 2014; 2015 e 2017. Esteve presente seis anos na Série C – 2012; 2013; 2018; 2019; 2020; 2021, e no próximo ano vai para sua quinta passagem na Série D: 2009; 2010; 2011; 2022 e 2023.
Sintetizando: tudo o que foi construído nas décadas de 70 e 80 do Século XX, quando o Clube do Arruda chegou a ser apontado como referência de crescimento no futebol brasileiro, foi enterrado com a chegada da nova ordem. O “Gigante” não percebeu que estamos na era do smartfone, e seus dirigentes seguem com um fax em cima da mesa.
Ontem – segunda-feira – o amigo e publicitário, Antônio Batista, me enviou, via WhatsApp, alguns memes sobre o atual momento do Santa Cruz. Hoje, quando busquei as mensagens, do mesmo Toinho, recebi a canção – Smile – do inesquecível Nat King Cole.
Não me perguntem os culpados pela derrocada do Santa Cruz no Século XXI. Todos pecaram por pensamentos, palavras, atos ou omissão.
Parodiando Nat King Cole, no icônico Smile, podemos afirmar que: “Quando há nuvens no céu o Santa Cruz sobreviverá”.
Assim pensa Val.
Assim pensa uma multidão de amantes do Tricolor do Arruda.
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