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A insatisfação e ineficiência da gestão Raquel Lyra (PSDB) em Fernando de Noronha alcança vários setores. Nas últimas horas, recebemos documentos sobre cancelamentos de voos, deixando moradores e empreendedores da ilha sem acesso a várias capitais do Nordeste, com zero articulação do Governo do Estado com as companhias aéreas.
Até os taxistas estão revoltados com a gestão estadual na ilha. A administradora geral Thallyta Figueirôa foi exonerada, mas o Governo não esclareceu os motivos. O cargo depende de aprovação dos deputados estaduais. Então, será mais um espaço do Governo que ficará acéfalo provisoriamente, como as Secretarias de Educação e Esportes, sem titular há várias semanas. Outra marca da gestão Raquel, órgãos importantes que ficam longos períodos sem titular.
Leia maisO fato novo é que a administradora Thallyta Figueirôa está no centro de um potencial novo escândalo ambiental na ilha. O Governo e as empresas de recolhimento de lixo estão divergindo, gravemente, sobre a responsabilidade por seguidos casos de derramamento no mar do lixo recolhido no arquipélago.

Servidores e a população estão alarmados, pois grandes quantidades de lixo estão sendo derramadas no meio ambiente nas últimas semanas. Até turistas já estão percebendo a situação. O Governo tentou culpar as empresas, mandando uma notificação para tentar se blindar. Um jogo de empurra, típico da gestão Raquel. O blog teve acesso a toda a documentação. O impasse pode ter sido um fator para a queda da administradora, admitem fontes.
Tudo começou quando a população passou a perceber, a olho nu, que o lixo transportado para o continente estava voltando às praias, principalmente na região do porto. Todo o problema foi ocasionado por ineficiência administrativa do Governo do Estado, desde a virada do ano.
Ao saber que jornais nacionais, como a Folha de São Paulo, estavam fazendo matérias sobre Noronha, a gestão estadual se desesperou e tentou empurrar toda a responsabilidade para as empresas, em notificação extrajudicial enviada em 9 de janeiro de 2025.
O Governo colocou a notificação como sigilosa, mas o Blog teve acesso ao documento. Toda a redação do Ofício 13/2025, de Thallyta Figueirôa, tentou empurrar a responsabilidade pelas falhas para as empresas. “A Autarquia Distrito Estadual de Fernando de Noronha (ATDEFN) vem, por meio desta, notificar formalmente a empresa acerca da identificação de larvas caindo no mar durante o carregamento de resíduos sólidos na embarcação, utilizada no transporte de resíduos”, admitiu a administradora Thallyta Figueirôa, no documento.
Segundo o próprio Governo, a situação pode caracterizar suposto crime ambiental, de competência da Justiça Federal. “Reconhecemos que, por tratar-se de resíduos, a presença de larvas é comum e esperada. Contudo, a situação verificada demonstra uma grave inadequação na forma de contenção do barco, resultando no vazamento das larvas diretamente para o ambiente marinho”, reconheceu Thallyta no documento.
Este contrato de recolhimento de lixo foi licitado pela gestão Raquel Lyra e teve muitas polêmicas na concorrência, com denúncias e apuração pelo TCE. O contrato 48/2024 foi assinado em 26 de dezembro de 2024 e teve data de início da prestação dos serviços objeto, a partir de 1º de janeiro de 2025. Ou seja, todos os problemas começaram já na atual gestão.
As empresas responderam claramente que o problema está sendo ocasionado por graves erros do Governo do Estado, ao especificar os equipamentos na licitação. “O eventual vazamento de larvas e/ou pequenos resíduos transportados, está estritamente relacionado a inadequação das embalagens especificadas no TR e utilizadas no processo, os chamados Big Bag´s, que, por suas características construtivas no formato de uma grande sacola, propiciam os incidentes”, denunciam as empresas.
Segundo as empresas, pela falha do Governo, a solução “demandará prazo para fabricação/instalação, a ser informado após a conclusão das negociações”. Ou seja, o despejo de larvas e a poluição vai continuar na gestão Raquel Lyra, sem prazo para solução. As empresas também denunciam que o Governo do Estado está armazenando o lixo de Noronha de forma inadequada, impossibilitando o correto transporte do lixo para o continente.
As empresas pediram várias vezes para Thallyta Figueirôa resolver o problema, mas a administradora sequer respondeu as notificações extrajudiciais que recebeu. “Conveniente se faz exaurirmos o assunto a respeito do acondicionamento inadequado dos rejeitos, aliás, o assunto já foi tratado no Contrato anterior, por meio da Correspondência Carta 144/2024-Orç, datada de 01/12/2024, sem resposta até o presente momento”, lembra a empresa, em documento oficial.
As empresas exigiram uma reunião presencial com Thallyta, para resolver as acusações infundadas do Governo do Estado. Poucos dias depois, a administradora geral foi exonerada. O governo Bolsonaro, em 2022, ajuizou ação no STF para retomar a gestão dos imóveis em Fernando de Noronha.
Já no governo Lula, o Governo Federal e Raquel Lyra assinaram um acordo para gestão compartilhada da ilha. A poluição por omissão do Governo do Estado pode implicar, em tese, descumprimento do acordo e levar Pernambuco a perder a gestão do arquipélago, apontam servidores sob reserva.
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