Por Ricardo Paes Barreto*
Para muitos adolescentes que vivem em unidades de acolhimento, completar mais um ano de vida não é sinônimo de festa. Em vez de bolo, velas e abraços, há um silêncio carregado de incertezas. A cada aniversário, a alegria cede espaço à ansiedade. Isso porque, ao atingirem os 18 anos, esses jovens são obrigados, por lei, a deixar os abrigos – muitas vezes, sem uma família de apoio, sem emprego e sem perspectivas concretas de futuro.
O que fazer quando se atinge a maioridade sem ter para onde ir, sem ninguém esperando do lado de fora, sem nenhuma porta aberta?
Leia maisÉ diante dessa realidade dura e invisível para grande parte da sociedade que o Programa Novos Caminhos, lançado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), surge como uma iniciativa transformadora. Criado a partir de um modelo idealizado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina e institucionalizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o programa conecta adolescentes acolhidos e egressos das instituições a oportunidades de capacitação, educação, saúde e, principalmente, empregabilidade.
A proposta é clara: preparar esses jovens para uma vida autônoma, garantindo acesso a cursos profissionalizantes, orientação vocacional, acompanhamento psicossocial e conexão com empresas parceiras que possam acolhê-los como aprendizes, estagiários ou futuros colaboradores.
Mais do que oferecer formação técnica, o programa oferece o que muitos desses jovens mais precisam: acolhimento, confiança e dignidade.
A atuação da 1ª Vara da Infância e Juventude da Capital, por meio da Coordenadoria da Infância e Juventude do TJPE, tem sido fundamental na articulação de uma ampla rede de instituições públicas e privadas, como universidades, entidades sociais e empresas que acreditam no poder de transformação dessa juventude. Casos como o de Vitória Adriana da Silva, de 18 anos, que hoje trabalha na área administrativa de uma empresa após participar do programa, mostram que é possível mudar histórias. Basta oferecer oportunidade.
Mas esse esforço precisa ser coletivo. A consolidação e a expansão do Novos Caminhos dependem do engajamento de mais empresas, de mais lideranças comprometidas com a justiça social, que estejam dispostas a oferecer não apenas uma vaga de trabalho, mas uma nova chance de vida.
Por isso, o convite está feito: se você é empresário, gestor ou profissional liberal, junte-se ao Programa Novos Caminhos. Ajude a formar, capacitar e integrar esses jovens ao mundo do trabalho. A transformação que você pode promover ultrapassa os muros da sua empresa e alcança o coração de quem mais precisa.
Ofereça uma oportunidade. Ofereça um caminho. Ofereça esperança.
*Presidente do TJPE
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