O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Flávio Dino, agendou o início do julgamento dos recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros seis réus do chamado núcleo crucial da trama golpista para o dia 7 de novembro. A sessão se estenderá até o dia 14 no plenário virtual. As informações são do portal Estadão.
Além de Dino, participarão do julgamento Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Luiz Fux, que deixou a Primeira Turma na semana passada, não deve votar. O prazo para recurso dos réus condenados terminou na segunda-feira, 27. Foram condenados oito réus desse núcleo em setembro. Apenas o tenente-coronel Mauro Cid não apresentou recurso, pois conseguiu manter os benefícios previstos no acordo de delação premiada.
Os recursos que serão julgados são embargos de declaração. Eles não têm potencial para reverter as condenações, mas podem resultar em ajustes pontuais às penas impostas aos réus. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. Após a análise dos recursos, os ministros decidirão se receberão outros recursos na sequência, ou se decretarão o trânsito em julgado logo. Apenas com os processos oficialmente encerrados é que pode ser determinado o início do cumprimento da pena e a definição se isso ocorrerá no sistema prisional ou em casa.
A nova minuta do Ministério dos Transportes representa um dos maiores retrocessos na história da formação de condutores no Brasil. O texto, elaborado sem qualquer diálogo com os Detrans, os Centros de Formação de Condutores (CFCs) e os profissionais instrutores, ignora 28 anos de avanços e coloca em risco a segurança de milhões de brasileiros.
O ministro Renan Filho conduz o processo de forma autoritária e com evidente viés eleitoral. A mais de 90 dias, o governo federal transformou a discussão em uma campanha publicitária, prometendo reduzir em até 80% o custo da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O discurso é populista: todos queremos baratear, modernizar e desburocratizar o processo. Mas, para as autoescolas, isso não é possível sem mudanças na legislação atual, que ainda impede, por exemplo, a redução da carga horária mínima, o uso de carros automáticos e a oferta de aulas teóricas em formato EAD.
Enquanto ataca o setor de formação, o ministério apresenta uma “solução” perigosa, que ameaça transformar o trânsito brasileiro em uma verdadeira carnificina. A minuta é permeada por interesses privados e lobby de gráficas, clínicas médicas, plataformas de aplicativos e empresas de EAD. Em vez de aperfeiçoar o modelo existente, destrói o que vem sendo aprimorado há quase três décadas e cria um sistema que permite aulas práticas em veículos sem duplo comando de freio e ministradas por instrutores autônomos, fora da estrutura fiscalizada dos CFCs.
O ministro afirma combater “reservas de mercado”, mas se cala diante das verdadeiras: as gráficas credenciadas pelo próprio Ministério dos Transportes, apenas três em todo o país, e o pequeno grupo de clínicas médicas e psicológicas habilitadas para realizar exames. Por que essa seletividade?
Quando o governo diz que uma CNH custa R$ 2.500, omite os próprios custos oficiais: cerca de R$ 300 pela taxa de emissão e R$ 250 por cada exame médico e psicológico, valores cobrados por prestadores credenciados pelo próprio governo. Em alguns detrans a taxa passa de R$1000. O restante corresponde às aulas teóricas e práticas, que são o coração da formação e garantem que o futuro motorista aprenda com segurança e responsabilidade.
Nós, do setor, apresentamos uma proposta técnica que mantém a qualidade, reduz a carga horária e o valor final em até 60%. Mas o governo se recusa a ouvir. O ministro já divulga, em suas redes sociais, o passo a passo do “novo processo”, mesmo antes de concluída a consulta pública, o que evidencia que essa consulta é apenas uma formalidade.
Agora imagine seus filhos ou netos aprendendo a dirigir em carros de locadora, sem duplo comando de freio, ao lado de um instrutor desconhecido, avaliado por estrelinhas em um aplicativo. Ou ainda, aulas de motocicleta em vias públicas sem qualquer identificação de aprendiz. Fiscalizar será impossível.
No Brasil, existem hoje 17 programas de CNH Sociais com milhares de vagas ociosas. Muitos cidadãos não tiram a habilitação nem quando ela é gratuita. O problema não é o preço, e sim a falta de fiscalização e a impunidade, fatores que desestimulam o interesse e enfraquecem a cultura da responsabilidade no trânsito.
Estamos falando de um setor que emprega cerca de 300 mil brasileiros e reúne mais de 15 mil empresas que prestam um serviço essencial à segurança pública. Em vez de fortalecer essa rede, o Ministério dos Transportes tenta destrui-la por vaidade política.
Renan Filho faz campanha antecipada sob o pretexto de “modernização”. O mesmo ministro que sonha voltar ao governo de Alagoas transforma o trânsito em palanque eleitoral. É lamentável que um governo que prega a educação como instrumento de transformação aceite a banalização da educação no trânsito, justamente o espaço onde se salva vidas.
A proposta é tão equivocada que uniu as maiores centrais sindicais do país (CUT, UGT, CTB e Força Sindical), que já realizaram protestos em 17 estados. O ministro Renan está conseguindo algo inédito: colocar empresários e trabalhadores contra o próprio Partido dos Trabalhadores.
Para manter os Detrans em silêncio, a minuta não toca nas provas teóricas e práticas, nem na abertura de concorrência para novas empresas imprimirem CNHs ou realizarem exames médicos. Em outras palavras, os Detrans continuam ganhando, as gráficas continuam ganhando, as clínicas continuam ganhando e agora entram as locadoras, os aplicativos e as empresas de EAD, e por falar em EAD é do mesmo grupo empresarial que obrigou os cfc’s a comprar o SIMULADOR de Direção, por isso o apoio do Vice-presidente.
O trânsito não é palco para populismo. A CNH não é um produto. É uma conquista que envolve responsabilidade, técnica e formação. Reduzir custos à custa da segurança é um preço alto demais para o Brasil pagar.
*Presidente da FENEAUTO e do SindCFC-PE | Coordenador da CPCFC/Fecomércio-PE
Consagrada artista visual brasileira, Valéria Pena-Costa irá assinar a curadoria da próxima exposição da brasiliense Isadora Maia. Agendada para acontecer em novembro, a mostra irá reunir tecidos autorais e uma série de telas, com toda a criação inspirada na Ilha da Madeira.
Em fevereiro, Isadora Maia fez uma imersão em Portugal, em busca de novas referências para sua pesquisa. Percorreu o Funchal e as cidades ao redor, no Arquipélago da Madeira, para conhecer as manifestações culturais da região, especialmente o artesanato, as uvas autóctones, o vinho e as mundialmente conceituadas Rendas da Madeira. A influência dessa viagem irá transpirar nas cores e formas que serão apresentadas na exposição, marcada para acontecer na Hill House – celeiro de arte e design genuinamente brasileiros, e que lança e endossa o trabalho de jovens artistas de Brasília.
Será a primeira vez que Isadora Maia participará de uma mostra no espaço, com o respaldo e a expografia lideradas por Valéria Pena-Costa. Enquanto Pena-Costa pauta sua trajetória criativa no Tempo, Isadora Maia imerge em suas raízes hereditárias, com enfoque especial na ancestralidade indígena e africana. Seu trabalho destaca-se por uma experimentação multidisciplinar, da pintura à moda, da fotografia às performances e instalações.
O povo indígena Pankará Serrote dos Campos, enraizado no Sertão pernambucano, no município de Itacuruba, realiza, neste momento, uma manifestação na PE-422 em protesto contra a ação de uma mineradora no local. Segundo vídeo publicado nas redes sociais pela cacique Lucélia, a mineradora Era Mar Ltda. está tentando explorar uma área com o apoio da CPRH e do Governo do Estado. Confira!
A postagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) minimizando o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump, dos Estados Unidos, teve baixo engajamento – sendo que, a maior parte das reações foi negativa, 62,8%. Monitoramento realizado pela Ativaweb, ontem, nas principais redes sociais, Instagram, Facebook, X e Tik Tok, mostra que o conteúdo de engajamento caiu em relação à média anteriormente registrada em publicações do deputado.
Neste caso, a taxa de engajamento ficou em 0,49%. Índice inferior à média histórica do perfil, que oscilava entre 0,8% e 1,2%. Segundo o diretor da Ativaweb, Alek Maracajá, o conteúdo mostra queda progressiva no engajamento e redução da capacidade de viralização, sinalizando fadiga de discurso e desconexão com o público.
Isso mostra, segundo ele, que o deputado Eduardo Bolsonaro fala basicamente para seu público, não conseguindo nem mais gerar grandes ondas e sensibilizar o eleitorado moderado. “Eduardo Bolsonaro fala hoje apenas para os convertidos. Seu discurso já não mobiliza, apenas ecoa dentro de um corredor ideológico. Enquanto o mundo fala em diplomacia e reaproximação, ele insiste em transformar fatos políticos em guerra cultural”, afirmou Maracajá.
O governo de São Paulo transformou a Sabesp em manchete de pregão. Vendeu na B3 o que era, até pouco tempo atrás, um símbolo da capacidade pública de gerir o essencial. Prometeu eficiência, investimentos, expansão. E o que se vê agora? A Agência Reguladora do Estado (Arsesp) discutindo reduzir a pressão da água por até 16 horas diárias, às vésperas de um rodízio. É o retrato cru do discurso liberal quando confrontado com a física dos mananciais e a aritmética da escassez.
Quando a água passa a ser tratada como ativo financeiro, muda-se a lógica: o cidadão vira cliente, o direito vira produto, e o lucro vira bússola. A universalização, que é cara e demorada, deixa de ser prioridade. E a equação de mercado não se preocupa com quem vive no fim da linha ou na ponta seca da rede. A água, que sempre foi questão de soberania, vira aposta de portfólio.
Em Pernambuco, a governadora Raquel Lyra anuncia o mesmo caminho para a Compesa. A promessa é destinar aos municípios o produto da privatização, como se fosse uma partilha generosa. Mas o que se vende, na prática, é o controle sobre o bem mais vital de todos. A Compesa é falha, sim – envelhecida, às vezes ineficiente –, mas é nossa. É do Estado. Está sujeita à transparência pública, ao controle social, ao voto e à crítica. Privatizá-la é entregar o comando da torneira a quem responde não ao cidadão, mas ao acionista.
Há quem diga que o problema é o Estado – que basta vender para que a eficiência floresça. Mas o liberalismo de gabinete esquece que saneamento é serviço de rede, de longo prazo, sem retorno rápido, dependente de subsídio cruzado e de planejamento. Nenhuma empresa privada investe vinte anos para levar água ao Sertão sem expectativa de lucro. O Estado, sim. Porque esse é o papel do Estado: garantir o essencial aonde o mercado não chega.
Veja o exemplo da saúde pública em Pernambuco. Anda mal, padecendo de filas, desassistência e falta de médicos, muriçocas, teto caindo em UTI neonatal! Diante disso, Raquel Lyra proporia privatizar os hospitais públicos como solução? Evidente que não. Ou, ao menos, não fez até agora. O problema não está no caráter público do serviço, mas na má gestão, na ausência de políticas consistentes, de planejamento e de governança. Com a Compesa, é o mesmo: o que se precisa é reformar, não entregar.
O caso paulista é um aviso: o “bater descontrolado do martelo” na Bolsa pode parecer modernidade, mas ecoa vazio nas torneiras. Reduzir a pressão da água é reduzir a pressão sobre quem lucra com ela. E, quando o lucro se sobrepõe ao direito, a sede deixa de ser um problema social e passa a ser uma variável financeira.
Privatizar a água é o tipo de decisão que, feita uma vez, não se desfaz. É abrir mão de um dos últimos instrumentos de soberania pública sobre o que é, em essência, um bem comum. O que se espera do governo não é que venda o que é de todos, mas que administre com coragem o que herdou: um sistema falho, sim, mas público. Porque água é vida – e vida não cabe em balanço patrimonial.
As equipes que agora negociarão com o governo dos Estados Unidos, aqui sob o comando do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, não têm ilusões. As conversas, avaliam, não serão nada fáceis. Mas, pelo menos, essas conversas acontecerão, o que já é classificado como uma grande vitória.
Após a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump no domingo (26), qualquer dúvida sobre algo que o Correio da Manhã aqui já antecipara dissipou-se: o ex-presidente Jair Bolsonaro foi inicialmente colocado na mesa por Trump como pretexto. Trump, disse um integrante dessas equipes, é “um homem de negócios”. Sempre foi um empresário que arrisca e negocia alto.
É como na clássica história do “bode na sala”. Coloca-se ali um animal grande e malcheiroso. Quando se tira o animal, a sensação de alívio é imediata. Embora nada de concreto tenha avançado para o que havia antes. É caso. O tarifaço, por enquanto, continua.
No domingo, Lula entregou a Trump uma pauta com os pontos que o Brasil deseja negociar. Segundo os demais interlocutores, Trump leu o documento e pareceu mesmo dar atenção a ele. Mas Trump mesmo não entregou pauta alguma em troca.
A avaliação que os negociadores do governo fazem é de que, ao menos, o ambiente distensionou-se. Abrindo espaço para que Brasil e Estados Unidos voltem a ter relações bilaterais. Algo que parecia impensável há três meses quando Trump impôs a sobretaxação de 50% sobre os produtos brasileiros em carta que iniciava mencionando a situação de Bolsonaro. Agora, Bolsonaro estará fora da pauta dos negociadores de cada lado. Temas políticos, os dois presidentes deixaram claro, serão tratados somente por eles. Sobre o que especificamente girarão as negociações, as equipes ainda não têm clareza, a não ser de forma genérica
Trump não admite derrota. Qualquer que seja o resultado, para ele é ele sempre quem vence. Um ponto, porém, que impressionou quem assistiu à conversa foi como Trump tratou de buscar pontos de conexão com a história de Lula, não com a de Bolsonaro.
Embora quisesse evitar que as agruras do ex-presidente dominassem a reunião, foi Lula quem primeiro puxou o assunto. Disse que Bolsonaro teve julgamento que respeitou o devido processo legal e que, inclusive, encontrou-se um plano de assassinato do próprio Lula.
Segundo versão dos interlocutores brasileiros, Trump disse que achava Bolsonaro um “cara legal”. Mas também não se aprofundou muito na defesa do ex-presidente. Disse que tinha essa boa impressão, mas que, na verdade, não conhecia Bolsonaro muito bem.
E, aí, impressionou como buscou pontos de conexão com Lula. Quis saber detalhes sobre o tempo de prisão. Impressionou-se quando soube que foram mais de 500 dias. E disse considerar que ambos, ele e Lula, seriam “vítimas do sistema”. Por aí se iniciou a conversa.
O médico pernambucano e professor do curso de Medicina da Unicap Elimário Cardozo venceu, na noite de ontem, o Prêmio Jabuti na categoria Conto por sua obra “Dores em salvas”. A cerimônia de premiação aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em um evento que contou com a apresentação de Marisa Orth e Silvio Guindane.
O Prêmio Jabuti, um dos mais importantes reconhecimentos literários do Brasil, elegeu vencedores em 23 categorias, abrangendo eixos como Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação. Cada vencedor recebeu uma estatueta do Jabuti e um prêmio em dinheiro de R$ 5 mil. O processo de seleção envolveu mais de 60 jurados, que avaliaram as obras inscritas.
“Dores em salvas”, publicado pela Editora Patuá, destacou-se entre uma concorrida lista de finalistas, que incluía obras como “A bomba e outros contos de futebol”, de David Butter, e “Breve inventário de pequenas solidões”, de Tiago Feijó. A vitória do professor Cardozo não apenas celebra sua contribuição à literatura, mas também traz visibilidade à produção cultural da Unicap.
A cerimônia deste ano também prestou homenagem à jornalista Ana Maria Machado, reconhecendo seu papel na promoção da literatura brasileira. O evento ainda revelou o Livro do Ano, que foi concedido a “O ouvidor do Brasil: 99 vezes Tom Jobim”, de Ruy Castro, celebrado pelo seu impacto literário.
Elimário Cardozo expressou sua gratidão pela honra recebida. “Escrever é uma forma de cuidar das dores humanas, e ‘Dores em salvas’ é uma tentativa de dar voz a essas experiências”, declarou o professor.
A conquista do Prêmio Jabuti é um marco significativo na carreira de Cardozo, que agora se junta a uma seleta lista de autores brasileiros reconhecidos por suas contribuições à literatura.
Após uma breve pausa, retomo, hoje, a jornada de lançamentos do meu livro ‘Os Leões do Norte’ pelo interior de Pernambuco. Desta vez, o destino é o Agreste Meridional. Em parceria com as prefeituras e lideranças locais, vou percorrer cinco municípios em três dias.
A agenda começa hoje, em Águas Belas, no Colégio Nicolau Siqueira, às 19h, com o apoio do prefeito Elton Martins (Republicanos). Amanhã, será a vez de Capoeiras, onde o lançamento ocorrerá na Câmara Municipal, também às 19h, com a presença do prefeito Nêgo do Mercado, do secretário Clécio Farias, vereadores e representantes do governo municipal.
Já na quinta-feira (30), o roteiro inclui três paradas: Angelim, às 10h, na Escola Miguel Calado Borba, com o prefeito Carlos Henrique (Caíque); Caetés, às 15h, no Colégio Monsenhor Callou, ao lado do prefeito Nivaldo Tirri e da secretária de Educação Giselda Correia; e, encerrando o dia, Garanhuns, às 19h, no auditório da AESGA, com o prefeito Sivaldo Albino, o secretário Ronaldo César e demais integrantes do governo municipal. A cidade de Brejão também deve integrar o circuito, com data a ser confirmada.
“Os Leões do Norte” é o resultado de uma ampla pesquisa jornalística e historiográfica que reúne 22 minibiografias de ex-governadores de Pernambuco, de 1930 a 2023, traçando um panorama da política estadual ao longo de quase um século. A obra resgata episódios pouco lembrados, reconstrói contextos e convida o leitor a refletir sobre a trajetória dos líderes que moldaram a história do Estado, de Agamenon Magalhães e Etelvino Lins a Miguel Arraes, Marco Maciel, Eduardo Campos e Paulo Câmara.
Antes de pegar a estrada rumo a Águas Belas, no Agreste, por onde começo hoje a agenda de palestras e lançamentos de ‘Os Leões do Norte’, pela editora Eu Escrevo, cumpri meus 8 km diários da corridinha de hoje no calçadão de Boa Viagem. Em Águas Belas, o evento está marcado às 19 horas no colégio Nicolau Siqueira, com apoio do prefeito Elton Martins (Republicanos).
A recente decisão do Supremo Tribunal Federal, permitindo que prefeitos, governadores e o presidente da República nomeiem parentes para cargos de natureza política – como secretários, ministros e assessores diretos –, representa um grave retrocesso ético e institucional. Embora a Corte tenha considerado que tais funções não se enquadram na proibição de nepotismo, o efeito prático é o enfraquecimento de um dos princípios mais básicos da administração pública, a impessoalidade.
A justificativa jurídica é conhecida. Cargos de natureza política pressupõem confiança pessoal e afinidade com o chefe do Executivo. No entanto, essa distinção técnica não apaga a percepção social de privilégio e favorecimento familiar. Ao autorizar a nomeação de parentes sob o manto da “confiança política”, o Supremo acaba por institucionalizar uma prática que a sociedade há muito condena, o uso do poder público para beneficiar laços de sangue.
O Brasil tem uma história marcada pelo patrimonialismo – a confusão entre o que pertence ao Estado e o que pertence à família do governante. A decisão do STF, ao abrir espaço para a repetição desse vício, sinaliza tolerância com um comportamento que mina a credibilidade da gestão pública e desestimula o mérito.
Imagine a cena. Uma reunião de governo em que o prefeito preside a mesa. À direita, a filha-secretária defende seu projeto com firmeza – “pai, é melhor fazer assim!”. À esquerda, a esposa-secretária discorda – “amor, acho que isso não vai dar certo!”. E, do outro lado, o filho, secretário de Saúde, retruca: “não, mãe, quem decide sou eu!”. A caricatura ilustra o risco de transformar o poder público em um verdadeiro “negócio de família”.
A aberração, que poderia ser apenas caricatural, torna-se plausível, em uma reunião de gabinete, o prefeito, cercado pela filha secretária, pela esposa assessora e pelo filho secretário de Saúde, toma decisões que afetam toda a população. Nesse ambiente, o debate técnico se dilui, e o interesse público se mistura à dinâmica familiar – o que jamais deveria ocorrer em um Estado republicano.
O país precisa avançar na consolidação de instituições que se sustentem pela transparência e pela competência, não pelo sobrenome de quem ocupa o cargo. Ao relativizar o nepotismo, o STF não apenas fragiliza a ética pública, mas também contribui para a desconfiança que corrói as relações entre governo e sociedade.
Mais do que lei, a administração pública exige moralidade. E é precisamente esse valor que a mais alta corte do país deveria proteger, não flexibilizar e instituir um retrocesso disfarçado de legalidade.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode dar início, na próxima quinta-feira, à análise da criação de um partido político do Movimento Brasil Livre (MBL). O processo foi incluído na pauta a pedido do relator, ministro André Mendonça. O grupo tem articulado a criação de uma sigla própria desde 2023. Ao longo dos anos, o MBL reuniu assinaturas para dar entrada no pedido de criação da legenda, que foi batizada de Missão.
O TSE validou quase 590 mil apoiamentos à formalização do partido – 42,9 mil assinaturas acima do mínimo necessário para dar seguimento ao processo. As lideranças do MBL deram entrada no registro da sigla em julho, pouco tempo depois de a Corte Eleitoral validar as assinaturas.
A criação efetiva da sigla dependerá da aprovação, pelo TSE, do estatuto e do registro do órgão de direção nacional. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já deu aval à formalização da sigla. Para poder participar das eleições de 2026, o partido precisa ser formalizado pelo TSE até seis meses antes do pleito.
Se for aprovado pelos ministros da Corte Eleitoral, o Missão será o 30º partido político do Brasil. A última sigla criada do zero no país foi o Unidade Popular, em 2019.
O estatuto e o programa partidários definem o Missão como um partido de “caráter liberal” e defensor de um Estado “enxuto e funcional”. A legenda também defende a realização de uma reforma administrativa.
O Missão, que planeja ter o número 14 nas urnas, trabalha para lançar candidaturas próprias no Executivo e no Legislativo. O partido também pretende ter um candidato próprio a presidente da República. Possível estreante nas eleições de 2026, a legenda do MBL terá direito a uma fatia do fundo eleitoral para financiamento de campanhas.
Em meio a tetos caídos, muriçocas e raquetes, saúde de Pernambuco agoniza
Não se passa uma semana sem que venha à tona uma notícia de descaso na saúde pública de Pernambuco. E envolvendo, diga-se de passagem, situações nada triviais. Na semana passada, por exemplo, o Governo Raquel Lyra passou vergonha nacional em meio à repercussão negativa de uma infestação de muriçocas no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Recife.
O caso levou a trocadilhos entre as raquetes elétricas usadas para matar os mosquitos e o apelido “Racreche”, que a governadora gosta de usar. O título acabou involuntariamente atualizado para “Raquete” em rodas políticas e redes sociais.
Ontem, outro caso negativo. Parte do teto da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Barão de Lucena desabou. O espaço fica na mesma unidade que, até semanas atrás, passava por reformas em sua UTI Pediátrica sob o pretexto de ampliar o local e desmobilizar a UTI Pediátrica do Hospital Correia Picanço, também no Recife.
Por sorte, ninguém se feriu, mas os pedaços de gesso quebrados sobre uma incubadora demonstram que as consequências poderiam ter sido mais graves. Um novo arranhão na credibilidade do governo, que se mostra impotente para enfrentar os desafios da saúde pública.
Ao longo da campanha eleitoral de 2022, um dos principais compromissos assumidos pela então candidata Raquel Lyra foi o de mobilizar os esforços do governo para consertar o teto do Hospital da Restauração (HR) e de outras unidades de saúde. Quase três anos depois de ter conquistado a oportunidade de tirar essas promessas do papel, tetos seguem desabando, como se comprovou no Barão de Lucena.
No HR, só metade do 7º andar foi reformada, enquanto outros oito pavimentos e meio continuam funcionando em meio ao descaso e à falta de previsões de obras. O abandono da saúde pública pela gestão da governadora Raquel Lyra também se revela no Hospital Otávio de Freitas, que já ficou no escuro várias vezes por problemas na rede elétrica.
No Ulysses Pernambucano, há alas interditadas por risco de desabamento. No Agamenon Magalhães, pasmem, a pintura da fachada foi comemorada como grande feito pelo governo, a despeito da precariedade dentro do prédio. E no Getúlio Vargas, que também enfrenta riscos estruturais, agoniza há anos e recentemente voltou a emitir um grito de socorro para todo o Brasil, agora na forma de zumbidos de muriçocas.
Saúde se faz escolhendo prioridades. Pagar uma consultoria de R$ 23 milhões para uma entidade privada apontar problemas que todo mundo já conhece nos hospitais públicos foi decisão da governadora. Também foi por discricionariedade dela que se gastou R$ 80 milhões com a desapropriação do Colégio Americano Batista e que o governo se prepara para pagar mais R$ 99 milhões em um terreno onde, num futuro incerto, pode ser erguido um novo HGV, embora o atual é que careça de reparos.
Em meio a raquetes elétricas, muriçocas e gesso quebrado, a saúde pública de Pernambuco parece longe de sair da UTI. Aliás, de UTIs que deveriam salvar vidas, mas onde é constante o risco de o teto cair por puro descaso.
DIREITA SILENCIA – Os governadores de direita que criticaram a postura do governo brasileiro em relação ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos optaram pelo silêncio após o encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, na Malásia, para a negociação de um acordo. Com seus estados afetados, eles criticaram o petista ao longo dos últimos meses, evitando direcionar a culpa ao mandatário americano, e afirmaram que o Brasil deveria priorizar as tratativas comerciais em vez de exaltar discursos voltados para a soberania nacional. Em julho passado, antes das sanções econômicas entrarem em vigor, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, afirmaram que o governo não estava interessado em negociar com Trump e tem errado em apostar em um discurso sobre defesa da autonomia brasileira.
João Pessoa (PB) faz sua estreia no Índice de Demanda Imobiliária (IDI) Brasil
Nordeste, a bola da vez – O Nordeste virou um boom imobiliário. Pela nova rodada do Índice de Demanda Imobiliária (IDI) Brasil, Recife, Fortaleza, Natal e Salvador se destacaram com saltos expressivos nos rankings de atratividade, enquanto João Pessoa fez sua estreia. O último trimestre também marcou avanço em Belém (PA), com destaque em todos os padrões analisados poucos meses antes da COP30. Agora com uma amostragem de 79 cidades brasileiras com maior atratividade em imóveis residenciais verticais, o estudo é uma iniciativa do Ecossistema Sienge, CV CRM e Grupo Prospecta, em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Candidato pra valer – Com o de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), convidado do meu podcast Direto de Brasília de hoje, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, adotou um novo tom nas conversas sobre as eleições de 2026. Caiado relatou a interlocutores que, nas duas últimas conversas que teve com o mineiro, ele deixou claro que vai concorrer ao Palácio do Planalto. Nos diálogos anteriores sobre o tema, Zema admitia a possibilidade de ocupar um posto de vice e fazer outras composições. Agora, porém, tem dito, de maneira taxativa, que vai concorrer à Presidência pelo Novo e que precisa retribuir ao partido todo o apoio que recebeu.
Cenário de empate – Por falar em 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) empata tecnicamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em um 2º turno, segundo levantamento da Paraná Pesquisas divulgado ontem. Em cenário com Bolsonaro, Lula aparece com 44,9% das intenções de voto, e o antigo chefe do Executivo, com 41,6%. Michelle tem o mesmo percentual de seu marido, 41,6%, contra 44,7% do petista. Na simulação com Tarcísio, Lula aparece com 44,9% e o governador paulista com 40,9%.
Os Ferreira fora – Na coluna de ontem, quando tratei das dificuldades da governadora Raquel Lyra (PSD) na montagem da sua chapa ao Senado não fiz referências ao grupo Ferreira, de Jaboatão, porque o que apurei é que os irmãos André Ferreira, deputado federal, e Anderson Ferreira, ex-prefeito de Jaboatão, ambos do PL, teriam feito as contas eleitorais e concluído que têm votos suficientes para se elegerem federais. Há outra versão: André iria para estadual, porque seu projeto seria ficar mais nas bases para disputar a Prefeitura de Jaboatão em 2028, na sucessão de Mano Medeiros (PL), reeleito em 2024.
CURTAS
ABERTURA – Na passagem pelo Agreste Meridional ao longo desta semana, para palestras e noites de autógrafos em torno do meu livro “Os Leões do Norte”, vou presenciar, pela primeira vez, a abertura do Natal Luz, na próxima sexta-feira, pelo prefeito Sivaldo Albino (PSB).
LANÇAMENTOS – A agenda de lançamentos pelo Agreste Meridional tem seu start, hoje, às 19 horas, por Águas Belas. Prossegue amanhã em Capoeiras e na quinta-feira em mais três cidades da região: Angelim, Caetés e Garanhuns. Há ainda a possibilidade de um evento promovido pela Codeam – Conselho de Desenvolvimento do Agreste Meridional.
OVELHA NEGRA – Do deputado estadual Gilmar Júnior, da bancada do PV, ontem na Rádio Folha: “Com o Partido Verde, tenho percebido também uma espécie de distanciamento. Até porque o Partido Verde assume uma posição muito de proximidade com a governadora e eu sou a ‘ovelha negra’ do partido. A minha posição de independência migra mais com diálogo, mais com a oposição do que com a situação”.
Perguntar não ofende: Quando e em qual percentual o presidente Trump vai reduzir o tarifaço imposto ao Brasil?