Depois de uma semana de reclamações do presidente Lula da Silva sobre a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, ganha força o discurso de que, já que não há condições baixar a Taxa Básica de Juros no curto prazo, talvez seja necessário aproveitar a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) para elevar a meta da inflação de 2023 que o CMN fixou em 3,25% como tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
Isso quer dizer que ela poderia ser “aceitável” pelo governo se ficasse entre 4,75% a.a., na máxima ou em 1,75% a.a., na mínima. A previsão da inflação, como se sabe, está em estimada pelo Boletim Focus, do Banco Central em 5,78%, portanto, muito acima da meta. As informações são do colunista Fernando Castilho, do JC.
Leia maisO comportamento do governo Lula nessa questão da mudança da meta de inflação é semelhante àquele sujeito que não consegue abotoar a camisa, vai à loja e compra outra camisa igual como um ou dois números maiores para mostrar aos amigos que suas roupas estão adequadas. Ele se engana porque mudado a camisa a barriga não vai diminuir se ele não se dispuser a fazer um regime. Mas ele pode se sentir melhor.
Claro que isso não ajuda se continuar com os mesmo hábitos e, em breve, a camisa nova também vai ficar apertada. Economistas e analistas de dados sobre inflação não têm dúvidas que a única coisa que está assegurada – quando o governo pressiona o CMN para elevar a meta de inflação – é que ela vai subir.
Esse parece ser o comportamento do governo liderado pelo presidente Lula da Silva. Como não surtiu efeito a reclamação com presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para que na última reunião do Copom baixasse, ao menos, 0,25% da Selic, Lula o PT e seus partidos satélites passaram a defender a substituição da balança do restaurante e um quilo passasse a ter 900 gramas para que o governo se sentisse melhor.
O presidente Lula sabe como se comporta a inflação no Brasil. Sabe que mexer na taxa de juros não reduz no mês seguinte, embora isso possa impactar para o bem nos próximos seis meses ou, para o mal, nas taxas de juros futuros.
Por isso o presidente vai continuar a radicalizar. Embora isso obrigue seus auxiliares fazer o que manda a música Dança da Vassoura do Grupo Molejo cujo refrão é “Diga aonde você vai/ Que eu vou varrendo”. Onde Lula da Silva diz que quer e Fernando Haddad vai varrendo o lixo que ele deixa no mercado.
O presidente sabe que o Congresso não vai mexer na lei que deu autonomia ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Aliás, tanto o presidente da Câmara, Arthur Lira como o do Senado, Rodrigo Pacheco disseram que isso não está em discussão. Com o detalhe que Arthur Lira fez questão de afirmar que o sentimento da Casa não é tratar disso.
Importa pouco o que diz a presidente do PT, Gleisi Hoffman, que acusou Campos Neto de atuar “contra o governo e contra o país”. E menos ainda as leseiras de Guilherme Boulos dizendo que existe um clima para revogar a autonomia do BC.
Conversa. Boulos nem sabe como funciona o ecossistema da Câmara a deve estar achando que é feito nas invasões líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) onde às vezes se consegue alguma coisa na pressão. Nenhuma liderança com voto está a fim de levantar sua bola.
Então, Lula vai continuar com seu discurso, o presidente do Banco Central continuar no cargo até 2024 e ao Governo só resta fazer o seu dever de casa e apresentar suas propostas. O que o Governo Lula parece não ter percebido é que pior que um modelo de controle de gastos ruim é não ter nenhum modelo. E quando isso acontece quem paga isso é o cidadão e a empresa que vai pedir dinheiro emprestado no banco.
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