Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco
A fala do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, durante participação em meu podcast, o ‘Direto de Brasília’, sobre a perseguição sofrida pelo ex-governador Eduardo Campos trouxe à tona um episódio até hoje cercado por silêncio e suspeitas. Pouco se fala, mas, em 2013, quatro agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram presos pela Polícia Militar de Pernambuco enquanto espionavam o então governador.
Em mensagem à Folha de Pernambuco, Siqueira comprovou, com links de reportagens daquela época, tudo que falou em entrevista. O caso voltou a ganhar repercussão após a fala do dirigente, que acusou a então presidente da República, Dilma Rousseff (PT), de promover um ambiente de “intimidação institucional” contra o projeto político de Eduardo Campos.
Leia maisA declaração reacendeu a dor de familiares do ex-governador. O advogado e escritor Antônio Campos, único irmão de Eduardo, se manifestou sobre o caso, levantando dúvidas sobre as circunstâncias da morte de Eduardo Campos, vítima de um acidente aéreo em 2014. Antônio alega que há “fortes indícios” de que seu irmão possa ter sido assassinado.
O episódio citado por Carlos Siqueira ocorreu em abril de 2013. Quatro agentes da Abin foram detidos pela PM de Pernambuco enquanto atuavam disfarçados no Porto de Suape. Os agentes, fingindo ser operários, colhiam informações sem autorização local e sem justificativa clara, segundo relatório interno do Gabinete Militar estadual.
O próprio Eduardo Campos, à época, ligou para o general José Elito Siqueira, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), cobrando explicações. O caso foi abafado a pedido do ex-governador, que preferiu evitar um rompimento direto com o Palácio do Planalto.
A revelação da operação clandestina, no entanto, mostrou uma face oculta da disputa política em torno da eleição de 2014. Segundo interlocutores próximos, Campos acreditava que estava sendo alvo de ações para desestabilizá-lo. “Isso é coisa de quem não gosta de democracia, de um governo policialesco”, teria desabafado o ex-governador a aliados, pedindo que o assunto fosse mantido em sigilo, como relatou uma reportagem da Revista Veja na época.
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