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A família de Alícia Valentina Lima dos Santos Silva, que faleceu após ser espancada dentro de uma escola em Belém do São Francisco, trava um embate com a Prefeitura. O poder público alega que Alícia foi levada embora da unidade hospitalar sem receber alta, ao passo que a família acusa o hospital de negligência.
Em entrevista concedida à TV Jornal, Ana, a mãe de Alícia, conta que recebeu a notícia da agressão quando a filha já estava no hospital, levada pelos funcionários da escola. Chegando lá, “já tinham limpado ela e o sangue que saiu pelo ouvido, pela boca e pelo nariz. E ela se queixando de muita dor”.
Leia maisAlícia foi medicada na unidade e, de acordo com os familiares, recebeu alta médica. “No hospital foi atendida, mas não ficou de observação. A médica não mandou, a menina foi andando, passou mal em casa, vomitando sangue, não abria mais os olhos”, continuou Ana.
Em nota publicada nas redes sociais da Prefeitura Municipal de Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco, é dito que “não houve negligência médica ou alta hospitalar pelos profissionais que realizaram o atendimento”, atribuindo a responsabilidade da saída do hospital à família de Alícia.
Em entrevista, Cailene Carvalho, tia da vítima, contestou a nota da prefeitura: “a minha cunhada saiu com a menina do hospital porque a minha sobrinha tinha sido liberada”. Ela conta que a “médica passou um medicamento para ela tomar lá mesmo no hospital, na veia. A enfermeira aplicou o medicamento e disse que ela estava liberada”, alegando conivência de toda a equipe.
Para Cailene, a nota da prefeitura não faz sentido. Ela argumenta que, se for verdade que sua cunhada “tirou a menina sem permissão médica, ela deve ter assinado algum papel”, assumindo a responsabilidade do quadro de Alícia para si.
“Pra pessoa sair do hospital sem liberação da médica, tem que assinar uma procuração dizendo que você saiu por conta própria”. A família, portanto, exige que o hospital apresente esse documento, comprovando a declaração da prefeitura.
Alícia Valentina foi vítima de espancamento no banheiro da Escola Municipal Tia Zita, onde estudava. De acordo com o G1, o Boletim de Ocorrência diz que quatro meninos e uma menina participaram das agressões, sendo a motivação inicial a recusa de Alícia a “ficar” com um dos meninos.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), que não divulgou mais informações até o momento da publicação dessa matéria. Segundo a corporação, mais detalhes não são divulgados no momento, visto que o caso envolve menores.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por sua vez, informou que tomou conhecimento do ocorrido na sexta-feira (5), quando Alícia ainda estava viva. A partir disso, a Promotoria de Justiça de Belém de São Francisco instaurou um Procedimento Administrativo para acompanhar o caso. A nota também diz que a prefeitura do município está colaborando desde o início das investigações.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou, por meio de nota, que Alícia foi recebida no Hospital Regional Inácio de Sá (HRIS), em Salgueiro, no dia 03 de setembro.
Após a avaliação da equipe multidisciplinar, foi constatada a necessidade de acompanhamento neurológico, e depois foi transferida para o Hospital da Restauração, no Recife, onde infelizmente veio à óbito.
“Por se tratar de uma paciente pediátrica, e respeitando as informações de caráter privado e a investigação policial, não podemos repassar mais informações, que são asseguradas pelo sigilo médico e pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)”, conclui a Secretaria.
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