Por SB informa
A crise diplomática envolvendo a missão oficial de prefeitos brasileiros a Israel ganhou novos contornos nesta terça-feira (17), após a divulgação de uma nota oficial assinada por integrantes da delegação, que acusam o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) de omissão, contradição e falta de solidariedade num momento de risco real de vida. O estopim foi a “Nota à Imprensa nº 269”, em que o Itamaraty afirma não ter conhecimento da viagem e aponta que a missão ocorreu em desacordo com orientações consulares emitidas em 2023.
Entre os integrantes da comitiva está o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), que lamentou a postura do governo federal. “Não esperávamos uma nota fria e acusatória quando estávamos literalmente abrigados em bunkers, em meio a uma zona de guerra, apenas por buscar intercâmbio institucional com um país aliado. Faltou empatia, sobrou indiferença”, disse o gestor, visivelmente incomodado com o tom do comunicado oficial.
Leia maisNa nota conjunta, os prefeitos, vice-prefeitos e autoridades públicas destacam que o consórcio responsável pela organização da viagem informou com antecedência a diplomacia brasileira, informação confirmada em reunião virtual com representantes da embaixada em Tel Aviv no último sábado (14). “Se a própria diplomacia admite ter sido avisada, por que não houve qualquer advertência formal ou impedimento? Por que o silêncio cúmplice até o momento em que a tensão explodiu?”, questionam.
A delegação classifica o posicionamento do Itamaraty como “mais próximo de uma reprimenda do que de um gesto de proteção institucional” e sugere que o governo federal tenta se eximir de responsabilidades justamente quando a atuação diplomática seria mais necessária. Eles ainda questionam como um governo estrangeiro — no caso, Israel — pode organizar oficialmente uma agenda com autoridades brasileiras sem o conhecimento prévio do Itamaraty, insinuando falhas graves de articulação e comunicação.
Apesar das críticas duras, os signatários da nota agradecem o esforço das equipes diplomáticas de plantão em Tel Aviv, Jordânia e Arábia Saudita, que têm atuado de forma humanitária para remover os brasileiros da zona de conflito. Mas deixam um recado direto a Brasília: “O momento exige responsabilidade, unidade nacional e compromisso com a verdade — não disputas políticas quando vidas estão em jogo”.
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