Encontro
Além de Gomes, participaram da coletiva da reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Maria José Sena, o reitor da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), Télio Nobre Leite, e da Ufap, Airon Aparecido Silva de Melo.
Ainda de acordo com Alfredo Gomes, na UFPE a situação é “de muita dificuldade”.
“O nosso orçamento de 2025 é menor do que o orçamento de 2024, estamos também funcionando à base de 1/18 avos por mês. Ou seja, o recurso que é para, normalmente, ser executado em um ano, está previsto para ser executado em um ano e meio. “Isso é absolutamente inviável para você honrar os contratos e compromissos da universidade para mês a mês”.
Ele divulgou alguns dados sobre o orçamento da instituição e falou sobre as perdas orçamentárias.
“Nesses R$ 8 milhões que perdemos, R$ 2,1 são de assistência estudantil. Também perdemos do funcionamento da universidade, de maneira geral, R$ 4.6 milhões, que é para os contratos. E outras ações, que tem outras rubricas, mais R$ 1,3 milhão”.
Fazendo uma projeção e tomando como base a recomposição pela inflação, Gomes disse que o orçamento da universidade deveria ser hoje, de R$ 395 milhões.
Rural
Reitora da UFRPE, Maria José Sena afirmou há um dado “muito preocupante”: “Daqui a pouco, a gente não vai ter mais como nem abrir a universidade no mês de janeiro e 2026”.
A gestora disse, ainda, que a UFRPE está com aviso de corte de energia. “Nós estamos hoje devendo todos os contratos.”
Sena alertou também que o orçamento só cobre oito meses de despesas. “A gente não consegue fechar o ano de jeito nenhum”, ressaltou.
Atualmente, segundo ela, a Rural tem uma dívida de R$ 7,7 milhões, só de 2024.
A instituição precisa, ao todo, de UFRPE precisa de R$ 32 milhões para quitar as dívidas de 2024 e terminar este ano.
Univasf
Reitor da Univasf, Télio Nobre afirmou que é “desafiador” conseguir dar conta desse débito no próprio orçamento de 2025.
A gente entrou em 2025, reduzindo cerca de 35% desses contratos, com dedicação exclusiva de mão de obra, com a proposta de redução de 10% dos contratos, serviço continuado, como água, energia, por exemplo, gerenciamento da frota, passagens diárias. Buscamos reduzir mais de 40% das demais despesas”, disse.
Ainda segundo o reitor, a instituição só tem recursos para mais quatro a seis meses, entre agosto e setembro.
“As universidades não vão fechar. Os reitores estão comprometidos, mas a situação está piorando. O governo precisa estar atento para aliviar nossa situação”, declarou.
“São os contratos principais: pagamento de serviços terceirizados de mão de obra, de educação exclusiva, vigilância, motorista, limpeza, manutenção. Também os relativos pagamentos de água, energia. Nesse últimos caso, é vão quase 30% do nosso custo”, afirmou Télio.
Ufape
O reitor da Ufape afirmou que, depois de agosto, a situação ficará insustentável. “Não aguentaremos mais”, disparou Airon Melo.
Recomposição
No encontro dos reitores, Gomes ressaltou a importância de apelar ao Ministério da Educação e ao Governo Federal para conquistar a recomposição orçamentária imediata.
Sobre a dificuldade de honrar compromisso, ele afirmou que a UFPE não tem recurso para pagar as revisões de contratos. São R$ 9 milhões.
A universidade tem mais de 60 contratos, ao todo. Somando com a assistência estudantil, os custos chegam a R$ 13 milhões ao mês.
“Nosso orçamento disponível hoje é em torno de R$ 10 milhões. A gente tem que ajustar e negociar, obviamente, para fazer isso”, acrescentou.
Para ele, a situação é “absolutamente insustentável e incompatível com o papel histórico, acadêmico, científico, das universidades federais”.
Gomes disse, ainda, que a reunião desta terça representa um movimento dos reitores do Estado de Pernambuco, que , “dizendo claramente para as universidades também que cheguem junto nesse processo, para a nossa associação e também obviamente para o governo que precisamos atuar fortemente para a recomposição do orçamento”.
Dados
O reitor da UFPE informou que, em 2014, o orçamento da universidade era de R$ 213 milhões. Em 2025, ele é de R$ 170 milhões.
“Temos mais de R$ 40 milhões a menos. De lá pra cá, não apenas melhoramos em termos de qualidade, vocês viram avaliações dos cursos recentemente, mas temos mais graduação, mais custo de graduação, temos mais laboratórios, temos mais progresso pós-graduação e obviamente isso não casa com diminuição do orçamento”.
Por fim, ele declarou: “É preciso crescer o orçamento e crescer de forma responsável, com pré-visibilidade, para que nós possamos atuar obviamente e prestar o serviço de relevância que sempre prestamos aqui no estado e no Brasil”.
Perfil
A UFPE possui 13 centros acadêmicos distribuídos nos três Campi: Recife, Vitória de Santo Antão e Caruaru.
São 109 cursos de graduação, sendo 104 cursos na modalidade presencial e 5 cursos na modalidade a distância.
“Temos 42 mil estudantes, sendo 8 mil de pós-graduação, mestrado, doutorado e 33 mil estudantes de graduação”, afirmou Alfredo Gomes.
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