Jornal do Commercio
Mais de 1.500 obras no estado estão paralisadas ou com indícios de paralisação. São intervenções de infraestrutura, urbanização, saneamento e abastecimento de água que afetam pessoas de todas as regiões e somam R$ 4,9 bilhões dos cofres públicos. Destes, R$ 609 milhões são para o abastecimento de água do estado e outros R$ 429 mi, para os recursos hídricos, superando os R$ 1 bilhão.
Os dados se referem aos anos de 2024 e 2025 e fazem parte de um levantamento publicado pelo Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), que analisou obras de construção, reforma e iluminação pública executadas por diferentes entes públicos.
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Somente para o abastecimento de água, o valor contratado para obras de captação, adução e tratamento que não foram entregues à população ultrapassa R$ 609 milhões em todo o estado.
Entre elas, está a obra de saneamento integrado no bairro de Jardim Brasil com esgotamento sanitário e drenagem, no valor de R$ 46 milhões. O contrato foi realizado em 2017, pela Prefeitura de Olinda.
Outras intervenções paralisadas são o sistema de abastecimento de água, implantação, manutenção e monitoramento de sistemas de dessalinização em 170 comunidades no intuito de disponibilizar água para consumo humano. O contrato de R$ 33 milhões é do Governo de Pernambuco, no ano de 2020.
Barragens e infraestrutura urbana
Na área dos recursos hídricos, com foco nas barragens, os contratos com problemas de execução ultrapassam os R$ 429 milhões, segundo o TCE. Um deles, no valor de R$ 136 mi, é referente à construção da Barragem Igarapeba, no município de São Benedito do Sul, na Mata Sul do Estado.
Já para a infraestrutura urbana, recursos de R$ 355 milhões foram empregados em obras que estão paralisadas ou com indícios de paralisação em diferentes municípios pernambucanos.
A urbanização das favelas Chiado do Rato e Vila do Maruim, no Cabo de Santo Agostinho, é uma das intervenções paralisadas. O contrato, com aditivos inclusos, supera os R$ 20 milhões.
Recife tem 24 contratos com indícios de paralisação
Na capital pernambucana, o levantamento aponta 24 contratos com indícios de paralisação. De acordo com o TCE, o valor total deles após os aditivos é de R$ 106 milhões, enquanto o valor pago acumulado nas obras supera os R$ 144 mi.
A maior parte dos recursos (50,5%) está concentrada na educação. Em seguida aparecem obras de mobilidade urbana (26,8%) e intervenções na área da saúde (8%).
Entre os investimentos na infraestrutura da cidade, a requalificação de passeios públicos, contratada pela Prefeitura do Recife em 2017 e 2022, soma quase R$ 25 milhões.
Segundo o TCE, apenas duas obras foram oficialmente declaradas paralisadas na capital: a complementação do Canal Parnamirim, no valor de R$ 3 milhões, e a construção da feira livre do bairro da Várzea, orçada em R$ 1,3 milhão.
Levantamento
O TCE coletou dados a partir dos Mapas de Obras das Prestações de Contas Anuais 2023, enviados pelos gestores, de informações do portal Tome Conta e de inspeções feitas pelas equipes de auditoria do Tribunal.
A situação de cada empreendimento foi confirmada por meio de ofícios enviados aos responsáveis entre março e maio deste ano. Neste período, o TCE afirma que os gestores puderam apresentar justificativas, relatar medidas adotadas e informar a previsão de retomada.
“Quando a gestão paga menos de 15% do valor do contrato durante um exercício inteiro, por exemplo, calcula-se que o empreendimento levará mais de seis anos para ser concluído”, explica o auditor Alfredo Montezuma, gerente de Estudos e Suporte à Fiscalização do Tribunal e supervisor do estudo. Os resultados do levantamento serão encaminhados às prefeituras e ao governo estadual.
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